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Tecnologias de saneamento rural vão impulsionar produção sustentável em municípios do Maranhão

Foto: Flávia Bessa

Cerca de 24 milhões de brasileiros ainda sofrem com o problema crônico e grave da falta de saneamento básico. O Maranhão está entre os 24 estados que precisam ampliar seus investimentos em saneamento básico (cerca de 8,66 vezes a mais), segundo levantamento do Instituto Trata Brasil realizado em 2020, para atingir a meta de universalização até 2033. Na área rural, essa situação se exacerba.

Para trazer informação transformadora, a Embrapa Cocais e a Embrapa Instrumentação (São Carlos – SP) realizaram capacitação sobre Tecnologias de Saneamento Básico Rural nos dias 17 e 18 de setembro. O evento foi realizado no Instituto Formação, no bairro Maracanã, em São Luís, para agentes multiplicadores, como extensionistas, técnicos, agrônomos, engenheiros, biólogos, profissionais da área de meio ambiente, saúde e educação, e ainda gestores públicos e estudantes de nível superior, etc.

A capacitação englobou:

  • conteúdo teórico e prático sobre dados de saneamento básico rural;
  • conceitos básicos do tratamento de esgoto e parâmetros físicos-químicos-biológico;
  • Fossa Séptica Biodigestora;
  • Jardim Filtrante;
  • Clorador Embrapa;
  • transferência de tecnologia
  • e políticas públicas e ainda relatos de casos de sucesso de parcerias Embrapa.

Essa é uma das ações de multiplicação do conhecimento previstas dentro do projeto Voa Maracanã, que é uma iniciativa da Vale com parceria da Embrapa e execução por parte do Instituto Formação em São Luís para transferir tecnologia para agricultura familiar. O projeto abrange também o município de Itapecuru, onde a execução está à cargo da Estação Conhecimento da Vale.

Segundo o analista João Zonta, coordenador do projeto, já foram realizados cursos sobre Roça Sustentável, hortas e Sisteminha. A ideia é capacitar agentes e famílias multiplicadoras para irradiar o conhecimento tecnológico no território. “O primeiro dia do evento da semana passada foi dedicado à parte teórica e o segundo, à prática, momento em que foram instaladas as URTs da Fossa Séptica Biodigestora e do Clorador Embrapa. Em um próximo momento, as URTs serão instaladas em Itapecuru. Foi uma semana muito proveitosa”.

Para o analista Carlos Renato Marmo, da Embrapa Instrumentação, ministrante do treinamento, desde o início os trabalhos de Pesquisa & Desenvolvimento no tema seguiram premissas como: tecnologias simples, de eficiência adequada e facilmente replicáveis; necessidade de poucos insumos externos e custos de instalação e manutenção acessíveis; harmonização dos sistemas de tratamento com o ambiente; reciclagem segura de nutrientes e água na agricultura e fácil adaptação à rotina da propriedade agrícola e apropriação pelo agricultor.

As três tecnologias validadas – Fossa Séptica Biodigestora, Clorador Embrapa e Jardim Filtrante – hoje estão sendo disseminadas em todo o território nacional. “A experiência foi muito interessante, tanto para mim como para os participantes, que estão agora capacitados para transferir esse conhecimento na região. As URTs serão usadas para dias de campo, visitação em geral e divulgação das tecnologias. Me sinto honrado em fazer parte desse processo”. Carlos Renato também ministrou duas palestras, uma no Instituto Federal do Maranhão – IFMA e outra na Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, para apresentar essas tecnologias para estudantes.

A diretora do Instituto Formação, Regina Cabral, destaca que o projeto Voa Maracanã visa a melhoria de renda e de vida de moradores do  Maracanã.

Ieda Valente, da comunidade Alegria Maracanã, disse estar bastante empolgada com as perspectivas a partir do treinamento nas tecnologias da Embrapa. “Veja como uma mudança na vida da nossa comunidade, ao podermos fazer nosso saneamento básico e cultivar alimentos para nosso consumo e comercialização. Estamos muitos entusiasmados e alegres. E tudo isso graças às tecnologias da Embrapa”.

Conheça as tecnologias

Fossa Séptica Biodigestora

Tecnologia que trata o esgoto do vaso sanitário (a água com urina e fezes humanas), de fácil instalação e custo acessível, produz um efluente que pode ser utilizado no solo como fertilizante (recomendado para plantas perenes). Substitui a chamada “fossa rudimentar”, não gera odores desagradáveis, não procria ratos, moscas, baratas e evita a contaminação do lençol freático. O sistema básico, dimensionado para uma residência com até 5 moradores, é composto por três caixas interligadas e a única manutenção é adicionar mensalmente uma mistura de água e esterco bovino fresco (5 litros de cada).

A solução é uma alternativa frente à falta de saneamento básico em algumas regiões rurais, o que afeta diretamente a saúde do morador do campo; evita a contaminação do solo e da água consumida pelos moradores (os resíduos não chegam ao lençol freático e aos rios que abastecem as cidades), além da proliferação de doenças.

