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Jogo promove resgate do conhecimento astronômico da etnia Tupinambá, no Maranhão

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No cruzamento entre ciência, cultura e entretenimento, um grupo de estudantes criou jogo de cartas que diverte e também educa, tendo como foco o conhecimento em etnoastronomia dos Tupinambás do Maranhão. Intitulado de ‘Ayrumã’, o projeto da empresa Crafteca Studio foi pensado pelo estudante de Física da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Hérisson Chaves Ribeiro. O jogo tem como objetivo principal resgatar e difundir os conhecimentos ancestrais que esta etnia utilizava para interpretar o céu e suas influências no cotidiano.

Concretizado com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA), por meio do editais Centelha e Economia Criativa, a proposta do grupo é disseminar o jogo para todo o Brasil.

Foto: Laércio Marques

A ideia de criar o jogo nasceu a partir de uma palestra na UFMA, quando foi discutido o profundo entendimento dos Tupinambás sobre os corpos celestes.

‘Ayrumã’ utiliza a mecânica de vazas, popular em jogos de cartas e tabuleiro, onde cada jogador contribui com cartas para formar uma vaza, competindo para ganhar pontos conforme as regras do jogo, que se assemelha ao truco. O objetivo é educar sobre a etnoastronomia tupinambá de maneira lúdica, tanto dentro quanto fora das escolas, como destaca o criador.

O projeto de Hérisson Chaves se mostra inovador ao unir cultura e educação com a proposta de um jogo de tabuleiro, inspirado em conhecimentos indígenas. “Nosso jogo ensina, diverte e preserva a cultura indígena, promovendo sua história e fortalecendo o conhecimento da identidade desta população”, diz Hérisson Chaves.

Foto: Laércio Marques

O histórico desse conhecimento tupinambá data 1612, quando o padre Claude D’Abeville, em suas observações, registrou a rica cosmologia desses indígenas, que contrastava com as visões científicas eurocêntricas da época. Enquanto na Europa se debatia o geocentrismo, os tupinambás já compreendiam aspectos do heliocentrismo, mostrando uma avançada percepção do cosmos.

Muitos conceitos usados pelos povos originários iam contra as teorias científicas da época. Como exemplo, o fenômeno das marés, que Galileu Galilei atribuía à translação da Terra; e os tupinambás entendiam como resultado da interação com a lua. D’Abeville menciona que os tupinambás dominavam cerca de 30 constelações. Esses conhecimentos dos povos nativos do Maranhão iam de encontro ao geocentrismo defendido pela Igreja Católica na Europa, evidenciando a compreensão tupinambá do heliocentrismo como descrição precisa do cosmos.

O criador do projeto enfatizou a importância do apoio da Fapema, no desenvolvimento do jogo, que incluiu estudos sobre a história da etnia, consultorias especializadas e vários testes de recepção do produto.

“Foi essencial, pois permitiu viabilizar diversas etapas fundamentais para o desenvolvimento do projeto. Com o suporte da Fapema, conseguimos financiar a pesquisa e o desenvolvimento do jogo. Isso incluiu a realização de estudos de campo, a coleta de dados, consultorias especialistas e a elaboração do conteúdo educacional. Sou muito grato à Fapema por viabilizar esse projeto”, ressaltou.

A ideia também foi reconhecida na edição deste ano do 47º Festival Guarnicê, vencendo a categoria Voto Popular.

Projetos futuros

Para avançar na distribuição do jogo, o grupo vai concluir o desenvolvimento do módulo educacional do produto e elaborar um modelo de negócios direcionado às escolas. Segundo o criador, testes realizados em uma unidade escolar constatou que o jogo foi bem recebido pelos alunos, contribuindo no desenvolvimento das regras.

Está em planejamento, o lançamento de uma versão digital do jogo, para facilitar o acesso às amplas possibilidades de abordagem da temática etnoastronômica dos tupinambás. Esta adaptação digital permitirá explorar, de maneira mais dinâmica e interativa, os conteúdos educacionais relacionados à cultura indígena, proporcionando uma experiência mais imersiva e acessível para estudantes e educadores.

Além disso, há uma parceria com uma luderia local, para comercializar o jogo e será lançada uma campanha de financiamento coletivo para expandir a distribuição do jogo pelo Brasil, que somará no aumentar da popularidade e no alcance de um público diversificado. “Acreditamos que o jogo representa uma ferramenta valiosa para promover o interesse pela diversidade cultural e pelo conhecimento deste povo indígena”, evidencia Hérisson Chaves”.

