Foto: Divulgação/Ufam
O livro ‘Manaus refletida no espelho de Verne’, do professor aposentado da Faculdade de Artes (Faartes) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Otoni Mesquita, é um estudo sobre a representação da cidade de Manaus na obra ‘A Jangada’, de Júlio Verne. O livro discute elementos iconográficos que moldaram a imagem da cidade e sua fundação.
O livro de Verne é uma história que se passa em 1852, abordando uma viagem ao longo do Rio Amazonas, em uma jangada autossuficiente, da foz, no Peru, até Belém (PA).
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Ao tratar a descrição da cidade de Manaus no século XIX, conforme aponta Mesquita, Verne reproduz a ideia de vários viajantes acerca da cidade.
“Recorri à literatura para apontar o que os viajantes, os naturalista e outros que passavam pelo lugar pensavam sobre a cidade. E, lógico, a literatura reproduzia”, explica o autor.
No livro, Mesquita aborda algumas questões que merecem atenção: o que tudo indica, o ilustrador do livro de Verne deve ter se inspirado em imagens de Manaus da década de 1880 e acabou não reproduzindo a cidade de 30 anos antes.
“A cidade da Barra, lá em 1852, não tinha, por exemplo, a catedral. Não havia sequer a pedra fundamental da Igreja Matriz. Mas, no livro de Verne, há ilustrações sobre a vista da cidade como se já houvesse essa construção”, diz.
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Livro ressalta relevância das imagens que retratam Manaus
Em ‘Manaus refletida no espelho de Verne’, Otoni usa a literatura quase como um pretexto para rever e discutir elementos iconográficos que compõem a paisagem manauara, seja a relação do homem branco com a natureza ou dele com os povos originários.
A obra ressalta a relevância das imagens produzidas por desenhistas, gravadores e fotógrafos, que deixaram verdadeiros documentos visuais para a posteridade. Conforme sustenta o autor, esse é um pretexto para iluminar dois temas principais: o estudo sobre a imagem da cidade e a discussão em torno dos elementos iconográficos que integram esses estudos.

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Uma das citações mais importantes do livro reforça a abordagem inovadora da pesquisa:
“Ainda que o caráter ficcional da descrição literária não exija compromisso com a narrativa histórica, nem necessite das características da abordagem factual que marcaram estudos históricos da época, entende-se que já não ocorram maiores resistências em aceitar um estudo histórico da ‘imagem’ da cidade a partir de fontes desta natureza” (página 11).
A obra oferece uma forma inédita de ver e conhecer a cidade de Manaus, resgatando e analisando as narrativas e imagens históricas que moldaram o imaginário da região.
*Com informações da Ufam