Jardim Filtrante

É um pequeno lago impermeabilizado, que contém pedras, areia e plantas aquáticas, com manutenção muito simples, para tratamento do esgoto proveniente de pias, tanques e chuveiros, ricos em sabões, detergentes, restos de alimentos e gorduras – a chamada “água cinza”. Foi adaptado pela Embrapa para complementar o uso da Fossa Séptica Biodigestora e do Clorador Embrapa, tecnologias desenvolvidas para o saneamento básico rural.

Contribui com a sustentabilidade do meio ambiente ao evitar o descarte de esgoto não tratado, bem como permitir a reutilização da água para irrigação de lavouras, lavagem de pisos e janelas, uso no vaso sanitário, entre outras, ou mesmo o descarte de maneira adequada. O sistema possibilita ainda harmonia paisagística, pelo uso de plantas ornamentais.

Clorador Embrapa

Tecnologia simples, de baixo custo e fácil instalação, desenvolvida para clorar a água do reservatório (caixas d’água) das residências rurais. Pode ser montado pelo próprio morador, com peças adquiridas em lojas de material de construção e deve ser instalado entre a entrada de captação de água e o reservatório da residência. Auxilia a descontaminação da água, reduzindo o risco de a população rural ser exposta a doenças como a hepatite, diarreia, tifo, giardíase e outras.

*Com informações da Embrapa

Fotógrafo revela ‘bolaines’ no Rio Madeira

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Foto: Rosinaldo Machado

Por Júlio Olivar – julioolivar@hotmail.com

Rosinaldo Machado, dono de um acervo de mais de 120 mil registros fotográficos acumulados ao longo de mais de cinquenta anos em Rondônia, afirma que nunca presenciou uma situação semelhante à atual no Rio Madeira. “Vários trechos estão secos”, observa.

Apesar do cenário preocupante, as imagens capturadas são esteticamente impressionantes. “Cada foto é uma poesia, apesar do tema triste”, comenta a artista plástica Angella Schilling. Alguns comparam as imagens aos ‘bolaines’ – buracos misteriosos encontrados nas praias do Mar Morto, no Oriente Médio.

Machado utiliza sua profissão como uma forma de ativismo ambiental. Além de registrar a seca atual, ele se dedica ao tema há décadas. Anualmente, o fotógrafo acompanha a soltura de quelônios no Vale do Guaporé, na fronteira do Brasil com a Bolívia, e participa das atividades culturais ribeirinhas no distrito de Nazaré, no baixo Rio Madeira. Essa vivência o deixa indignado com a situação atual, “que é causada pelas pessoas. Não é um fenômeno fortuito”, afirma.

Há dez anos, ele fotografou a histórica cheia do Madeira, atribuída ao aquecimento global, que causou enormes prejuízos à região. Agora, o problema é a falta de água. No último sábado, 21 de setembro, Machado registrou uma série de imagens impactantes na altura do povoado de Belmont, em Porto Velho. A paisagem parecida com as praias do Mar Morto é impressionante. Desde 1967, quando a região começou a ser monitorada, não se via uma seca tão severa.

A menor marca no Madeira foi registrada nesta segunda-feira, 23, com o rio atingindo apenas 25 centímetros, o que interrompeu as operações portuárias. A esperança é que, em outubro, a situação melhore parcialmente. O porto da capital escoa para exportação cerca de 200 mil toneladas por mês de grãos, mas a meta para o próximo mês é reduzir esse volume pela metade. “Se chover”, ressalva a Sociedade de Portos e Hidrovias de Rondônia (Soph/RO).

Sobre o autor

Júlio Olivar é jornalista e escritor, mora em Rondônia, tem livros publicados nos campos da biografia, história e poesia. É membro da Academia Rondoniense de Letras. Apaixonado pela Amazônia e pela memória nacional.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

‘Pacote de Manaus’: entregas envolvem florestas tropicais, biodiversidade e energia limpa

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Foto: Diego Galba/MCTI

A ‘Declaração de Manaus’ aprovada por consenso na reunião ministerial do Grupo de Pesquisa e Inovação do G20 e divulgada na quinta-feira (19), em Manaus (AM), consolidou nove entregas. O conjunto de medidas foi chamado de ‘Pacote de Manaus’. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) coordenou o trabalho.

O G20 é um fórum multilateral que reúne os países responsáveis por cerca de 85% do PIB global. É um grupo heterogêneo formado por nações do Norte e do Sul Global. Matsumoto explica que dadas essas características, não é tão simples de convergir e, por isso, “trazer consensos é muito importante”. Ele lembra ainda que as medidas adotadas no âmbito do G20 fortalecem as ações entre os países que integram o fórum e tem repercussão global. “Esses resultados mudam a vida de pesquisadores, de pessoas que utilizam dados científicos”, complementou.

