O câncer de colo uterino é o mais incidente entre mulheres no Amazonas. Para alertar a população amazonense sobre esta doença, o governador do Amazonas, Wilson lima, sancionou em 11 de janeiro deste ano a Lei n◦ 4.768/2019, que instituiu o “Movimento Estadual Março Lilás”, de prevenção ao câncer de colo uterino.
Este tipo de câncer pode ser evitado, no entanto, caso a doença já afete a paciente, o diagnóstico precoce aumenta a chance de cura. Por esse motivo, uma pesquisa científica apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) pode auxiliar nas possíveis condutas de rastreamento para o melhor prognóstico das Neoplasias Intraepiteliais Cervicais (NICs), ou seja, na avaliação das lesões precursoras do câncer de colo de útero.
Em andamento, o estudo é desenvolvido no Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Amazônia), em parceria com a Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas (FCecon), Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Instituto Carlos Chagas (ICC-Fiocruz-Paraná), por meio do Programa de Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde (PPSUS), Chamada Pública Nº 001/2017.
De acordo com a coordenadora do projeto, Priscila Ferreira de Aquino, o estudo é feito com 91 mulheres atendidas na FCecon, com idades entre 18 e 85 anos, diagnosticadas com lesões de alto grau no colo uterino.
Segundo Priscila, o câncer de colo de útero pode surgir a partir dos 25 e 30 anos de idade e seu desenvolvimento é precedido por NICs, ou seja, por lesões pré-malignas, que de acordo com o grau de anormalidade nas células epiteliais, variam em três tipos: I, II e III. Sendo o vírus do papiloma humano (HPV), um dos principais agentes etiológicos responsável pela evolução da doença.
“A infecção persistente provocada por um ou mais dos subtipos oncogênicos de HPV, pode ser uma das causas para o desenvolvimento das NICs e, até mesmo, a progressão da doença para o câncer”, disse.
Para o estudo foram selecionadas mulheres com diagnóstico histopatológico compatíveis com os tipos NICs II ou III. As pacientes foram entrevistadas para a avaliação dos dados epidemiológicos, além de fornecerem amostras de sangue periférico (plasma) e do tecido cervical (fragmento do colo uterino retirado através de um procedimento cirúrgico) para serem analisados.
“As amostras serão utilizadas tanto para a análise do conjunto de proteínas presentes nos tecidos coletados quanto para detectar a presença ou não do DNA do HPV, definir o subtipo viral, e, consequentemente o risco oncogênico na paciente. Esses elementos ainda terão os dados associados à análise epidemiológica, histopatológica e citológica, para um panorama mais amplo das mulheres tratadas em nosso Estado com tais lesões sob diferentes características”, informou.
Com base nas análises, os pesquisadores devem obter informações, como, por exemplo, a presença de possíveis indicadores proteicos e moleculares, que poderão auxiliar na detecção precoce das lesões no colo do útero e melhor prognóstico para o tratamento das NICs, evitando uma evolução para o câncer de colo uterino.
“Por se tratar de um estudo prospectivo descritivo, no qual as participantes do projeto são acompanhadas ao longo do tempo até a conclusão do diagnóstico, futuramente, espera-se que essas informações possam colaborar para o tratamento mais individualizado às pacientes com tais lesões”, disse.
Câncer de colo de útero
A Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon) informa que em 2016 foram diagnosticados de 671 casos de câncer de colo de útero no Estado.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), no biênio 2018/2019, estima-se para o Brasil 16.370 casos novos de câncer de colo de útero, uma taxa bruta de 15,43 a cada 100 mil mulheres. Para o Amazonas, esse número é bem maior, estima-se cerca de 840 casos novos de câncer de colo de útero, uma taxa bruta de 40,97 a cada 100 mil mulheres. Desses casos novos do Estado, cerca de 640 serão mulheres residentes em Manaus.
De acordo com o Inca apesar da sua importância epidemiológica, o câncer do colo uterino possui alto potencial de cura quando diagnosticado em estágios iniciais.
HPV
Papiloma vírus humano (HPV): é o vírus mais comum de infecção sexualmente transmissível no mundo e que desempenha um papel importante no câncer de colo de útero. Possui diversos subtipos, sendo o HPV-16 e 18 os mais oncogênicos, responsáveis por mais 70% dos cânceres cervicais.