*Com informações de Fapema

Modo tradicional de ocupação garante futuro sustentável na Amazônia, aponta estudo

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Ainda na infância, aprendemos a cuidar da natureza para preservar o meio ambiente. Estudamos o tema na escola, ouvimos nossos pais falando a respeito e assistimos a filmes sobre o assunto. ‘Wall-E‘ mostra que, se não cuidarmos do planeta, ele ficará inabitável. Em ‘O Lorax‘ aprendemos a importância da natureza para os seres humanos, enquanto ‘Os Sem-Floresta‘, figurinha repetida no horário da tarde nos canais da TV aberta, retrata a expansão da área urbana e a degradação ambiental.

Mas, na idade adulta, percebe-se que a vida não é tão simples assim e que os problemas ambientais nas áreas urbanas no Brasil surgiram ainda na época que o país era colônia da Coroa portuguesa. Após algumas centenas de anos, a onda de colonização da Amazônia, incentivada pelo governo brasileiro, causou desmatamento e mudanças no uso da terra. Esses processos ignoraram a adaptação milenar da população nativa ao bioma, baseando-se em referências externas.

Dessa forma, as ações do passado impactaram diretamente o presente. Assim como nos filmes, tais ações afetaram os modelos de urbanização, o meio ambiente e, especialmente, a população amazônica. As cidades, vilas e comunidades sofrem com a crise climática, o que tem demandado uma revisão completa de paradigmas. Mas, se a sociobiodiversidade for ativada, será possível imaginar novas possibilidades e soluções, além de descobrir que o paradoxo entre urbanização e conservação de rios e florestas pode ser falso.

O projeto ‘Caracterização do Periurbano Estendido Amazônico: contribuições de espaços que resistem e preservam a floresta para o enfrentamento da crise ecológica da urbanização‘ busca trazer olhares múltiplos, que convergem para a compreensão de que a Amazônia é um território que sempre foi povoado, apesar de, por muito tempo, ter sido visto como a terra a ser conquistada e explorada.

O projeto é coordenado pela professora Ana Cláudia Cardoso (FAU/ITEC) e conta com a participação de estudantes e pesquisadores(as) vinculados(as) à UFPA e à Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), e colaboração de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

As estratégias para combater o racismo ambiental

Um dos termos tratados pelo projeto é o racismo ambiental institucionalizado, uma vez que políticas públicas ignoram os conhecimentos e as necessidades das populações locais da Amazônia, impondo soluções que beneficiam empreendimentos externos. Assim, comunidades indígenas e tradicionais são frequentemente afetadas por políticas e práticas ambientais excludentes, que desvalorizam seus conhecimentos e modos de vida, reforçando desigualdades e privando essas populações dos processos de decisão.

Como podemos evitar que isso ocorra? A sociobiodiversidade é uma solução. O projeto coordenado pela professora Ana Cláudia Cardoso tem como pilar principal fortalecer e destacar a sociobiodiversidade da região por meio da criação de um repertório urbano-natural. Isso significa buscar a valorização e a integração da diversidade social e biológica local, unindo aspectos urbanos e naturais.

O projeto entende a natureza como um meio para promover novos valores em diferentes áreas, sejam técnicas, sociais ou econômicas, reconhecendo-a como base para ações inovadoras e gerando impacto positivo na sociedade.

As cidades na Amazônia estão crescendo rapidamente, pois a terra passou a ser vista como investimento. Mineração, monocultivo e empreendimentos imobiliários invadem áreas onde vivem os povos da floresta e destroem, inclusive, a própria floresta. A expansão das cidades é dirigida para investidores, expulsando a população que habitava e produzia no local e deixando-a vulnerável.

É preciso reconhecer a diversidade do Brasil e encontrar soluções que beneficiem as pessoas, e não apenas os negócios. O projeto tem contribuído com mapas e reflexões sobre como a cidade pode destacar as qualidades da floresta.

Evento é oportunidade para apresentar resultados

Pesquisar sobre o clima e os animais na Amazônia é tão importante quanto conhecer como vivem as pessoas da região. Com esse propósito, o Projeto coordenado pela professora Ana Cláudia Cardoso estará presente na 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o evento que reúne pesquisadores e autoridades de diversas áreas.

