Home Blog Page 370

INPI reconhece Indicação Geográfica para o queijo de Autazes, no Amazonas

0

Foto: Reprodução/Agência Sebrae AM

O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) publicou, na Revista da Propriedade Industrial (RPI) do dia 10 de setembro de 2024, o reconhecimento da Indicação Geográfica (IG), na espécie Indicação de Procedência (IP), para o município de Autazes, situado na Região Metropolitana de Manaus (AM), conhecido como produtor de queijo

Com esse registro, o Instituto chega a 129 IGs reconhecidas no Brasil, sendo 91 IPs (todas nacionais) e 38 DOs (28 nacionais e 10 estrangeiras).

Segundo a documentação apresentada ao INPI, o município ostenta o título de ‘Cidade do Leite e do Queijo’, devido à sua tradição na produção pecuária e de produtos lácteos.

Habitado desde o século XVIII pelo povo indígena Mura, o município de Autazes teve seu nome originado dos rios Autaz-Açú e Autaz-Mirim. A exploração da região teve início em 1637, através do Rio Madeira, por produtores de cacau e extratores de produtos naturais. A ocupação definitiva ocorreu por volta de 1860.

A partir daí, a atividade leiteira se tornou a principal da economia local, de forma que o município de Autazes possui um rebanho de mais de 70 mil cabeças de gado, manejado por cerca de 1.000 criadores, sendo muitos agricultores familiares.

Queijarias flutuantes

A produção se destaca pelo queijo coalho bovino, elaborado em queijarias flutuantes. Essa é uma adaptação necessária às variações do nível dos rios, que ao longo do ano alagam as planícies e mudam as rotas de transporte de mercadorias.

Atualmente, o município conta com seis fábricas de laticínios, seis queijarias flutuantes e nove queijarias com Serviço de Inspeção Estadual (SIE), com mais 14 em processo de obtenção do selo.

Comprovações

Diversos documentos relacionam o nome geográfico Autazes com a produção de queijos, confirmando que a localidade é conhecida por tal produção – requisito para obter a Indicação de Procedência (IP).

Além disso, no Caderno de Especificações Técnicas, consta que o produto da IP Autazes é o queijo coalho produzido a partir de leite bovino e bubalino, obtido da ordenha do gado criado no próprio município.

Confira a publicação na RPI completa AQUI.

*Com informações do INPI

BioDossel: projeto aponta importância das árvores na manutenção da fauna de insetos

Fotos: Larissa Queiroz/INCT BioDossel

O Projeto BioDossel, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), é o mais recente Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), cujo foco é investigar a diversidade de insetos que habitam as copas das árvores. As pesquisas realizados pelo Projeto apontam para a importância das árvores na manutenção da fauna de insetos, a mais diversa no mundo, e também para a necessidade de se preservar a floresta, uma vez que explora a biodiversidade, ainda pouco conhecida, que habita nas copas das árvores.

Leia também: Biodiversidade de insetos nas copas das árvores na Amazônia surpreende pesquisadores

Conforme o pesquisador do Inpa e coordenador do BioDossel, José Albertino Rafael, o projeto busca responder a seguinte pergunta – quantas espécies de insetos existem em um ponto da floresta? – uma vez que não existe registro do número de espécies que habitam na copa das árvores. “O mais espetacular é a abundância e a riqueza de espécies que a gente está encontrando no dossel da floresta. Para alguns grupos, 60% do que se coleta no dossel não é encontrado no sub bosque”, comenta.

José Albertino aponta que muitos desses indivíduos são de espécies novas e isso representa um mundo desconhecido dessa fauna, algo que tem causado impacto na comunidade científica.

Armadilhas desenvolvidas pela equipe do Inpa

O diferencial do BioDossel é a nova abordagem de métodos de coleta eficientes e padronizados, a exemplo da estratificação vertical das armadilhas, desenvolvida pelo Inpa, que são armadilhas colocadas em diferentes alturas nas árvores utilizando árvores emergentes – aquelas que crescem acima do dossel florestal – Isso associado à nova metodologia do hotshot para extração de DNA desenvolvida pelo Museum für Naturkunde de Berlim, o Centro para a Descoberta Integrativa da Biodiversidade.

O hotshot e o uso do MinION (dispositivo portátil para sequenciamento de DNA) permite o sequenciamento em larga escala do fragmento de DNA barcode, uma sequência específica de DNA que ajuda na delimitação preliminar de espécies e identificações baseadas em dados moleculares. Essas abordagens buscam responder à pergunta central do projeto.

“O nosso grupo conta com cerca de 400 pesquisadores nacionais e estrangeiros envolvidos no projeto, todos vislumbrando a importância de desenvolvimento desse conhecimento para o mundo e para a comunidade de uma maneira geral”, pontua.

*Com informações do Inpa

Restauração biocultural ajuda a mitigar a degradação florestal na Amazônia

0

Foto: Reprodução/Acervo do projeto

A Amazônia passa por um período crítico de aumento da degradação florestal. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), somente em agosto foram 38.266 focos de queimadas, cerca de 120% a mais do que no mesmo período do ano passado. O cenário é de avanço da devastação, porém a ciência aponta que há caminhos para promover a proteção e a restauração do bioma a partir do fortalecimento das comunidades e saberes locais.

