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Domingo, 28 Abril 2024

Os Green Skills e as Economias do Futuro: como se adequar para um futuro que já está acontecendo

Todos nós, sem exceção, já estamos sofrendo as consequências dos impactos das atividades humanas no meio ambiente, alguns, contudo, em menor grau do que outros. Em suma, a mudança climática é uma realidade que atinge todas as espécies e todos os ecossistemas.

Se tomarmos o atual inverno amazônico, como referência, onde testemunhamos uma mudança no padrão e na intensidade das chuvas e que, além disso, experimentamos temperaturas mais altas do que no passado, é possível subentender que os efeitos no clima - não só na Amazônia - tendem a ser cada vez piores.

Como resultado, vivemos um momento crucial: risco de insegurança alimentar global, escassez de água, perda da biodiversidade, etc, onde se faz de extrema importância a adoção de medidas, ações e comportamentos com o objetivo de atenuar esses efeitos das mudanças climáticas.

Green Skills e as Economias do Futuro - Foto: Freepick

Neste momento, os governos, as organizações e os indivíduos possuem a responsabilidade de fazer escolhas sábias na transição para uma economia de baixo carbono que, por meio de investimentos nos chamados green skills, possuem a capacidade de criar um mundo mais sustentável para todos.

Em tempos de profundas incertezas sobre o futuro, ficamos sobrecarregados e tendemos a nos proteger com o que sabemos e o que conhecemos. Contudo, isso é o mesmo que olhar o todo através de um pequeno orifício na porta de estar, limitando o nosso olhar para o futuro.

Lamentavelmente, grande parte da sociedade está focada, só e somente só, nesta versão de futuro bem limitada. Portanto, é importante ampliarmos o nosso campo de visão para sermos capazes de identificar as oportunidades em meio ao caos.

Para isso, é importante enxergar as convergências entre as interseções das tendências, treinando nosso olhar para os novos padrões e as novas camadas do mercado.

Consequentemente, devido à existência de tantas mudanças na remodelagem da nossa sociedade, o indivíduo não pode ser um mero espectador passivo, pois o mercado de trabalho está sob grande pressão e temos sido testemunhas da imensa quantidade de pessoas que estão perdendo suas posições em meio a um período de grande instabilidade e disrupção. 

Green Skills e as Economias do Futuro - Foto: Cássio Batista/Unsplash

Os Green Skills  

De acordo com dados de 2022, o Fórum Econômico Mundial estimou que a economia mundial pode eliminar, quase que instantaneamente, 71 milhões de postos de trabalho durante essa transformação para uma economia de baixo carbono. Por outro lado, se políticas responsáveis e investimentos em requalificação forem adotados, essa perspectiva de perda pode ser majoritariamente contida ou revertida.

Os green skills, ou habilidades verdes, são essenciais para uma transição de sucesso para uma economia mais sustentável e ecoeficiente, pois oferecem caminhos para uma sustentabilidade ambiental ao mesmo tempo que são capazes de atenuar os impactos das mudanças climáticas.

Assim sendo, as habilidades verdes podem ajudar os trabalhadores a permanecerem relevantes neste mercado de trabalho em constante mudança, como também, a terem melhores oportunidades de emprego. 

Mas o que seriam esses Green Skills? 

São um conjunto de habilidades, de conhecimentos e de competências profissionais necessárias dividida em três categorias principais: habilidades técnicas, habilidades interpessoais e literacia ambiental.

Esta última envolve o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores em áreas como: energia renovável, eficiência energética, gestão de resíduos, conservação da biodiversidade, agricultura sustentável, design de produtos e serviços sustentável, ecoeficiência e gestão ambiental para que, por meio da capacidade criativa, da capacidade crítica, da habilidade de fazer perguntas melhores, da biomimética, do design, da educação - entre outros - sejamos capazes de construir e desenvolver soluções para os desafios que se fazem presentes. 

Entre as soluções podemos destacar:


  • Práticas sustentáveis de agricultura e cultivo;
  • Desenvolvimento e implementação de tecnologias de energias renováveis;
  • Gestão de resíduos e reciclagem;
  • Conservação, gestão e novas aplicabilidades da água;
  • Justiça social e ambiental;
  • Bioeconomia e Biodiversidade;
  • Saúde e meio ambiente;
  • Avaliação e gestão de riscos ambientais;
  • Estratégias de diminuição dos impactos e adaptação às mudanças climáticas;
  • Educação e promoção ambiental;
  • Gestão sustentável do turismo e hospitalidade.