Além de uma estratégia para promover a cooperação em inovação aberta, e de  recomendações sobre diversidade, equidade, inclusão e acessibilidade em ciência, tecnologia e inovação, o Grupo de Trabalho realizou um seminário internacional sobre desafios e oportunidades de pesquisa e inovação sobre Amazônia e florestas tropicais.

As entregas também contemplaram a efetivação de uma chamada para financiar pesquisas sobre florestas tropicais realizada em parceria com o Belmont Forum; a iniciativa para a facilitar o cadastro de informações sobre biodiversidade na plataforma global GBIF; e a disponibilização de bases de dados sobre tecnologias e políticas de inovação para energia limpa, ambas publicadas pela Agência Internacional de Energia (IEA).

Energia limpa 

A partir de uma requisição do GT de Pesquisa e Inovação, a IEA elaborou um compêndio de políticas nacionais de inovação em energia limpa para transição energética justa e uma base de dados interativa composta por mais de 550 projetos de tecnologias individuais e componentes que envolvem todo o sistema energético. Acesse o guia de tecnologias e o guia de políticas de inovação em energia limpa publicados.

Biodiversidade 

O G20 e o Sistema Global de Informação sobre Biodiversidade (GBIF) estabeleceram um processo para facilitar a catalogação de espécies e expansão de bases de dados abertas de biodiversidade.
Uma das entregas é um programa de Informação sobre Biodiversidade para o Desenvolvimento, financiado pela União Europeia, que oferece bolsas para instituições como pequenos museus ou organizações da sociedade civil, para que organizem os dados disponíveis e disponibilizem na plataforma aberta GBIF.

Florestas tropicais 

A chamada de ação colaborativa de pesquisa ‘Florestas tropicais: implicações globais e ações prementes’, que recebe propostas até 12 de novembro deste ano, é uma parceria entre o Belmont Forum e G20. O edital envolve apoio de 19 fundações de fomento, entre as quais estão dez fundações estaduais de amparo à pesquisa do Brasil. A chamada está voltada para ações nas bacias da Amazônia, do Congo na África e de Borneo-Mekong, no Sudeste Asiático com abordagem transdisciplinar.  Leia os detalhes da chamada e submeta sua proposta aqui.

*Com informações do MCTI

G20 Amazônia: colaborações acadêmicas impulsionam inovação e sustentabilidade global

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Foto: Camila Barbosa/INPA

Na vanguarda das iniciativas internacionais voltadas para o desenvolvimento sustentável, a Amazônia ocupa um papel central, não apenas como um vasto ecossistema de importância mundial, mas também como um laboratório natural para a cooperação acadêmica. No encerramento do Seminário Internacional do G20 sobre Amazônia e Florestas Tropicais, representantes de instituições de pesquisa ressaltaram a importância das colaborações interinstitucionais no avanço de soluções para desafios científicos, tecnológicos e ambientais.

Sob a coordenação de Nicole Arbour, diretora do Fórum Belmont, o painel sobre cooperação acadêmica reuniu especialistas de renome como:

  • Jaime Alberto Barrera García, subdiretor cientifico do Instituto Amazônico de Investigações Científicas (SINCHI) da Colômbia;
  • Dalila Andrade Oliveira, diretora de Cooperação Institucional, Internacional e Inovação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq);
  • Denise Pires de Carvalho, presidente da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES);
  • e Max Bergman, professor de Investigação Social e Metodologia da Universidade de Basel (Suíça).

O debate centrou-se nas estratégias eficazes para ampliar redes de pesquisa e fomentar projetos conjuntos, promovendo não apenas o avanço científico, mas também o desenvolvimento socioeconômico da região.

Colaboração transnacional: o futuro da pesquisa na Amazônia

Amazônia é o lar de uma rica biodiversidade e recursos naturais. Contudo, o desmatamento, as mudanças climáticas e a pressão socioeconômica desafiam a sustentabilidade da região. Nesse cenário, as colaborações acadêmicas emergem como um fator chave para mitigar esses impactos e promover o uso sustentável dos recursos naturais.

“O Instituto SINCHI, na Colômbia, tem sido fundamental na construção de redes de cooperação com outras nações amazônicas”, explicou Jaime Barrera García.

“Estamos trabalhando para fortalecer a capacidade científica e tecnológica, ao mesmo tempo em que desenvolvemos soluções aplicáveis que impactam positivamente as comunidades locais e a biodiversidade”, finalizou.

Iniciativas brasileiras de internacionalização científica

No Brasil, instituições como o CNPq e a CAPES desempenham papéis fundamentais na promoção da internacionalização da ciência. Programas de fomento a projetos de pesquisa em parceria com instituições estrangeiras e apoio à formação de pesquisadores brasileiros no exterior são algumas das ações implementadas.

Dalila Andrade Oliveira, diretora do CNPq, apresentou as iniciativas brasileiras para promover a internacionalização da ciência. Ela destacou o papel do CNPq no fomento a projetos de pesquisa em parceria com instituições estrangeiras e no apoio à formação de pesquisadores brasileiros no exterior.

“A cooperação internacional é essencial para o avanço da ciência no Brasil, especialmente em áreas estratégicas como a Amazônia”, ressaltou Dalila.

Ela também apontou a necessidade de uma maior atenção para a disparidade regional na distribuição de recursos para a pesquisa no Brasil, com a região Norte, onde está localizada a maior parte da Amazônia, recebendo uma proporção muito menor de bolsas e financiamentos. “Precisamos de políticas que reduzam essas desigualdades e promovam o desenvolvimento científico de maneira mais equilibrada”, concluiu.

Denise Pires de Carvalho, presidente da CAPES, apresentou as ações da instituição para fortalecer a pós-graduação na Amazônia. Denise ressaltou o papel da CAPES na avaliação e financiamento de programas de mestrado e doutorado em todo o Brasil, destacando o crescimento recente dos cursos de pós-graduação na região Norte.

Ela também enfatizou a internacionalização como uma das prioridades da CAPES. Nosso objetivo é fortalecer parcerias com instituições de ponta em todo o mundo, trazendo novos conhecimentos e tecnologias para o Brasil”, afirmou.

Desafios globais e locais

Max Bergman, professor da Universidade de Basel, trouxe uma visão crítica sobre os desafios enfrentados pela ciência na Amazônia. Para ele, a cooperação acadêmica precisa ir além da pesquisa descritiva, focando em soluções práticas que possam ser aplicadas diretamente no território amazônico.

“Não basta apenas estudar os problemas da Amazônia, é preciso buscar soluções que envolvam as comunidades locais e outros atores, como o setor privado. A ciência tem que ser aplicada de maneira prática para ter impacto real”, defendeu Bergman.

“A cooperação científica entre os países amazônicos e outros parceiros internacionais é um pilar para o desenvolvimento de políticas públicas baseadas em evidências”, concluiu Nicole Arbour. “Somente através do trabalho conjunto conseguiremos enfrentar os desafios que ameaçam a Amazônia e, por extensão, o planeta”.

*Com informações do MCTI

Justiça condena quatro pessoas a pagar R$ 11 milhões por desmatamento em Boca do Acre, no Amazonas

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Foto: Divulgação/Polícia Federal

A pedido do Ministério Público Federal (MPF), a Justiça Federal condenou quatro pessoas por danos ambientais florestais e climáticos ocasionados pelo desmatamento ilícito em áreas inseridas no Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Antimary, em Boca do Acre, no Amazonas. Os valores a serem pagos pelos condenados em indenizações somam mais de R$ 11 milhões. 

A área de desmatamento consolidado totalizava 13.921,98 hectares até 2018, com diversos registros de Cadastros Ambientais Rurais (CARs) sobrepostos ao PAE Antimary. Além da obrigação de recuperação da região degradada e proibição de utilizar a área, os quatro réus deverão pagar indenização por danos materiais, indenização por danos climáticos e indenização por danos morais coletivos.

Calculados de acordo com a área de cada CAR e a quantidade de liberação de equivalência em dióxido de carbono (CO2e) – medida que expressa a quantidade de gases de efeito estufa em termos equivalentes da quantidade de dióxido de carbono (CO2), levando em conta o potencial de aquecimento global –, os valores somam mais de R$ 11 milhões em indenizações a serem pagas.

Segundo critérios de cálculo apresentados pelo MPF à Justiça, o desmatamento ilegal das quatro CARs resultou na emissão de aproximadamente 400 mil toneladas de gás carbônico entre os anos de 2011 e 2020, o que representaria 9,6% das emissões de gases de efeito estufa relacionadas a mudanças do uso da terra em Boca do Acre, concorrendo de forma direta para o agravamento das mudanças climáticas.

PAE Antimary

O PAE Antimary é área de propriedade e interesse da União, gerida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), destinada à implementação da Política Nacional de Reforma Agrária e tradicionalmente ocupada por comunidades tradicionais – extrativistas de castanhas, dentre outros produtos florestais não-madeireiros.

O MPF monitora o PAE desde 2018, quando da criação da Força Tarefa Amazônia, em função de notícias que, desde 2016, chegavam ao órgão relatando invasões e desmatamento dentro da área pública, com destaque para o abate de castanheiras utilizadas por comunidades tradicionais da região.

De acordo com o MPF, o PAE Antimary vem sendo alvo de constantes atos de grilagem, loteamento, desmatamento, queimadas e intensos conflitos fundiários, inclusive com expulsão compulsória de beneficiários do projeto.

Em 2019, acatando recomendação do MPF, o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) promoveu o cancelamento de todos os CARs então incidentes sobre o PAE Antimary que não fossem titularizados por beneficiários vinculados ao PAE, já que o projeto de assentamento, por sua modalidade, não admite divisão em lotes, destinando-se ao exercício coletivo de atividades extrativistas.