“Vamos oferecer minicursos, entre eles o que apresentará o Igarapé Sapucajuba como um laboratório interdisciplinar para a construção de uma nova perspectiva da várzea inserida na cidade. Estaremos com o INPE na SBPC Jovem, em uma exposição que adotará parte do material que já produzimos”, anuncia a professora, “e estaremos no stand do Centro Integrado de Sociodiversidade Amazônica, projeto coordenado pela UFPA, que articula as universidades federais da região Norte em rede, para investigar a Amazônia, a partir dela mesma”.

Para Ana Cláudia Cardoso, as expectativas para o evento e para mostrar o potencial da Universidade estão altas: “espero rever amigos, celebrar o protagonismo na UFPA na organização e mostrar que somos uma Universidade excelente em quesitos que ainda nem são considerados em outros contextos, tais como a inclusão social e o respeito à diferença”.

Sobre a pesquisa: O projeto ‘Caracterização do Periurbano Estendido Amazônico: Contribuições de Espaços que Resistem e Preservam a Floresta para o Enfrentamento da Crise Ecológica da Urbanização‘, coordenado pela professora Ana Cláudia Cardoso (FAU/ITEC), tem feito intensos debates em um processo de troca de ideias que se tornou uma característica do grupo, comparando modelos matemáticos, conceituais e dados empíricos sobre a Amazônia urbana.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Jornal Beira do Rio, da UFPA, edição 171, escrito por Evelyn Ludovina

Antropologia forense é usada no Amazonas para identificar ossadas humanas

Buscar dados suficientes para se chegar à identificação de uma vítima é uma das missões dos peritos do Departamento de Polícia Técnico-Científica (DPTC), órgão vinculado à Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM). No Amazonas, além dos métodos já conhecidos como o odontológico, o necropapiloscópico e o de DNA, a polícia científica utiliza, também, a antropologia forense.

A especialidade tem por objetivo realizar a perícia em ossada humana, utilizando ferramentas que são capazes de identificar a causa da morte, o tempo decorrido, o sexo, a idade, estatura e demais elementos que caracterizem uma determinada pessoa.

A odontolegista do DPTC, Izabella Goetten, explicou que toda ossada que é encontrada, passa por uma série de processos a serem realizados no setor de antropologia, uma delas é a radiografia.

Após a radiografia, o cadáver passa pela identificação do perfil biológico da pessoa, e antropométrica, para avaliar seu gênero, o peso, a altura, entre outros aspectos físicos daquele indivíduo.

“O cadáver é processado para ser analisado, após esse processamento, nós analisamos osso por osso para tentar traçar um perfil biológico. O perfil biológico é composto pelo sexo, idade, estatura, ancestralidade, e após isso, conseguimos afunilar um possível dado suposto para jogar no banco de dados de desaparecidos e conseguir encontrar identificar a pessoa”, ressaltou a odontolegista.

Casos solucionados

Foi por meio deste método que as equipes do DPTC conseguiram identificar que uma ossada encaminhada ao IML, em fevereiro deste ano, era compatível com a de um homem de 26 anos, que estava desaparecido há alguns meses. A vítima foi identificada após os peritos notarem placas ortopédicas no cadáver.

“No mês de fevereiro deu entrada no IML, um cadáver no processo de semi-esqueletização, ou seja, em um avançado estado. E, durante o processo da radiografia, nós verificamos que ele tinha vários traumas que provavelmente tenham sido cometidos ainda em vida, e também notamos que tinha realizado alguns procedimentos cirúrgicos ortopédicos, porque ele apresentava placas em alguns ossos do corpo dele”, disse a perita.

Após uma análise minuciosa da equipe, os profissionais localizaram a partir do número de protocolo das placas, o local em que homem fez as cirurgias e o nome dos familiares.

Apoio às famílias

Fotos: Carlos Soares/SSP-AM

Izabella ressalta a importância que a antropologia forense e o serviço de psicossocial proporcionam às famílias de maneira humanitária, na identificação do cadáver e entrega para realizarem o sepultamento.

“Toda vez que chegam familiares à procura de um ente desaparecido, eles são direcionados ao psicossocial do IML, onde eles conversam, entendem a situação, preenchem um formulário onde constam algumas informações, esses dados são fundamentais para a nossa análise, durante a comparação”, ressaltou.

