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Refúgio de Vida Silvestre é criado para proteção do sauim-de-coleira no Amazonas

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Refúgio de Vida Silvestre. Esse é o nome da nova unidade de conservação federal que foi criada para a preservação do sauim-de-coleira (Saguinus bicolor), um primata em perigo crítico de extinção no Amazonas. O local vai construído em uma área aproximada de 15,3 mil hectares.

O objetivo da nova unidade é proteger áreas florestais relevantes para a conservação do sauim-de-coleira, favorecer a conectividade do seu habitat e promover práticas agrícolas compatíveis com a manutenção dessa espécie na natureza. Essa categoria de unidade de conservação (Revis) não impõe restrições ao domínio privado dentro de seus limites, conforme as regras do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC).

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O sauim-de-coleira é um pequeno primata em perigo crítico de extinção, último estágio antes de desaparecer para sempre do planeta. Esta espécie só existe nos municípios de Manaus, Itacoatiara e Rio Preto da Eva, no estado do Amazonas. As florestas onde vive estão sendo destruídas por desmatamento e queimadas, deixando a espécie vulnerável a agressões, atropelamentos, eletrocussões e ataques de cães domésticos. A situação é tão grave que a espécie está entre os 25 primatas mais ameaçados do mundo, tanto nacionalmente quanto internacionalmente.

Vivendo em pequenas famílias, com 2 a 13 membros, o sauim-de-coleira desempenha um papel importante em seu habitat, pois se alimenta de frutos e insetos, sendo um ótimo dispersor de sementes e ajudando no controle de pragas.

Em 2011, o Instituto Chico Mendes criou o Plano de Ação Nacional para a Conservação do Sauim-de-Coleira, com o objetivo de promover a conservação da espécie e de seu habitat, implementando ações para reverter a tendência de declínio populacional. O plano está em seu segundo ciclo e deverá ser renovado ainda em 2024.

Processo de criação do Refúgio

As diretrizes de criação e gestão da nova unidade foram negociadas com órgãos públicos e a comunidade regional em audiência pública realizada em 30 de abril de 2024, em Itacoatiara – AM. Durante a audiência, técnicos do Instituto defenderam a importância da unidade na região e ouviram a opinião da comunidade local.

Segundo o Coordenador Geral de Criação e Planejamento de UCs do Instituto Chico Mendes, Carlos Felipe Abirached, “o papel do Incra foi fundamental nesse processo, pois a área estava sob responsabilidade do órgão”. A destinação das terras públicas para o Ministério do Meio Ambiente foi efetivada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e publicada no dia 5 de junho no Diário Oficial da União.

Ainda segundo o coordenador, a parceria do Incra na relação com os agricultores familiares e no estabelecimento de políticas públicas conjuntas para o território foi essencial. Para ele, a criação do Refúgio possibilita a regularização fundiária de áreas de agricultura familiar.

Confira o Decreto de Criação publicado no Diário Oficial da União na íntegra.

*Com informações do ICMBio

Real e Benemérita Sociedade Portuguesa Beneficente do Amazonas: um século e meio de história no Amazonas

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Por Abrahim Baze – literatura@amazonsat.com.br

A verdade é que, para reconhecer-se em toda a sua extensão, em todo o seu significado e em todas as suas minúcias, o que tem sido a ação dos portugueses no Brasil é fundamentalmente indispensável saber como eles aqui chegaram, como se aclimataram e de que forma exerceram sua natural tutela sobre as populações indígenas, qual foi a sua diretriz sob o ponto de vista civilizador e com que recursos se serviram para ocupar e colonizar tão enorme trato de terreno, muitas e muitas vezes superior a pequena grande nação do extremo da Europa, de onde vieram e como defenderam a terra das investidas de piratas audaciosos e de conquistadores exóticos, preservando o Brasil em sua soberba integridade para que, chegada a hora lógica da Independência, não estivesse desfalcado em um só palmo e pudesse ser uma das maiores e mais ricas nações de todo o mundo.

Cumpre ver como eles aqui trabalharam e continuam trabalhando, como concorrem para a formação étnica da nacionalidade, imprimindo, quer pela comunidade da língua e dos sentimentos, quer pelo caldeamento operado pela formação de famílias, o caráter nitidamente lusíada. De importância capital é o fato de terem, com a unidade religiosa que implantaram, criado as mais remotas e profundas raízes da unidade nacional, visto que, nas grandes lutas contra franceses e holandeses, essa unidade religiosa desempenhou o mais saliente de todos os papéis.

Para tanto, temos que fazer, embora em resumo, mas, com a possível clareza, um dado histórico, abrangendo um dilatado espaço de tempo.

Comendador José Teixeira de Souza, fundador e primeiro Presidente. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

A ação dos portugueses no Brasil começou precisamente há quinhentos e vinte e quatro anos e não se interrompeu até hoje, mantendo-se sempre, de etapa em etapa, de geração em geração, através das diversas modalidades impostas pela evolução natural, social e política: – Brasil – Colônia – Nação na plenitude da sua emancipação política.

A ação dos portugueses no Brasil começou nesse longínquo dia, em que as naus de Pedro Álvares Cabral, de velas enfunadas por fortes ventos, parecendo brancas pombas prestes a fechar as asas depois de prolongado voo, avistaram, na venturosa Semana da Páscoa, o alto monte que lhes surgia como sentinela avançada de um deslumbrante continente. O primeiro contato estabelece-se sem um tiro, sem uma hostilidade, sem uma desconfiança e as primeiras palavras são o brando ciclo das místicas palavras de uma missa em ação de graças. Ergue-se uma Cruz na terra virgem. É a ocupação pacífica, em nome do Rei, mas, sob a invocação de Deus.

