Cavalhada de Paconé, a representação campal da lendária guerra de Troia no Mato Grosso

Um dos mais populares folguedos mato-grossenses, o evento em homenagem a São Benedito reúne anualmente milhares de festeiros de todo o país.

A arena do Clube Cidade Rosa, em Poconé (104 km de Cuiabá), é o lar da tradicional Cavalhada. Um dos mais populares folguedos (festas populares) de Mato Grosso, o evento em homenagem a São Benedito  reúne anualmente milhares de festeiros de todo o país.

Foto: Divulgação/Prefeitura de Paconé

Em Mato Grosso, a Cavalhada tomou a forma de representação campal da lendária guerra de Tróia, confundida com as Cruzadas – lutas de caráter religioso – caracterizada pelas guerras entre mouros e cristãos. 

Originalmente, a Cavalhada simula a disputa entre povos cristãos e muçulmanos para a consolidação do cristianismo durante a Idade Média. São 12 cavaleiros de cada lado, entre eles um mantenedor, um embaixador e dez soldados.

A disputa começa com o rapto da rainha moura pelos cristãos. No final, bandeiras brancas são estendidas em pedido de paz.

Já a dança dos Mascarados de Poconé faz parte dos folguedos da Cavalhada desde o século 18 e presta homenagens ao Senhor Divino, São Benedito e outros santos das tradicionais festas religiosas.

Foto: Divulgação/Prefeitura de Paconé

Tradição

A batalha tem como personagens, a Rainha, Cavaleiros Cristãos e Mouros, Pagens (crianças), Encapuzados, Caixeiro, Máscara, Guardas do Castelo, Auxiliares de Pista e Narradores e Locutores.

Os Cavaleiros entram na arena e desfilam para o público nas arquibancadas com as bandeiras de São Benedito e Divino Espírito Santo. Em seguida, os encapuzados entram fazendo evoluções provocando a batalha. Há então, o reconhecimento de área pelos exércitos Mouro e Cristão acompanhados por seus 12 Pagens.

A entrada da rainha no castelo é feita com o mantenedor Mouro e dois dos seus sodados guardiões. E nesse momento acontece o roubo da rainha por um Cristão, que entra no castelo. 

Ela fica refém, mas o mantenedor Mouro e seu guarda matam o Cristão e resgatam a rainha. Em seguida ateiam fogo no castelo e a entregam aos cuidados dos festeiros de São Benedito, no palanque oficial. A apresentação sensibiliza o público que aplaude e vibra com a beleza da rainha salva.

Foto: Divulgação/Prefeitura de Paconé

A batalha continua com varias disputas entre os Mouros e Cristãos. Depois do tratado de guerra fazem a corrida do encontro com lanças e espadas, corrida da cabeça de judas quando arrancam a cabeça de bonecos com lanças e espadas, corrida do bastão e neste ano, uma corrida em homenagem a Giovani Nunes Rondon, corrida da flor cruzada, corrida da aliança em homenagem a Zelito Dorilêo, corrida dos seis mantenedores, corrida das seis argolas em homenagem a Benedito Walter da Silva.

Há um pedido de trégua pelos Cristãos que é aceito pelos Mouros. Mas depois a batalha continua com a corrida de fogo, corrida do encontro, corrida do papo em homenagem a Pedro Otaviano de Araújo Bastos, corrida da flor grande, corrida do sucuri, em homenagem a rainha, corrida do oito grande, corrida da argolinha, corrida do caracol, corrida do limão, corrida das bandeiras, corrida do lenço e finalmente, a prisão e rendição, quando os Mouros pegam a bandeira branca e promovem a paz com os Cristãos e recebem a rainha de volta.

Foto: Divulgação/Prefeitura de Paconé

 Retorno

Geralmente, o evento acontece no mês de junho pela parte da manhã. A divertida manifestação popular, que conserva vestígios das lutas medievais, ficou dois anos em hiato, nas edições de 2020 e 2021, devido ao período mais crítico da pandemia, e retornou em 2022.

Foto: Divulgação/Prefeitura de Paconé

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