Pará e Amazonas registram três casos de febre amarela em dois anos

A Amazônia Legal é área endêmica para a febre amarela. O sinal de alerta para doença acendeu devido aos casos registrados em Minas Gerais. De acordo com o boletim do Ministério da Saúde (MS) divulgado no último dia 13 de janeiro, o estado do Sudeste tem 133 casos suspeitos notificados e 38 mortes suspeitas da doença em 24 municípios. Ainda segundo o MS, nos últimos dois anos, os estados amazônicos tiveram três casos da doenças.

A febre amarela pode ser prevenida com vacinação. Foto: Reprodução/Shutterstock

A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, causada por um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes), que pode levar à morte em cerca de uma semana, se não for tratada rapidamente. Ela é comum em macacos, que são os principais hospedeiros do vírus. Na mata, os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, que vivem em vegetações à beira dos rios, picam um macaco doente e tornam-se capazes de transmitir o vírus a outros macacos e ao homem.

Na cidade, a doença é transmitida pelo Aedes aegypti, o mesmo mosquito que transmite a dengue, e chamada de febre amarela urbana, mas trata-se do mesmo vírus que causa a febre amarela silvestre. Os últimos casos desta modalidade da doença foram registrados em 1942, no Acre.

Em 2015, foram registrados nove casos de febre amarela silvestre em todo o Brasil: seis em Goiás, dois no Pará e um no Mato Grosso do Sul, com cinco óbitos. Em 2016, foram confirmados seis casos da doença: três em Goiás, dois em São Paulo e um no Amazonas, sendo que cinco deles evoluíram para óbito.

O último caso registrado no Amazonas foi em junho de 2016 em um jovem de 17 anos, morador do KM 69 da rodovia AM 070, conhecida como Manoel Urbano, em Manacapuru (a 78 quilômetros da capital).

A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) tranquiliza a população garantindo que há 10 anos Manaus (AM) não registra a doença. De acordo com o Sistema de Informação e Agravos de Notificação (Sinanet), a série histórica da última década mostra o registro de 40 casos suspeitos, a maioria relacionada ao deslocamento de pessoas para área silvestre, sem nenhum caso de transmissão na capital do Amazonas.

“No momento, o Brasil está atento à febre amarela com o surto de casos suspeitos em Minas Gerais, o que é preocupante. A febre amarela até as primeiras décadas do século XX era um grave problema de saúde pública, afetando as populações urbanas. Depois, a doença foi controlada nas cidades e desde então os riscos se concentram nas áreas urbanas e de floresta”, explica o secretário municipal de Saúde de Manaus e médico Homero de Miranda Leão Neto.

Homero alerta para a necessidade de a população se manter imunizada, seguindo as orientações do Programa Nacional de Imunização (PNI). “A vacina é a forma mais eficaz de prevenir a febre amarela e o alerta é válido para todos, especialmente para os que se deslocam para regiões de mata, lembrando que a vacina garante imunidade por 10 anos e não deve ser tomada em intervalos menores que esse período”, ressalta.

Em Manaus, a vacina está disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde e só pode ser aplicada a partir dos nove meses de idade.  Além do calendário de rotina, que prevê a aplicação de uma nova dose da vacina a cada 10 anos, a imunização também é recomendada para pessoas que irão viajar para outros países, de acordo com as orientações contidas no Regulamento Sanitário Internacional (RSI).

Controle

Em nota à imprensa, o MS informou que mantém o apoio ao estado de Minas Gerais e municípios na investigação realizada por técnicos sobre os casos suspeitos de febre amarela silvestre, definindo medidas de controle em parceria com a Secretaria Estadual (SES-MG), como a recomendação para vacinação da população.

Desde 1999, o Ministério usa como um dos mecanismos de monitoramento da doença a vigilância de epizootias (conceito utilizado na saúde pública veterinária para qualificar a ocorrência de um determinado evento em um número de animais ao mesmo tempo e na mesma região, que pode levar ou não a morte).

A estratégia visa a intervenção oportuna para evitar casos humanos, por meio da vacinação das pessoas e também evitar a urbanização da doença por meio do controle de vetores nas cidades. O macaco, principal hospedeiro e vítima da febre amarela, funciona como sentinela, indicando que o vírus está circulando em determinada região.

Os principais sintomas da doença são febre súbita, calafrios, dor de cabeça e nas costas, dor no corpo, náuseas, vômito e fadiga, podendo ocorrer, nos casos graves, febre alta, icterícia, hemorragia e, eventualmente, insuficiência dos órgãos. Não há tratamento específico, mas os sintomas devem ser tratados precocemente, porque a doença pode levar rapidamente à morte.

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