1° do Norte: autor amapaense Gian Danton recebe principal título dos quadrinhos no país

Com mais de 30 anos de carreira, Gian Danton consolida posição de Mestre do Quadrinho Nacional entre os principais nomes do país. Título é considerado o mais importante do Prêmio Angelo Agostini.

Gian Danton é o pseudônimo de Ivan Carlo Andrade, que se tornou o primeiro quadrinista da região Norte a receber o título de Mestre do Quadrinho Nacional. Foto: Divulgação

O quadrinista de obras premiadas do Amapá, Gian Danton, pseudônimo de Ivan Carlo Andrade, tornou-se o primeiro da região Norte a receber o título de Mestre do Quadrinho Nacional. A categoria é a mais importante do Prêmio Angelo Agostini, considerado o mais antigo dedicado aos quadrinhos no Brasil.

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A premiação reconhece o conjunto da obra e a contribuição do autor para o desenvolvimento do setor e para a formação de novos artistas. Ao Grupo Rede Amazônica, Gian explicou a importância e os critérios da honraria:

“O prêmio reconhece o conjunto da obra, não um trabalho específico, e segue critérios como tempo de produção e contribuição para novos artistas. Para mim, é uma alegria enorme receber essa honraria, que representa o ápice da carreira de quem trabalha com quadrinhos no país”.

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Representatividade para o quadrinho amazônico

A conquista também marca um avanço para a produção da Amazônia, que historicamente enfrenta dificuldades para a visibilidade no cenário nacional. Danton destacou o impacto simbólico de ser o primeiro nortista a receber o título.

“Sou a primeira pessoa da região Norte a receber esse prêmio, o que já mostra a importância desse reconhecimento. Durante muito tempo, o quadrinho amazônico não era visto, não ganhava prêmios e quase não chegava ao Sul e Sudeste. Agora estamos conseguindo romper essa bolha e mostrar que a Amazônia produz quadrinhos de excelente qualidade”, contou Gian.

Com mais de 30 anos de carreira, Danton relembra o início da trajetória em Belém, em 1989, quando a produção de quadrinhos era ainda mais difícil para quem vivia fora do eixo Sul-Sudeste. Ele descreve um cenário sem internet, com comunicação lenta e poucas oportunidades.

“Comecei a fazer quadrinhos em 1989, em Belém, numa época sem internet. Tudo era feito por carta, o que tornava o processo muito difícil — desde conseguir material até enviar trabalhos para editoras. Mesmo hoje, com internet e redes sociais, ainda existem desafios. No Norte, não temos as mesmas facilidades do Sudeste”, explicou o autor.

Ilustrações que dão vida à história contada por Gian Danton. Foto: Divulgação

Apesar disso, ele afirma que a cena local evoluiu e cita exemplos de produções de qualidade feitas no Amapá.

“Tenho visto publicações impressionantes feitas aqui mesmo, como as do Coletivo AP Quadrinhos. Os artistas estão se profissionalizando, algo que antes era mais raro”.

Obras marcantes de Gian Danton

Danton também destacou dois trabalhos que considera fundamentais em sua trajetória. O primeiro é MSP +50, álbum comemorativo dos 50 anos de carreira de Mauricio de Sousa, do qual participou como um dos 50 artistas selecionados.

“Participar do MSP +50 foi como ser convocado para a seleção na Copa do Mundo”, expressou.

‘Manticore’, quadrinho de terror escrito por Gian Danton. Foto: Divulgação

O segundo é Manticore, obra de ficção científica e terror produzida com artistas de Curitiba (PR). A história se destacou por apostar em uma narrativa ambientada no Brasil.

“Naquele período, muitos artistas queriam imitar o estilo norte-americano. Nós fizemos o contrário: criamos um quadrinho ambientado no Brasil, em lugares reais. Isso teve grande impacto e fez de Manticore uma das histórias mais premiadas do país por mais de uma década”, contou.

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Ao falar sobre formação de novos quadrinistas — um dos critérios do prêmio — Danton reforça a importância da persistência. Ele lembra que, no início da carreira, quase tudo conspirava para que desistisse, mas a insistência fez diferença.

“O conselho que eu dou aos novos artistas é: não desistam. Quando comecei, tudo era muito difícil. Hoje existem redes sociais e internet, que facilitam a divulgação. Se ainda não for possível imprimir, publique online, mostre seu trabalho e conquiste público até conseguir lançar suas obras”, contou o autor.

*Por Isadora Pereira, da Rede Amazônica AP

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