Consulta processual

*Com informações do MPF

Agência Nacional de Águas declara situação de escassez hídrica na Bacia do Tapajós, no Pará

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Alter do Chão em Santarém. Foto: Bruno Cruz/Agência Pará

Durante a 916ª Reunião Deliberativa Ordinário da Diretoria Colegiada, realizada em 23 de setembro, a Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) aprovou a proposta de Declaração de Situação de Escassez Quantitativa de Recursos Hídricos no trecho baixo do rio Tapajós, compreendido entre as cidades de Itaituba e Santarém, no Pará, até 30 de novembro. A medida visa a aumentar a segurança hídrica da região e mitigar os impactos dos baixos níveis dos rios sobre os usos da água.

De acordo com os institutos de climatologia, a precipitação acumulada na bacia do rio Tapajós de outubro de 2023 a agosto de 2024 foi caracterizada por chuvas abaixo da média, tendência que continua no atual período seco.

As anomalias negativas de chuva afetaram os níveis do rio do Tapajós, especialmente no trecho entre Itaituba (PA) e Santarém (PA), onde as vazões atualmente estão abaixo dos mínimos observados no histórico. Como resultado, os usos da água estão sendo impactados, especialmente aqueles que dependem de níveis adequados nos corpos hídricos, como a navegação e as estruturas de captação.

O transporte aquaviário desempenha um papel crucial no desenvolvimento econômico e social da região amazônica, particularmente na Hidrovia do Baixo Tapajós. A carga transportada em 2023 foi de cerca de 14,6 milhões de toneladas, o equivalente a 11% da carga total transportada em vias interiores, destacando-se milho (45%) e soja (45%). Além de possibilitar o escoamento de cargas, os rios são as principais vias de acesso para muitas comunidades amazônicas, permitindo o deslocamento para serviços essenciais como saúde e educação.

Leia também: Seca histórica do Rio Madeira afeta transporte de cargas em Porto Velho

Segundo a Lei nº 9.984/2000, que dispõe sobre a criação da Agência, compete à ANA “declarar a situação crítica de escassez quantitativa ou qualitativa de recursos hídricos nos corpos hídricos que impacte o atendimento aos usos múltiplos localizados em rios de domínio da União, por prazo determinado, com base em estudos e dados de monitoramento”.

Os cenários hidrometeorológicos para este ano indicam a possibilidade de serem atingidos níveis ainda mais críticos em setembro e outubro com impacto sobre os usos, razão pela qual a proposta de Declaração de Situação de Escassez Quantitativa de Recursos Hídricos no trecho do Baixo Tapajós foi aprovada com o objetivo de aumentar a segurança hídrica da região e mitigar os impactos dos baixos níveis dos rios sobre os usos da água. 

Além disso, a declaração busca comunicar à população a gravidade da situação de seca na região, permitir que instituições gestoras e diferentes usuários de recursos hídricos no rio Tapajós adotem medidas preventivas para mitigar os impactos nos diversos usos da água e sinalizar aos usuários que a ANA, se necessário, poderá alterar regras de uso da água e adotar outras medidas.

Declaração de escassez hídrica

Esse instrumento foi utilizado pela primeira vez em 2021 na Região Hidrográfica do Paraná, por meio da Resolução ANA nº 77/2021. Naquele cenário, a RH do Paraná – que ocupa 10% do território brasileiro, abrangendo áreas de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e Distrito Federal – vinha acumulando chuvas abaixo da média, impactando negativamente os volumes armazenados nos reservatórios.

Essa situação colocou em risco o atendimento dos usos múltiplos da água, especialmente a geração hidrelétrica, o que poderia comprometer todo o Sistema Interligado Nacional e a navegação. Por isso, a ANA emitiu a primeira Declaração de Escassez Hídrica. 

*Com informações da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA)

Gramática Wapichana é lançada em Roraima para fortalecer língua indígena

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Imagem: Reprodução/Gramática Pedagógica Wapichana

A Comunidade Indígena Tabalascada, no município de Cantá (RR), é palco do lançamento da Gramática Pedagógica da língua Wapichana, nesta terça-feira (24). A iniciativa, promovida pelo Museu do Índio, órgão científico-cultural da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), conta com educacionais e de valorização cultural.

A Gramática Pedagógica Wapichana foi construída para ser uma das frentes de fortalecimento e revitalização da língua indígena Wapichana, em um contexto de escassez de formação específica para professores e falta de material didático adequado.

A nova coleção de Gramáticas Pedagógicas em línguas indígenas foi produzida no contexto do Projeto de Documentação de Línguas Indígenas, desenvolvido desde 2008 por meio de uma parceria entre Funai/Museu do Índio e Unesco, e surge como uma ferramenta essencial para fortalecer o ensino e a aprendizagem das línguas originárias, ao mesmo tempo em que promove reflexões sobre as estruturas gramaticais e a importância política do uso contínuo de suas línguas maternas.