*Com informações da Agência Amazonas

8 curiosidades sobre Boa Vista que você precisa conhecer  

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A capital do Estado de Roraima, Boa Vista, completa 134 anos no dia 9 de julho neste ano. Durante todos esses anos, muitos fatos históricos, culturais, ambientais, políticos e até mesmo inusitados marcaram esses mais de um século de existência do município.

A cidade tem uma arquitetura moderna e é um destino escolhido por viajantes que buscam explorar a Amazônia, conhecer culturas indígenas e desfrutar de uma cidade que oferece tanto tranquilidade quanto abre portas para a aventura.

O Portal Amazônia reuniu uma série de informações curiosas sobre Boa Vista que você precisa conhecer:

Foto: Divulgação/Semuc

1. Durante grandes eventos no segundo semestre, os campos de girassóis são a sensação das redes sociais.

2. Quem preza pelo contato com a natureza deve uma visita ao Bosque dos Papagaios.

3. O maior arraial da Amazônia, o Boa Vista Junina, é uma das grandes atrações que movimentam o turismo na capital roraimense.

Tradicional prato típico em Roraima, paçoca de carne seca e farinha amarela começou a ser preparada no dia 5 de junho e será distribuída gratuitamente na sexta-feira 7 no arraial Boa Vista Junina, em Boa Vista. A meta é colocar a iguaria no Guinness, o livro dos recordes.
Foto: Yara Ramalho/g1 Roraima

4. E por falar em Boa Vista Junina, é nesse evento que se produz a maior paçoca de carne do mundo. E agora com o selo oficial de recorde mundial.

5. O carro usado como primeiro táxi de Boa Vista, em 1966, foi fabricado no Brasil: um Aero Willys azul. A história é tão famosa que até uma pizzaria faz homenagem ao icônico automóvel.

6. Você já ouvir falar na Petita Brasil? Ela é uma importante figura e se refere a si mesma como “guardiã da história da cidade”.

7. O mirante Edileusa Lóz é uma das grandes atrações turísticas da capital. Possui 120 metros de altura e a equipe do Portal Amazônia já até deu uma passadinha lá. Quem lembra?

8.Quer conhecer mais? O Portal Amazônia apresenta ainda curiosidades mais marcantes da aniversariante do dia!

Terra Indígena Yanomami tem segurança reforçada com nova sede da Força Nacional 

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A Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) conta a partir de agora com uma nova sede no estado de Roraima, instalada na capital Boa Vista. Composta por policiais militares, civis, bombeiros militares e peritos dos estados e do Distrito Federal, a FNSP atua na preservação da ordem pública, segurança das pessoas e patrimônio, além de calamidades.

Em Roraima, desempenha um papel crucial na contenção do acesso de produtos para o garimpo, atuando diretamente na Terra Indígena Yanomami, além de contribuir com a segurança no estado de modo geral.

Desde 8 de fevereiro de 2024, a Força Nacional está em Roraima para reforçar a segurança na Terra Indígena Yanomami, onde a presença de garimpeiros ilegais tem gerado conflitos e ameaças à comunidade indígena. Os agentes da Força Nacional atuam diretamente dentro da Terra Indígena Yanomami, garantindo a proteção das comunidades locais e combatendo a exploração ilegal de recursos.

Foto: Reprodução/Casa Civil

A nova sede representa um avanço na estrutura de apoio aos agentes, permitindo uma resposta mais rápida e eficaz às demandas de segurança da região. O governador de Roraima, Antonio Denarium, assinou, no dia 2 de julho, o termo de cessão de imóvel.

A cerimônia, realizada no Palácio Senador Hélio Campos, contou com a presença de Cleide de Souza, representante da Casa de Governo, além de agentes da Força Nacional e autoridades locais. Este evento marca um passo significativo na operação da Força Nacional, que atualmente conta com um efetivo de 300 policiais no estado.

*Com informações da Casa Civil

Tarde cultural em Macapá faz parte do projeto ‘Verão na Rede’

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Macapá (AP) recebe um evento especial nos dias 10 e 11 de julho: a Tarde Cultural do “Verão na Rede”. Realizado em parceria com o Instituto Acolher Macapá e OELA, o evento ocorre na sede das instituições e promete uma tarde repleta de música, teatro e celebração da cultura amapaense.

