Casa Ivete Ibiapina fica no entorno do Largo São Sebastião. Foto: Reprodução/Manaus de Antigamente
A história de Ivete Ibiapina, nascida em 1932, está profundamente entrelaçada com o desenvolvimento cultural do Amazonas. Considerada uma das maiores referências da música erudita na região Norte, Ivete iniciou sua trajetória artística ainda na infância, aos cinco anos de idade, sob a orientação da professora Maria Antonieta Marinho.
Em apenas dois meses de aulas, concluiu as classes preparatórias e, com apenas seis anos, já se apresentava publicamente ao piano, surpreendendo pela desenvoltura e técnica.
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Ao longo da juventude, Ivete teve contato com nomes importantes da música local, como a pianista Maria Isabel Desterro, com quem aparece em registros datados de 1946.

A educação musical sempre caminhou ao lado da formação acadêmica. Ivete formou-se professora normalista e concluiu o curso de Filosofia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), atuando como educadora e pianista com a mesma dedicação.
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Reconhecimento e contribuição para a cultura amazonense
Durante décadas, Ivete Ibiapina participou ativamente da vida cultural manauara, influenciando gerações por meio do ensino de piano e da promoção da música clássica. Sua atuação extrapolou as salas de aula, chegando às apresentações públicas e à formação de novos músicos.
Pelo seu trabalho e contribuição à cultura, foi agraciada, em 1998, com o título de Mulher Amazonense, concedido pelo Governo do Estado do Amazonas.
Mesmo após seu falecimento, Ivete continua sendo lembrada como uma personalidade de relevância para a memória artística do Amazonas.
Em 2023, por exemplo, a prefeitura de Manaus, por meio da Manauscult e do Concultura, realizou o projeto audiovisual ‘Videomemória – Notáveis do Amazonas’, com direção do cineasta Roberto Kahane, e, no terceiro episódio, resgatou uma entrevista com a musicista.
Sua trajetória representa não apenas o talento individual, mas também o empenho em valorizar o ensino musical e a arte como elementos transformadores da sociedade.
Seu nome é citado com frequência por professores, artistas e instituições que atuam na formação cultural da juventude amazonense. Uma página na rede social Facebook, por exemplo, também mantém o legado da artista que marcou diversas gerações, com fotos antigas, preservadas por seus descendentes.

A Casa da Música Ivete Ibiapina e a preservação de um legado
Em reconhecimento à sua importância, foi inaugurada em 4 de novembro de 2001, no centro de Manaus, a Casa da Música Ivete Ibiapina. O espaço ocupa um casarão histórico restaurado pelo Governo do Amazonas como parte do Projeto Manaus Belle Époque. Localizado ao lado do Teatro Amazonas, o edifício tornou-se um centro de referência para atividades musicais e culturais, mantendo viva a memória da artista que lhe dá nome.
A Casa da Música abriga salas de concerto, estúdios de gravação, espaços para ensaios e oficinas. Entre os ambientes destacam-se o Teatro de Bonecos Peteleco, a Sala de Concertos Carlota Ribeiro e o Espaço Musical Lindalva Cruz. O local serve como ponto de encontro para músicos, estudantes e pesquisadores da música, oferecendo estrutura para aulas, gravações, apresentações e exposições.
Uso público e continuidade das atividades culturais
Com programação aberta ao público, a Casa da Música recebe grupos de música de câmara, concertos eruditos, espetáculos de teatro e oficinas formativas. As atividades são voltadas para todas as idades e níveis de conhecimento, promovendo acesso à cultura de forma gratuita e contínua.
Além de receber eventos artísticos, o espaço também abriga um acervo com documentos, partituras e fotografias que ajudam a contar a história da música no Amazonas.
Em 2012, o canal Amazon Sat fez um programa sobre a Casa Ivete Ibiapina:
A presença da Casa Ivete Ibiapina no circuito cultural de Manaus reafirma a importância do patrimônio imaterial da cidade e do incentivo à formação artística. A escolha de nomear o espaço com o nome da pianista reforça o compromisso com a valorização da memória de mulheres que fizeram história no cenário cultural amazonense.
O legado de Ivete permanece vivo, influenciando novas gerações de artistas e garantindo que sua contribuição à música seja lembrada, preservada e compartilhada com o público.