O evento conta com a presença de lideranças e mestres do povo Wapichana, além de representantes de diversas instituições, como o diretor do Departamento Indígena, Leonardo Pereira da Silva; e o reitor da Universidade Federal de Roraima, José Geraldo Ticianeli. Exemplares da Gramática Pedagógica já foram distribuídos às escolas Wapichana com o apoio da Coordenação Regional da Funai em Roraima.

A gramática busca atender à heterogeneidade dos falantes, contribuindo para o fortalecimento da identidade e preservação cultural do povo Wapichana.

Sua criação atende a uma demanda por continuidade da formação de professores e ampliação dos materiais de apoio ao ensino da língua Wapichana.

A íntegra da Gramática Pedagógica da língua Wapichana pode ser consultada AQUI.

*Com informações da Funai

Galeria em Nova York, nos EUA, recebe imersão sensorial na Amazônia

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Foto: Márcio Menasce/Embratur

A Galeria Visit Brasil – Amazônia foi oficialmente aberta no dia 23 de setembro, em Nova York, nos Estados Unidos (EUA). A iniciativa da Embratur, em parceria com o Sebrae, apresenta as riquezas da região amazônica e a sustentabilidade de vida das comunidades locais por meio de uma jornada multissensorial: música, artesanato, fotografia, artes visuais, moda e gastronomia. 

O presidente da Embratur, Marcelo Freixo, participou da cerimônia de abertura e reforçou o objetivo do projeto.

O projeto inovador permite uma imersão pelo maior bioma do mundo instalado numa galeria de arte e receberá empresários, associações e operadores de turismo, formadores de opinião, influenciadores e jornalistas internacionais até o dia 27 de setembro.

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, também marcou presença no primeiro dia de galeria. Ela acredita que o espaço-conceito irá contribuir para uma maior conscientização sobre a importância da ancestralidade indígena brasileira em sua totalidade.

“É um espaço para a chamada da tomada de consciência, onde as pessoas que não conhecem a Amazônia de perto, que nunca visitaram a Amazônia, têm aqui uma noção do que é a Amazônia em toda a sua diversidade, de culturas, de povos, de territórios, de espécies, e essas espécies precisam ser protegidas não só por nós indígenas, mas por todas as pessoas”, afirmou Guajajara.

De acordo com a diretora de Administração e Finanças do Sebrae, Margarete Coelho, a parceria entre a entidade e a Embratur aproxima o Brasil dos Estados Unidos e do público-alvo. “É aqui, na Galeria Visit Brasil, que o turismo brasileiro, principalmente com o destino da Amazônia, está sendo apresentado para os Estados Unidos e para o mundo. O Sebrae e a  Embratur têm uma parceria longeva, potente e que tem preparado os pequenos negócios para serem cada vez mais efetivos, mais lucrativos, mais sustentáveis, mais inclusivos e inovadores também no turismo”, pontuou Margarete Coelho. 

Estratégia

O mercado norte-americano é estratégico para a Embratur. Os Estados Unidos foram o segundo maior emissor de turistas internacionais para o Brasil em 2023, atrás apenas da Argentina. Segundo o Portal de Dados da Embratur, o país enviou 668.478 visitantes aos destinos brasileiros no ano passado, um salto de mais de 50% em relação a 2022, quando 441 mil turistas dos EUA visitaram o Brasil. De janeiro a agosto deste ano, já foram 461,3 mil visitantes. 

Para o cônsul-geral do Brasil em Nova York, Adalnio Senna, a importância deste momento vai além do turismo. “É importante uma integração global que mostre a importância da Amazônia para o mundo. Temos a convicção de que a partir da COP30 tenhamos uma inflexão positiva para manter a floresta em pé, sob a liderança do Brasil. Bioeconomia e transição energética são temas prioritários que tratamos com os Estados Unidos”, reforçou. 

Amazônia Legal

Os estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Amapá, Pará, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão compõem a região amazônica, segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Até 27 de setembro, os visitantes irão participar de painéis com representantes de entidades ligadas ao turismo sustentável, bioeconomia e a promoção de toda a Amazônia, exposições digitais de fotógrafos brasileiros renomados, degustação da gastronomia regional de chefs brasileiros e experiências interativas. 

Leia também: Entenda a diferença entre Amazônia Legal, Internacional e Região Norte

Para o governador do Pará, Helder Barbalho, a Galeria é uma oportunidade de os norte-americanos conhecerem mais sobre a diversidade do estado. “Esta imersão na Amazônia, este chamamento para que se possa conhecer um pouco da experiência das nossas belezas, das nossas riquezas, certamente alavanca a visibilidade, a estratégia de apresentação da Amazônia”, afirmou.

