O Pará tem atualmente 14.824 mil presos custodiados pela Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe). Deste total, 20% estão envolvidos em alguma atividade profissional, dentro ou fora das unidades prisionais. O índice está acima da média nacional que é de 16%, segundo pesquisa nacional de Informações Penitenciárias (Infopen). Fora do presídio, é através de convênios firmados entre a Susipe e órgãos públicos ou empresas privadas, que os detentos têm a primeira oportunidade de se reinserir na sociedade e entrar no mercado de trabalho.
Elizeu Braga Ramos, de 25 anos, afirma que a esperança de recomeçar surgiu logo depois que ele saiu da Colônia Agrícola de Santa Isabel (CPASI), em maio do ano passado. “Cometi um erro do qual me arrependo até hoje, mas estando lá eu percebi o quanto eu queria mudar de vida e pra isso acontecer, eu precisava ter uma atitude e recomeçar do zero”, disse o egresso Eliseu Braga Ramos, de 25 anos.
Após concluir o ensino médio dentro da CPASI e passar para o regime semiaberto, Elizeu começou a trabalhar na Systems Copy, empresa que realiza atividades em impressão e através de um convênio firmado com a Susipe, terceiriza o trabalho de egressos para órgãos públicos do Estado e também para desenvolver atividades dentro do escritório da empresa.
“Lá dentro eu sempre tive bom comportamento, estudei, terminei o ensino médio, fiz vários cursos e logo depois eu fui indicado para trabalhar na Systems. Hoje realocado no Hospital Ophir Loyola, todos os dias eu agradeço por ter tido essa oportunidade, pois daqui tiro meu sustento e consigo ter uma vida digna”, destacou Elizeu.
O egresso faz ainda planos para o futuro e diz que sonha com um curso superior para construir uma carreira de sucesso. “Ainda hoje eu me dedico aos meus estudos, tiro três dias na semana para fazer isso e frequento aulas de um curso técnico em administração e assim que o curso acabar eu pretendo fazer uma faculdade e conseguir um emprego nessa área. Ainda sou solteiro e novo, então posso construir muita coisa, para então um dia pensar em formar uma família”, afirma.
Para Fabiana Carvalho, supervisora administrativa da Systems Copy, trabalhar com egressos alterou o conceito que a empresa tinha. “As pessoas geralmente não tem uma visão positiva sobre o assunto, no início há um receio e um medo, mas quando se começa a trabalhar com eles, se percebe que é totalmente diferente do que se pensa. Eles dão muito de si para o trabalho e não trazem problema algum. São pessoas que tem muita chance de crescer na empresa. Atualmente, há seis egressos trabalhando conosco e sempre que houver disponibilidade, vamos chamando mais para nossa equipe”, destacou Fabiana.
Segundo levantamento nacional do Infopen, em 2014, o Brasil tinha uma população carcerária de mais de 600 mil presos. Desse total, mais de 100 mil trabalham, o que corresponde a 16% da população carcerária. No Pará, hoje a Susipe tem 1.823 internos envolvidos em atividades laborativas. Destes, 1.199 fazem algum tipo de trabalho dentro da unidade prisional; 171 fazem trabalho externo e outros 453 estão desenvolvendo alguma atividade através dos convênios firmados pela Susipe.
Para Izabel Ponçadilha, da Coordenadoria de Trabalho e Produção da Susipe (CTP), a quantidade de presos inseridos no mercado de trabalho em 2017 deve ser bem maior do que no ano passado. “Nós fechamos o ano de 2016 com grandes parceiros, com empresas que acreditam, assim como nós, que essas pessoas têm condições de mudar de vida. Hoje, nós temos 26 convênios vigentes e já temos mais 10 em fase de negociação, então esperamos que em 2017 nós possamos dar mais oportunidade de ressocialização a essas pessoas”, concluiu Izabel.