“A Tarde Cultural foi planejada com o objetivo de democratizar o acesso à cultura para as crianças e adolescentes atendidos pelo instituto. Este evento será uma oportunidade única para os jovens se envolverem em atividades culturais enriquecedoras, promovendo o desenvolvimento social e cultural de forma divertida e acessível”, destacou o especialista em projetos da Fundação Rede Amazônica, Matheus Aquino.

Na programação constam apresentações de música e teatro, com destaque para o talento e a diversidade cultural da região. Além disso, para refrescar o calor do verão amazônico, haverá distribuição de picolés e um lanche especial para os presentes.

“Este evento é voltado exclusivamente para as crianças e adolescentes atendidos pelas instituições, garantindo um ambiente seguro, acolhedor e divertido para todos esses jovens”, destacou Aquino.

Verão na Rede

O projeto Verão na Rede é uma iniciativa da Fundação Rede Amazônica (FRAM) que visa promover a cultura, a arte, o entretenimento e o turismo em Macapá (AP).

Além de valorizar artistas regionais, também enfatiza a importância da preservação ambiental e da sustentabilidade, promovendo conscientização e educação ambiental entre os participantes e a comunidade local.

O projeto conta com apoio da GEAP Saúde e da Prefeitura de Macapá, que realiza paralelamente o ‘Macapá Verão’, que consiste em uma série de eventos culturais e atividades ao ar livre, proporcionando momentos de lazer e integração comunitária.

Tecnologia desenvolvida pela Fiocruz Amazônia se torna política pública para controle do Aedes no Brasil

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O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, emitiu a nota técnica informativa Nº 25/2024-CGARB/DEDT/SVSA/MS no último dia 27/06, em que oficializa a utilização das Estações Disseminadores de Larvicidas tecnologia desenvolvida pelo Núcleo de Patógenos, Reservatórios e Vetores na Amazônia (PReV Amazônia), do Laboratório Ecologia de Doenças Transmissíveis na Amazônia (EDTA), da Fiocruz Amazônia – como estratégia nacional para o controle do Aedes aegypti e Aedes albopictus, vetores da dengue e outras arboviroses, em áreas estratificadas de risco de cidades de todo o País.

A medida visa expandir a tecnologia das EDLs, com o acompanhamento do Ministério da Saúde e apoio técnico da Fiocruz, a partir dos resultados dos estudos coordenados pelo Núcleo Prev Amazônia, com apoio do Ministério da Saúde e a oficina de Representação da OPAS no Brasil.

As Estações DIsseminadoras utilizam a fêmea do mosquito como aliada na dispersão de larvicida, capaz de impedir a proliferação dos focos do transmissor da dengue, Zika e chikungunya. O objetivo do Ministério da Saúde é replicar em nível nacional a tecnologia, que utiliza água em um pote plástico de dois litros recoberto por um tecido sintético impregnado de larvicida.

A armadilha atrai as fêmeas do Aedes aegypti para colocar ovos e ao pousar elas se impregnam com o larvicida presente nas estações. Essas fêmeas, impregnadas com larvicida, ao visitarem outros criadouros acabam contaminando outros recipientes com o inseticida, que impede o desenvolvimento das larvas e pupas, reduzindo a infestação e, por conseguinte, o avanço da doença.

A nota explica ainda que a reunião possibilitou a publicação do Boletim Epidemiológico Volume 47, Nº 15. Foto: Reprodução/Fiocruz Amazônia

A estratégia já foi testada e aprovada com resultados comprovados em 14 cidades brasileiras, de diferentes regiões do País. A nota técnica explica que o Ministério da Saúde tem fomentado e acompanhado o desenvolvimento de novas estratégias para vigilância entomológica e controle de Aedes aegypti.

“Em 2016, com a declaração de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional em decorrência da epidemia por Zika, foi realizada a Reunião Internacional para Implementação de alternativas para o Controle do Aedes aegypti no Brasil,realizada em fevereiro de 2016, com a participação do Governo Federal, instituições de referência nacionais e internacionais e pesquisadores”, relata o documento.

