Foto: Divulgação/Aeroclube do Amazonas
O Aeroclube do Amazonas, em Manaus, representa um dos mais tradicionais espaços de formação aeronáutica na região. Fundado ainda na primeira metade do século XX no Aeródromo de Flores, o local se consolidou como ponto de partida de pilotos civis, instrutores e entusiastas. Ao longo das décadas, serviu como base para a difusão da aviação desportiva e para a interiorização do transporte aéreo.
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Com o crescimento de Manaus, o aeroclube, claro, também acompanhou as transformações urbanas e tecnológicas que marcaram o setor. A instituição guarda registros históricos que mostram sua importância na evolução da aviação amazonense, celebrando 85 anos de existência em 2025.
Origem e primeiros anos de operação do Aeroclube
O Aeroclube do Amazonas surgiu em um período em que a aviação civil brasileira dava seus primeiros passos estruturados. Em entrevista ao canal Amazon Sat, o engenheiro civil e tesoureiro do Aeroclube do Amazonas, Francimar Sampaio, destacou que o empreendimento foi criado para fomentar a formação de pilotos e promover atividades aéreas recreativas, tornando-se referência local em instrução de voo.
“O aeroclube foi criado em 1940 no meio da segunda guerra mundial. Existia na época uma carência de pilotos para serem mandados pro front (linha de frente no combate) e também para a aviação civil”, afirmou.
Documentos históricos apontam que suas primeiras operações eram realizadas em pistas simples, adaptadas às necessidades da época, quando aeronaves de pequeno porte dominavam o cenário nacional.
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Na fase inicial, o objetivo era fornecer treinamento básico, capacitação de pilotos privados e difusão das práticas aeronáuticas entre jovens interessados em ingressar na área.
“O aeroclube também mantinha intercâmbio com instituições de outros estados, permitindo o avanço técnico e o compartilhamento de informações sobre segurança, meteorologia e navegação aérea”, destacou Francimar Sampaio.
De acordo com o tesoureiro, com o passar dos anos, o clube ampliou sua frota e ganhou uma estrutura mais robusta: hangar, salas de instrução, área administrativa e pista própria passaram a compor o ambiente de formação.
A ampliação possibilitou cursos mais extensos, simulados e programas contínuos, fortalecendo a presença do local no universo da aviação regional.

Durante a segunda metade do século XX, o crescimento da aviação no Amazonas esteve ligado à necessidade de deslocamento rápido entre os municípios do interior, muitos deles isolados por extensas áreas de floresta.
Nesse contexto, o Aeroclube do Amazonas desempenhou papel estratégico ao formar pilotos aptos a operar em condições adversas e em pistas não pavimentadas comuns à época na região.
O Aeroclube do Amazonas também participou de eventos, demonstrações aéreas e ações educativas voltadas ao público, ampliando o interesse pela aviação no estado. Em determinadas épocas, organizava sobrevoos panorâmicos e ações comemorativas, contribuindo para aproximar a população das atividades aeronáuticas.
“O aeroclube ao longo desses 85 anos prestou serviços relevantes, não só ao estado do Amazonas, espalhando ‘seus filhos’ ao mundo inteiro”, defendeu Edmundo Mendonça, advogado da instituição.
De acordo com Sampaio, a instituição guarda acervos com fotografias, documentos, registros de voo, listas de instrutores e informações sobre aeronaves históricas que marcaram sua trajetória. Esses materiais são considerados importantes para a documentação do desenvolvimento da aviação civil no estado.

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Mudança?
O Aeroclube voltou a ganhar as manchetes em 2025 não apenas pela comemoração do tempo de atuação, mas sobre a possibilidade de precisar ter que mudar de endereço.
Atualmente, por uma ação judicial, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) pede o espaço do Aeródromo de Flores – localizado na Avenida Professor Nilton Lins, n° 300, em Flores – para ficar completamente sob sua administração.
O Aeródromo de Flores é onde está instalado o Aeroclube do Amazonas e, segundo a estatal, desde que assumiu oficialmente a administração do terminal, por meio da portaria nº 514 do Ministério de Portos e Aeroportos, publicada em novembro de 2023, a direção do aeroclube ainda não entregou da área e mantém suas atividades.
A medida, que vem sendo aplicada em outros empreendimentos do tipo no país, é alvo de protestos por parte dos administradores privados. “No momento, são 28 aeroclubes que estão sendo despejados. E em alguns lugares estão sendo implementadas atividades que não tem nada haver com a aviação e formação de pilotos. Nisso são escolas de aviação que vão acabando”, declarou Francimar Sampaio na entrevista.
Assista o programa completo:
