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Quinta, 02 Mai 2024

Minidocumentário mostra como indígenas do Amazonas combateram a pandemia

"Neste mundo que vivemos, dentro da nossa terra, existem pessoas que benzem para o bem e para o mal.
Eles se chamam benzedores e kumuã (pajés) na nossa cultura.
Nossos sábios já preveem no destino das pessoas, quem ocupa o papel dos benzedores e pajés.
Assim, ao longo de suas vidas, eles são preparados para atuar e usar essa sabedoria.
Nossos avôs, nossos ancestrais, transmitiram a sabedoria para esses conhecedores.
E assim eles guardam com eles esses benzimentos que foram repassados pelos mais velhos.
Assim nós estamos vivendo nessa terra.
E enquanto estamos com vida nesse plano, a nossa morada é aqui com essa cultura".

Nildo Fontes, povo Tukano

A narrativa acima – falada na língua Tukano, uma das línguas indígenas dos povos do Alto Rio Negro (AM), na Amazônia, e traduzida para o português – abre o minidocumentário 'Cura', que trata das práticas e estratégias utilizadas pelos indígenas no enfrentamento à Covid-19.

Dirigido pelo documentarista Christian Braga e pela jornalista Juliana Radler, analista de políticas socioambientais do Instituto Socioambiental (ISA), o filme foi lançado em fevereiro deste ano em São Gabriel da Cachoeira – onde foi filmado.

Em São Paulo, o lançamento ocorreu no dia 5 de abril, na loja Floresta no Centro, do ISA, e acontece neste 19 de Abril, Dia dos Povos Indígenas, em parceria com a Escola de Saúde Pública da USP. O filme traz narrativas e vivências de indígenas que atravessaram a pandemia e se fortaleceram mesmo enfrentando a precariedade das respostas oficiais.

Foto: Reprodução/YouTube

'Cura' está sendo lançado com a quinta edição da 'Aru - Revista de Pesquisa Intercultural da Bacia do Rio Negro, Amazônia', e com o podcast 'A Nova Doença dos Brancos'. Juntos, os três produtos compõem o especial 'Memoráveis: resistência, estratégias e saberes indígenas no combate à Covid-19 no Rio Negro'.

Rituais, benzimentos, chás com plantas dos quintais e da floresta, sem dispensar a medicina não indígena e seus recursos, fizeram parte de um conjunto de práticas que, segundo os próprios indígenas e profissionais que trabalham junto a esses povos, salvaram vidas.

Além de ser um importante registro sobre o cenário pandêmico em uma das regiões mais preservadas da Amazônia e em áreas remotas da floresta, o documentário traz a reflexão sobre a necessidade do reconhecimento oficial da medicina indígena.

E propõe, inclusive, os meios para isso, com a criação de unidades que possam unir saberes. Também trata do efeito da exploração predatória do ambiente sobre a saúde do planeta.

As filmagens aconteceram no final de 2020, quando a primeira onda da Covid-19 arrefeceu na região, e tiveram início na comunidade Serra de Mucura, no Rio Tiquié, na Bacia do Rio Negro.

Quem conta a maior parte da história é a liderança indígena Nildo Fontes, do povo Tukano, vice-presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn). A narrativa é complementada pelo antropólogo e assessor do ISA, Dagoberto Azevedo, do povo Tukano, falecido em 2023 e homenageado no documentário.

O filme contou com o conselho editorial formado pelo antropólogo do ISA, Aloisio Cabalzar, Dagoberto Azevedo, Nildo Fontes e Juliana Radler e foi realizado em parceria pelo ISA e Foirn. 

 Confira o minidoc:

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