A nota explica ainda que a reunião possibilitou a publicação do Boletim Epidemiológico Volume 47, Nº 15, que recomendou a avaliação de novas tecnologias de controle de vetores, dentre elas as EDLs. “No Brasil, estudos realizados com o financiamento do MS entre 2016 e 2022, pelo Instituto Leônidas e Maria Deane – Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-Amazônia), testaram com sucesso a disseminação de piriproxifeno (PPF) em ambientes de laboratório e em áreas abertas de extensão reduzida, onde se demonstrou que a eficácia da estratégia é adequada na escala de ‘bairro’ e de municípios. A partir desses resultados, as EDLs passaram a incorporar o rol de metodologias recomendadas pelo Ministério da Saúde, conforme apresenta a Nota Informativa N° 37/2023CGARB/DEDT/SVSA/MS (0037799369)”.

Contextualização

A Coordenação-Geral de Vigilância de Arboviroes – CGARB, do Departamento de DoençasTransmissíveis – DEDT, da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente – SVSA, informa que, com o apoio técnico da Fiocruz, iniciará a expansão da tecnologia de controle populacional  de Aedes com a realização de um ensaio pragmático utilizando a auto disseminação de larvicida em áreas de risco no Brasil. Neste primeiro momento, será implementada em 15 cidades.

Nas EDLs, as micropartículas do larvicida em pó aderem-se ao corpo do mosquito. Como as fêmeas de Aedes spp. visitam muitos criadouros para colocar poucos ovos em cada um, elas disseminam o larvicida para esses criadouros, em um raio aproximado que pode variar entre 3 e 400 metros.

Quando as fêmeas pousam nos reservatórios para realizar a postura de ovos, ocorre a contaminação da água por meio das partículas dos inseticidas deixadas pelas fêmeas. Desta forma, a água dos criadouros passa a ter o potencial de interferir no desenvolvimento das larvas que, dependendo da concentração do larvicida que houver no criadouro, não alcançarão a fase adulta.

Fiocruz Amazônia

Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia). Foto: Reprodução/Fiocruz Amazônia

O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) é a unidade técnico-científica da Fundação Oswaldo Cruz no Amazonas.  Sediado em Manaus, sua missão é contribuir para a melhoria das condições de vida e saúde das populações amazônicas e para o desenvolvimento científico e tecnológico regional e do País, integrando a pesquisa, a educação e ações de saúde pública.

Para o desenvolvimento de suas ações conta com instituições parceiras que apoiam projetos de caráter multidisciplinar e interinstitucional, gerando conhecimentos essenciais para a criação de políticas públicas, que contribuam para a melhoria da qualidade de vida da sociedade.

*Com informações da Fiocruz Amazônia

Boo, peixe-boi da Amazônia fêmea mais antigo do Inpa faz 50 anos

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Boo e filhote. Foto: Anselmo d’Affonseca/AMPA

O Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e a Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa) celebram, neste 9 de julho, o aniversário do peixe-boi fêmea mais antigo do Inpa. Boo completa 50 anos. Ela é uma das primeiras da espécie (Trichechus inunguis) que chegaram ao instituto.

Ela foi levada para o Instituto ainda filhote, com 116cm e 26kg, e cerca de um mês de vida, no dia 9 de julho de 1974, pela primeira pesquisadora do LMA, Diana Magor.

Foto: Anselmo d’Affonseca/AMPA

Além de contribuir para os estudos de avaliação de saúde do plantel de peixe-boi sob cuidados humanos no INPA Boo também participou de algumas pesquisas científicas, como sobre a compreensão da fisiologia da espécie, de parâmetros vitais básicos, reprodutivos e estudos sobre a comunicação (bioacústica), dentre outros.

Reprodução

A primeira reprodução de peixe-boi da Amazônia em cativeiro foi com a Boo e o Tupy, peixe-boi também resgatado e reabilitado no LMA. O nascimento do Erê, foi considerado um marco no avanço da pesquisa científica e permitiu maior compreensão sobre os aspectos fisiológicos e nutricionais da espécie.

“Esse acontecimento foi essencial, pois os pesquisadores começaram a entender melhor as características nutricionais e conseguir resultados positivos na melhora nutricional dos peixes-boi, dos animais em cativeiro”, comenta o presidente da Ampa, o veterinário Rodrigo Amaral.

Foto: Anselmo d’Affonseca/AMPA

Amaral acrescenta que a contribuição se estende às pesquisas sobre comportamento do filhote ao nascimento, a relação com a mãe, e sobre as necessidades durante a amamentação, entre outros aspectos. “São conhecimentos importantes para a reabilitação e a manutenção dos filhotes órfãos resgatados pelo Inpa”, explica Amaral.