É o ponto de partida para uma gloriosa caminhada. No simbolismo do sagrado lenho feito de rígida madeira da primeira árvore derrubada na floresta imensa por mãos europeias, há, digamos assim, um prenúncio, uma promessa, um compromisso e até um pacto! Aí se define o que mais tarde virá a ser o caráter brasileiro, formado pela influência espiritual do Cristianismo e pela influência racial da civilização lusíada. É com tanta firmeza que se solidificam esses dois princípios que, passados quinhentos e vinte e um anos, o Brasil forma na vanguarda dos povos cristãos a sua raça já em pleníssima projeção, tem o indiscutível timbre de “Lusíada”.

José Gonçalves de Araújo, fundador (fotografia cedida pelo seu sobrinho, prof. Carlos Alberto Araújo). Foto Abrahim BazeAcervo pessoal

É essa ação constante, metódica, consciente, heroicas algumas vezes, abnegadas outras e amiga sempre e sempre útil, que destacamos a fundação da Real e Benemérita Sociedade Portuguesa Beneficente do Amazonas. O Brasil sabe para onde vai, justamente porque sabe de onde veio. A aliança luso-brasileira não depende de tratados, porque está nos glóbulos sanguíneos de todos nós, afinal falamos a mesma língua. Somos dois povos absolutamente independentes, vivendo em continentes diversos, separados unicamente por um grande oceano, mas, somos uma só Raça: “Lusíadas do Brasil”.

O Conhecimento destas circunstâncias constitui o mútuo e legítimo orgulho de brasileiros e portugueses, especialmente os nascidos no Amazonas: o daqueles pela ascendência que tiveram, o destes pela obra que iniciaram e prepararam. No conjunto dessa obra formidável, que é o Hospital Português de hoje, encontra-se sempre de porta aberta promovendo a saúde de nosso Estado.

Registrar para a eternidade os flagrantes memoráveis e históricos da Real e Benemérita Sociedade Portuguesa Beneficente do Amazonas, em comemoração aos 150 anos de sua histórica fundação, é motivo de satisfação profunda para a comunidade portuguesa.

Comendador Joaquim Gonçalves Araújo, fundador. Foto Abrahim BazeAcervo pessoal

A presença da Pátria Mãe, “Portugal”, no Brasil é forte e grandiosa. Na atividade comercial, na construção civil, na indústria, figuram eles, os lusitanos, com uma parcela muito grande no desenvolvimento do Amazonas, em particular no período áureo da borracha quando em, Belém e em Manaus e em núcleos urbanos do interior do Estado com maior expressão demográfica e econômica, criaram dezenas de estabelecimentos comerciais, com que exerceram uma salutar atividade econômica, proporcionando ao Amazonas grande crescimento econômico.

Estas verdades históricas resultam o espírito de luta dos bravos irmãos lusitanos que se deslocaram do seu País para desbravar a nossa terra, isto não significava apenas o seu bem-estar social, mas, principalmente o crescimento de uma região.

A figura importante do Presidente da Província, Dr. Domingos Monteiro Peixoto, representa de forma brilhante a personalidade que marca na fase pré hospitalar, como o doador da terra solicitada sob a autorização e proteção de S. M. D. Pedro II, o chefe supremo do Governo Imperial.

O Tenente Coronel José Coelho de Miranda Leão, Presidente da Câmara Municipal da época, teve seu papel de suma importância na vida inicial da Real e Benemérita Sociedade Beneficente Portuguesa do Amazonas, ele expediu o “auto da concessão” do terreno, que tinha 9.952 m2, no Largo da Uruguaiana.

Joaquim Pinto Ribeiro, fundador. Foto Abrahim BazeAcervo pessoal

Concedido o terreno, o então Presidente José Teixeira de Souza desdobrou-se no sentido de implantar o hospital, chegando a lançar a pedra fundamental a 16 de agosto de 1874, pedra fundamental que representa o grande símbolo do velho sonho que só veio se concretizar 20 anos depois e em outro local bem distante.

O esforço em busca do vil metal era grande, quermesses, arraiais, teatros, festivais, subscrições e arrendamento de pavilhão, construído para este fim, foram algumas atividades que promoveram os heróis fundadores, com isto, somando recursos para a construção do sonhado hospital, cuja, primeira enfermaria chegou a ser construída e não foi usada em fase da alienação da propriedade que ocupavam pelo governo.

No dia 17 de dezembro de 1893, inaugurava-se o hospital na sede atual, na antiga estrada Corrêa de Miranda, hoje Av. Joaquim Nabuco, inaugurada na Presidência em exercício do Sr. Francisco Nicolau dos Santos, cuja, inauguração recebeu a honrosa presença do então Governador Eduardo Gonçalves Ribeiro.

A Real e Benemérita Sociedade Portuguesa Beneficente do Amazonas é uma entidade de assistência à colônia portuguesa local, nascida como as demais do País, do espírito de solidariedade de um grupo de cidadãos lusos que, reunidos em casa do Comendador Francisco de Souza Mesquita, cujo, endereço a ata não registra, planejaram, discutiram a sua organização e fundação no dia 31 de outubro de 1873.

O Brasil era serenamente dirigido pelo Magnânimo Imperador D. Pedro II. Portugal tinha como timoneiro D. Luiz e a Província do Amazonas era conduzida pelo seu 14° Presidente da Província, o Bacharel Domingos Monteiro Peixoto, cidadão que tinha profunda e justa simpatia à Colônia Portuguesa radicada na grande Província. Sob a égide desses timoneiros, nasceu e realizou-se o sonho da criação da Real e Benemérita Sociedade Portuguesa Beneficente do Amazonas.

