Avistamento de OVNIs fez de Colares uma referência nacional. Foto: Reprodução/Threads-Viagem ao Passado
Localizada na Baía do Marajó, a cerca de 2h30 de Belém, a Ilha de Colares, no Pará, é um lugar onde a beleza natural e a rica tradição cultural se misturam com um dos episódios mais misteriosos da história recente do Brasil.
Conhecida por suas praias de água doce, o artesanato em cerâmica e madeira, e por celebrações religiosas que mobilizam a comunidade, Colares também carrega em sua memória coletiva um fenômeno que intrigou moradores, autoridades e pesquisadores: os ataques do chamado ‘chupa-chupa’.
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Em 1977, Colares foi tomada pelo medo. Relatos de luzes estranhas no céu, semelhantes a esferas brilhantes, começaram a circular entre os moradores. O que inicialmente parecia ser apenas avistamentos noturnos rapidamente se transformou em algo mais alarmante: pessoas afirmavam ter sido atingidas por feixes de luz, que causavam queimaduras, fraqueza e desmaios.
As vítimas apresentavam marcas no corpo, como pequenos furos, e sintomas sem explicação médica. O fenômeno ficou conhecido popularmente como ‘chupa-chupa’, numa referência à ideia de que as luzes sugavam o sangue das vítimas.
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Com o pânico generalizado e o saída de moradores temerosos, a Força Aérea Brasileira interveio. Nascia ali a Operação Prato, liderada pelo então capitão Uyrangê Hollanda. A missão militar visava investigar os fenômenos e acalmar a população.
Durante quatro meses, Hollanda e sua equipe documentaram dezenas de avistamentos com registros em vídeo, fotografias e depoimentos de moradores. Apesar do vasto material reunido, mais de 300 páginas de relatórios, a operação foi encerrada sem uma explicação oficial.
Os documentos ficaram sob sigilo por décadas, reacendendo teorias sobre acobertamento por parte das autoridades.

Revelações
Vinte anos depois, em 1997, o próprio Uyrangê Hollanda concedeu uma entrevista revelando detalhes da operação. Ele afirmou ter visto os objetos voadores de perto e declarou acreditar que se tratavam de tecnologias não humanas.
Pouco tempo após o depoimento, Hollanda foi encontrado morto, em circunstâncias nunca totalmente esclarecidas, o que alimentou ainda mais as especulações sobre o caso.
Os relatos de Colares entraram para o imaginário nacional e se tornaram referência na pesquisa ufológica mundial.
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Em 2024, os eventos voltaram aos holofotes com a série documental ‘Investigação Alienígena’, disponível na Netflix. Apresentado pelo jornalista George Knapp, conhecido por tornar pública a história da Área 51 nos Estados Unidos, o segundo episódio, intitulado ‘Ligação com o Brasil’, é dedicado ao caso Colares, além de mencionar ocorrências nas cidades vizinhas de Barcarena e Santa Bárbara.

Mais que UFOs
Apesar do mistério que a cerca, Colares segue sendo uma ilha de cultura viva e paisagens encantadoras. Emancipado em 1961, o município mantém tradições seculares que atravessam gerações. As festas religiosas são destaque no calendário local: o Círio de Nossa Senhora do Rosário em dezembro, o Círio de São Tomé em setembro, o de São Sebastião em julho e as celebrações juninas a São João espalham música, dança e devoção pelas comunidades da ilha.
A economia local gira em torno da pesca e do artesanato, com peças de cerâmica, cadeiras entalhadas, canoas e remos. A vida simples e os ventos constantes fazem da ilha um refúgio durante o verão amazônico. Entre os monumentos históricos estão a Capela do Senhor dos Passos, a Igreja Matriz e a Igreja de São Sebastião, que compõem um circuito de fé e patrimônio.
A Biblioteca Pública do município, ainda que modesta, cumpre papel importante como espaço de preservação e difusão cultural, especialmente em uma região com limitado acesso a equipamentos culturais.