Uma proposta da metodologia de restauração florestal biocultural foi elaborada e testada com sucesso em estudo desenvolvido pelo Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em parceria com indígenas de quatro aldeias Tupinambá no oeste do Pará, na Reserva Extrativista (Resex) Tapajós-Arapiuns.

O projeto analisou o efeito de incêndios frequentes em florestas de terra firme e a percepção das comunidades indígenas sobre a degradação a fim de propor uma metodologia de restauração com articulação de conhecimentos científicos e tradicionais. Os resultados reforçam a compreensão dos efeitos em larga escala do fogo. Nas áreas estudadas, a biomassa acima do solo diminuiu 44% nas florestas queimadas uma vez e 71% nas afetadas duas vezes, com perdas de biodiversidade que variam de 37% a 51%.

“Florestas queimadas tornam-se mais vulneráveis a novos incêndios, criando uma espiral de degradação e vulnerabilidade social, com potenciais efeitos devastadores para territórios, comunidades e serviços ecossistêmicos oferecidos pela floresta”, explica Ima Célia Vieira, doutora em Ecologia e pesquisadora do Museu Goeldi, onde coordenou o projeto ‘Recuperação de áreas degradadas por incêndios florestais em comunidades/aldeias indígenas no oeste do Pará’. O resultado alcançado virou capítulo no e-book ‘Avanços no conhecimento sobre monitoramento, ecologia e manejo integrado do fogo – o legado da chamada CNPq-PREVFOGO-Ibama 33/2018’.

A atenção para os povos e comunidades tradicionais da Amazônia se justifica pela vulnerabilidade dessas populações aos impactos da degradação, assim como o protagonismo que elas têm mostrado na defesa dos territórios e da biodiversidade. Dados do MapBiomas revelam que, de 1985 a 2023, as Terras Indígenas (TIs) foram as áreas mais preservadas do Brasil, com perda de apenas 1% de sua vegetação nativa, enquanto nas áreas privadas a redução foi de 28%.

No contexto do projeto, os indígenas Tupinambá das aldeias Muratuba, Juarituba, Mirixituba e Jaca elaboraram um plano de restauração que busca transformar as áreas degradadas em florestas sociais. A abordagem é denominada biocultural, pois combina o manejo da regeneração natural com o enriquecimento da floresta com espécies úteis para as comunidades, fortalecendo a produção local e os múltiplos valores que a floresta oferece.

Alerta para a degradação

O estudo ‘Os motores e impactos da degradação da floresta amazônica’, publicado na revista Science, aponta que a degradação ameaça 38% das florestas remanescentes na Amazônia. É nessas florestas que a restauração biocultural pode ser adotada, sobretudo em territórios coletivos, como é o caso de Tis, territórios quilombolas e Resex.

O avanço do fogo aliado à exploração madeireira ilegal são os principais indicativos da tendência de aumento da degradação florestal, que é caracterizada pela perda de qualidade das florestas remanescentes onde há queda de serviços ecológicos, climáticos, econômicos e sociais.

Por exemplo, as áreas afetadas emitem mais CO2 por ano; liberam um terço a menos de água para a atmosfera, o que dificulta a formação de chuvas; e possuem as maiores perdas de biodiversidade, como demonstra os dados sistematizados neste policy brief produzido por especialistas de diversas instituições científicas, incluindo o Museu Goeldi.

O documento apresenta ainda recomendações para políticas públicas, como a necessidade de monitoramento e divulgação dos números relacionados à degradação, a criação de mecanismos de incentivo à qualidade das florestas em reservas legais, a criação de fundo emergencial para prevenção e combate ao fogo em anos de secas extremas e a incorporação dessa agenda no Plano de Prevenção e Combate ao Desmatamento na Amazônia (PPCDAm).

Um dos objetivos dessas propostas é direcionar esforços para os territórios onde a degradação está mais concentrada. Segundo os estudos, de 2018 a 2022, mais da metade da degradação florestal na região ocorreu em apenas 25 municípios, entre eles: São Félix do Xingu, Altamira, Paragominas, Novo Progresso, Santarém e Santana do Araguaia, no Pará. Além disso, essa atenção às localidades pode ajudar na construção de respostas que levem em conta os impactos em aspectos ambientais e socioeconômicos do problema, como avalia Ima Vieira.

“Os incêndios florestais são prejudiciais aos ecossistemas florestais e às comunidades locais. A passagem do fogo reduz temporariamente a quantidade de biomassa, afeta a composição das espécies e ameaça os meios de subsistência locais, uma vez que queima as áreas de extrativismo”, analisa Ima Vieira, que também assessora a FINEP em temas relacionados à Amazônia.

*Com informações do Museu Goeldi

Artigo apresenta primeira equação para estimar biomassa de florestas no Acre

0

Foto: Reprodução

O professor Willian Flores, do campus Floresta da Universidade Federal do Acre (Ufac), publicou, em coautoria e em inglês, artigo segundo o qual para melhorar as estimativas dos estoques de carbono nas florestas neotropicais são necessárias medições mais diretas, tomando como exemplo o sudoeste da Amazônia. O estudo está na revista “Forest Ecology and Management” (vol. 570, fator de impacto 3,7).

