Um dos patrimônios históricos e cultural do povo paraense foi entregue nesta terça-feira (24), em Belém. A reforma do prédio de estilo neoclássico datado de 1884 do Arquivo Público do Pará foi inaugurada pelo governador Simão Jatene depois de três anos de obras.
Ligado à Secretaria de Estado de Cultura (Secult), o Arquivo Público guarda mais de quatro milhões de documentos, entre escrituras, inquéritos e iconografias, produzidos a partir do século XVII. Detém ainda documentos referentes às áreas limite ao atual Estado brasileiro, incluindo os países da Pan-Amazônia.O titular da Secult, Paulo Chaves, lembrou a trajetória do Arquivo Público, cujo prédio, inicialmente, foi negociado pelo então governador Augusto Montenegro com o Banco Comercial para abrigar a biblioteca e arquivo públicos. A esquina era a famosa conjunção das ruas Passinho (hoje Campos Sales) com a Formosa (Treze de Maio). Com a abertura da Fundação Cultural Tancredo Neves (Centur), na década de 1980, a biblioteca pública foi transferida. O Arquivo Público, então, passou a ser um espaço de resgate de documentos que contam a história das instituições da região – e por meio delas, a história da Amazônia.“Hoje devolvemos esse patrimônio ao povo paraense, um prédio que comporta documentos dos três períodos da vida brasileira: colonial, império e república. Tudo aqui foi restaurado, das estantes de ferro aos lustres”, disse o secretário.
Arquivo vivoO governador Simão Jatene lembrou que a reforma de um espaço como o Arquivo Público tem grande importância para que a memória não se perca, sobretudo, em tempos de debates sobre identidade, tolerância e senso de coletividade. Somente com a preservação dessa memória, asseverou ele, uma sociedade pode avançar. “Quando cheguei aqui e olhei para este belo prédio, pensei ‘quantos sonhos, dores e amores estão vivos aqui’. Por isso torço para que este Arquivo Público nos alimente na busca por uma sociedade mais feliz”.Para a bibliotecária restauradora Fátima Veloso, 65 anos, a funcionária mais antiga do Arquivo Público, a reforma é o resgate de um patrimônio que pertence a toda sociedade. “Fico muito feliz em ver que o Estado se preocupou em manter viva essa história. Este é um espaço aberto para qualquer pessoa que queira mergulhar nos documentos para entender melhor a própria origem”, afirmou a servidora, que está na instituição desde 1992. Hoje, ela trabalha na restauração de um códice de 1766 (ou codex, da palavra em latim que significa “livro”, “bloco de madeira”, manuscritos gravados em madeira).No Arquivo Público, qualquer cidadão pode ter acesso a diversos tipos de serviço, entre eles instrumentos de gestão e transparência pública, informações ao cidadão, pesquisa em Diário Oficial, pesquisa histórica, memória local, ação cultural, visita guiada, emissão de certidões probatórias e reprodução de documentos.
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O documento mais antigo no local é datado de 1649 e mostra as demandas administrativas do capitão-geral de Belém para o rei de Portugal, com pedidos de fardamento, pólvora e alimentação. Já o último documento protocolado é um boletim de ocorrência da Polícia Militar do Estado, de 1986.
O Arquivo Público fica na Travessa Campos Sales, 273, entre as travessas Treze de Maio e Manoel Barata. Funciona de 8h às 15h, de segunda a sexta-feira. Agendamentos de visitas em grupos podem ser feitos pelo e-mail apep.secult@yahoo.com.br. Mais informações pelo telefone (91) 4009-4350.
Conflitos gerados por invasões de terras configuram hoje o principal eixo estruturante da violência na Amazônia Legal, segundo conclui o estudo Cartografia das Violências na Amazônia.