Desenvolvedores e cyber-atletas têm nicho em Manaus

Criar games está se tornando uma das profissões mais promissoras da atualidade, indo na mesma velocidade em que a tecnologia avança no mundo. Para suprir este mercado a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) aposta suas fichas ao formar alunos nas diversas áreas de produção dos jogos digitais. A ideia é alimentar com talentos as empresas desenvolvedoras de jogos, que sempre buscam novos nomes nas academias.

As escolas amazonenses formadoras de desenvolvedores atestam os dados divulgados pela consultoria norte-americana Newzoo que apontam que 69 milhões de brasileiros jogam algum tipo de game, seja no celular, computador ou tablet. O levantamento também mostrou que o Brasil é o 12º mercado global de games, com um faturamento de US$ 1,3 bilhão.

Com turmas já formadas pela UEA, o próximo passo é fazer desses egressos, empreendedores, conta o coordenador do curso de computação da instituição e coordenador das áreas de jogos digitais da Samsung Ocean, Jucimar Júnior.

Foto: Reprodução/Shutterstock
“O objetivo da UEA, agora com a parceria da Samsung Ocean, é formar empreendedores nessa área. Nossos ex-alunos, e mesmo alunos, já têm vários jogos produzidos e publicados na Steam (plataforma de jogos) ou na loja do Google. Cada vez que alguém acessa esses jogos, eles ganham algum dinheiro”, falou o professor. Apesar de ser uma nova disciplina e ter uma curta duração, nada é deixado de fora nos módulos, disse Jucimar.

“Aqui o aluno aprende a pensar o jogo (game designer) e a programa-lo (programador). Atualmente estamos produzindo aqui na UEA, o Round 2, no qual o jogador é um dinossauro que foge de caçadores. Até 2018 teremos uma infinidade de startups em Manaus. Pode aguardar”, adiantou.

Alunos dão orgulho

Para os que se interessam pelo mundo dos games digitais, mas não têm idade ou currículo para entra em uma  Instituição de Ensino Superior (IES) em Manaus, a Gracom Escola de Efeitos Visuais, é umadas opções, afirma o professor Herilton Júnior. “Por volta dos dez anos de idade algumas crianças já começam a demonstrar interesse por essa área de games”, disse Júnior, que já formou três turmas (cada turma tem em média 60 alunos) de onde já saíram talentos hoje reconhecidos pelos aficcionados.

“A Laura Sardinha, por exemplo, está trabalhando na Blizzard, uma editora e produtora de jogos de computador e de videojogos americana. A última vez que falei com ela, estava na Blizzard do Canadá. Já o Joel Hamon publicou um game feito por ele na Stream Greenlight e fiquei sabendo que a aceitação do game está sendo muito boa”, ressalta.

A escola oferece dois cursos no segmento, o Gamer Art, de um ano de duração, onde o aluno desenvolve a parte artística do game, como pintura e modelagem e o Open CG, no qual é mostrado ao aluno o universo de possibilidades que podem ser exploradas, como web-designer, ilustrações, vídeos, 3D, ou mesmo ser um youtuber. Para este curso a duração de dois anos e oito meses. “Esse sistema direciona as pessoas na escolha dos novos lançamentos”, explicou o professor.

Para olhares leigos ou não tão acostumados a esse universo, apesar de muitos dos games serem parecidos, são infinitos os gêneros com possibilidades de serem desenvolvidos, comenta Herilton. “São games de ação, aventura, estratégia, sobrevivência, simulação, música, indie, e cada um deles se desdobra em tantos outros. Agora nós estamos trabalhando no ‘Mapinguari’, onde um seringueiro está colhendo látex na floresta e é perseguido pelo ser mitológico chamado mapinguari. É um game regional”, brincou.

48 horas no Global Game

Em janeiro, o Samsung Ocean e a UEA serão novamente a casa do Global Game Jam (GGJ), nos dias 20, 21 e 22 de janeiro. No evento, um tema é definido em grupo e as equipes tem 48 horas para criação de um jogo. A programação inclui um período de planejamento e criação da equipe (divididas entre as 60 pessoas esperadas) seguido de desenvolvimento do jogo, que vai até as 16h30 do último dia.

As últimas horas são reservadas para as equipes apresentarem a criação umas as outras. Em janeiro de 2016, mais de 600 competidores em 93 países criaram 6.866 jogos em um fim de semana. De acordo com Jucimar Júnior, que também coordena o Global Game Jam em Manaus, os participantes recebem o tema e as instruções na qual o jogo deve ser criado no primeiro dia do evento. “Ano passado reunimos 30 pessoas para o evento. Para este ano, as inscrições foram abertas há duas semanas e encerradas rapidamente pela alta procura”, comemorou.

O GGJ é o maior evento de jam para criação de jogos do mundo que acontece todo ano em locais físicos. É como um hackathon (maratona de tecnologia) focado no desenvolvimento de jogos com o objetivo de unir, testar a criatividade e compartilhar experiências por meio de jogos em vídeo para diversas plataformas. Tudo é condensado em um ciclo de desenvolvimento de 48 horas. O GGJ incentiva as pessoas com todos os tipos de conhecimento a participar e contribuir para esta disseminação global de desenvolvimento de jogos e criatividade.

Por dentro

O setor de games no Brasil cresceu entre 9% e 15% nos últimos cinco anos, segundo a Abragames, que associa os desenvolvedores no país. O destaque foi para a exportação de jogos eletrônicos, cujas vendas subiram 380% de 2013 a 2015. Outro indício do vigor do setor é o fato de que muitos games são lançados simultaneamente aqui, nos Estados Unidos e na Europa.

Mas nem só de criar games vive esse mercado. Cresce o número de jovens que são contratados por desenvolvedores de games ou clubes de games (como se fosse um clube de esporte como futebol) para treinar determinado jogo, como o  League of Legends (LoL) e representar a agremiação em campeonatos nacionais e internacionais. São os cyber-atletas de e-sport, videogames jogados em rede e em equipe.  O GGJ incentiva as pessoas com todos os tipos de conhecimento a participar e contribuir para esta disseminação global de desenvolvimento de jogos e criatividade.

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