Flores liderou a pesquisa, que também conta com a participação de Foster Brown, Sonaira Souza da Silva e Igor Oliveira; além da parceria com o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), Embrapa-AC, Woodwell Climate Research e Centro de Energia Nuclear na Agricultura.

O artigo traz contribuições inéditas sobre a importância de equações alométricas locais para estimativas de biomassa da floresta mais precisas. Foi utilizado o método destrutivo, pesando (literalmente) 190 árvores com diâmetro a altura do peito entre 5 centímetros e 90 centímetros.

“As equações existentes na Amazônia são centralizadas na Amazônia Central, que podem superestimar a biomassa florestal em até 46%”, explicou Flores.

“Nosso estudo preenche uma lacuna importante na ciência para as florestas do Acre, tendo implicações para políticas públicas e privadas que envolvem carbono florestal.”

Estudante paraense busca melhoramento genético do cupuaçu cultivado na Colômbia

0

Foto: Maria Isabel Castro/Acervo pessoal

Com o objetivo de adquirir novos conhecimentos sobre o melhoramento genético e o manejo do cupuaçu (Theobroma grandiflorum), a estudante Maria Isabel Castro está desenvolvendo uma pesquisa baseada no fruto da região amazônica brasileira. Ela é intercambista da Universidade de Nariño, da Colômbia, e está no décimo semestre do curso de Agronomia na Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra).

A estudante está analisando várias características dos cupuaçuzeiros, incluindo a quantidade de frutos por árvore, o tamanho dos frutos, as sementes e características morfológicas e químicas.

“Estamos comparando o que já foi feito no Brasil e os cupuaçuzeiros da Colômbia, para saber se eles possuem as mesmas características ou se há diferenças que podem ser exploradas para melhorar a produção por lá”, conta Maria Isabel.

Leia também: Estudo realizado por pesquisadores do Pará e São Paulo sequencia primeiro genoma do cupuaçu

Segundo Maria Isabel, a maior diferença entre o cupuaçu cultivado na Colômbia para o fruto produzido na região norte brasileira está nos processos de melhoramento que já foram desenvolvidos no Brasil. 

“Estou fazendo uma caracterização morfológica para depois encontrar materiais vegetais de lá que possam ser mais resistentes a doenças. Por exemplo, aqui não se tem a doença popularmente chamada de monilíase, que é muito devastadora e acaba com cultivos inteiros porque afeta diretamente o fruto”, explicou.

A Monilíase é uma doença, causada pelo fungo Moniliophthora roreri, que ataca diretamente o fruto do cacaueiro e do cupuaçuzeiro em qualquer fase do seu desenvolvimento e pode comprometer até 100% de uma produção.

Maria Isabel conta que a intenção de vir à Ufra para desenvolver o trabalho começou a partir de um projeto de pesquisa, de caracterização genética do cupuaçu, que ela já participava na Universidade de Narinõ. “Nós pesquisamos o lugar onde o cupuaçu se originou e descobrimos que foi aqui, na região amazônica brasileira”, disse. 

A partir desse momento, o orientador da estudante na Colômbia encontrou pelas redes sociais o Grupo de Pesquisa e Extensão em Manejo e Fertilidade do Solo Da Ufra (GPEMFS), que já realizava pesquisas com a cultura do cupuaçu, e entrou em contato com o engenheiro agrônomo, Doutor Jessivaldo Galvão, coordenador do grupo e especialista em cultura do cupuaçu.

Juntamente com o pesquisador e engenheiro agrônomo Rafael Moisés Alves, também especialista em cultura do cupuaçu, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), eles puderam viabilizar o intercâmbio da estudante para desenvolver o trabalho na região norte brasileira.

Foto: Maria Isabel Castro/Acervo pessoal

Na Ufra, Maria Isabel está sob orientação do engenheiro agrônomo, Jessivaldo Galvão. Segundo ele, embora o cupuaçu cultivado na Colômbia pertença ao mesmo gênero que o brasileiro, há diferenças significativas entre eles. “Esses frutos apresentam variações quanto ao sabor, produtividade, espessura da casca e composição da polpa. Aqui na Amazônia, já acumulamos muito conhecimento que pode auxiliar no melhoramento do cupuaçu colombiano, especialmente no aumento da resistência a doenças, o que pode beneficiar a produtividade e a qualidade do fruto”, disse.

Ele também destacou que o cupuaçu da Amazônia brasileira, reconhecido por sua qualidade, é resultado de anos de pesquisas sobre melhoramento genético. A estudante também desenvolve a pesquisa na EMBRAPA e é orientada pelo pesquisador Rafael Alves.

A previsão é para que a pesquisa seja finalizada no primeiro semestre de 2025, com o intuito de fornecer informações que ajudem os produtores colombianos a melhorar a qualidade e a produtividade do cupuaçu. Além disso, a estudante também está escrevendo um livro sobre a cultura do cupuaçu, que será publicado no mesmo ano e servirá como base para a aplicação dos resultados.

