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Rio Tapajós deve enfrentar seca moderada com cota mínima de 2,20 metros, indicam projeções do SGB

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Foto: Reprodução/Semas PA

O Serviço Geológico do Brasil (SGB) divulgou, na quinta-feira (11), uma nota técnica com projeções de níveis mínimos para 2025 no rio Tapajós, em Itaituba (PA), uma das hidrovias mais importantes do país e rota estratégica para transporte de cargas na região Norte.

De acordo com os prognósticos para 2025, é previsto um cenário de seca moderada, com cota mínima estimada em cerca de 2,20 m e duração de estiagem de até 45 dias.

As análises têm como base métodos estatísticos e informações do fenômeno El Niño/La Niña para estender as projeções para toda a vazante.

Leia também: Portal Amazônia responde: como El Niño e La Niña afetam a região amazônica?

Recomendações aos gestores do Rio Tapajós

A estação de Itaituba (PA) não é operada pelo SGB, sendo de responsabilidade da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e operada pela empresa terceirizada (UFC Engenharia). No entanto, a análise dos dados pelo SGB decorre do interesse público diante da preocupação com a continuidade da navegação na região.

Em caso de interrupção no rio, o transporte alternativo dependeria das rodovias BR-163 e BR-230, que apresentam problemas estruturais graves. 

Rio Tapajós, vista de Santarém
Foto: Divulgação

“A análise da série histórica (1974-2024) confirma uma tendência estatisticamente significativa de agravamento das secas na estação de Itaituba ao longo dos anos, com as mínimas anuais decaindo a uma taxa de -1,36 cm/ano”, indicam os pesquisadores na nota técnica.

O documento também chama atenção para o fato de que os anos com níveis mais baixos também estão associados a períodos mais longos de seca. Além disso, confirma a tendência mais severa no rio Tapajós em anos de El Niño, o que não ocorre neste ano de 2025, corroborando a tendência de uma seca moderada.

O SGB recomenda aos órgãos gestores, autoridades locais e usuários do rio que considerem o cenário projetado de seca moderada para o planejamento de operações logísticas, navegação e abastecimento hídrico na região de Itaituba para o ano de 2025.

Confira a nota técnica com projeções para o rio Tapajós.

*Com informações do SGB

Constituição brasileira tem primeiras traduções para línguas indígenas além do Nheengatu

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Foto: Pedro Federal/IDGlobal

Os Tikuna, mais numeroso povo indígena na Amazônia brasileira, foram os primeiros a conhecer a versão em sua língua de trechos da Constituição Federal de 1988. Objeto do programa Língua Indígena Viva no Direito, a tradução foi submetida a consulta junto à comunidade em encontro realizado no dia 12 de setembro, na Comunidade Santo Antônio, em Benjamin Constant (AM), na região do Alto Solimões.

Leia também: Constituição Federal ganha versão indígena em Nheengatu

O programa é fruto de uma parceria entre a Advocacia-Geral da União (AGU), o Ministério dos Povos Indígenas e o Ministério da Justiça e Segurança Pública, e está sendo executado pela organização da sociedade civil Instituto de Direito Global (IDGlobal), vencedora de edital de chamamento público lançado pela AGU em novembro de 2024.

O instituto atua em rede com outras organizações da sociedade civil que trabalham diretamente com os povos indígenas aos quais o projeto é voltado. A gestão e o monitoramento do programa estão sob a responsabilidade da AGU.

O projeto tem como meta a tradução da Constituição Federal, da Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas para as três línguas indígenas mais faladas no Brasil: Tikuna, Kaiowá e Kaingang.

O objetivo é criar uma ponte de entendimento entre os povos indígenas e os responsáveis pela formulação e aplicação das leis brasileiras, ampliando o diálogo intercultural, promovendo a igualdade e fortalecendo a cidadania dos povos indígenas.

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Validação dos textos da Constituição traduzidos

Para garantir que a tradução da Constituição respeite e preserve a integridade cultural das línguas indígenas, o processo inclui consultas de validação a líderes comunitários e outros membros respeitados da comunidade.

As traduções buscam superar barreiras linguísticas e culturais e consideram como os sistemas legais indígenas podem interagir e complementar a legislação oficial brasileira. A ideia é permitir que os povos indígenas compreendam plenamente seus direitos, participem ativamente do processo democrático e protejam suas tradições e modos de vida.

A tradução e integração de normas, documentos, termos, conceitos e institutos jurídicos é um dos eixos do Língua Indígena Viva no Direito. O outro envolve a formação e capacitação em conteúdos relacionados à legislação nacional e internacional e a valores sociais e culturais das diferentes comunidades indígenas.

tikunas de benjamim constant analisam tradução da constituição
Benjamim Constant (AM). Foto: Divulgação

Participação ativa

“Foi um evento muito significativo, que contou com a participação de diversas lideranças de comunidades indígenas Tikuna das proximidades. As pessoas presentes mostraram grande receptividade com a tradução da Constituição Federal para a língua Tikuna, acompanharam atentamente a leitura e expressaram muita satisfação com a participação do bolsista Maycon Flores e dos tradutores tradicionais Atos Fermin, Bernabé Bitencourt e Teodorino Maduca, todos Tikunas”, conta a advogada da União Gabriela da Silva Brandão, da comissão de monitoramento do programa.

Representando a AGU no encontro, Gabriela relata que os participantes indígenas reafirmaram a importância do reconhecimento e da preservação da língua, da cultura, das tradições e da identidade Tikuna. “Além disso, eles fizeram apontamentos relevantes para o aprimoramento da tradução apresentada”, diz.

Esta foi a primeira ação do processo de validação da tradução da primeira parte da Constituição Federal pelos Tikuna. A Makira-E’ta poderá receber novas considerações até o próximo dia 1º de outubro.

