Exposição Criaturas. Foto: Aguilar Abecassis/SEC-AM
A Galeria do Largo, localizada no centro histórico de Manaus (AM), celebra em 2025 seus 20 anos de atuação com uma trajetória marcada pela diversidade artística, inclusão e compromisso com a contemporaneidade nas artes visuais.
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Desde sua fundação em 2005, o espaço se consolidou como uma das principais referências culturais do estado, tendo realizado 173 eventos e exposições, sendo 111 mostras individuais e coletivas, com um total de 469 propostas artísticas apresentadas ao público.
As comemorações pelos 20 anos da galeria começaram com uma série de exposições coletivas que ressaltam a produção artística do estado. Entre elas está ‘Criaturas’, uma mostra que reúne 22 artistas professores entre o grafite, muralismo, desenho e performance.
Outro destaque da programação é a exposição o ‘Mergulho Entre Mundos’, do Estúdio Buriti, que apresenta o trabalho de jovens artistas de Parintins com produções que transitam entre o grafite, muralismo, desenho e performance.
A programação inclui ainda a exposição da artista indígena trans Awa Mendes, que mescla pintura, desenho, intervenções murais e vídeos.
“É importante frisar que é uma artista indígena trans e que faz do seu trabalho um conceito de abrangência bastante interessante a nível nacional”, destaca Cristovão Coutinho, diretor e curador da galeria.
O espaço também abriga uma exposição permanente da cidade fictícia de Santa Anita, além de uma mostra de fotografias do artista Alonso Júnior. da rede pública.
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Fundação da galeria
De acordo com Coutinho, os registros mantidos pela galeria a respeito da sua inauguração foram marcados por dois momentos importantes para a galeria.
“Nós temos duas datas em registros no memorial que nós mantemos aqui. Ela teve uma abertura no dia 4 de novembro de 2005, quando ocorreu no local uma exposição de cartazes de filmes históricos do cinema nacional, onde estava sendo realizada a abertura do segundo Amazonas Film Festival. Já na área de artes visuais a abertura acontece no dia 9 de dezembro de 2005, com a exposição de artes visuais dos artistas Sérgio Cardoso, Ottoni Mesquita e Jair Jacquemont”, afirma o diretor e curador.
A primeira diretora da Galeria do Largo foi Cléia Viana, que, ao lado do então secretário de Estado de Cultura, Robério Braga, idealizou o espaço com o propósito de integrar os artistas às políticas públicas culturais.
Depois, passaram pela direção nomes como Sandra Praia e o artista Turenko Beça, que continuaram o trabalho de articulação e fortalecimento do setor. Desde 2018, sob a direção de Cristovão Coutinho, a galeria tem buscado aprofundar o diálogo com os diferentes territórios e sujeitos criadores, acompanhando a materialização de suas ideias em obras.
Como expor na galeria do Largo
Artistas interessados em expor seus trabalhos podem enviar propostas para o e-mail da galeria (galeriadolargo@cultura.am.gov.br), desde que alinhadas à contemporaneidade das artes visuais.
“Uma proposta que tenha uma relação na contemporaneidade e que trabalhe as artes visuais de uma maneira atualizada para que a gente possa ter uma relação, eu diria, de interação com o público visitante”, afirma o diretor.
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Outros projetos da galeria
A galeria mantém ainda projetos como o “Espaço Mediações”, atualmente em sua 8ª edição, que promove encontros entre artistas e curadores, e o evento bienal Amazonas Artes Visuais, realizado em 2022 e 2024, com programação que inclui exposições, seminários e oficinas.
Ambos têm como objetivo ampliar as conexões entre a produção local e o circuito artístico nacional, fortalecendo o papel do Amazonas no mapa da arte contemporânea brasileira.

Ao longo de duas décadas, cerca de 250 mil pessoas já visitaram a Galeria do Largo, sendo 150 mil nos últimos sete anos. “Nosso público vem crescendo e se diversificando. É um espaço vivo, onde o visitante é convidado a refletir, interagir e se conectar com a arte”, ressalta Coutinho.
Durante os 20 anos de existência, a galeria não apenas acolheu artistas consolidados, mas também deu visibilidade a novos nomes da cena artística local e nacional. “Aqui nós temos artistas indígenas, pretos, de arte urbana, arte de artistas LGBTQIA+ e nós estamos atualizados nessa produção do sistema de arte contemporâneo da arte brasileira”, reforçou o diretor.
Além das exposições, o espaço tem investido em ações como rodas de conversa, oficinas e seminários. Essas atividades ajudam a estreitar o vínculo entre artistas, curadores, pesquisadores e o público em geral, promovendo não apenas o acesso à arte, mas também à reflexão crítica e à formação de novos olhares.
A Galeria também mantém vínculos com outras instituições culturais, como a Casa das Artes, onde algumas programações são levadas em momentos específicos, ampliando o alcance de suas ações.
*Por Rebeca Almeida, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar
