“Não podemos ficar sem respirar no coração da Amazônia”. Com esse apelo, 35 movimentos sociais e organizações da sociedade civil de Altamira (PA) organizaram uma campanha para enfrentar a segunda onda de Covid-19 no maior município do Brasil.
Hospital Regional Público da Transamazonica, referência para tratamento de Covid-19 em Altamira e outros nove municípios, atingiu taxa de ocupação de 75% dos leitos em 31 de janeiro, segundo as Secretarias Municipais de Saúde da Região do Xingu e Secretaria de Saúde Pública do Pará. Já são 332 mortes e 17,2 mil casos da Covid-19 confirmados na região, que também é referência para o atendimento de indígenas e ribeirinhos de 11 Terras Indígenas e sete Unidades de Conservação.
“Não ficaremos parados enquanto vemos o horror se instalar. Não podemos seguir o exemplo de outras cidades onde, infelizmente, a doença tem matado por falta de oxigênio na rede hospitalar”, diz o manifesto. Entre 4 de dezembro e 29 janeiro os casos aumentaram em 36% e no último domingo (31) foram registrados 18 casos e três óbitos.
Além de receber doações e promover ações de conscientização, a campanha “Respira Xingu” busca pressionar o poder público para implementar medidas efetivas de contenção do vírus.
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A região ainda enfrenta os impactos da hidrelétrica de Belo Monte, projeto marcado por um desastroso número de impactos socioambientais: “as feridas abertas na região desde o início da construção da usina de Belo Monte, com inúmeras violações aos direitos das populações locais e ao meio ambiente, ainda não cicatrizaram. Altamira passou a constar, desde então, entre os municípios mais violentos do país, cenário que se agrava com o avanço da Covid-19. A pandemia descontrolada não pode abrir mais uma chaga”.