*Com informações da UFRA

Lixo doméstico ainda é principal criadouro do mosquito transmissor da dengue em Porto Velho

0

Foto: Wesley Pontes/SMC PVH

A Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) de Porto Velho (RO) concluiu mais um Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa). Este é o terceiro estudo realizado este ano para avaliar o risco de proliferação do mosquito na capital. O resultado apontou um Índice de Infestação Predial (IIP) de 0,4, ou seja, baixo risco de surto das doenças transmitidas pelo mosquito como dengue, zika e chikungunya.

O LIRAa é executado pelo Departamento de Vigilância em Saúde (DVS) da Semusa, através da Divisão de Pesquisa e Diagnósticos de Zoonoses e Entomológica (DPDZE).

O levantamento, realizado entre 5 de agosto e 3 de setembro de 2024, também apontou que os principais criadouros do mosquito foram depósitos de água de armazenamento baixo (37,5%) e lixo doméstico, incluindo recipientes plásticos (31,3%).

A diretora do DVS, Geisa Brasil, explica que “em comparação com os dois primeiros levantamentos, é perceptível a redução do índice de infestação predial. Essa diminuição está vinculada às atividades educativas sobre prevenção ao mosquito transmissor da dengue, realizadas nos bairros mais endêmicos e também em escolas da capital”, aponta a diretora.

Ela ainda observa que o período de estiagem severa em Porto Velho é outro importante fator que contribuiu para a redução do índice de infestação do Aedes aegypti.

Atenção

Apesar do baixo risco para infestação do mosquito Aedes aegypti, Geisa Brasil reforça a necessidade da população manter a limpeza recorrente dos quintais, recolhendo entulhos e outros objetos que podem acumular água.

Confira os resultados dos LIRAas de 2024:

  • 1º LIRAa (março) = 3,3% IIP – Alerta
  • 2° LIRAa (junho) = 2,4% IIP – Alerta
  • 3º LIRAa (setembro) = 0,4% IIP – Baixo Risco

Casos de Dengue em Porto Velho

Os casos de dengue em Porto Velho vem diminuindo gradativamente ao longo dos anos, fruto de uma trabalho de educação em saúde, conscientização da população e limpeza urbana realizada pela Prefeitura. Em 2022, o município confirmou 1.963 casos de dengue contra 1.093 em 2022. Esse ano, de janeiro a agosto, são 540 registros da doença.

Cuidados coletivos

Mas além dos trabalhos realizados pela Prefeitura no combate à dengue, a contribuição coletiva também é importante para diminuir o número de casos da doença na capital. Confira algumas medidas para evitar a proliferação do mosquito:

1 – Mantenha bem tampados: caixas e barris de água;
2 – Coloque o lixo em sacos plásticos e mantenha a lixeira sempre bem fechada;
3 – Não jogue lixo em terrenos baldios;
4 – Se for guardar garrafas de vidro ou plástico, mantenha-as sempre com a boca para baixo;
5 – Não deixe a água da chuva acumular sobre a laje e calhas entupidas;
6 – Encha os pratinhos ou vasos de planta com areia até a borda;
7 – Se for guardar pneus velhos em casa ou borracharias, retire toda a água e mantenha-os em locais cobertos, protegidos da chuva;
8 – Limpe as calhas com frequência, evitando que galhos e folhas possam impedir a passagem da água;
9 – Lave constantemente, com água e sabão, os recipientes utilizados para guardar água, pelo menos uma vez por semana;
10 – Os vasos de plantas aquáticas devem ser lavados com água e sabão, toda semana. É importante trocar a água desses vasos com frequência;
11- Piscinas e fontes decorativas devem ser sempre limpas e cloradas.

*Com informações da Prefeitura de Porto Velho

Entenda as linhas de investigação dos incêndios florestais no país

0

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Com 85 inquéritos instaurados para investigar um cenário de incêndios florestais sem precedentes no Brasil, as apurações apontam indícios de crime ambiental. De acordo com o delegado da Polícia Federal à frente dos processos, Humberto Freire de Barros, são diferentes as hipóteses que podem ter motivado pessoas de diferentes partes do país a dar início ao fogo que consome riquezas, saúde e capacidade do ser humano existir no seu lugar.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, vê também um cenário de resistência à retomada de uma política pública ambiental.

“Nós conseguimos retomar a criação de unidades de conservação, demarcação de terra indígena, combate ao garimpo, fazer um esforço enorme para reduzir desmatamento no ano passado em 50%, esse ano já reduzimos 45% e estamos agora diante de uma situação, é uma combinação de um evento climático extremo que está assolando não só o Brasil, mas o planeta, e criminosos ateando fogo no país.”

Há menos de dez dias para o fim do mês de setembro, o Brasil já registra quase 200 mil focos desde o início do ano. Mais da metade desse total teve início na Amazônia.

Grilagem

Segundo o pesquisador Mauricio Torres, do Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares (Ineaf) da Universidade Federal do Pará (UFPA), que estuda conflitos territoriais na região amazônica, historicamente, o fogo é uma das etapas de um processo mais amplo de apropriação de terras públicas não destinadas. Embora o uso desse elemento tenha muitas outras funções no campo, como controle de pragas em áreas de pastagens ou eliminação de resíduos sólidos, o fogo também serve para completar o processo da derrubada.