O povo Tikuna, que tem 34 mil falantes da língua originária, está localizado principalmente no estado do Amazonas, ocupando seis municípios na região do Alto Solimões: Tabatinga, Benjamin Constant, São Paulo de Olivença, Amaturá, Santo Antônio do Içá e Tonantins.

Com presença também na Colômbia e no Peru, os Tikuna têm uma história marcada por ocupações violentas de suas terras por seringueiros, pescadores e madeireiros – seus territórios só foram oficialmente reconhecidas nos anos 1990.

Leia também: Educação em língua indígena: fortalecimento da cultura dos povos originários da Amazônia

Kaiowá e Kaingang

As próximas comunidades indígenas a terem a oportunidade de conhecer, debater e validar as traduções da Constituição para suas línguas serão os Guarani-Kaiowá e os Kaingang, que estão entre as que têm o maior número de falantes das línguas originárias no Brasil.

Os Kaingang poderão avaliar os textos já traduzidos durante programação marcada para o dia 19 de setembro, na Floresta Nacional do Município de Canela, no Rio Grande do Sul, onde há forte presença desta comunidade. Outros estados com presença marcante do povo Kaingang são Paraná, Santa Catarina e São Paulo. A língua Kaingang, falada por 22 mil indígenas, pertence à família linguística Jê.

O povo Guarani-Kaiowá, localizado majoritariamente no estado de Mato Grosso do Sul, tomará contato com os textos no dia 16 de outubro próximo, na Terra Indígena Laranjeira Nhanderu, situada no município de Rio Brilhante (MS). A consulta à comunidade será realizada durante o ritual da Grande Dança Sagrada das Mulheres Guarani-Kaiowá. São 26 mil os falantes da língua Guarani-Kaiowá, que pertence à família Tupi-Guarani e apresenta variações dialetais que refletem as diferentes realidades das comunidades.

Os primeiros trechos da Constituição traduzidos para as línguas indígenas incluem os seguintes artigos:

  • Art. 5º (inteiro teor): Direitos Fundamentais;
  • Art. 6º (inteiro teor): Direitos Sociais;
  • Art. 20, XI: Terras tradicionalmente ocupadas pelos povos indígenas como bens da União;
  • Art. 49, XVI: Autorização do Congresso Nacional para exploração de recursos em terras indígenas;
  • Art. 231: Nulidade das ocupações de terras indígenas contrárias à Constituição;
  • Art. 232: Direito dos povos indígenas de ingressar em juízo para defesa de seus direitos, com participação do Ministério Público. 

O evento foi organizado pela Makira E’ta, a Rede de Mulheres Indígenas do Estado do Amazonas, parceira local do IDGlobal, representada pela coordenadora Rosimere Teles. Participaram ainda o coordenador do Conselho Geral da Tribo Tikuna, Paulino Manoelzinho Nunes; e o coordenador Regional da Fundação Nacional dos Povos indígenas (Funai) no Alto Solimões, Ildinei Tomas do Carmo.

*Com informações da Advocacia-Geral da União (AGU)

Projeto inovador produz mudas do cacau do Maranhão

Os objetivos do projeto são investigar os aspectos agronômicos da planta e seu potencial alimentício. Foto: UEMASUL

Desenvolvido pelo curso de Engenharia de alimentos da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), um projeto experimental está estudando a Pachira aquatica, conhecida popularmente como cacau do maranhão, castanha da praia, cacau selvagem, monguba, castanha d’água, mamorana e amendoim de árvore.

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Os objetivos do projeto são investigar os aspectos agronômicos da planta e seu potencial alimentício, contribuindo para a diversificação da produção agrícola e para a promoção de uma alimentação mais sustentável, e avaliar o desempenho agronômico em diferentes condições de solo e de clima.

Projeto inovador produz mudas da castanha do Maranhão
Os estudos permitem a multiplicação de plantas a partir de fragmentos, em vez de sementes, possibilitando a redução do ciclo da cultura. Foto: UEMASUL

Leia também: Projeto pioneiro otimiza produção conjunta de espécies amazônicas em agroflorestas

O professor pesquisador do curso de Engenharia Agronômica, do Centro de Ciências Agrárias da UEMASUL, Jonathan Viana, participa do “Estudo agronômico e potencial alimentício da Pachira aquatica:  Impulsionando a bioeconomia”.

Viana é engenheiro agrônomo e trabalha diretamente nos aspectos agronômicos da espécie produzindo mudas a partir de sementes, estacas e enxertias, e os professores da UFMA trabalham produzindo os subprodutos das castanhas, como o bombom do Maranhão.

“No campus Bom Jesus da UFMA há um campo experimental implantado com a cultura para o estudo da espécie, com 42 exemplares. Fizemos todo o manejo da planta com uma recomendação para a cultura do cacau, porque como é uma cultura nova em termos de estudo, não temos muitas informações técnicas a respeito, mas ela vem respondendo muito bem. Temos algumas espécies bem isoladas, em Carolina, Buritira, João Lisboa, Imperatriz e Vila Nova do Martírios. No Maranhão hoje, a principal utilização das sementes é para fazer sabão, porque a semente tem um alto teor lipídico e após uma análise, nós percebemos que existe uma semelhança muito grande com as características do cacau para a produção de chocolate”, explicou o professor.

Leia também: Projeto para captação de água da chuva leva tecnologia sustentável para famílias da Ilha do Combu

O objetivo é produzir mudas e doar para que as pessoas consigam ter uma renda futuramente. Foto: UEMASUL

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Os estudos realizados pelo professor Viana, com técnicas de enxertia e estaquia, permitem a multiplicação de plantas a partir de fragmentos, em vez de sementes, possibilitando a redução do ciclo da cultura.  As técnicas aceleram o ciclo de produção da castanha, já que, em condições naturais, a planta pode levar até três anos e meio para dar frutos e os pesquisadores podem reduzir esse tempo para cerca de um ano, o que representará um avanço significativo para a viabilidade econômica da cultura. A implantação do campo experimental teve a colaboração do acadêmico bolsista do curso de Engenharia Agronômica da UEMASUL, Joacy Coelho.