Ao longo dos anos, Boo também amamentou dois filhotes de peixes-bois que foram resgatados. “A Boo é daquelas mãezonas, cuidou dos seus filhotes e também adotou outros que chegaram resgatados”, concluiu o veterinário. Um dos filhotes resgatados adotados pela Boo foi o Tapajós, que se encontra hoje no Aquário de São Paulo.

Peixe-boi da Amazônia

O peixe-boi da Amazônia é a menor espécie de peixe-boi do mundo, chegando a até 3 metros de comprimento e 450 kg de peso. É um mamífero aquático endêmico da Amazônia, ou seja, essa espécie é exclusiva dos rios da Bacia Amazônica.

Foi maciçamente explorado no passado, mas ainda ocorre na maior parte de sua distribuição original, desde o Peru, Colômbia, Equador até a foz do rio Amazonas no Brasil.

É um animal herbívoro, alimenta-se de grande variedade de plantas aquáticas e semi-aquáticas, e consome cerca de 8% de seu peso vivo em alimento por dia.

A espécie contribui para a ciclagem de nutrientes nos rios e controle de plantas aquáticas nos lagos, que dificultaria a entrada de luz solar nos rios e até mesmo o transporte de pequenas embarcações.

*Com informações da AMPA/INPA

Atividade de alto risco: impactos da exploração de petróleo são imprevisíveis na Amazônia

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Foto: Oton Barros/DPI-INPE

Quando se discute o papel da Amazônia e a sua relevância para a regulação do clima global, não é incomum que as atenções se voltem para a floresta continental. Porém, quando se detém a mais longa área contínua de manguezal do mundo, não se pode ignorar o papel fundamental que a região costeira amazônica e as áreas de mangue possuem no contexto das discussões climáticas.

O oceanógrafo, doutor em Geologia Costeira e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Nils Edvin Asp Neto, lembra que na natureza não existe essa divisão rígida entre o que é a área continental e o que é a região marinha. Pelo contrário, o que se vê é uma transição em que tudo está interligado, fazendo com que aquilo que ocorre na Floresta Amazônica, por exemplo, impacte também o ambiente costeiro marinho adjacente.

O próprio gigantismo que caracteriza não apenas a região amazônica como um todo, mas o próprio rio Amazonas, dá a dimensão do papel do bioma para a questão climática. Maior rio do mundo, o Amazonas pode representar até 20% da água doce que é descarregada no oceano. Junto com essa quantidade de água, são levados matéria orgânica dissolvida e sedimento inorgânico particulado.

“O manguezal é um grande sequestrador de carbono, inclusive, retendo parte da matéria orgânica (o carbono) e também do sedimento inorgânico que o Amazonas está jogando no mar. E o manguezal tem uma taxa de retenção de carbono por área que é de duas a quatro vezes maior do que a floresta continental amazônica. Então, o mangue é muito mais eficiente em reter carbono, por exemplo”, exemplifica Nils.

Mangue é o berçário da biodiversidade marinha

No caso específico da região amazônica, a combinação da existência do manguezal com o rio Amazonas possibilita que esse carbono excedente chegue até o ambiente costeiro marinho, condição em que o mangue, em associação à floresta, ajuda a reter essa matéria orgânica e esses nutrientes.

“Além desse papel, que é importante para o clima, o mangue tem o papel de berçário, de grande elo dessa biodiversidade marinha costeira. Então, a nossa região é uma região pesqueira muito importante, mas, se não fosse essa combinação do rio Amazonas, do manguezal e de recifes mesofóticos que ocorrem na parte mais externa da margem continental, não haveria essa produtividade. É uma combinação de fatores e, se uma parte desse sistema não funcionar, o sistema inteiro pode colapsar”, considera o professor Nils Asp.

Diante da importância e da complexidade do sistema, deve-se considerar que qualquer ação ou utilização dessa área e dos seus recursos, inclusive os pesqueiros, precisa ser muito bem planejada e discutida. Um aspecto positivo destacado pelo oceanógrafo é que a costa de manguezais, existente no litoral entre os estados do Maranhão e do Pará, apresenta um bom status de proteção em decorrência das Reservas Extrativistas (Resex), pois as comunidades tradicionais que nelas habitam colaboram significativamente para a sua preservação. Mas há que se considerar que riscos podem surgir, já que, como se trata de um sistema interligado, eles podem afetar externamente essa área que estaria protegida.