Leopoldo Cavalcanti Krichanã da Silva, médico e atual presidente da Beneficente. Foto Acervo da família

O Amazonas – diz o ilustre amazonólogo e historiador Arthur César Ferreira Reis – experimentava a época, a euforia dos bons ventos. Seus produtos de exportação já lhe permitiam um caminhar tranquilo, a passo certo e seguro. Os homens, que haviam corporificado na Beneficente o sentimento de solidariedade humana que os congregava, eram partes integrantes daquele movimento de trabalho, de criação de riquezas que estavam começando a atrair o interesse do exterior e a provocar a ascensão mais dinâmica da região. Presidia a Província o Dr. Domingos Monteiro Peixoto, que se solidarizando com o grupo lusitano que se lançava a tamanho empreendimento, assegurou-lhe as facilidades que o poder público podia oferecer, de tal modo se havendo na concessão dessas facilidades que o Governo de Portugal lhe concedeu a graça do título de Barão de São Domingos.

A Rua Barão de São Domingos, de nossa cidade, tem a sua história ligada à Real e Benemérita Sociedade Portuguesa Beneficente do Amazonas, conforme registro do grande historiador amazonense. Passou na presidência da instituição vários homens que dignificaram a continuidade deste empreendimento, tais como: Comendador José Cruz, que presidiu o hospital por mais de três décadas, Alfredo Monteiro Vieira e o atual presidente Leopoldo Cavalcanti Krichanã da Silva e tantos outros nomes que escreveram suas histórias neste hospital.

Sobre o autor

Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

BR-319: afinal, o presidente Lula é contra ou a favor da rodovia?

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Por Osíris M. Araújo da Silva

Do ponto de vista do DNIT e do GT de Rodovias do Crea-AM, os segmentos rodoviários denominados de Lote C (Km 198,20 ao 250,7) e Trecho do Meio (Kms 250,7 ao 656,4) não possuem revestimento asfáltico e a trafegabilidade fica parcialmente comprometida durante o chamado inverno amazônico, período de maior índice pluviométrico na região. A expectativa é que as obras iniciem a partir de julho, início do próximo verão amazônico, para em breve ter concluída toda de sua extensão de 885 quilômetros a partir de Manaus-AM até Porto Velho-RO.

Estudo publicado no site Agência Gov informa que “os sete estados da Região Norte somam 13.858 quilômetros de rodovias e mais de 32.482 quilômetros de hidrovias sob a administração do DNIT. Para cuidar dos dois modais (rodoviário e aquaviário), a autarquia investiu mais de R$ 4,6 bilhões. O recurso possibilitou a execução de obras e serviços que deram um salto na qualidade na infraestrutura de transporte da região. Ações que garantiram o escoamento da produção nacional para os portos de Santarém e Barcarena, no Pará, e de Itacoatiara, no Amazonas, utilizando as rodovias do corredor Logístico do Arco Norte”.

Estão previstas obras de duplicação, implantação e adequação realizadas nas rodovias BR-163/PA, BR-155/158/PA, BR-316/PA, BR-364/RO e BR-153/TO – que integram o Corredor do Arco Norte – contribuíram para a ampliação nas exportações, especialmente de grãos como soja e milho. Essas melhorias, salienta a Agência Gov, que o modal aquaviário para a Região Norte tem relevância estratégica e social, seja para o escoamento de cargas, ou viabilizando o transporte de passageiros de comunidades afastadas.

O Acre com uma malha de 1,2 mil quilômetros, em 2022, tinha apenas 13% do trecho rodoviário com ICM “Bom” e depois de um ano de trabalho e reforço nos investimentos o índice passou para 42%. Amazonas em 2022 estava com 22% da extensão da malha (2,3 mil km) com ICM “Bom” e o índice subiu para 24%. No Amapá, com mil quilômetros de rodovias administrados pelo DNIT o avanço foi de 39% em 2022 para 75% em 2023. Pará (3,9 mil km de rodovias) saltou de 50% para 87% no período. Já Rondônia (2 mil km) passou de 41% para 80%. Roraima (1,5 mil km) saiu de 44% para 76% e Tocantins (1,7 mil km) de 76% para 83%.

No Amazonas, o orçamento do DNIT (dados do Ministério dos Transportes) foi de aproximadamente R$ 693,2 milhões. No modal rodoviário, está garantido o andamento dos serviços de restabelecimento da passagem sobre os rios Curuçá e Autaz-Mirim na BR-319/AM com a construção das duas pontes que colapsaram ao fim de 2023. Em revitalização de estradas foram investidos recursos na BR-174/AM, na BR-319/AM e na melhoria da BR-230/AM, a Transamazônica, com recuperação de mais de 40 pontos críticos de trechos não pavimentados. O documento não faz referência à garantia dos licenciamentos ambientais para a conclusão das obras da Manaus-Porto Velho em toda sua extensão de 885 km. Inaugurada em 1976, encontra-se sem condições adequadas de uso, por má conservação, desde os anos 1980/90.

Tais obras só avançaram após expedidas suas respectivas licenças ambientais pelo IBAMA. Qual então o motivo superveniente que move a ministra do Meio Ambiente (MMA), Marina da Silva, primeiro em mandar excluir do PAC 2024 os recursos para a conclusão das obras da BR-319, e ato contínuo determinar ao órgão de regulação do meio ambiente, o Ibama, postergar ao máximo a concessão das respectivas licenças ambientais? São óbvias as razões indutoras de um posicionamento político aberto e conclusivo de nossas lideranças políticas junto ao presidente da República. Afinal, S. Exa. é contra ou a favor da BR-319? Se é a favor, que, ipso facto, demita a ministra tendo em vista sua manifesta oposição à conclusão de uma obra que, acima de tudo, é do máximo interesse ao desenvolvimento do Amazonas.