“Nosso objetivo é produzir mudas e doar para que as pessoas consigam ter uma renda futuramente, com a produção das castanhas e com o fornecimento para os pesquisadores da UFMA continuarem os estudos da utilização das castanhas na produção do chocolate. Para isso, estamos com algumas mudas em desenvolvimento para posteriormente fazermos a distribuição e difundir ainda mais essa espécie tão responsiva para bioeconomia do nosso estado”, continuou o professor

Como se trata de uma cultura pouco explorada cientificamente, os pesquisadores adaptaram técnicas de manejo recomendadas para o cacau, como adubação, calagem, podas, controle fitossanitário, que tem características semelhantes.

A planta tem respondido muito bem ao manejo, abrindo caminho para o desenvolvimento de protocolos específicos para o seu cultivo na região. O projeto é um passo importante para valorizar uma espécie nativa do Maranhão, contribuindo para a pesquisa, o desenvolvimento de novos produtos e, potencialmente, para a economia local.

*Com informações da Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL)

Pesquisa realizada em co-autoria por físico de Tocantins é destaque em capa de revista internacional

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Foto: Reprodução

Uma pesquisa de coautoria do professor Fernando Lessa Carneiro, da Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT), foi recentemente destacado como capa da edição de setembro da revista Annalen der Physik – uma das publicações científicas mais tradicionais e respeitadas da história da Física, conhecida por ter divulgado diversos trabalhos fundamentais de Albert Einstein.

O artigo, intitulado ‘On Nanocones as Gravitational Analog Systems’, foi publicado antecipadamente em 26 de março de 2025, mas acaba de ser incluído em um volume da revista, do qual foi escolhido como destaque de capa.

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Pesquisa mostra novos caminhos

O trabalho representa um esforço inovador no sentido de estabelecer conexões conceituais entre a gravitação e a física da matéria condensada, duas áreas que, historicamente, evoluíram de forma independente.

A pesquisa abre novas possibilidades para estudos interdisciplinares, ampliando as fronteiras do conhecimento na interface entre esses dois campos.

Leia também: Robótica é usada por projeto no Amazonas para auxiliar no ensino-aprendizagem de Física

A publicação da capa foi viabilizada com apoio financeiro da UFNT, ao qual os autores registram agradecimentos formais no artigo.

A pesquisa é assinada pelos autores F. L. Carneiro, B. C. C. Carneiro, D. L. Azevedo e S. C. Ulhoa. Acesse o artigo na Annalen der Physik.

A Era dos cantores do rádio no Amazonas

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Jornalista Josué Cláudio de Souza, sócio honorário. Manaus, 10 de junho de 1972. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Por Abrahim Baze – literatura@amazonsat.com.br

Bem mais além do que mero meio de comunicação, o rádio em todo país e muito especialmente no Amazonas, possibilitou a consolidação de gêneros musicais e teve importante participação na formação política do Brasil no decorrer da primeira metade do século XX, cuja, participação, crescimento e difusão das ondas radiofônicas foram importantes nas décadas de 1920 e 1930.

“… A primeira transmissão do rádio ocorreu em 7 de setembro de 1922, como parte das comemorações que celebravam o centenário da Independência do Brasil. A transmissão teve como destaque um discurso do então presidente da República Epitácio Pessoa. Também foram espalhadas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Petrópolis, aproximadamente oitenta receptores que captavam áreas encenadas no teatro municipal de São Paulo d’O Guarani, de Carlos Gomes. A primeira transmissão por rádio já prenunciava, de alguma maneira, o futuro ligado às manifestações nacionalistas que seriam recorrentes durante o governo Vargas, época de maior expansão das ondas radiofônicas”. ¹

Ainda na década de 1920, dois episódios marcaram inicio da era do rádio no Brasil, de acordo com Sérgio Cabral:

“… A fundação da Rádio Sociedade, por Roquette Pinto e Henrique Morize, em 1923 e a fundação da Rádio Clube no Brasil no ano seguinte. Tais rádios funcionavam por poucas horas e em dias alternados, o que há no entanto, no estudo de Sérgio Cabral, que nos chama atenção é a sua tese de que o Rádio retira a música popular do terreno do amadorismo e a situa, em um processo paulatino, como também, uma forma de profissionalização: isso viria a ocorrer de modo mais acentuado na década de 1930”.

À esquerda: Roque de Souza, Rádio Baré. À direita: Fred, locutor esportivo Rádio Baré. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

A profissionalização dos cantores do rádio tanto no Brasil quanto no Amazonas veio junto de um repertório, por isso, não foi ao acaso que a partir de 1930 o samba ganha cada vez mais relevância no cenário cultural brasileiro, se torna mais comercial e alia a figura do cantor às ondas radiofônicas, a venda de discos e ao gênero musical, em um circuito que nos permite visualizar uma lógica mercadológica sobre as canções. No entanto, foi a partir deste momento que passam a serem ouvidas com destaque as composições de Ismael Silva, Wilson Batista, Noel Rosa e outros. Como também, surgia grandes interpretes como Mário Reis e Francisco Alves e as interpretes Araci de Almeida, Carmem Miranda e Dalva de Oliveira.

