BR-319 está novamente intransitável por falta de manutenção no ‘trecho do meio’

Mais uma vez a BR-319 deixa de oferecer trafegabilidade por falta manutenção no chamado ‘trecho do meio’. Há 15 dias a empresa Aruanã Transportes Ltda interrompeu o trajeto pela estrada que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO). O excesso de buracos provocou o aumento no tempo de viagem de 24 horas para 72 horas e ainda a paralisação de 11 ônibus que precisaram ser encaminhados à manutenção.

Para piorar, há uma indefinição quanto à execução das obras de reparo e manutenção na rodovia. A Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e o  Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) não se pronunciaram sobre a questão.

A licença de instalação nº111/2016, que autoriza a execução das obras de reparo e manutenção, foi emitida pelo Ibama em abril de 2016 e tem validade de um ano. A renovação deveria ser solicitada em dezembro de 2016. O documento libera a empresa licitada pelo Dnit a iniciar os trabalhos, o que até o momento não aconteceu. 

Veículos têm dificuldade para atravessar a rodovia. Foto: Reprodução/Jornal do Commercio
De acordo com o diretor operacional da Aruanã Transportes Ltda, Flávio Cândido, a empresa suspendeu o trajeto pela BR-319 desde o dia 16 de janeiro deste ano. Ele relata que os buracos excessivos impedem a viagem e a tornam desconfortável. O empresário conta que devido ao aumento no tempo de viagem consequentemente houve maior gasto de combustível. Outro problema foram os 11 carros da frota quebrados, dos quais nove estão em manutenção em Manaus e dois ficaram estacionados no meio da estrada.

“Nas últimas viagens que fizemos os passageiros assinaram termos afirmando que estavam conscientes do maior tempo de viagem e do desconforto dos buracos. Mas, quando vimos que os prejuízos estavam incalculáveis com custos triplicados, decidimos parar e aguardar alguma atitude do poder público”, expressou. “Os ônibus ficaram quebrados, com problemas na caixa de marcha, guincho quebrado, e demais problemas. A situação está difícil para transitar. É quase impossível”, completou.

Para a senadora Vanessa Grazziontin (PCdoB) a recuperação do ‘trecho do meio’ é necessária. “A pavimentação da BR-319 é primordial não só para os oito municípios que estão localizados ao longo da estrada, de aproximadamente 900 quilômetros de extensão, mas também para interligar por via terrestre o Estado do Amazonas ao Estado de Rondônia e, por conseguinte, ao restante do Brasil”, destaca a senadora.

Depois de muita articulação política, relembra a senadora Vanessa, em 2014 as obras de manutenção do trecho do meio (entre os quilômetros 250 e 655), que aguarda licença ambiental para o asfaltamento, foram retomadas. Sem esse trabalho, a estrada de barro fica intrafegável no inverno amazônico, isolando por terra o Estado do Amazonas, em especial a população dos municípios que vive às margens da estrada.

“Acontece que em outubro de 2015, o Ibama embargou a manutenção da estrada, alegando danos ambientais com o trabalho das máquinas. Contestamos, percorremos a estrada numa caravana de parlamentares, o caso foi parar na Justiça e em novembro do ano passado, o embargo foi suspenso pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região”, recorda Vanessa.

Na avaliação do deputado estadual Sinésio Campos (PT), a falta de manutenção na BR-319 é uma vergonha nacional. Ele comenta que da mesma forma que a BR-317, que liga Rio Branco à Boca do Acre, foi restaurada, a BR-319 também pode ser recuperada, segundo ele, basta apenas vontade política.

“Já tivemos várias oportunidades de resolver esse problema quando tivemos ministros de meio ambiente e do transporte, de nossa região, mas infelizmente eles não lutaram por essa causa. Temos colocado esse tema em pauta de debates, encontros e vamos continuar. Quando se trata de desenvolvimento regional percebemos que é sempre exaustivo e lento. A bancada do Congresso Nacional precisa se unir e cobrar uma ação do governo federal”, disse.

Segundo o deputado estadual José Ricardo (PT) é importante a sociedade questionar qual o nome da empresa que fará as obras de reparo na estrada, quanto será investido e demais informações que devem ser públicas. O parlamentar também lembrou que no ano passado o  Ministério Público Federal (MPF) levantou a possibilidade de o Exército se responsabilizar pelos reparos.

“Seria bom que o Exército se responsabilizasse pelas obras ao considerar que o Exército não tem fins lucrativos. Porém, não houve mais resposta se eles farão ou não esse trabalho. Nossa pergunta é porque esses trabalhos não acontecem. Essa rodovia é de extrema importância para a economia amazonense”, disse.

A reportagem entrou em contato com o Dnit-AM e com o Ibama mas os órgãos informaram que não poderiam se pronunciar.

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