Ao menos 8.656 famílias foram afetadas por conflitos agrários no Acre. Dados foram divulgados pela Comissão Pastoral da Terra.
O Acre foi o quinto estado da Amazônia Legal em conflitos de terra durante o ano de 2023. Ao todo, foram registradas 84 ocorrências do tipo que afetaram ao menos 8.656 famílias em toda a região.
O número é maior que o registrado no ano anterior, quando foram registrado 60 conflitos e 8 mil famílias atingidas.
Os dados fazem parte do relatório ‘Conflitos no Campo Brasil 2023’ divulgado pela Comissão Pastoral da Terra. Em todo o país foram 2.203 embates, desses, quase metade ocorreram em estados da Amazônia Legal, 1.034.
Amazônia Legal é um termo que compreende sete estados da Região Norte do Brasil mais o Maranhão e o Mato Grosso. Em termos de extensão territorial, a área corresponde a 60% do país. De acordo com o relatório, esse foi o terceiro ano com maior número de conflitos da série histórica, em 1º lugar está 2020 com 1.167 ocorrências, e em seguida, 2022 com 1.117 conflitos.
O Pará lidera entre os estados com maior número de conflitos, foram 226, seguido do Maranhão com 206 e Rondônia com 186 confrontos. Em todo Norte do país foram 810 ocorrências.
Dentre os 5 estados com os maiores números de conflitos no país, 3 estão na área da Amazônia Legal: Pará (226 ocorrências), Maranhão (206) e Rondônia (186). Analisando as regiões do país, a região Norte foi a que mais registrou conflitos no campo em 2023, com 810 ocorrências.
Conflitos por terra são maior parte das ocorrências
No Acre, todas as ocorrências de 2023 foram conflitos por terra, esse tipo de ocorrência também é maioria em toda a Amazônia, ao todo foram 883 confrontos. Em seguida, vem os conflitos por água, 95 casos, a maioria por causa da destruição e poluição de mananciais.
Por fim, o relatório afirma que foram registradas 54 ocorrências de trabalho escravo com 250 pessoas resgatadas. A maior parte deles no Pará, a Pastoral da Terra fez ainda um levantamento do número de pessoas vítimas de algum tipo de violência, foram 1.467 ao todo e dessas 1.108 viviam em algum estado da Amazônia Legal. A maioria, mais uma vez, no Pará.
Pequenos proprietários, 26,4%; indígenas, 24,7%; trabalhadoras e trabalhadores sem-terra, 18%; posseiros, 14%; e seringueiros, 5, são as principais vítimas da violência causada por conflitos agrários.
Mais da metade dos responsáveis pela violência são fazendeiros, 54,4%, seguidos de grileiros, garimpeiros e empresários
Aumento da violência na tríplice fronteira
Outro ponto ressaltado pelo relatório é o aumento da violência da região da tríplice fronteira entre os estados do Acre, Amazonas e Rondônia. A área, que concentra 32 cidades, teve 200 conflitos e oito mortes no período. O Acre teve ainda confrontos em três locais por causa de projetos de crédito de carbono.
*Por Yuri Marcel, do g1 Acre