“… Como destaca o autor Francisco Weffort, o Governo de Vargas pode ser compreendido pela chave do populismo: um fenômeno político de bastante recorrência na América Latina que tem por objetivo ser paternalista, desenvolvimentista e patriótico. Getúlio operou mudanças significativas na vida do povo brasileiro. Ele tratou de criar um aparelho estatal nas rádios brasileiras, a exemplo do que fez também outro presidente sul-americano Juan Domingo Perón na Argentina. Desse modo a Rádio Nacional que quando criada em 1936, tinha um caráter de empresa privada, tornou-se em 1940, uma empresa pertencente ao Governo Brasileiro. Seu modo de operar por meio de ondas curtas fez com que todo território brasileiro fosse preenchido pelas ondas da emissora. O Estado Novo, mais precisamente o Departamento de Imprensa e Propaganda criou um modelo de programação onde e jornalismo e entretenimento caminhava lado a lado na Rádio Nacional desse período datam o surgimento da Ora do Brasil, dedicada as notícias do executivo brasileiro, o Repórter Esso, jornalismo de plantão que informava os fatos emergenciais, e programas humorísticos que consagraram artistas brasileiros, como a Balança mais não cai e PRK-8, onde atuavam grandes nomes como: Paulo Gracindo, Valter D’Ávila e Brandão Filho e, mais tarde dar-se inicio as radionovelas”. ²

À esquerda: Danilo Silva, Rádio Baré. À direita: Belmiro Vianez, Rádio Baré. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Por este caminho, cada vez mais focaliza-se a figura do artista e sua representatividade na sociedade, esse processo se transforma com o tempo, mas é o embrião da figura do ídolo que ficou conhecido a época e que não foi diferente em Manaus nos anos 50 na Rádio Difusora e Rádio Baré, fosse por meio dos concursos das rainhas do rádio na década de 1950 que, a nível nacional imortalizaram Dalva de Oliveira, Ângela Maria e Emilinha Borba ou pelo fenômeno que se tornou Cauby Peixoto, Orlando Silva e Nelson Gonçalves.

“… O paradigma musical consolidado pelo rádio na primeira década do século 20 no Brasil trouxe a tona muitos nomes da musicalidade, tinha-se um entendimento de que a canção necessitava de ampla orquestra e grande potência vocal e, desse modo está inscrita no imaginário brasileiro”. ³

De acordo com as autoras Ierecê Barbosa Monteiro e Edilene Mafra, contam a história do rádio na capital do Amazonas:

“… Nos anos de 1920, o Amazonas amargava dias difíceis na economia. Após o fim do apogeu da borracha, a produção amazônica respondia por apenas 5% do consumo mundial de borracha. Mário de Andrade um dos lideres do movimento modernista brasileiro, em visita a Manaus no ano de 1927 afirmou que a capital amazonense de “virgem de luxo” estava se transformando em “mulher fecunda”, metáfora que ilustra a decadência da outrora Paris dos trópicos. Foi nesse cenário de estagnação econômica pós primeiro ciclo da borracha que antecederam as primeiras transmissões de rádio no Amazonas. Segundo a doutora em educação Ierecê Barbosa Monteiro, autora de o livro Favor Transmitir ao Destinatário: uma análise semiológica dos avisos de rádio no Amazonas, obra que se transformou em um clássico e faz parte das bibliografias básicas de várias disciplinas de cursos superiores, o rádio surge no Amazonas em 1927”. ⁴

A Professora Doutora Edilene Mafra acrescenta ainda que, diferentemente da maior parte do Brasil, onde surgiu como no Amazonas o rádio foi introduzido como veículo estatal.

“… A primeira emissora instalada no Amazonas, em abril de 1927 foi a voz de Manáos, que atendia aos interesses comerciais e políticos dos barões da borracha, transmitindo diariamente as cotações do látex no mercado internacional, a situação econômica do país anunciando a chegada e saída dos navios, os feitos do governo e notícias de interesse público. Tinha a prioridade semanal de três dias, entrava no ar nas segundas, quartas e sextas-feiras a noite de 21h às 22h. Afirma ainda, a professora Ierecê Barbosa que após este primeiro impulso de radiófilos aumentou consideravelmente, o que levou ao investimento de receptores de alta qualidade e sofisticação para época, todos importados. No entanto, impactado pela crise de 1929 que afetou a economia de todo planeta, a emissora pioneira sofreu vários cortes dos governantes e quebrou. Na sequência o Amazonas amargou um período de quase uma década sem rádio. Depois vieram a voz da Baricéa, em 1938, a Rádio Baré em 1939, a Rádio Difusora em 1948 e a Rádio Rio Mar em 1954″. ⁵

À esquerda: Josapha Pires, Rádio Baré. À direita: Ayrton Pinheiro, Rádio Baré. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Cidade apaixonada – Etelvina Garcia

“… A Manaus dos primeiros tempos da Difusora era uma cidade de pouco mais de 100 mil habitantes, que almoçava em casa, fazia a sesta, passeava de bonde, lia jornal e ouvia rádio.

O rádio fazia parte da vida do povo, que formava dois times apaixonados e adversários, o da Difusora e o da Baré. A rivalidade entre as duas emissoras começou no dia da inauguração da Difusora. Em quanto Orlando Silva cantava no auditório da Rua Joaquim Sarmento n. 100, a Baré apresentava Jorge Veiga e Ademilde Fonseca no Cine Teatro Politheama.

Nesse clima de disputa, a difusora diversificava a sua programação de auditório. O Bonde da Alegria era a grande atração do carnaval de 49, com desfiles da escola de samba Tem Batucada no Morro e apresentação do valoroso Cast-S8, cantando os grandes sucessos carnavalescos do ano, Chiquita Bacana, Jacaré Paguá e Pedreiro Valdemar. O Programa tem gato na tuba, distribuía prêmios para o auditório, gongando sem piedade os calouros desafinados e revelando alguns dos muitos talentos que ajudaram a fazer a história do rádio no Amazonas. Semana a semana, as duas emissoras proporcionavam aos seus torcedores inesquecíveis espetáculos com os ídolos do rádio brasileiro. Em resposta ao aparecimento da Maloca dos Barés, a Difusora instalava a Festa da Mocidade. Os fãs de Dalva de Oliveira que torciam pela Difusora perdiam a oportunidade de vê-la cantar com o Trio de Ouro na Maloca dos Barés, porque se recusavam a pisar em território inimigo, motivando Josué a contratar a grande estrela para uma temporada exclusiva na Festa da Mocidade.