Sobre o autor

Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Associação Comercial do Amazonas (ACA).

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Laboratório do Pará produzirá papéis a partir do fruto do açaí

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Papéis produzidos a partir do fruto açaí agora são possíveis. O novo produto é resultado de um projeto que contou com investimento da Fundação de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), no Pará. O projeto objetiva desenvolver papéis de alta performance para produtos como embalagens sustentáveis.

Para tanto, o investimento da Fapespa permitiu estruturar o AmazonCel, o primeiro laboratório de celulose e papel completo da Amazônia, na Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).

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Os estudos no novo laboratório já produziram dois tipos papéis com sucesso: reciclado + fibras do açaí; e um papel 100% do açaí.

As possibilidades vão da simples separação das fibras da semente até a formação do papel, a partir das fibras do resíduo do açaí. Assim, o papel pode ser utilizado em inúmeras possibilidades de produtos, como embalagens, copos, caixas e etc.

Casa de Vegetação

A Casa de Vegetação foi idealizada para dois objetivos: identificar e selecionar plantas da Amazônia capazes de despoluir o solo e a água, absorvendo e retirando metais pesados do solo provenientes da mineração ou lixos urbanos.

E produzir o Biochar, que é um carvão vegetal, através de resíduos vegetais como caroço do açaí, casca de cacau, cupuaçu e ouriço da castanha-do-Pará, que são diariamente descartados e, muitas vezes, podem causar problemas ambientais e de saúde.

O resultado da combinação do uso dessas plantas e do carvão vegetal, além de retirar os metais do solo, é a recuperação de áreas degradas, diminuindo a emissão de gás carbônico na atmosfera e tornando esse solo agricultável novamente, aumentando a retenção hídrica e a fertilidade.

Viveiro

O novo viveiro terá 20 mil mudas amazônicas, que serão objeto de estudos para diversos segmentos, da ciência. O local também produzirá mudas para diversos projetos do Estado, a exemplo do novo Parque da Cidade.

*Com informações da Agência Pará

Pesquisadores desenvolvem óleos vegetais por meio de matéria-prima nativa do Pará

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A utilização de matérias-primas originárias da Mesorregião Metropolitana de Belém (PA), como sementes de castanha, andiroba, pracaxi e patauá, para a fabricação de óleos e manteigas, que são a base para a fabricação de cosméticos, como hidratantes, shampoos e sabonetes faciais, é objeto de estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA), por meio do edital de apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas em bioeconomia lançado pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa).

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O químico Cláudio Nahum, coordenador do Laboratório de Recursos Naturais e Sustentabilidade da Amazônia, no qual a pesquisa ‘Utilização de matéria-prima nativa da Mesorregião Metropolitana de Belém-PA para a Preparação de formulações cosméticas nanoestruturadas’, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências e Meio Ambiente da Universidade, é desenvolvida, explica o quão é importante o aproveitamento das oleaginosas, a exemplo de sementes de castanha, andiroba, pracaxi e patauá, cupuaçu, murumuru e tucumã.

Carla Carolina Meneses, pós doc. Foto: Marcelo Lelis/Agência Pará

“A exemplo do cupuaçu, que utilizamos muito aqui no Estado, como suco ou creme, no geral, a semente é jogada fora. No laboratório, fazemos a manteiga do cupuaçu a partir do caroço, que tem uma ação muito forte na área de cosméticos, por ser rica em ômega 3, ômega 6 e em nutrientes. A bioeconomia é justamente isso, aproveitar esses recursos que vão se perder na floresta e transformar em riqueza. Todo mundo ganha com isso, seja a comunidade local, a nossa formação de pesquisadores e o governo com essa economia circular que só é possível avançar com o apoio da Fapespa”, pontua Nahum.

A pesquisa trabalha com comunidades paraenses para ensinar sobre como devemos cuidar do meio ambiente, incluindo como coletar, guardar, secar e processar materiais. O produtor rural Wander Martins, de São Domingos do Capim, comunidade parceira do projeto, celebra a iniciativa e destaca as melhorias, inclusive, financeiras, já vividas no dia a dia.

Foto: Marcelo Lelis/Agência Pará

“Se não fosse com a pesquisa e o apoio da Fapespa, nunca teríamos acesso a um equipamento de última geração como os que temos aqui, nem acesso a tanto conhecimento que ajuda muito na nossa produção. Eu fazia esse processo de forma muito artesanal para extrair o óleo e conseguia cerca de cinco recipientes de óleos semanais. Com o projeto, a gente bate média de até 100 litros, conforme a gente tem matéria-prima. Nem tenho palavras para dizer o quanto ajuda no nosso rendimento e comercialização nas feiras do município”, ressalta.

Cláudio Nahum Alves (centro), químico, coordenador do Laboratório de Recursos Naturais e Sustentabilidade da Amazônia e do projeto apoiado pela Fapespa. Foto: Marcelo Lelis/Agência Pará

“A manutenção da floresta viva depende do uso de produtos com tecnologia para agregação de valor a partir do conhecimento tradicional das nossas comunidades. Esse valor agregado depende de projetos de pesquisa como esses fomentados pelo governo do Pará através da Fapespa dentro das diretrizes do PlanBio.”, explica o presidente da Fapespa, Marcel Botelho.

