Associação Yanomami ganha prêmio por campanha publicitária em que estátua indígena foi enviada para indicados ao Oscar 2023

A campanha teve a intenção de conscientizar as estrelas de Hollywood para que elas usem de sua influência global e ajudem na causa Yanomami.

A Urihi Associação Yanomami ganhou na categoria ‘Destaque Publicitário’ a 7ª edição do Prêmio Sim à Igualdade Racial, do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) com a campanha ‘The Cost Of Gold (O Preço do Ouro)’. A iniciativa enviou a vinte indicados ao Oscar 2023 uma estatueta de madeira da divindade Yanomami Omama como alerta contra a extração ilegal do ouro.

A cerimônia foi transmitida no dia 26 de maio em São Paulo. A campanha de 2023 teve a intenção de conscientizar as estrelas de Hollywood para que elas usem de sua influência global e ajudem na causa Yanomami e também nos problemas que a extração de ouro podem causar.

Estrelas como Ana de Armas, Austin Butler, Cate Blanchett, Colin Farrell e Michelle Yeoh receberam a estatueta de madeira. A ação foi promovida pela Urihi em parceria com a agência DM9.

Além da estatueta de madeira, a campanha inclui um filme que mostra os malefícios da extração de ouro e informa que para a extração do mineral é usado mercúrio, metal altamente tóxico ao ser humano e ao meio ambiente.

Foto: Reprodução/X-thecostofgold

A campanha estava concorrendo com “Uma Princesa Puxa a Outra”, da Seda e “Tá Na Sua Mão”, do Meta. O prêmio foi entregue à Júnior Hekurari Yanomami, presidente da Urihi e estrela da campanha, junto com Roberto Yanomami. Em seu discurso de agradecimento, Hekurari destacou a identidade de luta do povo Yanomami.

“Somos Yanomami, eu acho que é importante essas campanhas, a gente realizar nas grandes cidades, a gente representar nossa identidade e essa é nossa identidade: de luta. Obrigado”, disse no discurso.

Hekurari reforçou a importância de ações como a do prêmio para incentivar iniciativas que promovem a igualdade. Para ele, é essencial conquistar espaço nas políticas públicas e o trabalho feito por campanhas publicitárias como a premiada precisam ser constantes pois “a situação ainda é tensa em Yanomami”.

“Fomos selecionados para esse prêmio importante, pelo trabalho que estamos realizando para combater a violência nas grandes cidades e, principalmente, nas terras indígenas. Esta é uma situação grave que precisa ser comunicada à sociedade civil, para que todos saibam o que realmente acontece na Terras Indígenas Yanomami. A visibilidade que nosso trabalho ganhou é crucial, pois é um trabalho arriscado e perigoso”, disse a liderança.

Ele destacou também a parceria com a agência DM9 e a participação das lideranças na luta Yanomami, que é o maior território indígena do Brasil e vive uma crise humanitária sem precedentes devido ao avanço do garimpo ilegal, principalmente de ouro. A invasão provocou a morte de crianças e deixou outras dezenas de indígenas doentes.

O prêmio é dado para incentivar esforços das pessoas e organizações que lutam pela igualdade racial, para “criar um impacto duradouro e inspirar outros a se envolverem constantemente e ativamente nessa importante causa”.

Foto: Divulgação/id_br

O Preço do Ouro

“As pessoas que vão ao Oscar tem o poder de mudar a cultura popular de todo o planeta. Abandonar o ouro é uma mudança que tem que começar por quem molda a cultura popular. Por isso, estamos pedindo o apoio deles, para que o ouro ilegal vire um tema global, porque é sim uma tragédia global que até agora não recebeu a atenção necessária”, destacou a liderança.

Hekurari afirmou que a ideia é mudar os rumos que a extração de ouro tem tomado na história recente do mundo, dizimando populações inteiras – incluindo os Yanomami.

*Por Caíque Rodrigues, do g1 Roraima

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