Os fanáticos torcedores invariavelmente se defrontavam em acirradas discussões, nas escolas, nos bares, nas calçadas da vizinhança, defendendo o som da sua emissora preferida. Mas, os índices de audiência da época diziam que a Difusora era mesmo a mais querida.

A magia do rádio incorporou o marketing dos patrocinadores à vida desta cidade, que por muito tempo falou no Juca, o louco da rua dos barés 150 e, cantarolou o jingle da Sapataria Salvador”. ⁶

No traçar desta evolução histórica do rádio e seus cantores, apresentadores, destacamos esse período rico desta fase do rádio no Amazonas. Foram muitos aqueles que escreveram seus nomes na história do nosso rádio, cuja contribuição singular e preciosa foi artífices deste período.

Príncipes da melodia. Rádio Baré. Tapiri Radiofônico. Manaus, junho de 1952. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Todas as vezes que surge a oportunidade de se resgatar um pedaço da história especialmente quando trata-se de um assunto pouco explorado ganha o “BROADCASTING” valiosos argumentos de decisão na certeza de que embora fragmentos vale a pena publicar. Aliás, existem circunstâncias efetivamente interessante a ser mostrado. Nomes como:

Maria de Lourdes – Rádio Baré,
Roque de Souza – Rádio Baré,
Belmiro Vianez – Locutor – Rádio Baré,
Dantas de Mesquita – Locutor,
Jayme Rebello – Locutor,
Corrêa de Araújo – Locutor – Rádio Baré,
Josaphat Pires – Locutor, Produtor – Rádio Ator – Rádio Baré,
Sylvia Lene – Cantora,
Neuza Inês – Cantora – Rádio Baré,
Grace Moema – Cantora – Rádio Difusora,
Tânia Regina – Rádio Atriz – Rádio Baré,
Nice de Alcântara – Rádio – Atriz Rádio Baré,
Carolina Lander – Rádio Atriz – Rádio Baré,
Denizar Menezes – Locutor – Rádio Difusora, mais tarde foi da Rádio Globo,
André Limonge – Locutor Rádio Difusora,
Índio do Brasil – Locutor Rádio do Brasil,
Ayrton Pinheiro Rádio – Ator – Rádio Baré,
Maria Eneida – Cantora – Rádio Baré,
Ray Fernandes – Cantora – Rádio Baré,
Carmen Morais – Cantora – Rádio Baré,
Ângelo Amorim – Cantor – Rádio Baré,
Wilson Dantas – Cantor – Rádio Difusora,
Clóvis Carvalho – Cantor – Rádio Difusora,
Raymundo Sena – Cantor – Rádio Difusora,
Tarub e Seu Joaquim – Humoristas – Rádio Baré,
Jokeide Barbosa – Cantor – Rádio Baré,
Sérgio Roberto – Cantor – Rádio Baré,
Corrêa Lima – Cantor – Rádio Baré,
Alfredo Fernandes – Diretor Artístico, Produtor e Radio Ator – Rádio Baré,
Amélia Vitória – Pianista – Rádio Baré,
Príncipes da Melodia – Conjunto Vocal – Rádio Baré,
Ponce de Leão – Controle Rádio Baré,
Raymundo Mendes – Controle – Rádio Baré,
Waldison Gondin – Controle e Chefe – Rádio Baré,
Hélio Trigueiro – Sanfoneiro – Rádio Baré,
Tânea e Mara (Guiomar Cunha e Lúcia Maria) Vocalistas – Rádio Difusora,
Reginaldo Xavier – Rádio Ator – Rádio Baré,
Danilo Silva – Contrarregra e Rádio Baré,
Chiquinho – Contrabaixo – Rádio Baré,
Fred (Flaviano Limonge) Rádio Baré,
Rômulo Gomes – Diretor Artístico, Produtor e Rádio Ator – Rádio Difusora,
entrega de prêmios pelo doutor Coqueiro Mendes a Cantora Maria de Lourdes – Rádio Baré,
Almir Silva – Cantor Rádio Baré,
Jorge Araújo – Cantor – Radio – Baré,
Conjuntos Vocais – Rádio Difusora,
Rosângela Fuentes – Cantora e Rádio Atriz – Rádio Baré,
Lélia de Souza – Cantora – Rádio Baré,
Los Caribes – Rádio Baré,
Marivá Neide – Cantora – Rádio – Difusora,
Maria Medina – Violinista – Rádio Difusora,
José Eduardo – Locutor – Rádio Difusora
e Genésio Bentes – Rádio – Ator e Rádio Baré. ⁷

Referências

¹CABRAL, Sérgio. AMPB na era do rádio. São Paulo: Editora Moderna. 1996
²WEFFORT, Francisco. O populismo na política brasileira. São Paulo: Editora Paz e Terra. 1989
³NAVES, Santuza Cambraia. Canção popular no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2010
⁴ ⁵Portalamazonia.com/cultura/amazonas-ontemehojenasondasdoradio Ierecê Barbosa/Edilene Mafra
⁶GARCIA, Etelvina. Rádio Difusora 50 anos no coração do povo. Editora Norma Cor. Manaus, 1998.
⁷Tapiri Radiofônico. Gráfica do Jornal do Brasil. Rio de Janeiro: Junho de 1952.

Sobre o autor

Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Presidente do STF diz aos Yanomami que expulsar garimpeiros é respeito aos direitos indígenas e à humanidade

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Presidente do STF, Luís Roberto Barroso é relator da ADPF 709, uma ação que tramita no STF e pede pela proteção dos indígenas. Foto: Tribunal de Justiça do Estado de Roraima

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, visitou no domingo (14) a região de Palimiú, na Terra Yanomami, em Roraima, e afirmou que a retirada de invasores e garimpeiros da região foi uma medida “em respeito aos povos indígenas” e também de “interesse da humanidade”.

