Após perder o emprego no início da pandemia da Covid-19, a amazonense Ludmila Azevedo decidiu apostar nos sabores dos frutos da Amazônia e criou a própria empresa.
Unir o sabor da Amazônia ao conceito de sustentabilidade e empreendedorismo feminino, são os pilares que fizeram nascer a Amazontella, que oferece uma experiência gastronômica com sabores originais da Amazônia por meio de doces e cremes com receitas secretas. A empresa foi fundada em 2020, em Boston, nos Estados Unidos, pela amazonense Ludmila Azevedo.
Desde 2018 vivendo em Boston (Massachusetts), formada em Contabilidade em 2011, com MBA em Marketing em 2012 e Business Associate em 2021, Ludmila foi estudar inglês e se encantou tanto com a cidade que resolveu ficar mais. Notando a dificuldade que seria trabalhar na área de negócios e marketing, suas especializações, a empreendedora de 33 anos focou seus esforços na gastronomia, que era a sua paixão, e começou a trabalhar em restaurantes renomados na cidade.
Mas sua história com a marca que “transmite todos os sabores de sua vida no Brasil”, começou em novembro de 2020, no auge da pandemia da Covid-19.
Após perder o emprego por conta do isolamento social ocasionado pela pandemia, Ludmila se viu sem alternativas para manter-se, a não ser colocar sua veia empreendedora novamente em ação.
A jovem já tinha criado um produto em 2015 após fazer o curso Empretec, do Sebrae, vivenciando todas as etapas do empreendedorismo, tendo que desenvolver um produto para aprimorar seus conhecimentos, e acabou lançando bolos no pote que se tornaram sucesso ainda em Manaus, no Amazonas.
Assim, desempregada, sem dinheiro e em outro país, Ludmila não via outra alternativa a não ser criar algo para vender e se lembrou dos bolos que fazia. No entanto, a ideia não “brilhou seus olhos”, porque ela não queria usar plásticos e pensava em desenvolver um negócio totalmente sustentável.
“Quando mudei para os Estados Unidos fiquei saudades dos sabores da Amazônia e nunca os encontrei. Foi aí que tive a ideia de criar a Amazontella, unindo a expertise que adquiri trabalhando nos restaurantes em Boston e do bolo de pote, criando doces com uma receita secreta de creme de chocolate que harmoniza perfeitamente com a geleia de cupuaçu, com produção sustentável e entregando um produto disruptivo, jamais visto no mercado aqui. Para a criação da marca, também coloquei em prática tudo o que estudei sobre negócios nesses anos nos Estados Unidos”,
conta a empreendedora.
Ajuda importante
Foi aí que ela comprou os potes, criou a receita, pediu para uma amiga produzir o rótulo e logomarca e, assim, a Amazontella estava pronta para ingressar no mercado. Após anunciar o lançamento em um grupo de amigas brasileiras em Nova York, todas compraram as unidades dos doces, e uma delas, que é influenciadora, fez um post nas mídias sociais.
“Desde o ‘dia um’ a Amazontella se tornou um sucesso, a maioria dos seguidores da minha amiga influenciadora quis experimentar e o momento era propício para se aproximar dos sabores do Brasil, já que estávamos no auge da pandemia, sem poder se encontrar, preocupados com a situação no nosso país de origem e com o mundo. A Amazontella surgiu com o objetivo de acalmar o coração naquele momento”, explica Ludmila.
Daí por diante, a empresária afirma que a empresa só cresceu. Com produtos comercializados de forma online para os Estados Unidos e para o Canadá os sabores são: Cupuaçu Jam (Geleia de cupuaçu), Cupuaçu Jam & Chocolate Cream (Geleia de cupuaçu e creme de chocolate), Brigadeiro Nuts (creme de castanha do Pará) e ainda uma edição limitada chamada Cupuaçu Cream (Creme de cupuaçu). O kit com três sabores, mais o frete, custam em média 43 dólares.
Vendas
Os clientes Amazontella são 50% americanos e 50% brasileiros, avalia Ludmila. Dos brasileiros, 90% são mulheres que se enxergam na trajetória de vida de Ludmila e apoiam o empreendedorismo feminino.
A empresa pretende dobrar de tamanho em 2022 e acaba de migrar para uma dark kitchen (tipo de restaurante sem mesas ou a presença de clientes, que funciona apenas com delivery de comida), contando com mulheres imigrantes para que a produção consiga escalar os negócios e criando mais oportunidades.
A cada produto vendido, 5% do valor é doado para comunidades indígenas, algo que, segundo a empreendedora, foi intuitivo. “Desde o começo não fazia sentido eu ganhar com isso, me sustentar e não poder compartilhar nada com a Amazônia. Pelo orgulho das minhas raízes e poder trazer isso comigo, me faz lembrar das lutas que temos no Brasil”, afirma Ludmila.
A empreendedora já iniciou conversas com investidores e os planos para o futuro são criar um modelo de franquias e comercializar os produtos em seu país de origem. Ela também está concorrendo ao prêmio Melhor do Brasil nos Estados Unidos 2022, na categoria “Melhor Empreendedora de Startup dos EUA”.