Para Nobre, a reunião com os pesquisadores e o diretor do Inpa, Luiz Renato de França, foi instrutiva e animadora. “Saímos daqui bastante animados e fortalecidos com a ideia de que vale a pena desenvolver conceitualmente essa Terceira Via, que é uma via de desenvolvimento sustentável que se assenta, total e integralmente, no conhecimento científico e tecnológico”, destacou. “É uma Via que não existirá se não houver um forte engajamento das instituições de pesquisa da região amazônica, em especial, do Inpa”, completou.
Na opinião do diretor do Inpa, a proposta do pesquisador Carlos Nobre ainda está em construção, mas tem elementos interessantes para ser construída. “A vinda dele à Manaus foi positiva porque é uma iniciativa que vem de uma pessoa que tem larga experiência e ampla visão, e o Inpa tem muito a dialogar”, disse França.
Nobre contou que durante a reunião aprendeu sobre uma série de barreiras que existem para um melhor aproveitamento econômico da biodiversidade amazônica. “Aprendemos como o Inpa poderia desenvolver pesquisas de caráter mais aplicado, especialmente, em biotecnologia e que pudesse ter aplicabilidade na Amazônia como um todo para gerar o que chamamos de Terceira Via”, diz.
Ele explicou que a Terceira Via é uma via de desenvolvimento sustentável, que difere de uma política puramente de conservação ou de intocabilidade dos ecossistemas amazônicos, versus uma política de intensificação do uso da área Amazônia para a produção de proteína animal, de grãos, de carnes e de pecuária. “O que queremos propor com a Terceira Via é fugir desses paradigmas que estão em conflitos permanentemente e encontrar uma outra maneira de desenvolvimento econômico da Amazônia”, informou.
Carlos Nobre pretende ter uma nova reunião com as lideranças de pesquisas do Instituto, no segundo semestre desse ano, quando espera poder apresentar um artigo onde serão colocados os conceitos da Terceira Via, e submeter essas ideias às críticas dos pesquisadores para aperfeiçoar a proposta que está em fase de construção.
O pesquisador também revela que com esse modelo conceitual que está sendo construído da Terceira Via de desenvolvimento sustentável para a Amazônia espera alavancar o interesse, tanto de instituições de fomento à pesquisa, como também de instituições internacionais como o Banco Mundial para que possam financiar a próxima fase do projeto, em 2018, quando será a fase de desenvolvimento efetivo e prático do marco conceitual.
“A Terceira Via é um projeto pan-amazônico centrado e focado no Brasil, mas que envolverá, numa segunda fase, todas as outras Amazônias”, disse Nobre ao destacar que o Inpa precisa ser um protagonista neste processo da Terceira Via, que se assenta nas ferramentas da chamada Quarta Revolução Industrial, numa convergência das tecnologias revolucionárias digitais, biológicas e de nanomateriais.
“Esta revolução é como as outras revoluções, que se assentaram no conhecimento, gerando uma mudança de paradigma; mas ainda mais do que as anteriores, esta se assenta no conhecimento científico e na aplicação desse conhecimento em desenvolvimento inovador e de tecnologias”, ressaltou.
Na opinião de Nobre, essa via só pode prosperar se houver uma integração das aplicações econômicas e tecnológicas com o desenvolvimento contínuo da base de conhecimento. “E o Inpa é o líder em conhecimento sobre a biologia da Amazônia”, destacou. “A grande riqueza da Amazônia não é proteína animal de gado, e não é proteína vegetal de soja. É a riqueza biológica contida na biodiversidade, por isso é importante que o Inpa tenha o papel central em colimar os interesses do desenvolvimento dessa Terceira Via liderando a geração de conhecimento”, finalizou.