Leia também: Como comunidade Yanomami saiu de situação de violência para rotina tranquila e até futebol com crianças

O Grupo Rede Amazônica teve acesso com exclusividade a um vídeo que mostra o trecho da fala de Barroso durante a reunião com os indígenas. O vídeo foi enviado pela Hutukara Associação Yanomami.

“Hoje é um dia para nós comemorarmos o fato de que conseguimos retirar quase a totalidade dos invasores de toda a extensão da Terra Yanomami. Foi isso que nós pudemos fazer em respeito aos direitos de vocês e em nome do Estado brasileiro”, declarou Barroso em discurso feito aos indígenas.

O ministro destacou ainda a importância da floresta amazônica para o mundo e o papel das comunidades indígenas na preservação ambiental.

“As comunidades indígenas como os Yanomami são os guardiões da floresta. Nós preservamos as comunidades indígenas, primeiro por interesse de vocês legítimos e também porque há um interesse da humanidade na preservação da floresta”, disse.

Leia também: Conheça 9 guardiões que defendem a Amazônia todos os dias

Barroso afirmou que a Corte seguirá acompanhando a situação. Luís Roberto Barroso é relator da ADPF 709, uma ação que tramita no STF e pede pela proteção dos indígenas e medidas para a retirada de garimpeiros da Terra Yanomami.

“Portanto, nós vamos lá em Brasília continuar atentos. Há aqui um pelotão de fronteira que também tem atuado intensamente para evitar a volta dos garimpeiros. Mas acho que hoje, com muita felicidade, eu venho aqui para comemorar esse momento de desintrusão”, declarou.

Durante a visita do Presidente do STF, o vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, Dário Kopenawa, reforçou a preocupação com o retorno de garimpeiros e pediu mais proteção do Estado.

“Quando deixar de funcionar a ADPF 709, com certeza eles vão subir de novo. Essa é a nossa maior preocupação. Nossas crianças já morreram durante os sete anos de invasão na nossa terra. Chega de morrer nossas crianças, chega de violência contra as mulheres, chega de água poluída de mercúrio. Nós não queremos mais isso. Queremos ser protegidos como a Constituição garante”, disse Dário.

presidente do STF Luís Roberto Barroso
Presidente do STF em visita a região de Palimiú, na Terra Yanomami. Foto: Reprodução

A comunidade de Palimiú está localizada às margens do rio Uraricoera, distante cerca de 200 a 260 km de Boa Vista. A região foi palco de episódios graves de invasão, violência e risco para os indígenas devido à presença de garimpeiros ilegais.

Em maio de 2021, houve um ataque com tiros de garimpeiros, com embarcações que dispararam contra a comunidade. Idosos, mulheres e crianças tiveram de fugir quando começaram a atacar.

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Visita do presidente do STF ao território

O presidente do STF foi ao território para ver o avanço no combate ao garimpo ilegal em terras indígenas. Quando chegou em Roraima, foi recebido pelo xamã Davi Kopenawa e pela presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas, Joenia Wapichana.

Há décadas, o território é alvo do garimpo ilegal, que contamina os rios e afeta diretamente o modo de vida dos Yanomami. A região está em emergência de saúde desde janeiro de 2023, quando o governo federal começou a criar ações para atender os indígenas, como o envio de profissionais de saúde e cestas básicas, além da retirada de garimpeiros.

“A autoridade que mora longe da nossa floresta Yanomami, veio para visitar, olhar a realidade, para ver se está dando certo ou não. Em 2023 e 2024, morreram muitos parentes, nossas crianças… chega de morte. Por isso estamos aqui com o ministro, ele que manda o pessoal tirar o garimpo. Não está resolvido ainda”, declarou Davi Kopenawa.

A Terra Yanomami é o maior território indígena do Brasil com quase 10 milhões de hectares entre os estados do Amazonas e Roraima, onde está a maior parte. Cerca de 32 mil indígenas vivem na região, em 392 comunidades.

Nessa segunda-feira (15), o ministro seguiu agenda em Boa Vista e com apresentação das ações executadas no plano de desintrusão do garimpo ilegal, na Casa de Governo.

*Por Valéria Oliveira e Caíque Rodrigues, da Rede Amazônica RR

Atrativos turísticos que só a Amazônia Equatoriana proporciona

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Fotos: Reprodução

A Amazônia é um bioma que divide entre nove países, entre eles o Equador. E, por sua preservação, a Amazônia equatoriana tem atraído cada vez mais visitantes em busca de contato com a natureza, tradições ancestrais e paisagens de tirar o fôlego.

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Entre rios, florestas tropicais, comunidades indígenas e águas termais, a região oferece experiências únicas para viajantes que buscam turismo sustentável e imersão cultural. Confira algumas opções:

Reserva de Produção de Vida Silvestre Cuyabeno

A Reserva de Produção de Vida Silvestre Cuyabeno é considerada um dos maiores patrimônios florestais do Equador, reconhecida internacionalmente por sua riqueza biológica e cultural. Até 2002, o país apresentava a maior diversidade de árvores por hectare do mundo: 1.561 árvores de 473 espécies, 187 gêneros e 54 famílias.

A fauna também é impressionante: 493 espécies de aves, 165 de mamíferos, 91 de répteis, 96 de anfíbios e 475 de peixes. Além disso, cinco povos indígenas vivem na reserva — Siona, Secoya, Shuar, Quíchua e Cofán — preservando tradições ancestrais em harmonia com a floresta.

Foto: Reprodução/Green Forest Ecolodge

Centro de Interpretação “Mundo Subaquático” Yaku Kawsay

Às margens do Rio Napo, no noroeste do Parque Nacional Yasuní, encontra-se o Centro de Interpretação Mundo Subaquático Yaku Kawsay. Este museu temático apresenta figuras da fauna aquática amazônica, como botos-cor-de-rosa e peixes-boi, com o objetivo de educar e conscientizar os visitantes sobre as ameaças que essas espécies enfrentam e a importância de sua conservação.