“Uma floresta recém-derrubada cria um volume imenso de galhos, troncos e se não tocar fogo, não é possível fazer nada, nem entrar na área. Não consegue formar pastagem, não consegue fazer nada. Então, o que eles fazem? Esperam isso secar, tocam fogo e o solo fica exposto”.

Essas derrubadas têm comumente o objetivo de grilagem para apropriação de terras públicas que ainda não foram destinadas a cumprir uma função, como as terras indígenas ou as unidades de conservação, por exemplo, explica Torres. De acordo com o pesquisador, a apropriação de terras é sempre pensada na lógica das sucessivas anistias concedidas aos invasores, como as estabelecidas pelas Leis 11.962/2009 e 13.465/2017. A primeira anistiou invasões até 2004 e a segunda estendeu o benefício até 2008, além de determinarem outros critérios como limite de área e tipo de ocupação.

Para Torres nesse processo de grilagem, o desmatamento ocupa um lugar de destaque. “Segundo os atuais programas de ‘regularização fundiária’, um dos melhores documentos para provar o tempo de ocupação é um auto de infração ambiental por desmatamento. Ele mostra por um documento oficial que ele [o invasor] estava lá na data da infração. Se ele não teve a ‘sorte’ de ter sido autuado, ele precisa mostrar uma imagem de satélite com esse desmatamento feito até 2008”, explica.

Em imagens de satélites, o pesquisador mostra que o desmatamento se alastra, ao longo de mais de 20 anos, exatamente pelas áreas públicas ainda não destinadas, por isso é necessário pensar medidas de enfrentamento aos incêndios florestais que vão além do controle do fogo. “Não basta você ter uma fiscalização ambiental, você tem que ter uma ação fundiária. Você tem que deixar de fazer com que o desmatamento seja premiado por um título da terra. Você tem que combater a grilagem”, diz.

Crimes

Para o delegado da Polícia Federal, a ação humana no uso do fogo em um momento em que o manejo foi proibido já aponta a existência de um crime, mas ainda é necessário entender cada caso.

De acordo com Barros, esse crime pode ser culposo, quando a pessoa não teve a intenção de causar o incêndio, ou doloso quando a ignição é intencional.

Nesse último caso, a grilagem é apenas um dos crimes conexos aos crimes ambientais que têm sido apurados nas investigações, mas há outros, como a formação de quadrilha, ou crime organizado, lavagem de dinheiro, corrupção. “Por isso que a nossa investigação muitas vezes leva um tempo maior, para que possamos correlacionar esses outros crimes e dar a resposta do poder público que esses criminosos merecem”, diz.

Retaliação

Barros diz que o surgimento concomitante de pontos de ignição do fogo em fração de minutos também é um indício de ação coordenada que leva a outras hipóteses investigativas.“A gente fez no sul do Amazonas, recentemente, uma ação de repressão à mineração ilegal no Rio Madeira e nós destruímos mais de 420 dragas. Isso gera uma insatisfação por parte daqueles que estavam praticando o crime e a gente trabalha com uma possibilidade de retaliação por parte desses criminosos ambientais, a esse novo momento que vivemos de retomada da agenda ambiental”.

Outras ações de desintrusão de terras indígenas e desocupação de unidades de conservação também levantam essa hipótese. Ainda no mês de julho, a publicação em um jornal local do município de Novo Progresso, no sudeste do Pará, trazia a declaração de pecuaristas insatisfeitos com a desocupação da Floresta Nacional Jamanxim afirmando que seriam capazes de incentivar incêndios na unidade de conservação, caso tivessem que retirar os rebanhos da área pública federal.

Unidades de conservação

Nos últimos meses, a queima de unidades de conservação foram além da Amazônia e afetaram parques e florestas nacionais em outros biomas, como o Cerrado, o segundo mais atingido pelo fogo.

Para a pesquisadora Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia e coordenadora do MapBiomas Fogo, Vera Arruda, em agosto deste ano, as savanas do Cerrado tiveram um aumento de 221% na área queimada em comparação ao ano anterior.

“Esses eventos resultam na perda de biodiversidade, com espécies de plantas e animais, muitas vezes endêmicas, sendo impactadas. A destruição da vegetação nativa também afeta a capacidade do bioma de funcionar como regulador do ciclo hidrológico, já que o Cerrado abriga nascentes de importantes bacias hidrográficas. Além disso, os incêndios podem causar a degradação do solo, aumentar a emissão de gases de efeito estufa e comprometer os serviços ecossistêmicos”, explica.

Danos ecossistêmicos

De acordo o delegado Barros, nos inquéritos policiais iniciados em razão desses incêndios florestais, os custos desses serviços ecossistêmicos também serão calculados para que os responsáveis pelos crimes ambientais, também sejam responsabilizados a indenizar essas perdas. “Esses serviços ecossistêmicos que a área atingida deixa de prestar é monetizável, aferível financeiramente e isso está constando, desde julho do ano passado quando a normatização foi atualizada, nos nossos laudos”, concluiu.