Doutoranda em química pela UFPA, Ana Cláudia Araújo, destaca que São Domingos do Capim está entre os maiores produtores da polpa de cupuaçu do Estado e antes havia um alto índice de descarte das sementes e armazenamento inadequado que inviabilizava o uso. Com a troca de conhecimentos proporcionada entre Universidade e comunidade, a realidade mudou. “Fazemos todo um controle de qualidade com os produtos em desenvolvimento no Laboratório, verificando o índice de acidez, saponificação, iodo e peróxido. Todo o acompanhamento para garantir a qualidade e se está apto para comercialização”, assegura.

Foto: Marcelo Lelis/Agência Pará

Mais valor

Pesquisadora de pós-doutorado na UFPA, Carla Carolina Meneses, conta como a manteiga de cupuaçu, por exemplo, pode ser utilizada em vários tipos de formulações cosméticas.

“De forma bruta, ela não tem tanto valor agregado, mas as caracterizações físicas, químicas e nutricionais realizadas no Laboratório potencializam o valor para as formulações de cosméticos e desenvolvem estratégias para potencializar os efeitos, como o aumento do tempo de absorção de um hidratante feito a partir dessa matéria-prima na pele”, comenta.

*Com informações da Fapespa

Tabatinga ganha ferramenta de informação turística; saiba como acessar

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Os turistas que desembarcarem em Tabatinga (a 1.108 quilômetros de Manaus), no Amazonas, já podem contar com a ferramenta de informação turística Amazonas To Go. O município é o 14º do Estado a receber o chat da Empresa Estadual de Turismo (Amazonastur), que busca facilitar a experiência do visitante.

Com a implementação no município da solução tecnológica, os visitantes têm acesso a um guia digital na palma das mãos por meio de chatbot, fornecendo informações essenciais para aproveitar os atrativos turísticos e as opções de coisas para fazer, meios de hospedagens, agências de turismo, restaurantes, entre outros.

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Todos os empreendimentos presentes no Amazonas To Go são cadastrados no Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur), do Ministério do Turismo (MTur), e exercem atividades turísticas de forma regular e segura.

O presidente da Amazonastur, Ian Ribeiro, reafirmou que o objetivo das ações é fortalecer o turismo no interior do estado. “É o que o governador Wilson Lima quer que seja feito: tornar o turismo uma das matrizes econômicas do nosso estado. E, em conjunto, realizar a interiorização do turismo”, disse.

A empreendedora Patrícia Oliveira comemora o lançamento da ferramenta Amazonas To GO para auxiliar na divulgação dos serviços turísticos na cidade.

“É muito importante para que os turistas que chegam até Tabatinga consigam visualizar os empreendimentos e os locais para visitação. Vai ser melhor e mais fácil a gente divulgar nosso trabalho”, afirma a empreendedora.

Além de ser disponibilizada em português, inglês e espanhol, o Amazonas To Go pode ser acessado pelos turistas pelo link, telefone (92) 99356-8775 ou, ainda, em cartazes espalhados nos principais atrativos turísticos do Amazonas.

O pacote de ações da Amazonastur também inclui a realização do Workshop Turismo Sustentável, neste sábado (08), em Tabatinga. Além do município, o evento é voltado para prestadores de serviços turísticos de Atalaia do Norte e Benjamim Constant e de Letícia, cidade da Colômbia e Iquitos, no Peru.

*Com informações da Agência Amazonas

Paçoca de Roraima entra para o Livro dos Recordes como a maior do mundo

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É de Roraima! A maior paçoca de carne seca do mundo, que virou símbolo do arraial Boa Vista Junina, foi reconhecida pelo Guinness Book, o Livro dos Recordes, e agora tem o título oficial. Paixão de diversos roraimenses, o prato tradicional da culinária indígena do estado quebrou o próprio recorde e chegou a 1.356 kg de carne seca e farinha amarela na noite do dia 7 de junho.

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A pesagem oficial começou com 40 minutos de atraso, por volta das 19h40, e fazia parte de um dos requisitos do Guinness Book. Ela ocorreu na praça Fábio Marques Paracat, no Centro da cidade, onde ocorre o arraial.

A nova marca superou em 92 kg o próprio recorde, registrado em 2023. À época, foram produzidas 1.264 kg da paçoca.

Depois da pesagem, o prefeito Arthur Henrique (MDB) recebeu um certificado que oficializou o recorde mundial. Em coletiva de imprensa, ele afirmou que a iguaria foi um desafio neste ano, mas agora, por ser reconhecida no livro dos recordes, ela passa a ser uma atração internacional.

“O objetivo é sempre continuar quebrando recordes, contando agora com o reconhecimento internacional. A gente sempre fala sobre as atrações nacionais [no Boa Vista Junina], mas a nossa paçoca agora passa a ser contabilizada como uma atração internacional”, afirmou.

Além do peso, para conceder o título, o Guinness também considerou a qualidade e a distribuição do alimento.

A qualidade foi atestada por dois chefes de cozinha e dois nutricionistas, escolhidos pela comissão do Guinness. Os chefes avaliaram se a comida é realmente um item tradicional. Já os nutricionistas conferiram a higienização do processo de produção e o valor nutricional da paçoca.

A paçoca de Roraima foi servida à população durante o arraial Boa Vista Junina 2024, na praça Fábio Marques Paracat.
Funcionários enchem tacho com a maior paçoca do mundo durante pesagem no Boa Vista Junina 2024. Foto: João Gabriel Leitão/Rede Amazônica

De acordo com a juíza do Guinness World Records e responsável pelos recordes brasileiros, Camila Borenstain, a análise dos profissionais foi encaminhada a ela por meio de relatórios. Os documentos foram somados a comprovação da qualidade da balança, da tara, a pesagem e a distribuição.

