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Sábado, 27 Abril 2024

4 lendas "vivenciadas" por moradores de reserva em Porto Velho

O bicho do pé grande, uma mulher que "vira" porco e o João Branco são algumas das diversas histórias "vividas" e contadas de geração para geração dentro da Reserva Extrativista (Resex) Lago do Cuniã em Porto Velho (RO). Detalhe: até o nome da própria reserva possui uma lenda.

O morador Naldo de Souza foi quem resgatou algumas das histórias mais marcantes das comunidades que vivem dentro da Resex. Confira:

Comunidade na Resex Lago do Cuniã. Foto: Emily Costa/g1 Rondônia

Pé grande 

Um dos casos mais famosos envolve uma criatura que, supostamente, foi vista diversas vezes dentro da Reserva. Em 1997, um grupo de jovens que moram na região, ao entrar na mata, se depararam com pegadas enormes e um "caminho" deixado por um animal com, no mínimo, dois metros de altura. Embora tenham seguido as pegadas, o medo os fez retornar e compartilhar a história com seus pais.

Um mês depois, um morador do distrito de São Carlos, na zona ribeirinha de Porto Velho, estava pescando próximo a um igarapé quando passou embaixo de uma "ponte" que não existia. Foi então que ele percebeu que a "ponte" estava se "levantando" e, quando olhou para trás, viu um homem peludo com dois metros de altura.

O homem disparou sete tiros, mas não funcionou. Para fugir, ele abandonou os pertences e foi socorrido por um barco que estava próximo. Depois de cinco dias, voltou no local com outros moradores, encontrou sua espingarda, barco e algo inusitado: vários cabelos gigantes e muitas pegadas.

Algum tempo depois, uma jovem esperava o marido, na companhia da filha, no mesmo igarapé, quando notou algo se aproximando. Ao escutar vários ruídos, viu um homem peludo e bem grande. A jovem desesperada entrou no barco e fugiu. Quando voltou ao local com o marido, lá estavam elas: as pegadas gigantes.

Cobra que protege o Lago

Outra lenda muito conhecida na região é a quem deu nome à Resex. A história conta que após conflitos entre indígenas locais e colonizadores, os povos foram forçados a escapar em canoas para evitar extermínio. Contudo, uma jovem e bela indígena (Cuniã em língua indígena significa "moça jovem") foi capturada e mantida viva por sua beleza.

A jovem ficou muito triste e em uma noite conseguiu escapar, entrou nas águas do lago e desapareceu. Há a crença de que a cuniã se transformou em uma cobra-grande e está no poço mais profundo do lago: o poço-preto. Ela mantém a região "viva" e, assim que o morador mais antigo morrer, a cobra vai embora e o lago secará.

De acordo com Naldo, na região muitas situações peculiares envolvendo a cobra gigante já aconteceram. Os moradores, quando pescam na beira do lago durante a noite, avistam luzes vindo do fundo do rio e vários "rastros gigantes" na água, semelhantes aos de um barco.

Mulher que "vira" porco

Essa história bem inusitada gira em torno de uma senhorinha que, ao ser desrespeitada por quem passava por sua casa sem autorização, supostamente se transformava em porca e atacava. Um soldado, ao ouvir essa história durante uma estadia na região, decidiu verificar se é fato. "Hoje eu vou lá descobrir se é essa velha mesmo", ele teria dito.

O homem passou pela casa da mulher e viu ela sentada, mas ignorou. Na volta, avistou o porco agressivo vindo em sua direção. Ao tentar se defender, o soldado feriu o animal na cabeça.

No dia seguinte, quando passou no local novamente, ouviu gemidos de dor vindo da casa da idosa e ao se aproximar, viu a mulher com um pano amarrado na cabeça. Sobre o curativo, ela alegou que tinha caído.

Sr. João Branco

Naldo também compartilha a história do Sr. João Branco: um homem que bebia muito. Em um dia, quando viu crianças brincando no campo, o homem perguntou elas queriam que ele "subisse" o sol. Os garotos achando que era brincadeira, responderam que sim.

O senhor então pegou uma bíblia que carregava e, no mesmo instante, o sol começou a ficar vermelho como se estivesse subindo. Em seguida, o homem adormeceu. Ao anoitecer, o tio de Naldo acordou João Branco, que estava deitado na grama para levá-lo para casa.

No dia seguinte, os meninos notaram uma mancha preta exatamente onde ele estava deitado e que a grama ficou completamente queimada. "A grama ficou toda queimada bem no formato do corpo dele. Eu vi isso", conta.

*Por Emily Costa, do g1 Rondônia

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