Considerado o grupo folclórico mais antigo em atividade da cidade de Manaus (AM), o Boi Corre Campo foi o terceiro a ser criado na capital amazonense. Também chamado de ‘Boi do Mapa’, o boi-bumbá foi idealizado pelos jovens Astrogildo dos Santos, Wandi Santos, Dionísio Gomes, Mauro Santos e Antônio da Silva.
De acordo com Claudio Muneyme, presidente de honra do Corre Campo, a história começa no dia 1° de maio de 1942, quando o então boi ‘Garrote Tira Teima’ encerrou suas atividades.
“O Corre Campo começou ali entre as ruas Ajuricaba e Ipixuna, perto da Padaria de Santo Antônio. O boi passou anos andando pelas ruas nos festejos de São João. Participou de dezenas de festivais, como o do Ipiranga e desde as primeiras edições do Festival Folclórico do Amazonas, quando era no estádio General Osório”, dissertou.
O nome do bumbá foi escolhido pelo fundador Wandi Santos, durante uma reunião. E as cores ficaram definidas em vermelho, branco e marrom, assim como o mapa do Brasil, que é marcado na testa do bumbá.
Muneyme conta ao Portal Amazônia que, a partir da década de 70, o Corre Campo começou a introduzir mulheres nas apresentações. Com o passar das décadas, o bumbá se tornou parte da história de Manaus.
“Eu sou muito orgulhoso porque faço parte disso há 50 anos, acompanhei grande parte do desenvolvimento do Corre Campo, com todas as adversidades”, pontuou.
De acordo com os membros da diretoria do boi, na publicação de homenagem aos 82 anos do Corre Campo, o bumbá:
“Desempenha papel vital na preservação e promoção das tradições da brincadeira de boi ao mesmo tempo que é inovador, transmitindo de geração em geração os ritmos, danças, histórias e mitos que dão vida a essa cultura singular. As fitas coloridas e vibrantes não apenas encantam, mas também servem como uma poderosa ferramenta educativa, ensinando sobre a pluralidade e os valores que permeiam a identidade do nosso povo”.
Tradição e modernidade
Para o atual presidente do boi, Alvacir Siqueira, o bumbá segue o tradicional ao mesmo tempo em que moderniza suas apresentações.
O Boi Corre Campo já possuía 45 títulos até 2023 e, em 2024, conquistou o heptacampeonato após a conquista dos títulos em 2015, 2017, 2018, 2019, 2022, 2023 e deste ano.
As datas são intercaladas porque não houve campeonato em 2016, por falta de investimentos, e nem em 2020, por conta da pandemia de Covid-19. Em 2021, foi realizada uma live folclórica, porém o evento foi uma mostra não competitiva.
O boi se apresentou no Sambódromo de Manaus na noite do dia 27 de julho, com o tema ‘O meu canto é livre’.
“É um boi que vem se modernizando ao longo dos tempos. É o único boi que esteve presente no primeiro Festival Folclórico do Amazonas. E hoje nós estamos no 66º. Então é sinal que o Corre Campo vem se reinventando de tempos em tempos, mesmo com a concorrência forte que é o Festival de Parintins.”, finalizou o presidente Alvacir.