“A gente tem uma lista de regras que precisam ser seguidas, dentre elas temos muitas regras de vigilância sanitária. A gente teve quatro testemunhas que acompanharam todo o processo de feitio da paçoca, sendo eles dois chefes de cozinha e duas nutricionistas que ficaram acompanhando durante a semana inteira, durante todo o período do trabalho, e tivemos também algumas regras de quantidade de proporção de alimentos que deve ser fiel a um prato típico e o momento de chegar aqui. A gente tem o mínimo de 500 kg que precisam ser batidos, não podemos ter desperdício de alimento, então a gente fica até o fim da distribuição”, explicou Camila Borenstain.

Mesmo tendo quebra de recordes anuais desde 2015, ano em que a prefeitura de Boa Vista começou a distribuição do alimento no arraial, essa foi a primeira vez que a festa recebeu uma equipe do Guinness.

A distribuição gratuita do alimento iniciou por volta das 20h e assim como em anos anteriores, a paçoca foi distribuída com bananas, tradicional acompanhamento da iguaria. Foram distribuídos cerca de 1.400 kg da fruta.

A fila para receber a paçoca gigante foi tão grande quanto ela. Foram formadas nove filas, sendo três para atender o público preferencial. Algumas delas chegaram atingir a entrada das arquibancadas da arena junina e o palco de shows musicais.

A entrega da paçoca durou cerca de 2h e foi encerrada por volta das 22h12. Para ter o título oficial de “maior do mundo”, a comida não poderia ser desperdiçada.

A iguaria, diferente da paçoca doce de amendoim, é feita à base de carne seca e farinha amarela. Ela é produzida através da pilagem da farinha e da carne, que posteriormente são refogadas com cebola, manteiga ou óleo de cozinha.

Até chegar ao sabor já conhecido pelos roraimenses e que desperta curiosidade de quem não é do Norte, a carne usada é desossada e levada ao sol, para o processo de secagem, que iniciou na segunda-feira (3).

Na edição deste ano, foram utilizados volumes gigantes de ingredientes:

  • 2.800 kg de carne;
  • 520 kg de farinha amarela;
  • 170 kg de cebola;
  • 42 kg de manteiga.

Tudo isso para bater o próprio recorde e se manter como a “maior paçoca do mundo”, título dado pela prefeitura de Boa Vista desde a primeira vez em que a paçoca foi servida gratuitamente no arraial.

Paçoca é entregue para a população em Boa Vista. Foto: Yara Ramalho/Rede Amazônica

Neste ano, a produção da iguaria roraimense durou cerca de cinco dias e envolveu 15 pessoas. Ela foi preparada pela Fábrica Pinheiro, empresa contratada pela prefeitura. Esta é a terceira vez que a empresa faz a produção gigante. A primeira foi em 2017, e a segunda, em 2019.

O local de pesagem e distribuição da paçoca foi montado atrás da arena junina. No local, uma multidão de pessoas se preparam para receber o alimento.

A professora aposentada Eliane de Farias, de 63 anos, chegou ao local por volta das 18h e levou até uma cadeira para aguardar a comida sem se cansar. Ela pensou em esperar na fila preferencial, mas preferiu ficar na comum ao lado da filha, neta e do genro.

“Eu cheguei agorinha e já trouxe a cadeira porque pensei: ‘se demorar fico aqui sentadinha’. E a sombrinha está aqui, não pego chuva”, brincou a aposentada.

O pequeno Davi Lucas, de 7 anos, também quis garantir o primeiro lugar em uma das nove filas de distribuição e provar da paçoca gigante pela primeira vez. Acompanhado da mãe e do pai, ele chegou no local por voltar das 18h. “Para comer é a primeira vez que eu venho, mas já vim outras vezes para o arraial. Quero provar”, disse Davi.

Mantendo uma tradição e com objetivo de valorizar a cultura roraimense, o casal de antropólogos Islânia Silva, de 35 anos, e Eduardo Ribeiro, de 33 anos, ficou com o primeiro lugar de uma das filas pelo segundo ano consecutivo. Essa é a quarta vez que eles participam do evento.

Por conta da presença do Guinness, o casal ficou com medo que o local ficasse cheio muito rápido e para garantir o lugar nesse ano, chegou às 16h30.

“A gente vem porque a festa junina em si é bastante animada, tipicamente brasileira, e segundo porque é um recorde roraimense. Então, prestigiar esse evento aqui da nossa terra é algo importante pra gente”, explicou Islânia.

“E não só prestigiar a festa e a paçoca, mas também demonstrar uma forma de respeito por quem fez a paçoca e toda essa tradição, a imagem da paçoca”, completou Eduardo.

Maior paçoca do mundo

A história da maior paçoca do mundo começou em 2015, quando a prefeitura decidiu servir gratuitamente ao público do arraial porções do prato típico. Naquele ano, foram distribuídos 500 kg a 20 mil pessoas.

Depois, nos anos seguintes, os recordes foram batidos. A última vez que a paçoca foi servida foi em 2023, onde a quantidade chegou a 1.264 kg. Desde se iniciou, somente nos anos de 2020 e 2021 não teve paçoca porque em razão da pandemia o arraial não foi realizado.