É inegável que, à medida que a sociedade global avança nessa jornada para um mercado de trabalho cada vez mais sustentável, as habilidades verdes se tornarão cada vez mais importantes em muitos setores da economia.

Adicionalmente, quando olhamos para o futuro, é possível identificar as diversas economias promissoras que estão se destacando com o passar do tempo. São elas:


  • Economia Verde: economia baseada em práticas sustentáveis e ambientalmente responsáveis.
  • Economia Digital: refere-se às atividades econômicas que utilizam a tecnologia digital para criar e distribuir bens e serviços.
  • Economia Circular: fundamentada na ideia de que os resíduos devem ser minimizados e os recursos devem ser utilizados de forma mais eficiente.
  • Economia do Compartilhamento: baseada na ideia de que é possível compartilhar bens e serviços em vez de possuí-los individualmente.
  • Economia Social: relacionada às organizações que buscam um impacto social positivo, ao mesmo tempo em que geram receitas.
  • Economia do Cuidado: relacionada às atividades que envolvem o cuidado de pessoas, incluindo crianças, idosos, doentes e pessoas com deficiência. Uma economia extremamente importante e que muitas vezes é subvalorizada e subfinanciada.
  • Economia Criativa e Cultural: refere-se a atividades que envolvem a produção e distribuição de bens e serviços criativos, contribuindo para a identidade cultural e o patrimônio de uma sociedade. 
Economia Verde - Foto: Noah Buscher/Unsplash

Para além dessas, existem tantas outras que estão surgindo, pois os desafios atuais e futuros não são nada fáceis de lidar. Mas, o ponto central é que inúmeras oportunidades estão surgindo e irão surgir cada vez mais, e quanto mais qualificado e preparado você for, maiores são as suas chances!

Um ponto de destaque é que, devido às características de cada região geográfica no mundo, a velocidade das mudanças ocorrerão em momentos distintos - mas as perdas de empregos serão instantâneas, enquanto a criação dos novos empregos relacionados aos green skills será mais gradual. Assim sendo, nem todos os empregos reaparecerão automaticamente nas mesmas indústrias que foram perdidos.

É por isso que é de extrema importância ser capaz de desenvolver a mobilidade e a flexibilidade da sua carreira e do seu negócio. E como fazer isso? Comece mapeando os green skills relacionados com sua área de atuação, requalifique-se e amplie seus conhecimentos para ficar à frente da próxima curva.

Enquanto indivíduo, invista em autoconhecimento, treinamento vocacional, novas formas de aprendizagem para ampliar o seu repertório de competências, habilidades e conhecimentos. E para as organizações: busquem incessantemente atrair e reter os talentos certos, construindo paralelamente, um banco de talentos próprio permitindo o fortalecimento de uma cultura organizacional vibrante, mais efetiva e menos 'instagramável'.

Lembrem-se: as nossas habilidades possuem data de validade e a aprendizagem ao longo da vida é um pré-requisito para manter-se relevante e melhorar a empregabilidade futura do indivíduo e a perenidade das organizações.



Vitor Raposo é Humanista e Empreendedor. Fundador da Hayashi Consultoria, Sócio-Diretor da TravelCorp e da Sala VIP Harmony Lounge no Brasil e da Rede Consultoria Educacional em Portugal.

Atua como empreendedor, mentor e consultor. Articulista sobre Sociedade 5.0, Novos Negócios, Revolução Humana Individual, Sustentabilidade e ESG no Portal Amazônia. Idealizador e apresentador do Ser Humano Podcast, um programa sobre a essência das pessoas de valor e o impacto de ser genuíno.

Idealizador e realizador do Amazonia Forest Summit – fórum para debater as oportunidades para a Amazônia com diversidade e um olhar para o futuro da região com foco na inovação, na sustentabilidade, nos recursos humanos, no ESG, nos negócios, na tecnologia e nas tendências.

Doutorando e Mestre em Ciências da Educação para a Sociedade 5.0 pela Facultad Interamericana de Ciências Sociales – FICS; Especialista em Inovação e Negócios pela Nova Business School, em Gerenciamento de Projetos pela FGV e em Gestão Estratégica de Negócios pela UCB.

Paralelamente, atua como voluntário e Presidente no Capítulo Amazônia do Project Management Institute (PMI-AM). 

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