Boiuna é uma produção da Amazônia, filmado no Pará, que venceu três categorias no festival. Foto: Divulgação
O Festival de Cinema de Gramado 2025, realizado entre os dias 9 e 23 de agosto, encerrou mais uma edição consagrando produções de diferentes regiões do país e reforçando sua posição como o evento mais tradicional do audiovisual brasileiro. Entre os destaques, o cinema produzido na Amazônia chamou a atenção pela força criativa, conquistando prêmios e projeção nacional.
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O grande representante do Norte foi o curta-metragem ‘Boiuna’, produzido no Pará, que venceu três categorias: Melhor Direção (Adriana de Faria), Melhor Atriz (Naieme e Jhanyffer Santos) e Melhor Fotografia (Thiago Pelaes).
Inspirada na lenda amazônica da Cobra Grande, a obra alia realismo fantástico com temas sociais, como ancestralidade, resistência e protagonismo feminino. As filmagens ocorreram em Benevides, Benfica e Ilha do Combu, envolvendo uma equipe majoritariamente paraense, formada por mais de 60 profissionais.

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Antes da premiação, ‘Boiuna’ já havia sido indicado em nove categorias, consolidando-se como uma das produções mais lembradas da edição. O reconhecimento amplia a visibilidade do cinema amazônico, que cada vez mais ganha espaço em eventos de alcance nacional.
Da Amazônia pela Amazônia
Outro destaque da região foi o documentário ‘Os Avós’, produzido no Amazonas e dirigido por Ana Lígia Pimentel. A obra integrou a mostra competitiva de longas documentais, sendo um dos quatro títulos inéditos no Brasil. O filme aborda a realidade de avôs e avós com idades entre 30 e 35 anos, um retrato de juventude e maturidade forçada em comunidades periféricas. A temática chamou atenção por lançar luz sobre conflitos geracionais e estruturais pouco explorados no cinema nacional.

Além dessas produções, a Amazônia também esteve presente de forma indireta com o longa ‘O Último Azul’, exibido fora da mostra competitiva. Estrelado por Rodrigo Santoro e Denise Weinberg, o filme se passa em um cenário amazônico, onde idosos são transferidos para uma colônia habitacional.
A obra, que já havia vencido o ‘Urso de Prata’ no Festival de Berlim, ganhou espaço em Gramado, reforçando a Amazônia como território de narrativas universais. Dirigido por Gabriel Mascaro (‘Boi Neon’ e ‘Divino Amor’), o filme foi escolhido para fazer a abertura do 53º Festival de Cinema de Gramado.
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No total, o festival exibiu 74 filmes entre curtas e longas, entregando 52 prêmios, sendo 40 Kikitos. Com público estimado em 40 mil pessoas, a edição de 2025 reforçou o papel de Gramado como vitrine para o cinema nacional, reunindo produções de diferentes origens e consolidando a pluralidade do audiovisual brasileiro.
A presença da região Norte no festival reflete uma tendência de maior inserção do cinema amazônico no cenário nacional. Com a premiação de ‘Boiuna’ e a participação de ‘Os Avós’, o Norte se firmou como um dos polos criativos que mais crescem no país, levando para as telas de Gramado a força cultural e social da Amazônia.