*Por Yara Ramalho e João Gabriel Leitão, do G1 Roraima

Batucada ou Marujada (Festival Folclórico de Parintins)

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Fotos: Reprodução/Instagram oficial de cada item

A bateria é o terceiro item e a parte instrumental da apresentação dos bois-bumbás no Festival Folclórico de Parintins, que conta com mais de 400 participantes. Cada boi possui um nome diferente para a sua sustentação rítmica: a ‘Marujada de Guerra’ é do boi Caprichoso e a ‘Batucada’ do boi Garantido.

Justiça impede ICMBio de retirar ‘bois piratas’ de floresta protegida na Amazônia

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Cerca de 1.500 bois estavam prestes a ser retirados da Floresta Nacional (Flona) do Jamanxim, no sudoeste do Pará, onde os animais são criados ilegalmente em uma área da Amazônia  que deveria ser de mata preservada. 

Porém, no dia 22 de maio, a Justiça Federal barrou a operação do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), órgão ambiental do governo federal, e permitiu que o pecuarista apontado como infrator retomasse o gado.

A decisão judicial, acessada pela Repórter Brasil, é em caráter liminar (provisório) e foi tomada pelo desembargador Eduardo Filipe Alves Martins, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1). O processo corre em sigilo.

O magistrado reverteu sentença de 1ª instância que havia negado anteriormente o mesmo pedido do pecuarista Rodrigo da Cruz Pereira. Agora, com a decisão favorável, o fazendeiro tem dez dias para transportar o gado para fora da floresta protegida. O valor do rebanho apreendido supera R$ 4 milhões, estima o órgão ambiental.

O ICMBio, ligado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, deu início à operação em 3 de abril, quando publicou no Diário Oficial uma notificação para que pecuaristas  retirassem as cabeças dos chamados ‘bois piratas’ em 30 dias.

Como o transporte voluntário dos animais não ocorreu, o Ministério Público Federal do Pará (MPF-PA) expediu em 6 de maio uma recomendação para a remoção dos animais.

A retirada de fato começou pela Fazenda Ferradura, arrendada por Rodrigo Pereira, mas embargada por desmatamento ilegal. O ICMBio e a Adepará (Agência de Defesa Agropecuária do Pará) cogitaram a possibilidade de destinar parte do gado apreendido para o Rio Grande do Sul, assolado por enchentes históricas. A operação visava remover até 6.000 animais de algumas fazendas da região. A ação, porém, foi bloqueada na primeira fazenda fiscalizada após a liminar judicial.

Na avaliação de uma fonte ligada à operação, que não será identificada, o caso ilustra a dificuldade de combater crimes ambientais na Amazônia. “Estão dando salvo conduto para uma pessoa que está com gado dentro de área embargada. É um salvo conduto para o crime”, critica.

O advogado Pedro Henrique Gonçalves, responsável pela defesa do fazendeiro, diz que está na propriedade acompanhando o transporte dos animais. “Se não fosse a burocracia imposta, conseguiríamos retirar de forma mais eficiente”, afirmou.

O MPF-PA disse que não iria comentar, pois o caso corre em sigilo. Já o ICMBio não respondeu.

Imagens da Fazenda Ferradura, onde o pecuarista Rodrigo da Cruz Pereira criava milhares de animais dentro de uma área que deveria ser de mata preservada. A propriedade fica a apenas 15 km da Fazenda Arara Azul, fora da Flona do Jamanxim, de onde o fazendeiro vendia animais para frigoríficos. Fato levanta suspeita para ‘lavagem de gado’ (Foto: Reprodução)

Apreensão de animais é mais eficiente que multas e embargos

A apreensão de animais criados ilegalmente em áreas de conservação é considerada uma das medidas mais eficazes para coibir crimes ambientais na Amazônia. Segundo o ‘Protocolo para Retirada de Gado de Áreas Protegidas’, do ICMBio, as multas e os embargos não têm surtido o efeito necessário.

De acordo com o documento, as multas aplicadas por desmatamento raramente são pagas e não costumam atingir seu objetivo. “A apreensão do gado criado ilegalmente nas áreas desmatadas e a retirada de estruturas ligadas a essa atividade tendem a reverter ambas as deficiências, já que promovem uma invariável descapitalização do infrator e, automaticamente, permitem a recuperação ambiental do local”, diz o texto.

O MPF-PA, no documento em que recomenda a operação na Flona do Jamanxim, alerta que há ‘indícios de um esquema de ‘lavagem de gado” na região. O protocolo do ICMBio também alerta para essa suspeita, na qual bois com origem em áreas irregulares são transferidos para locais sem qualquer ilegalidade – e assim misturados com animais criados de forma regular, dificultando o monitoramento.

De acordo com a Procuradoria, esses animais criados ilegalmente em áreas de preservação costumam sujar toda a cadeia de produção de carne, pois acabam vendidos de forma indireta para frigoríficos, que posteriormente vendem a carne para supermercados.

A Repórter Brasil teve acesso a imagens feitas na Fazenda Ferradura que mostram brincos de identificação de animais com o nome de outra propriedade fora da Flona do Jamanxim. É a Fazenda Arara Azul, a apenas 15 quilômetros da área embargada, e apontada como origem de centenas de animais vendidos por Rodrigo da Cruz Pereira, entre 2018 e 2022, segundo dados de trânsito animal obtidos pela reportagem. 

“Não vejo qualquer indício de ‘lavagem de gado’. Estamos tratando de trabalhadores rurais que estão na região desde a década de 80 e só fazem trabalhar. O único fato que envolve tais personagens, é o fato de serem familiares e atuarem no mesmo ramo de atividade, inexistindo crime”, respondeu Pedro Henrique Gonçalves,  advogado de Pereira, após ser questionado sobre os brincos da Fazenda Arara Azul encontrados dentro da unidade de conservação.