*Com informações da Agência Brasil

Com seca no Acre, pesquisadores avançam em descoberta de fósseis de ‘jacaré gigante’

0

Foto: Reprodução

Em meio à estiagem severa no Norte do Brasil, pesquisadores conseguiram avançar nas descobertas de fósseis encontrados no Rio Purus. Vértebras do Purussaurus brasiliensis, conhecido como lagarto do Rio Purus, que viveu na Amazônia há mais de 8 milhões de anos, e é definido como o maior crocodilo do mundo, foram encontradas em escavações.

A última descoberta foi durante uma ação de campo, entre os dias 15 e 18 de agosto, no Sítio Cajueiro em Boca do Acre, no Amazonas.

Leia também: Purussaurus brasiliensis: o jacaré com a mordida mais potente do mundo viveu na Amazônia

O Rio Purus entra no Brasil pelo Acre no município de Santa Rosa do Purus, a quase 300 km da capital Rio Branco, onde está o Rio Acre, principal bacia do estado — e que na sexta (21) chegou a menor cota já registrada na história, de 1,25 metro.

Com seca na Amazônia, pesquisadores encontram pedaços da vértebra de um Purussaurus. Foto: Reprodução/Rede Amazônica AC

O pesquisador Edson Guilherme, paleontólogo da Universidade Federal do Acre (Ufac), comandou a expedição. Ele afirmou que e o período de seca está sendo aproveitado para entrar em campo e tentar encontrar novas pistas e fósseis de animais antigos que podem ajudar a revelar parte da história da região.

“Nós tivemos a oportunidade de encontrar espécies novas para a ciência que ainda vão ser estudadas. Nós vamos ainda preparar o material e oportunamente vamos divulgar sobre esses achados”, afirmou.

Segundo o paleontólogo, para os estudos, a seca foi importante pois como as águas dos rios mais baixas, os barrancos ficaram expostos e ficou mais fácil retirar os ossos que estavam enterrados. “Facilita muito o nosso trabalho”, complementou.

Histórico e processo de descoberta

Desde 2019, pesquisadores têm explorado uma área localizada em Boca do Acre, no Amazonas. O sítio concentra fósseis, em ótimo estado de preservação, dos principais animais da megafauna amazônica do mioceno, período que vai de 23 milhões a 5 milhões de anos atrás.

“Nós recolhemos o crânio de um quelônio [tipo de tartaruga] que ainda é desconhecido e ainda vai ser estudado e também recebemos o pós crânio de um eremotério [preguiça gigante de até 6 metros] que saiu de uma terra indígena na Região do Purus”, conta Guilherme.

O processo de descoberta conta com o trabalho de muitos pesquisadores até que os fósseis estejam prontos para exposição. Um deles é o biólogo Leonardo Aldrin. Em entrevista à Rede Amazônica, ele explicou como é feito o trabalho em laboratório.

“Primeiro a peça é identificada parcialmente no campo. Depois, os pesquisadores que estão na expedição trazem o material com essa identificação. Primeiro, a gente vê essa identificação, justamente para ver qual estrutura está faltando. Começa a colagem, começa a limpar, tirar os sedimentos, areia, argila, seja, o que quer que seja que esteja incrustado na peça” explicou.

Maior crocodilo do mundo que viveu no Acre há milhões de anos é redescrito em artigo científico. Foto: Valter Calheiros/Musa

Todo esse processo laboratorial é para garantir que a identificação do animal encontrado não seja perdida. Qual o animal, a localidade onde viveu e a época também são catalogadas nesse momento.

A estudante Isabela Pessoa destaca como o trabalho da paleontologia ajuda a compreender melhor a região amazônica. “Através da paleontologia a gente consegue traçar um caminho evolutivo que todas as espécies que vivem atualmente na Amazônia passaram. Esse trabalho no sítio Cajueiro é muito importante, porque é um sítio pouco explorado, que foi recém descoberto e a partir desse estudo e da preparação desses fósseis, a gente vai conseguir, quem sabe até achar uma novidade para a ciência”, disse ela.

Purussaurus

Podendo chegar a mais de 12 metros, o Purussaurus foi o maior crocodilo que viveu no planeta em qualquer tempo. O primeiro fóssil do animal foi achado em 1892 às margens do Rio Purus e chegou até as mãos do botânico João Barbosa Rodrigues, responsável pelo Museu de Botânica da Amazônia na época do império e também o primeiro a classificar o crocodilo.

O que estudos sobre o Purussaurus brasiliense apontam, que ele seria um parente distante do jacaré-açu. Ele ocupava a Amazônia ocidental e foi o maior crocodilo já registrado em todo o mundo.

A mordida do Purussaurus era duas vezes mais forte que a do Tiranossauro Rex, o mais notório dos dinossauros. O jacaré pré-histórico, segundo as pesquisas, precisava comer uma média de 40 quilos de carne diariamente.

Na Ufac também está guardado mais um fóssil que pode ser do animal. O material foi achado em 2019 pelo pequeno pequeno Robson Cavalcante, que tinha 11 anos na época. O fóssil estava enterrado às margens do Rio Acre, no município de Brasileia, no interior do estado.