O governador de Rondônia, Marcos Rocha, endossou as palavras de Barbalho. “A Amazônia é um local diferenciado. Ela faz com que a gente sinta experiências únicas, que não existem em outros lugares. Existem locais que o mundo sempre fala, agora é hora de conhecer esses lugares”, acrescentou. 

Diversidade

A riqueza de ingredientes amazônicos será representada por chefs brasileiros renomados que estarão no comando da cozinha da Galeria Visit Brasil em Nova York, promovendo degustações para encantar os visitantes internacionais. Para o chef paraense Saulo Jennings, um dos nomes que integram o time da gastronomia do espaço, a galeria consolida a Amazônia em um alto patamar da gastronomia mundial.

“Recentemente, fui nomeado pela ONU como embaixador do turismo gastronômico mundial e acredito que essa galeria vem mostrar toda essa diversidade do nosso turismo, diversidade do que a gente tem para oferecer para o mundo. É uma oportunidade de levar para o Brasil pessoas importantes, networking para a gente transformar em negócio e geração de emprego e renda”, finalizou. 

Conectividade

A promoção internacional da região amazônica também é acompanhada de uma estratégia que busca ampliar a conectividade aérea. A Embratur atua em parceria com as companhias aéreas para atrair novos voos internacionais, em acordos que preveem promoção conjunta das novas rotas. Hoje, os  visitantes estrangeiros podem acessar a região pela nova rota Lisboa (PT)-Belém (PA)-Manaus (AM), da companhia aérea TAP. Além disso, a frequência de voos para a região também aumentou. Atualmente são cinco voos Lisboa-Belém (TAP) e sete saindo de Fort Lauderdale, nos Estados Unidos, para Belém, pela Azul.

*Com informações da Embratur

Pescadores temem que Manaus sofra escassez de peixes devido à seca

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Para os feirantes o maior aumento foi na logística para trazer o pescado até Manaus. Foto: Lucas Macedo/g1 Amazonas

A seca severa que atinge o Amazonas deve ocasionar a escassez de peixe nas feiras e mercados de Manaus ainda em 2024, é o que diz a Federação de Pescadores do Amazonas (Fepesca-AM). Os impactos já são sentidos no bolso de quem compra e de quem depende da venda do animal para sobreviver.

Na sexta-feira (20), data da atualização mais recente, o nível do Rio Negro em Manaus era de 15,08 metros. No último dia 11, a Prefeitura de Manaus declarou situação de emergência na cidade.

Segundo a Fepesca-AM, com a redução drástica dos níveis dos rios, muitos pescadores enfrentam dificuldades para acessar os pontos de pesca tradicionais, o que pode significar uma redução na oferta de peixe no estado.

A situação se agrava com o aumento dos custos operacionais, uma vez que os pescadores precisam se deslocar para áreas mais distantes e menos produtivas. Durante o período de seca, as embarcações têm dificuldade de acesso aos locais. Por conta dessas variáveis, o preço dos peixes também pode subir.

Leia também: Seca histórica do Rio Madeira afeta transporte de cargas em Porto Velho

O pescador ainda ressalta que, o jaraqui, uma das espécies mais consumida pelos amazonenses, pode sofrer um aumento de até 40% neste devido a dificuldade da logística no atual cenário do estado.

Luiz Carvalho, de 52 anos, é vendedor de peixes na Feira da Manaus Moderna e garante que o frete para trazer o peixe está mais caro.

“Hoje tem mais dificuldade do peixe chegar até o consumidor. O que vem sendo caro é a logística, canoa, carreteiro, gelo”, explicou o feirante.

Outro trabalhador da feira, Thiago Queiroz, de 22 anos, afirmou que a dificuldade para o transporte da produção vem desde o início da seca, em julho deste ano.

Os impactos já são sentidos pelos consumidores. A autônoma Célia Amazonas, 62 anos, diz que não abre mão do peixe na mesa de casa, mas se surpreendeu negativamente com os valores.

“Eu consumo bastante peixe, só que hoje o peixe está mais caro que a carne, um absurdo. Antes comprávamos seis unidades de jaraqui por R$10, hoje em dia está custando seis (unidades) por R$25 ou R$30″, comentou.

Impacto Econômico

Segundo a economista Michele Aracaty, uma alternativa para driblar a escassez é a importação de pescado do estado de Rondônia, mas a medida pode não surtir efeito por muito tempo.

A economista, ressalta ainda, que o impacto da seca não se aplica só aos peixes, mas em toda a produção que é comercializada no estado por meio dos rios.

Levando-se em consideração a relevância regional dos rios todo e qualquer alteração ocorrida neste cenário impacta sobre o cotidiano de todos. No período da estiagem ou seca dos rios culturalmente os produtos ficam mais escassos o que eleva o seu preço para o consumidor final sem contar a ampliação do prazo de entrega”, explicou Michele.

Medidas do Governo do Amazonas

Em nota, o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM), informou que o Governo do Amazonas está em fase inicial de estudos para encontrar uma solução para os pescadores que sofrem o impacto da estiagem.