A comunidade de Nueva Providencia oferece visitas guiadas, encontros comunitários e projetos de preservação, como a iniciativa de conservação da tartaruga charapa.

Foto: Reprodução/Edvotur

Torre de Observação e Comunidade Añangu

A comunidade Añangu habita mais de 21 mil hectares dentro do Parque Nacional Yasuní. Ao contrário de outras áreas da Amazônia, a região se mantém bem preservada, com rica biodiversidade de flora e fauna.

Os visitantes podem vivenciar práticas ligadas à cultura Kichwa, como o ritual ancestral da guayusa, passeios em catamarã tradicional, degustação da culinária típica, observação noturna da vida selvagem e uma visita ao Centro Cultural Kuri Muyo.

Uma das experiências mais marcantes é a subida matinal à torre de observação, de onde se pode assistir ao nascer do sol sobre o imenso tapete verde da floresta tropical equatoriana.

Foto: Reprodução/Gabriel Moyer-Perez

Parque Linear de Tena

Localizado na Avenida Muyuna, o Parque Linear de Tena é um espaço natural voltado para recreação gratuita e expressão cultural. Seus 11,1 hectares incluem amplas áreas verdes, playgrounds, quadras esportivas e trilhas para corrida e ciclismo.

O local se consolidou como um ponto de lazer tanto para moradores quanto para turistas nacionais e estrangeiros, oferecendo contato direto com a natureza no coração urbano.

Leia também: Tena: cidade equatoriana considerada porta de entrada para a selva amazônica

Foto: Reprodução/Facebook-Parque Lineal de Tena

Trilha La Isla’

A Trilha La Isla está a cerca de uma hora de caminhada do Hotel Termas de Papallacta. O percurso segue o Rio Loreto Papallacta, atravessando uma floresta única em meio à paisagem de páramos. Ao longo do trajeto, é possível ouvir o canto de diversas espécies de aves da Amazônia, além de apreciar orquídeas, bromélias e pequenas cachoeiras. No final da trilha, uma pequena ilha oferece espaço para banho em águas cristalinas.

Foto: Reprodução/Ecuador.Travel

Lagoa Zancudococha

Zancudococha é a maior lagoa da Amazônia equatoriana e está localizada na parte baixa da Reserva Natural Cuyabeno, próxima ao Rio Aguarico. Seu nome vem da palavra Siona “secoya” (soncorai), que significa “lagoa do sonco”, referindo-se a um peixe abundante na região. Perto da lagoa fica a comunidade Kichwa de Zancudo, que mantém um programa de turismo comunitário.

Foto: Reprodução/Ecuador.Travel

Praia sem mar? Veja onde encontrar seis refúgios de água doce em Rondônia

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Foto: Reprodução/Prefeitura de Costa Marques

Quando pensamos em praia, o mar logo vem à mente. Mas Rondônia guarda um segredo que surpreende visitantes e encanta moradores: as praias de água doce. Elas surgem durante a estiagem, quando os grandes rios amazônicos baixam e revelam faixas de areia que se transformam em pontos de lazer, cultura e turismo.

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Entre julho e setembro, muitas dessas orlas fluviais se tornam palco dos tradicionais festivais. São eventos que movimentam cidades inteiras, com competições esportivas, shows musicais, feiras gastronômicas e muita animação. É a celebração do chamado “verão amazônico”, um momento de encontro entre comunidades locais e turistas.

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Mais do que diversão, esta é uma temporada que tem impacto direto no desenvolvimento regional: fortalece o turismo, movimenta a economia e valoriza as belezas naturais de Rondônia. Conheça:

Praia de Calderita

Às margens do Rio Jamari, em Porto Velho, é uma das mais famosas do estado. Suas águas calmas e areias claras atraem centenas de banhistas todos os anos. Além do banho refrescante, a região recebe festivais que reúnem música e gastronomia típica.

Foto: Mateus Moraes

Praia de Curralinho

No grande Rio Guaporé, o local é bastante frequentado por banhistas, referência como ponto de encontro no tradicional Festival de Praia de Costa Marques. Quem visita a região ainda pode conhecer a Fortaleza do Príncipe da Beira, um dos mais importantes patrimônios históricos da Amazônia Ocidental.

Foto: Reprodução/Prefeitura de Costa Marques

Praia de Jaci-Paraná

Localizada no distrito Jaci-Paraná, em Porto Velho, é ponto de encontro da comunidade local e durante a seca, o lugar se transforma em espaço de lazer. O festival, que acontece todos os anos, reúne moradores, turistas e visitantes de vários cantos do estado, com uma programação repleta de atrações musicais, esporte na areia, atividades culturais e comidas regionais.

Foto: Reprodução/Prefeitura de Porto Velho

Praia de Teotônio

Próxima às corredeiras do Rio Madeira, é um local de beleza natural e valor cultural. Além do banho de rio, visitantes têm contato com tradições ribeirinhas que fazem parte da identidade local.

Foto: Reprodução/Nova Vila de Teotônio

Fortaleza do Abunã

Na fronteira com a Bolívia, o distrito de Fortaleza do Abunã, em Porto Velho, recebe turistas que buscam diversão às margens do rio. Durante a temporada, o local sedia festivais com música, esportes náuticos e comidas típicas.