A Procuradoria alega também que há risco sanitário na criação de animais em áreas embargadas e sem registro, situação que não permite o controle e monitoramento adequado dos animais.

Santuário verde cobiçado pelo agronegócio

A Flona do Jamanxim é uma área de 1,3 milhão de hectares situada às margens da BR-163 e cobiçada pelo agronegócio. A rodovia é conhecida como estrada da soja e conecta a zona graneleira do norte do Mato Grosso aos portos exportadores no rio Tapajós. Poucos quilômetros dali está o Parque Nacional do Jamanxim, que está no centro de uma disputa judicial no Supremo Tribunal Federal envolvendo a construção da Ferrogrão – conhecida como ‘ferrovia da soja’.

Segundo o MPF-PA, a Flona do Jamanxim historicamente figura “como a unidade de conservação federal mais desmatada do país”. Desde 2006, quando foi criada, até 2022, quase 10% da floresta foram destruídos e convertidos em pasto para criação ilegal de gado. 

A Flona do Jamanxim se tornou uma das áreas prioritárias de atuação do ICMBio neste ano, com foco na retirada dos animais. Essa ação se tornou mais frequente nas unidades de conservação da região. Em 2023, mais de 3.000 cabeças foram removidas da Reserva Biológica Nascentes da Serra do Cachimbo, segundo o MPF-PA. Tal operação resultou na destinação de mais de 4.200 hectares para recuperação ambiental, além de multas superiores a R$ 24 milhões. 

Na Flona do Jamanxim, só é permitida a exploração sustentável por ribeirinhos e extrativistas, além de atividades de pesquisa. Fazendeiros, porém, alegam que ocupavam a área antes de a reserva ser criada, mas que não receberam indenizações da União para deixarem o local.

Fazenda Ferradura está localizada muito próxima dos limites da Flona do Jamanxim (Poliana Dallabrida/dados de Google Satellite, CNFP e Qgis de maio de 2024)

No pedido ao TRF1, os advogados de Rodrigo da Cruz Pereira alegam que o pecuarista não é dono da área, mas sim um ‘terceiro de boa-fé’, que arrenda o imóvel desde 2018 e não tem ‘conhecimento acerca de possíveis ilegalidades’. Alega também que o dono do imóvel o possui desde 2002.

“Naquela região existem pessoas que estão há décadas em seus imóveis, muito antes da criação da Flona, e o gado ali existente é fruto de uma vida toda“, dizem os advogados.

Em sua decisão, o desembargador Eduardo Filipe Alves Martins entendeu que o pecuarista não teve acesso “ao auto de infração, ao relatório de fiscalização e ao processo administrativo que deu origem à notificação de retirada de gado de sua propriedade/posse, não podendo exercer o contraditório e a ampla defesa”.

“No arrendamento temporário de pastagens, não é usual se verificar a regularidade do imóvel cujos pastos são arrendados, bastando o conhecimento e a concordância de quem se apresenta como seu legítimo possuidor. E não consta, ao menos neste momento processual, que o agravante teria conhecimento de tais embaraços por outros meios”, diz o desembargador.

No entanto, segundo a fonte ligada à investigação, a presença dos brincos da Arara Azul em área situada dentro da Flona é um indício de que o fazendeiro tinha conhecimento de que criava gado ilegalmente em uma unidade de conservação.

O MPF-PA alerta em sua recomendação que “ninguém poderia manter atividades de pecuária em áreas ilegalmente desmatadas no interior da Flona Jamanxim e que isso, por si só, já ensejaria todas as medidas administrativas e criminais previstas em lei”.

Versão anterior desta reportagem informava, erroneamente, que a Flona do Jamanxim está no centro de uma disputa judicial no STF envolvendo a Ferrogrão. Porém, é o Parque Nacional do Jamanxim que é objeto da ação no Supremo. O texto foi corrigido em 27 de maio de 2024.

*O conteúdo foi originalmente publicado no Repórter Brasil, escrito por Isabel Harari e Diego Junqueira, com edição de Juliano Barros

Peixe da Amazônia se mostra sensível ao calor intenso

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Nativo da Amazônia e consumido em todo o país, o tambaqui (Colossoma macropomum) se mostrou sensível a agrotóxicos encontrados nos rios da Região Norte. Os efeitos se agravam – e as defesas do organismo contra contaminação caem ainda mais – quando os pesticidas agem sob temperaturas mais elevadas que as atuais, como previsto pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) submeteram 36 tambaquis jovens, com 35 gramas e 10 centímetros em média, divididos em três grupos, a condições experimentais por 96 horas.

Depois, avaliaram os efeitos da mistura de quatro agrotóxicos (os inseticidas clorpirifós e malation, o fungicida carbendazim e o herbicida atrazina) sob as condições ambientais atuais e as previstas para 2100 (com aumento de 5 graus Celsius e de 700 partes por milhão de CO2) sobre sangue, brânquias, fígado, cérebro e músculos. 

Os pesticidas causaram danos mesmo em baixas concentrações. Quanto maior o calor, mais intensas são as alterações nas enzimas antioxidantes, no DNA e no fígado, reduzindo a capacidade de se ajustar às mudanças climáticas.

Conclusão: a combinação de estímulos externos poderia comprometer a sobrevivência da espécie. Após a tilápia (Oreochromis niloticus, uma espécie exótica), o tambaqui é a segunda espécie de peixe mais cultivada no país, principalmente em Rondônia, Maranhão e Roraima. Tem em média 70 cm de comprimento e pode pesar até 30 quilos (Science of The Total Environment, abril).

*O conteúdo foi originalmente publicado por Pesquisa FAPESP