Para mitigar os impactos da estiagem, algumas iniciativas estão sendo propostas, informou o Idam. Organizações locais e entidades governamentais estão discutindo estratégias para a recuperação dos habitats aquáticos e a implementação de sistemas de monitoramento que ajudem a prever e gerenciar melhor os recursos pesqueiros.

“O Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam) informa que está em fase de levantamento de informações, por meio de 75 Unidades Locais (UnLoc’s) e postos avançados próprios, para identificar as necessidades dos pescadores artesanais no estado, que, atualmente, são mais de 60 mil, durante a estiagem”, afirma a nota.

O órgão também explica que mesmo com a grande vazante das calhas dos rios, os valores dos pescados que são comercializados no estado, ainda não sofrem um grande aumento.

“Com relação ao preço do pescado durante a estiagem, embora a captura seja mais fácil por conta da baixa da água dos rios, a tendência é o aumento do valor em algumas regiões do estado devido aos entraves logísticos. Por isso, o Idam tem realizado ações de crédito para que o pescador artesanal tenha meios para custear a atividade e garantir a chegada da produção dele nos mercados consumidores”, conclui o IDAM.

*Por Lucas Macedo, da Rede Amazônica AM

Pará avança na criação de parque para preservação das árvores gigantes da Amazônia

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Foto: Fernando Sette

O Dia da Árvore, em 21 de setembro, foi celebrado em todo o Brasil, destacando a importância da preservação ambiental. No Pará, as comemorações ganham um significado especial devido aos esforços para a criação do Parque Estadual das Árvores Gigantes da Amazônia. A nova Unidade de Conservação (UC), prevista para ser instituída nas próximas semanas, tem como objetivo proteger a maior árvore da América Latina e uma das maiores do mundo, um angelim-vermelho (Dinizia excelsa) de 88,5 metros de altura.

Leia também: Consulta pública é realizada no Oeste do Pará para criação da UC Árvores Gigantes da Amazônia

Descoberta em 2018, a árvore monumental está na Floresta Estadual (Flota) do Paru, município de Almeirim, no oeste paraense, a mais de 800 quilômetros de Belém. Ao seu redor foram identificadas outras 38 árvores de grande porte, duas com mais de 80 metros. Esta é a maior incidência de árvores gigantes na Amazônia, evidenciando a biodiversidade da localidade e sua prioridade nos planos de conservação do bioma.

A iniciativa para a criação do Parque Estadual das Árvores Gigantes é liderada pelo Governo do Pará, por meio do Ideflor-Bio, em parceria com a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e financiamento do Andes Amazon Fund (AAF). Em maio de 2024, uma nova expedição foi realizada para aprofundar análises físicas e biológicas, a fim de estabelecer uma área protegida que preserve as árvores gigantes.

Foto: Fernando Sette

Descobertas

Durante a expedição realizada em maio, um grupo de pesquisadores e técnicos do Ideflor-Bio, IFAP e FAS percorreu rios e trilhas na Flota do Paru, coletando dados sobre a fauna, flora e características do solo. Foram identificadas novas árvores gigantes, incluindo exemplares de angelim-vermelho com mais de 65 metros de altura. Esse achado revelou a existência de um verdadeiro santuário de árvores gigantes, indicando que sua ocorrência é mais frequente e dispersa pelo território do que se imaginava.

Além do papel fundamental na preservação da biodiversidade, as árvores gigantes têm uma função vital na regulação do clima, absorvendo grande quantidade de carbono e ajudando a mitigar os impactos das mudanças climáticas. Elas são abrigo e fonte de vida para uma ampla variedade de espécies, tornando-se um patrimônio cultural, histórico e científico.

Foto: Fernando Sette

Futuro do bioma

A criação da Unidade de Conservação não só protegerá essas árvores monumentais, mas também promoverá a pesquisa científica e a sustentabilidade na região. “Os esforços conjuntos do Governo do Pará e da sociedade civil salvaguardam não apenas o futuro do bioma, mas também promovem o bem-estar das comunidades locais e em todo o mundo,” destaca o diretor de Gestão da Biodiversidade do Ideflor-Bio, Crisomar Lobato.

Com a conclusão dos estudos e relatórios técnicos, o Governo do Pará realizou, no último dia 11 de setembro, consulta pública com moradores do distrito de Monte Dourado, pertencente ao município de Almeirim, que abriga a floresta onde está localizada a árvore monumental, sobre a criação da nova UC.

O superintendente de Inovação e Desenvolvimento Institucional da FAS, Victor Salviati, ressalta o simbolismo da iniciativa. “A recategorização parcial da Flota do Paru é um compromisso concreto do Estado com a conservação da Amazônia. É uma honra para a FAS prover apoio técnico e buscar parceiros financiadores para intensificar essas ações”, enfatiza.

*Com informações da Agência Pará