Arte gerada por Inteligência Artificial
A rivalidade entre os bois-bumbás de Parintins, Caprichoso e Garantido, sempre foi marcada pela impossibilidade de mistura entre cores, símbolos, e outros detalhes que marcam cada agremiação folclórica. Mas você sabia que em julho de 1998, em uma apresentação em Paris, capital da França, em comemoração aos 500 anos do Brasil, os dois bois se tornaram um? Um só corpo, com apenas um tripa e que ficou popularmente conhecido como “Garanchoso“.
A fim de reunir os dois bois unicamente para a apresentação especial, um boi foi construído com metade do seu corpo com as características do Caprichoso e a outra metade do Garantido. Uma união improvável para a época, mas que tinha o objetivo de apresentar ao mundo em um curto tempo, a existência do Festival Folclórico de Parintins em um evento realizado pela Rede Globo.
Leia também: 58º Festival Folclórico de Parintins é lançado no Amazonas
Ao Portal Amazônia, o cantor Tony Medeiros, escolhido para cantar em Paris, no estádio Parque dos Príncipes, palco da final da Copa do Mundo de Futebol Masculina em 1998, conta sobre a trajetória inusitada do boi “Garanchoso”:
“Era Copa do Mundo e nós recebemos um convite naquela época da Globo. Foram contratados eu, Arlindo Júnior e David Assayag, e eu fui representar o nosso festival e o Brasil. E naquela época o Garantido e o Caprichoso foram representados por metade de cada boi, porque era difícil levar os dois bois. Então nós fizemos assim, a construção de um boi: metade era Garantido e metade era Caprichoso, no mesmo boi. Então quando quisesse representar o Caprichoso virava de um lado, e quando quisesse representar o Garantido, mudava de lado”, destacou Tony Medeiros ao Portal Amazônia.
Tony Medeiros destacou ainda que, para a apresentação em Paris, a letra não fazia alusão nem ao Garantido e nem ao Caprichoso. A toada cantada naquela apresentação foi construída unicamente para o evento, em cima da toada ‘Vermelho’, composta por Chico Da Silva. Foi aí que surgiu ‘Coração Brasileiro’, para representar a Amazônia.
“O Aloysio Legey, que era um dos maiores produtores que a Globo tinha na época, me pediu para que fosse feito uma toada que tivesse o título ‘Coração Brasileiro’ para o especial de 500 anos do Brasil. E a toada ‘Vermelho’, do Garantido, era a música que estava fazendo muito sucesso, inclusive antes do sucesso do Carrapicho para o mundo”, destacou Tony.
📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp
Coração Brasileiro
O evento no Parque dos Príncipes foi uma das várias iniciativas realizadas para celebrar os 500 anos do Brasil, reunindo artistas, intelectuais e líderes de diversas partes do mundo para refletir sobre a história e o futuro do país. A apresentação de Tony Medeiros, inclusive, além de permanecer como um marco na promoção da cultura amazonense e brasileira no cenário internacional, trazia em sua letra a mensagem que o evento buscava.
Leia também: Festival de Parintins: a ilha divida em azul e vermelho
Ele afirma que essa apresentação também marcou a sua carreira como artista, por dividir o palco com diversas personalidades brasileiras como a artista Daniela Mercury e o futebolista Pelé.
“Lá eu fiquei ao lado de todo mundo, de artistas como o Leonardo, Daniela Mercury, Ivete Sangalo. O Pelé estava lá. Então a gente estava no meio de todas aquelas pessoas que estavam fazendo sucesso naquela época. Pra mim foi uma grande honra”, disse Medeiros.

Fora do festival de 1998
A ida de Tony Medeiros para apresentação fez com que o Garantido colocasse outro amo do boi em seu lugar, já que a apresentação em Paris e o festival acontecerem em datas próximas. Para substituí-lo, foi convocado o cantor e compositor Emerson Maia, amigo de Tony, como ele lembra: “O Emerson Maia tinha a vontade de ser amo do Garantido pelo menos em um festival e ele conseguiu, o que me deixou muito feliz”.
Desde então, o termo “Garanchoso” passou a fazer parte do “vocabulário”, principalmente se referindo aos novos adeptos da cultura do boi-bumbá parintinense que ainda não escolheram – ou foram escolhidos -, por um dos bois: o azul ou o vermelho.
*Por Hector Muniz, do Portal Amazônia