Entre os eventuais impactos que estão em pauta, está a possibilidade de exploração de petróleo na região da bacia da foz do Amazonas. Para o professor Nils Edvin Asp Neto, a grande questão está no fato de ainda não se ter uma compreensão clara do possível impacto que poderia ser ocasionado, caso houvesse algum acidente durante a exploração do recurso, por exemplo.

Ainda é difícil prever consequências em caso de acidente

Diante desse cenário, Nils Asp considera difícil discutir os impactos de um eventual acidente com a exploração de óleo e gás, porque o nível de conhecimento da região hoje não permite dimensionar o tamanho desse impacto ou garantir que o óleo não chegará até a costa, por exemplo.

Considerando, ainda, outros aspectos da discussão, Nils Asp avalia que também não se pode ignorar a necessidade urgente de se reduzirem o uso de combustíveis fósseis e as emissões de carbono, ao mesmo tempo que há uma discussão socioeconômica por trás do tema. “Essa discussão é mais profunda porque não é só como um eventual acidente poderia afetar a região, mas como a abertura de uma nova fronteira de óleo e gás atrasaria uma transição energética que é urgente”, avalia. “E também existe a discussão econômica. Muitas vezes, a preservação e a conservação dessas áreas têm um custo socioeconômico. Precisamos avançar nas políticas e nos mecanismos de compensação financeira em relação a isso”, afirma.

Para o professor, esta é uma discussão central, pois, dentro do modelo econômico vigente, a exploração de um recurso mineral importante como o petróleo traria recursos financeiros para o país e, especialmente, para a região amazônica.

“Nós somos pressionados internacionalmente para não abrir essa nova fronteira de exploração de óleo e gás, mas quem vai compensar financeiramente a região pela não utilização desse recurso? Esse debate precisa evoluir. Hoje os mecanismos de compensação de crédito de carbono ainda são precários. Esse ponto vai emergir durante a SBPC e, principalmente, na COP 30”, considera Nils Asp.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Jornal Beira do Rio, da UFPA, edição 171, escrito por Cíntia Magno

Inspirada em ocas indígenas, edificação sustentável é apresentada em Mato Grosso

Com potencial para baratear e simplificar edificações sustentáveis, pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) estão testando um protótipo de habitação feita com peças modulares de madeira em formato ogival, inspirado nas ocas indígenas. Uma apresentação do modelo foi realizada no dia 8 de julho, em frente ao Centro Olímpico de Treinamento.

O formato ogival foi desenvolvido pelo grupo de pesquisa ‘Tecnoindia’, a partir de estudos sobre habitações tradicionais indígenas. Este desenho foi utilizado de forma comercial em concreto e aço, como no caso do Centro Sebrae de Sustentabilidade, em Cuiabá, mas a sua construção a partir de módulos de madeira “pré moldados” representa uma nova etapa da pesquisa.

Modelo em escala, feito de plástico. Foto: William Gomes

Para o pesquisador, além da possibilidade de uma construção sustentável de fácil utilização, incluindo a possibilidade de ser utilizada como habitações de emergência, a tecnologia representa uma valorização do conhecimento indígena. “Estamos avaliando os custos ainda, mas a princípio está ficando em um valor bem acessível”, completou.

O reitor da UFMT, professor Evandro Soares da Silva, que acompanhou a demonstração, parabenizou a conquista dos responsáveis, incluindo o professor Roberto Dalmázio.

“Essa é mais uma pesquisa da UFMT que atende diretamente uma demanda social, buscando uma solução para que a universidade possa cumprir seu papel como catalisadora do desenvolvimento social”, afirmou.

Sobre os próximos passos para que a tecnologia se torne acessível fora da Academia, o diretor do Escritório de Inovação Tecnológica (EIT), professor Raoni Teixeira, explica que ainda são necessários testes e interesse do setor produtivo.

“O trabalho do EIT é fazer a ponte entre os pesquisadores e o setor produtivo, dando o suporte necessário para a transferência de tecnologia. Neste caso, ainda precisamos entender qual será o melhor material, resolver as características de engenharia, e em seguida avançar na questão de custos, para demonstrar como isso pode ser valioso para a população”, concluiu.

A pesquisa tem apoio do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem), que, para o protótipo, forneceu a madeira e o corte de precisão das tábuas.

*Com informações da UFMT