Chuvas rápidas e intensas no Pará devem continuar até dezembro, aponta especialista

O fenômeno também apresenta grande ocorrência de raios e fortes rajadas de vento e vai durar até o início do inverno amazônico, em dezembro.

Uma combinação de resfriamento das águas do Oceano Pacífico com o aquecimento do Oceano Atlântico tem causado as chuvas intensas e curtas que têm ocorrido na Região Metropolitana de Belém, assim como em todo o norte do Estado. O fenômeno, que também apresenta grande ocorrência de raios e fortes rajadas de vento, vai durar até o início do inverno amazônico, em dezembro.

Meteorologista Saulo Carvalho, coordenador do Núcleo de Hidrometeorologia da Semas. (Foto:Divulgação/Semas)

Estas chuvas fortes são diversas das observadas no típico inverno da região e devem gerar um índice pluviométrico acima da média do período, que oficialmente ainda é de verão amazônico. A expectativa é a de que chova pelo menos 200 ml até dezembro, segundo afirma o meteorologista Saulo Carvalho, coordenador do Núcleo de Hidrometeorologia da Semas.

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“Tecnicamente, a gente ainda não está no inverno amazônico, porque a característica principal deste período não é só a ocorrência de chuvas, mas de chuvas frequentes e volumosas. Além de um tempo encoberto, nublado, com temperaturas mais agradáveis. Esta é a nossa definição. Agora, o que está acontecendo é a ocorrência de chuvas frequentes, mas com um detalhe importante, só no meio e no fim da tarde. Enquanto que no nosso inverno, chove desde manhã. Mas estas chuvas que estão caindo agora estão bem intensas, com fortes rajadas de vento, o que causa alagamentos. A nossa expectativa é que chova pelo menos 200ml até dezembro, um volume considerado bem acima do padrão para este período.”

Uma combinação de fatores climáticos está causando essa característica atual das chuvas no norte do Estado, afirma Saulo Carvalho: “Até agora, a gente tem percebido chuvas acima da média climatológica na nossa região, tanto na parte norte quanto em alguns pontos na porção sul do Estado. Isso tem uma explicação: desde o primeiro semestre de 2020, a gente tem observado um resfriamento das águas superficiais do sul do Oceano Pacífico, o que dá um indicativo de ocorrência do fenômeno conhecido como ‘La Niña’, que é o resfriamento dessas águas do Pacífico, o inverso do ‘El Niño’. Além do resfriamento das águas do Oceano Pacífico, também está acontecendo um aquecimento nas águas do Oceano Atlântico. A combinação desses dois fatores altera toda a circulação atmosférica, aumentando o desenvolvimento de nuvens de chuvas”.

Já o inverno amazônico é causado por outro fenômeno, como explica o coordenador: “No nosso inverno, entra um outro componente que é a zona de convergência intertropical, que atua desde dezembro até meados de maio, provocando não só a chuva em si, mas também aquele tempo encoberto durante o dia todo, com temperaturas máximas não passando de 32º. O que está acontecendo agora é que nós temos chuvas frequentes, mas dá tempo para as temperaturas alcançarem até 35º. Então, mesmo com essa frequência de chuvas, a gente ainda tem um tempo quente e abafado.”

Mas o clima não é o mesmo em todo o Pará: “Em função das dimensões do nosso Estado, a gente tem vários tipos de clima. Enquanto que no norte a gente ainda tem aí mais um mês de muito sol e poucas chuvas, mas de chuvas intensas, na porção sul do Estado, as regiões sudoeste e sudeste já entraram no seu período chuvoso. Então, a gente vê mais nebulosidade nessas áreas do que na parte norte. Uma projeção que a gente faz é que, durante o mês de novembro, as chuvas em municípios como Marabá, Conceição do Araguaia, Parauapebas, Novo Progresso, alcance os 300ml, bem acima da média”, diz Saulo Carvalho.

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