Criado em 1992, o Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria surgiu com o intuito de homenagear nomes de brasileiros e brasileiras que contribuíram de forma significativa para a construção da história nacional.
Atualmente, o livro permanece guardado no Panteão da Pátria e da Liberdade, em Brasília, e tem finalidade simbólica e política. É um modo de o Brasil reconhecer oficialmente essas pessoas e suas trajetórias. Dentre as 75 pessoas registradas, existem quatro nortistas homenageados e figuras que atuaram diretamente na defesa da Amazônia e de seus povos. Confira no Portal Amazônia:
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Chico Mendes (Xapuri/Acre)
Um dos nomes presentes é o do líder seringueiro Chico Mendes. Natural do Acre, ele organizou trabalhadores da floresta em sindicatos e movimentos de resistência ao desmatamento. Criador dos “empates” — protestos pacíficos que impediam a derrubada de árvores —, Mendes defendeu a criação de reservas extrativistas como alternativa econômica e ambiental para a região. Foi assassinado em 1988 em decorrência de sua atuação, e tornou-se símbolo da luta socioambiental na Amazônia.
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Marechal Cândido Rondon (Santo Antônio de Leverger/Mato Grosso)
Outro homenageado é o Marechal Cândido Rondon. Militar e sertanista, Rondon liderou expedições para instalar linhas telegráficas no interior do país e estabeleceu contato com diversos povos indígenas. Foi responsável pela criação do Serviço de Proteção ao Índio, órgão que, posteriormente, se tornou a Fundação Nacional do Índio (Funai). Sua atuação marcou o início de uma política de integração dos povos originários ao Estado, com foco na não violência e no respeito aos territórios indígenas.
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José Plácido de Castro (Acre)
Sulista radicado no Acre, José Plácido de Castro foi militar e líder político na Revolução Acreana, movimento armado que resultou na incorporação do território do Acre ao Brasil, no início do século XX. Na época, a região era alvo de disputas entre brasileiros e bolivianos, e Plácido comandou as forças locais que declararam a independência do território, com apoio de seringueiros e colonos.
O conflito culminou no Tratado de Petrópolis, firmado em 1903, pelo qual o Brasil comprou o Acre da Bolívia.
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Lauro Sodré (Belém/Pará)
Militar e político nascido em Belém, foi governador do Pará e exerceu quatro mandatos de senador. Sua trajetória política contribuiu para o fortalecimento das instituições republicanas no Brasil.
Sodré também presidiu a província do Mato Grosso e foi um dos articuladores da Escola Militar da Praia Vermelha, centro de formação de oficiais com ideais republicanos. Seu nome foi incluído no Livro dos Heróis da Pátria como símbolo da contribuição nortista para a consolidação da República e do Estado democrático brasileiro.

Soldados da Borracha
O livro também homenageia, de forma coletiva, os 60 mil Soldados da Borracha. Durante a Segunda Guerra Mundial, cerca de 60 mil trabalhadores foram recrutados, sobretudo no Nordeste, para extrair látex da borracha na Amazônia. Esse período ficou conhecido como a Belle Époque. O produto era essencial para a indústria bélica dos Aliados. A inclusão no livro reconhece a importância econômica e geopolítica desses trabalhadores e seu papel na consolidação da presença brasileira na região amazônica.

A presença desses nomes no Livro dos Heróis da Pátria reforça a relevância da Amazônia na história brasileira e mostra o papel de seus defensores na luta por preservação ambiental e justiça social.
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