Foto: Reprodução/Prefeitura de Porto Velho

Praia de Pimenteiras

A cidade de Pimenteiras do Oeste se destaca pelas praias formadas às margens do Rio Guaporé. O destino é perfeito para quem busca tranquilidade em contato com a natureza amazônica.

festival de praia pimenteiras do oeste
Foto: Corpo de Bombeiros/Pimenteiras do Oeste

*Por Amanda Oliveira, da Rede Amazônica RO

Plano para desenvolvimento de fronteiras é revisado com participação de comunidades no Norte do país, anuncia MIDR

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Fronteira entre Brasil e Venezuela. Foto: Divulgação

Com o intuito de identificar e compreender as principais demandas locais que possam orientar a implementação de projetos na região de fronteira, o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) está realizando a revisão do Plano de Desenvolvimento e Integração da Faixa de Fronteira (PDIFF), instrumento de planejamento territorial voltado à promoção do desenvolvimento sustentável e da integração das áreas fronteiriças brasileiras. 

Como parte dessa etapa, representantes da pasta promoveram, entre terça-feira (9) e sábado (13), duas oficinas participativas simultâneas nos estados do Amazonas e de Roraima.

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As atividades contam com membros dos governos federal, estadual e municipal, além de representantes e lideranças de povos tradicionais, indígenas e quilombolas. Os encontros foram realizados em parceria com o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Plano de Desenvolvimento e Integração da Faixa de Fronteira

As oficinas integram o processo de elaboração dos PDIFFs nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia e Roraima, e da formação dos respectivos Núcleos Estaduais de Fronteira (NEFs). Ao todo, a ação engloba 97 municípios localizados total ou parcialmente na faixa de 150 quilômetros ao longo da fronteira terrestre brasileira, onde se destacam nove cidades-gêmeas.

O consultor da Coordenação-Geral de Gestão do Território do MIDR, Marcelo Pires, explica que a metodologia de escuta ativa foi utilizada como ferramenta central.

Oficinas fronteiras Amazonas e Roraima
Oficinas no Amazonas e em Roraima reúnem governos e comunidades locais para atualizar o PDIFF. Foto: Divulgação/SDR

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“Essas oficinas representam um grande esforço coletivo para consolidar uma agenda estratégica nas áreas de fronteira. Já realizamos etapas no Pará, Amapá e Rondônia, e agora chegou a vez de Roraima e Amazonas. É fundamental contar com a participação de todos, agentes públicos, sociedade civil e instituições parceiras, para construirmos um plano de médio e longo prazo que ajude a enfrentar os desafios e potencializar as oportunidades das nossas fronteiras. A contribuição de cada um é essencial para o sucesso dessa iniciativa”, afirmou.

Os PDIFFs terão como eixos estruturantes:

  • Ordenamento territorial, regularização fundiária e gestão ambiental e climática
  • Infraestrutura para o desenvolvimento
  • Atividades produtivas sustentáveis e inclusão social
  • Povos indígenas e comunidades tradicionais
  • Integração regional, migrações e segurança

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Com a conclusão das atividades nos dois estados da região Norte, o MIDR avança na meta de consolidar os PDIFFs como instrumentos de planejamento territorial que promovam integração, inclusão produtiva e cooperação internacional. Mais informações sobre o projeto podem ser acessadas no site oficial: www.fronteirasamazonia.ibam.org.br.

*Com informações do MIDR

Catraieiros de Alter do Chão, os guardiões da travessia na Ilha do Amor

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Catraieiros de Alter do Chão são Patrimônio Histórico-cultural Imaterial de Santarém. Foto: Reprodução/Prefeitura de Santarém

Alter do Chão, distrito de Santarém, no Pará, é conhecido por suas areias brancas, águas cristalinas e por ser a “Ilha do Amor”, cartão-postal da região. Mas, para chegar a esse paraíso amazônico, há um grupo de trabalhadores que desempenha um papel fundamental: os catraieiros.

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Responsáveis por conduzir as pequenas canoas que fazem a travessia até a Ilha, os catraieiros são, para muitos visitantes, o primeiro contato com a hospitalidade da vila.

Mais do que um simples transporte, o serviço é parte da experiência turística de Alter, considerado patrimônio cultural imaterial e expressão viva da relação entre o povo ribeirinho e o Rio Tapajós.

Na alta temporada, o vai e vem das catraias colore as águas do Lago Verde. O embarque é rápido, mas a travessia se transforma em um passeio à parte, com a visão privilegiada da praia e da orla.

Leia também: 9 fatos curiosos sobre o “Caribe amazônico”: Alter do Chão

Foto: Reprodução/Prefeitura de Santarém

Durante as festividades do Sairé, uma das manifestações culturais mais antigas da Amazônia, o trabalho dos catraeiros ganha ainda mais importância. São eles que conduzem os símbolos do ritual religioso e transportam os participantes da festa, reforçando a ligação entre a prática profissional e as tradições culturais da comunidade.

Leia também: Sairé ou Çairé: qual é a grafia certa da famosa festa de Alter do Chão?

A rotina desses trabalhadores depende diretamente do Rio Tapajós. Quando o nível do rio está alto, no chamado ‘inverno amazônico’, as barracas da Ilha do Amor ficam submersas e a procura pelo serviço cai. Já no verão amazônico, quando as faixas de areia aparecem, os catraeiros veem o movimento aumentar, embora alguns visitantes arrisquem a travessia a pé ou a nado, atitude perigosa diante da força do rio.

Catraieiros de Alter do Chão
Foto: Reprodução/Prefeitura de Santarém

Reconhecimento dos catraieiros

O ofício dos catraieiros ultrapassa a dimensão econômica. Em 21 de março de 2022, a Câmara Municipal de Santarém aprovou o pedido de reconhecimento das matrizes tradicionais dessa prática, resultado de mobilização de entidades públicas e privadas.

A decisão representou um passo importante na valorização da atividade, que é vista como herança cultural e identidade do povo de Alter do Chão. Assim, a atividade foi declarada Patrimônio Histórico-cultural Imaterial
do município de Santarém.

Mais do que atravessar turistas até a Ilha do Amor, os catraieiros carregam histórias, tradições e a força de uma comunidade que tem no rio sua estrada e sua vida.