Foto: John D. Chapman
Em filmes de ficção é possível encontrar crianças que foram criadas por animais, em meio à natureza. É o caso dos populares ‘Mogli, o menino lobo’, em que um menino abandonado acaba sendo criado por lobos, e a ‘Lenda de Tarzan’, no qual o menino cresce em meio aos gorilas.
Porém, na Amazônia Internacional, existe um caso real semelhante aos filmes de fantasia. E, assim como na ficção, a história não se desenvolveu de uma maneira agradável.
Tudo começa na Colômbia, na segunda metade do século XX. A pessoa que poderia fazer parte dessa lista de personagens fictícios, mas que viveu momentos difíceis de verdade é Marina Chapman. Nascida em 1950, ainda criança Marina foi sequestrada e retirada do convívio com sua família.
Em depoimentos dados à veículos de comunicação internacionais, Marina conta que seu sequestro é uma das poucas lembranças vívidas da sua infância. Ela conta que brincava no jardim de sua casa, quando dois homens a agarraram e a abandonaram em uma floresta, totalmente sozinha. Ela não lembra o nome de sua vila, nem o local exato, mas o ocorrido ficou marcado em sua memória.
No livro ‘The Girl with No Name: The Incredible True Story of a Child Raised by Monkeys‘ (‘A garota sem nome: a incrível história real de uma criança criada por macacos’, tradução livre), Marina relata o tempo em que viveu cercada por macacos-prego, de uma espécie endêmica do bioma.

Perda de sentidos
Com o decorrer dos anos, durante sua infância, Marina Chapman gradualmente se tornou “selvagem”: aprendeu a caçar para sobreviver, perdeu a capacidade de fala e, consequentemente, teve um grande atraso na sua capacidade cognitiva.
Vale ressaltar que, a primeira infância é uma fase crucial para o desenvolvimento do cérebro e a falta de contato humano na infância pode acarretar em consequências para toda vida. Mas foi nesse período que, conta Marina, ela desenvolveu uma relação de carinho e compaixão pelos primatas.
Retorno à sociedade
Com cerca de 10 anos de idade, Marina foi encontrada por um grupo de caçadores que entrou na mata e se deparou com a criança. No entanto, o que poderia ser o começo de uma história de reintegração social de sucesso para a menina, tornou-se mais um capítulo de dificuldade.
Marina foi vendida para um bordel em Cúcuta, no norte da Colômbia. Após alguns anos conseguiu fugir e, depois de até mesmo viver nas ruas, passou a trabalhar como doméstica em casas de família ricas.
Somente aos 14 anos foi adotada por uma família vizinha de uma das casas em que trabalhava, indo morar na capital colombiana, Bogotá. Somente neste período que as coisas passaram a melhorar socialmente para a jovem.
Em 1977, com 27 anos, foi enviada para Bradford, na Inglaterra, ao lado de seus irmãos adotivos. E foi lá que constituiu família, casou-se e teve duas filhas.
Foi uma de suas filhas, inclusive, que a incentivou a escrever o livro relatando sua história, que gerou diversas opiniões. Enquanto para uns a história de Marina parece impossível, tão fictícia quanto nos filmes, para outros há veracidade em seus relatos.
Ela chegou até mesmo a passar por detectores de mentira, cujo resultado mostraram seu real afeto pelos primatas. Mas psicólogos já chegaram a ponderar se o caso não seria de falsas memórias criadas para preencher um período nebuloso na vida da criança.
E aí, já conhecia essa história?