*Por Lucas Thadeu e Hellen Monteiro, da Rede Amazônica AC

Seca histórica do Rio Madeira afeta transporte de cargas em Porto Velho

0

Foto: Reprodução/Rede Amazônica RO

O rio Madeira registrou a cota de 40 centímetros na sexta-feira (20): uma nova mínima nunca observada desde 1967, quando o rio começou a ser monitorado. Como reflexo da seca extrema, o principal porto de cargas da capital já registra redução de 60% no transporte de cargas.

Através da água do Madeira se forma um corredor logístico. De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), a hidrovia do rio é uma das mais importantes vias de transporte da região Norte: são mais de 1 mil km² de extensão navegável.

Desde julho, embarcações estão proibidas de navegar no período noturno, por causa da seca. Essa limitação acaba afetando o tempo de transporte de cargas, como as de combustível. Na época, o rio estava com 3,75 metros.

As cargas saem das cidades de Itacoatiara ou Manaus, ambas no Amazonas, com direção a Porto Velho. O trajeto, que dura, em média, de 7 a 8 dias de balsa, passa a ser de 18 a 20 dias devido a proibição de navegação noturna durante o período de estiagem.

No entanto, desde julho o rio Madeira já desceu mais de 3 metros e navegar se tornou um desafio mesmo à luz do dia. No último fim de semana, uma balsa carregada com veículos bateu em pedras ficou parcialmente submersa no Madeira.

O surgimento de bancos de areia no leito do rio tem sido cada vez mais comum. Em nota, a Marinha informou que realiza o monitoramento do nível da água e possíveis acidentes por meio do Plano de Ação da Seca de 2024.

Como resultado da seca, o principal porto de cargas da capital já registrou uma queda de 60% no transporte de granéis sólidos, como milho, soja e fertilizantes.

Atualmente, a falta de produtos e insumos essenciais ainda não é sentida, mas existe a possibilidade de que os preços para os consumidores aumentem.

“A logística fica mais cara, o envio de carga demora mais, requer mais cuidado e resulta em maior consumo de combustível e insumos. É difícil prever o impacto nos custos e na economia de Rondônia e Amazonas, mas há possibilidade de que o consumidor final sinta essa alteração.”

Entenda o cenário

Historicamente, outubro e novembro são os meses em que o Madeira fica mais seco. No entanto, o nível do rio começou a bater mínimas históricas já no mês de julho; depois disso, o cenário foi se tornando ainda mais crítico.

A escassez das águas, segundo o engenheiro hidrólogo e pesquisador em geociências pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), Marcus Suassuna, são causados por dois fatores:

  • O Oceano Atlântico Norte está mais aquecido que o normal, e mais quente que o Atlântico Sul.
  • Fenômeno El Niño, que causa atrasos no início da estação chuvosa.

Famílias ribeirinhas vivem com menos de 50 litros de água por dia em razão da seca histórica. A quantidade é menos da metade dos 110 litros por dia considerados pela Organização das Nações Unidas (ONU) como necessários para suprir as necessidades básicas de apenas uma pessoa.

*Com informações da Rede Amazônica

Indígenas de Mato Grosso lutam por sobrevivência após um mês de queimadas

0

Foto: Erlie Runhamre Xavante

Há mais de um mês, povos indígenas de Mato Grosso sofrem com os incêndios florestais que atingem o estado. Segundo a Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt), cerca de 41 terras indígenas foram afetadas pelas chamas.

A liderança indígena Mara Barreto Sinhowawe Xavante relatou a situação passada na Terra Indígena Pimentel Barbosa, no leste do Mato Grosso, onde crianças Xavante subiram em ocas com garrafas de água para se protegerem do fogo que atingiu a comunidade no início da semana.

De acordo com Mara, o fogo chegou muito forte pela manhã, queimando tudo ao redor da aldeia com vento e uma fuligem muito fortes.

“Quando o fogo começou a pegar tudo ali, os nossos jovens, os parentes, subiram nas ocas com garrafinha pet de água para tentar se proteger e proteger a casa para não vir fogo em cima da oca”, continuou emocionada. “É uma situação muito forte, muito emblemática, porque foi exatamente isso que eles fizeram”, relatou.

Treinamento

Mara contou que na aldeia, duas pessoas foram selecionadas para fazer o curso de brigadistas, e que eles pouco puderam fazer para conter as chamas. Ela denunciou que, após a conclusão do curso oferecido pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente, não foram deixados equipamentos suficientes para a atuação dos brigadistas.

“Uma capacitação dessas não dá as condições fazer um trabalho num território do tamanho do nosso. É fazer para inglês ver. Os nossos brigadistas não têm os extintores suficientes e não têm quantidade suficiente para combater qualquer tipo de fogo. Até que o brigadista lá da outra comunidade chegasse até a nossa, nós já estaríamos todos mortos pelo fogo”, criticou.

“Se não fosse o vento, o povo ia morrer queimado vivo. Crianças, idosos, inocentes, os bichos. Os bichos já estão queimados vivos. Porque ali onde o fogo passou, queimou tudo”, lamentou Mara.

A reportagem da Agência Brasil tentou contato com a secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso, mas não obteve retorno.

