Pacientes se revoltam com greve de médicos no interior do Acre

A greve dos médicos do Hospital do Juruá, em Cruzeiro do Sul, interior do Acre, já dura cinco dias e a categoria afirma que só retoma as atividades depois que receber o pagamento do mês de outubro. Enquanto isso, apenas os casos de urgência e emergência são atendidos e muitos pacientes voltam revoltados por não conseguirem uma consulta.

Segundo informações do G1 Acre, ao receberem o salário de outubro, os médicos que prestam serviços para a uma empresa que administra o hospital de referência do Juruá decidiram suspender parte das atividades, na última sexta (23), e estão atendendo apenas os casos considerados graves.

De acordo com o representante do Sindicato dos Médicos (Sindmed), Theobaldo Dantas, apesar da suspensão de parte dos serviços, todos os profissionais estão cumprindo a carga horária de trabalho.

“Quero enfatizar que os médicos estão trabalhando. O que nós suspendemos foram os serviços não essenciais. São atendimentos em que a pessoa não corre risco de perder a vida. Estamos mantendo os serviços de urgência e emergência clínicas, ortopédicas, de enfermaria, de UTI, e o laboratório também está mantendo todos esses serviços que são essenciais”, garantiu Dantas.

Por conta da paralisação, em média, metade dos pacientes que comparecerem na unidade de saúde, que são classificados com fichas verdes e azuis, deixam de ser atendidos. Segundo funcionários do hospital, que não querem ser identificados, todos os dias as equipes que fazem a seleção são vítimas de xingamentos.

Ao procurar a unidade de saúde na manhã desta quarta (28), a dona de casa Hana Bezerra não conseguiu consultar o filho de 10 meses que teve febre com diarreia e vômito durante dois dias e voltou para casa revoltada.

Foto: Mazinho Rogério/Rede Amazônica
“Já fui no posto de saúde, mas o médico não estava. Aqui não vão atender porque consideram que não é emergência. Eu queria só um pedido para fazer o exame da dengue. Isso é revoltante, porque agora não sei o que vou fazer”, desabafou a mãe.

A avó do menino, Maria das Dores Santos, disse que se sentiu humilhada ao ter que voltar com o neto para casa sem falar com um médico. “A gente já sai de casa e volta com a criança na mesma, é uma humilhação. E quando chegar em casa o que eu vou fazer? Nada, porque não sei o que ele tem, nem qual o remédio que vai servir para a doença que ele está”, lamentou.

De acordo com o Sindmed, a Secretaria Estadual de Saúde teria informado que o pagamento do salário atrasado só vai ser efetuado a partir do dia 3 de dezembro. Os médicos garantem que até lá continuam com parte das atividades paradas.

“Esse impasse só vai encerrar quando a Sesacre cumprir com suas obrigações com a Anssau e ela automaticamente repassar o pagamento para as empresas dos médicos que prestam serviços”, afirmou o representante sindical.

A Sesacre informou, por meio de nota, que foi surpreendida com a nova paralisação dos médicos ligados a Anssau que atendem no Hospital do Juruá. A pasta disse que que os profissionais não estão respeitando um acordo que eles próprios aceitaram de que o pagamento referente ao mês de outubro seria quitado até o dia 3 de dezembro.

“Vale salientar que a paralisação nao é legitima, já que a Anssau contratou os serviço médico do hospital por intermédio de empresas, ou seja, pessoa jurídica, que deve se submeter a outros regramentos, distintos de servidor celetista ou estatutário. Tais servicos são regidos pela Lei n° 8.666/2013, que em seu art. 77, estabelece que a suspensão da prestação do serviço deverá acorrer após o atraso de 90 dias dos pagamentos devidos”.

A Sesacre disse ainda que aguarda um posicionamento da Anssau e o retorno do pleno funcionamento da unidade hospitalar o mais rápido possível.
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