Filho do governador do Pará é alvo de operação da Polícia Federal

O pastor da Igreja Assembleia de Deus Silas Malafaia e o empresário Alberto Jatene, filho do governador do Pará Simão Jatene (PSDB) estão entre os alvos da Operação Timóteo, da Polícia Federal. A ação, deflagrada nesta sexta-feira (16), combate um esquema de fraudes na cobrança de royalties da mineração. O depoimento do religioso à Polícia Federal em São Paulo durou pouco mais de uma hora e meia. Alberto Jatene se apresentou à PF em Belém, no final da tarde. Seu advogado negou participação a dele no crime. 

Alberto Jatene é filho do governdor do Pará Foto: Reprodução

Segundo informações do G1 Pará, a justiça decretou pedido de prisão temporária para o filho de Simão Jatene. Apesar do mandado de prisão, a Polícia Federal em Belém não soube explicar qual seria a participação de Alberto Jatene no esquema criminoso em que é suspeito. Ele se entregou no final da tarde na sede da Polícia Federal, em Belém.

O advogado do empresário negou a sua participação em qualquer esquema criminoso e que ele tenha usado a influência familiar para conseguir informações privilegiadas. Agentes da Polícia Federal cumpriram mandados de busca e apreensão no apartamento do empresário, que não foi encontrado pelos policiais. 

O pastor Silas Malafaia. Foto: Reprodução/Fotos Públicas

Por meio de seu perfil na rede social Twitter, Silas Malafaia disse que foi acordado por um telefonema que informava que a corporação havia estado em sua casa. “Estou em São Paulo e vou me apresentar”, garantiu. Em outro post, ele explicou que recebeu um cheque no valor de R$ 100 mil de um amigo também pastor. “Não sei e não conheço o que ele faz. Tanto é que o cheque foi depositado em conta. Por causa disso sou ladrão?”, questionou.

Ainda em seu perfil no Twitter, Malafaia disse receber ofertas de inúmeras pessoas e que declara todos os valores por meio do imposto de renda. “Quer dizer que, se alguém for bandido e me der uma oferta, sem eu saber a origem, sou bandido?”.

Ao deixar a superintendência da PF, ele disse ter esclarecido ao delegado da Polícia Federal que não praticou irregularidades. O pastor confirmou ter recebido um cheque no valor de R$ 100 mil em sua conta pessoal. Mas informou que esse cheque foi recebido por meio de uma oferta pessoal por ter orado para um empresário e que, só agora, soube que o doador está envolvido em irregularidades e é investigado na operação. Malafaia disse que conheceu o empresário por meio de seu amigo e também pastor Michael Abud.

“Foi tudo esclarecido. O delegado, muito competente, perguntou tudo o que tinha direito. Eu respondi tudo”, relatou Malafaia. “Sou suspeito de usar contas da minha instituição? Lembrei-me de ter recebido a visita de um amigo meu, de 20 anos, que levou um membro dele [o empresário] para fazer uma oferta e eu vou desconfiar que o cara está envolvido? Nem ele, o pastor Michael Abud, sabe do envolvimento desse cara, tenho certeza”. Segundo Silas Malafaia, é muito difícil para as organizações e entidades religiosas saberem se a origem do dinheiro de doações é ilegal.

O pastor classificou a condução coercitiva como uma tentativa para desmoralizá-lo em meio à opinião pública. “Não poderia ter sido convidado a depor? Vergonhoso”, disse. “Será que a Justiça não tem bom senso? Pra saber que eu recebi um cheque de uma pessoa e isso me torna participante de crime? Estou indignado”, concluiu.

DNMP diz estar ajudando a PF

O responsável pela Diretoria de Procedimentos Arrecadatórios do DNPM Marco Antônio Valadares Moreira, e sua esposa Lilian Amâncio Valadares Moreira e outros dois advogados também são alvos da operação. Em notaà imprensa, a autarquia disse estar colaborando com as investigações. Leia nota na íntegra:NOTA À IMPRENSA

Tendo em vista a deflagração da “Operação Timóteo”, realizada hoje (16/12/2016) pelo Departamento de Polícia Federal em cumprimento a mandado de busca e apreensão expedido pelo Juízo da 14ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal nos autos da Medida Cautelar nº 72640-93.2015.4.01.3400, o Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM informa o seguinte:

– que prestou toda a assistência necessária ao Departamento de Polícia Federal com vistas ao cumprimento do referido mandado;

– que o cumprimento do mandado referido acima se restringiu ao âmbito da Diretoria de Procedimentos Arrecadatórios – DIPAR/DNPM, nas instalações da sede do DNPM em Brasília;

– que ainda não teve acesso a dados e informações sobre investigações em curso;

– que está tomando conhecimento do teor das investigações para, se necessário, adotar as providências administrativas cabíveis; e

– que está colaborando com todos os órgãos envolvidos na investigação para a completa elucidação dos fatos.

Brasília, 16 de dezembro de 2016

Operação Timóteo
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta sexta-feira (16) a Operação Timóteo, para desarticular um esquema de corrupção em cobranças judiciais de royalties da exploração mineral. Foram realizadas buscas e apreensões em 52 endereços em 11 estados, três deles na Amazônia Legal, e no Distrito Federal. Um diretor do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e um líder religioso brasileiro são investigados por envolvimento.

Além das buscas, 300 policiais cumpriram 29 conduções coercitivas, quatro mandados de prisão preventiva, 12 mandados de prisão temporária, sequestro de três imóveis e bloqueio judicial de valores depositados que podem alcançar R$ 70 milhões. As ações ocorrem na Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins.

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