Saúde

Além de terem que se proteger dos incêndios, os indígenas sofrem ainda em razão de doenças respiratórias causadas pela fumaça, dificuldade de acesso a alimentos e também a água potável.

“Estamos há um mês sem água dentro da comunidade. Nós só temos um córrego dentro da comunidade e ele está secando, está com uma proporção mínima de água. Ainda bem que a nossa comunidade é pequena, é uma comunidade com 150 pessoas, então está dando para sobreviver”. Ela ressalta, entretanto, que a água do córrego está causando vários problemas, como disenteria. “Essa água do córrego não é apropriada para beber. E é a água que eles estão bebendo nesse momento. Então, está gerando vários transtornos na saúde da comunidade”.

A situação deixou todos na aldeia muito abalados. “A gente fica muito triste, ficamos abalados e enfraquecidos quando a gente vê a nossa fauna, a nossa flora, o nosso cerrado, sendo destruído de forma criminosa. Nós vivemos dentro do bioma e damos a vida para que ele permaneça de pé, como forma de garantir às nossas futuras gerações um território que, para nós, é sagrado”, afirmou.

Mara relembra que os antepassados do povo dela deram a vida pelo território.

Agronegócio

Mara criticou ainda o governo por omissão em relação aos direitos dos povos indígenas. “Se hoje existe esse aquecimento acima do normal dentro do estado de Mato Grosso, com temperaturas alcançando uma média de quase 45° graus e que já chegou a quase 50° graus, os responsáveis por isso são as atividades do agronegócio, porque são essas atividades que estão gerando toda essa combustão, ao ponto de qualquer fogo se alastrar muito rápido”, criticou. “Levando em conta que é o único estado que tem três biomas [Amazônia, Cerrado e Pantanal], a gente vê um governador que está governando somente para a bancada ruralista”, criticou.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que, apenas em setembro, Mato Grosso já registou 16.746 focos de queimadas ativos.

Foto: Erlie Runhamre Xavante

Crime

Na quinta-feira (19), os governadores das regiões Centro-Oeste e Norte se reuniram, no Palácio do Planalto, com ministros do governo federal para debater medidas de enfrentamento às queimadas Uma das principais demandas apresentadas é o endurecimento da punição contra quem ateia fogo de forma intencional. O incêndio criminoso foi apontado pelos próprios governadores como sendo um dos fatores de agravamento da crise.

Na ocasião, o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, disse que boa parte dos incêndios no estado foram criminosos. “Nós tivemos, esse ano, além de um problema climático, que era previsível, muitos incêndios, uma boa parte, começou por ações notadamente criminosas. Nenhum incêndio começa senão por ação humana. Algumas por descuido, algumas por negligência, mas muitas começaram por ações criminosas”, disse Mendes, em declaração a jornalistas ao fim da reunião.

Mendes defendeu um “endurecimento gigantesco” da pena, para desestimular as ações. “No meu estado, prendemos várias pessoas e, em poucas horas, eles eram libertados em audiências de custódia. Um crime que está causando prejuízo à saúde, ao meio ambiente, à imagem do país, com a pena que não corresponde ao tamanho do dano que está causando à sociedade brasileira”, afirmou.

Após a reunião, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, disse que o governo federal planeja a liberação de mais recursos para o combate às queimadas e a compra de equipamentos para que os estados enfrentem uma das piores estiagens em décadas no país.

O ministro disse que serão enviados créditos somando R$ 514 milhões aos estados que pedirem ajuda. Costa também ressaltou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem autorização para liberar, na próxima semana, mais de R$ 400 milhões para apoio aos corpos de bombeiros dos estados da Amazônia Legal, para compra de materiais, equipamentos, viaturas. “Outros créditos serão publicados na medida que os governadores apresentem e materializem suas demandas”, disse o ministro.

Participaram do encontro os governadores Hélder Barbalho (Pará), Mauro Mendes (Mato Grosso), Ronaldo Caiado (Goiás), Ibaneis Rocha (Distrito Federal), Eduardo Riedel (Mato Grosso do Sul), Wilson Lima (Amazonas), Gladson Cameli (Acre), Wanderlei Barbosa (Tocantins) e Antonio Denarium (Roraima). Também compareceram os vice-governadores Sérgio Gonçalves da Silva (Rondônia) e Antônio Pinheiro Teles Júnior (Amapá).

Outras ações

Esta semana, o ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, disse que o governo federal vai garantir todos os recursos financeiros necessários para o combate aos incêndios e à estiagem que atingem quase todos os estados brasileiros. Em entrevista ao Bom Dia, Ministro, produzido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Goés disse que o governo está com liberdade para apoiar estados, Distrito Federal e municípios porque as despesas para combater os efeitos da emergência climática e ambiental foram excluídas do atual teto de gastos. Segundo o ministro esses recursos inicialmente são para a Amazônia e o Pantanal.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, também autorizou o uso da Força Nacional de Segurança Pública em municípios dos estados do Amazonas, do Pará, de Rondônia, do Mato Grosso, de Roraima e do Acre para atuar no combate a incêndios florestais, por 90 dias.

*Com informações da Agência Brasil