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Relatório da WWF aponta que vida selvagem diminui 73% em 50 anos

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Foto: Reprodução/Fundación Omacha

Relatório da organização não governamental (ONG) World Wide Fund for Nature (WWF), divulgado nesta quinta-feira (10), alerta para o “declínio catastrófico” de 73%, nos últimos 50 anos, do tamanho médio das populações de vida selvagem. Só a América Latina e Caribe viram cair 95% dessas populações. A organização de preservação da natureza adverte que os próximos cinco anos vão determinar o futuro da vida na Terra.

Desde elefantes em florestas tropicais a tartarugas-de-pente na Grande Barreira de Corais, as populações estão diminuindo de forma “catastrófica”, afirma a ONG, que desde 1961 trabalha na área de preservação da natureza e redução do impacto humano no meio ambiente.

Os maiores declínios nas populações de vida selvagem foram registrados na América Latina e no Caribe, de 95%. A África tem menos 76% e a Ásia-Pacífico, menos 60%.

O relatório Planeta Vivo, da WWF, deixa claro que, à medida que a Terra se aproxima de pontos perigosos de inflexão de ameaça à humanidade, maior esforço coletivo será necessário para enfrentar as crises climáticas e naturais. Porém, a margem é curta para inverter a tendência. A análise afirma que o futuro da vida na Terra depende do que acontecer nos próximos cinco anos.

O Índice Planeta Vivo (LPI), fornecido pela Sociedade Zoológica de Londres, inclui quase 35 mil tendências populacionais de 5.495 espécies – aves, mamíferos, anfíbios, répteis e peixes – registradas entre 1970 e 2020. O declínio maior ocorre nos ecossistemas de água doce que apresentam redução de 85%, seguido pelos terrestres, que decresceram 69%. A vida marinha caiu 56%.

A perda e a degradação de habitats têm sido impulsionadas principalmente pelo sistema alimentar humano e é a ameaça à vida selvagem mais relatada, indica o relatório. A exploração desenfreada de recursos naturais, as espécies invasoras, a poluição e as doenças estão também identificadas como causa do declínio.

Mike Barrett, principal autor e consultor científico do WWF, disse que, devido à ação humana, “particularmente a maneira como produzimos e consumimos nossos alimentos, estamos cada vez mais perdendo o habitat natural”.

Para Kirsten Schuijt, diretora-geral da WWF Internacional, “a natureza emite um pedido de socorro. As crises interligadas de perda da natureza e mudanças climáticas estão a empurrar a vida selvagem e os ecossistemas para além dos seus limites”.

Quando os ecossistemas são prejudicados, deixam de fornecer à comunidade humana os benefícios dos quais todos dependem – ar limpo, água e solos saudáveis para alimentação. E por estarem danificados, esses ecossistemas se tornarão mais vulneráveis a momentos de mudança.

Essas alterações podem ser considerados pontos de inflexão e ocorrem quando um ecossistema é empurrado além de um limite crítico, resultando em mudanças substanciais e potencialmente irreversíveis.

A perda de espaços selvagens está “pondo muitos ecossistemas à beira do abismo”, reitera a diretora da WWF no Reino Unido, Tanya Steele, destacando que muitos habitats, da Amazónia aos recifes de corais, estão “à beira de pontos de inflexão muito perigosos”.

O potencial “colapso” da floresta amazônica, está em curso porque deixará de ter capacidade de reter o carbono que aquece o planeta e mitigar os impactos das alterações climáticas.

Em um dos exemplos do relatório, é apontado decréscimo de 60% dos botos cor-de-rosa ou golfinhos de rios da Amazônia devido à poluição e a outras ameaças, como a mineração.

Por sua vez, na Austrália, as tartarugas-de-pente estão em declínio, devido ao fato de as fêmeas nidificantes, no nordeste de Queensland, terem diminuído 57% em 28 anos.

O balanço da WWF é apresentado quando os incêndios na Amazônia atingiram, em setembro, o nível mais alto em 14 anos. Além disso, pela quarta vez, um evento global de branqueamento em massa de corais foi confirmado no início deste ano.

Caça ilegal na África

O relatório aponta fortes evidências de que a caça ilegal para alimentar o comércio de marfim, no Gabão e em Camarões, coloca em perigo crítico a população de elefantes da floresta do Parque nacional em Minkébé. O declínio drástico já atingiu as famílias de elefantes da floresta, aniquilando metade da espécie.

Na Antártida, “o declínio nas colônias de pinguins-barbicha pode estar ligado ao degelo das calotas polares e à escassez de krill (pequenos crustáceos), razões que, por sua vez, resultam das alterações climáticas e do aumento da pesca desse mesmo krill”, diz o documento.

As condições mais quentes, associadas a níveis mais baixos de cobertura de gelo marinho, resultam em menos krill, sendo esses crustáceos (semelhantes aos camarões) a principal fonte de alimento dos pinguins. Essas comunidades acabam por gastar mais tempo à procura de comida, “o que pode aumentar o risco de falha reprodutiva”.

Mike Barrett lembra que não se deve ficar triste apenas pela perda da natureza. E avisa: “Estejam cientes de que esta é agora uma ameaça fundamental à humanidade e realmente precisamos fazer alguma coisa e tem de ser já”.

*Com informações da Agência Brasil

Municípios do Pará e Mato Grosso entram em lista de emergência de cidades afetadas por desastres

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Foto: Wellyngton Coelho/Agência Pará

O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), por meio da Defesa Civil Nacional, reconheceu, no início deste mês, a situação de emergência em 42 cidades afetadas por desastres. As portarias com os reconhecimentos foram publicadas no Diário Oficial da União (DOU).

No Pará, 34 municípios obtiveram o reconhecimento federal de situação de emergência devido a incêndios florestais. Estão na lista Abel Figueiredo, Acará, Altamira, Aurora do Pará, Bagre, Bonito, Bragança, Breu Branco, Cachoeira do Piriá, Cametá, Capitão Poço, Concórdia do Pará, Dom Eliseu, Eldorado dos Carajás, Goianésia do Pará, Itaituba, Jacareacanga, Maracanã, Marapanim, Moju, Muaná, Nova Ipixuna, Oriximiná, Ourém, Pacajá, Portel, Redenção, Rio Maria, Rurópolis, São Félix do Xingu, Tucuruí, Ulianópolis, Vitória do Xingu e Xinguara.

Ainda no estado, os municípios de Curuá e Porto de Moz enfrentam um período de estiagem, assim como Arcoverde, Santa Maria de Boa Vista e Toritama, em Pernambuco, e Guapimirim, no Rio de Janeiro.

Por fim, Colniza, no Mato Grosso, e Caraúbas, no Rio Grande do Norte, registraram seca, que é um período de ausência de chuva mais prolongado do que a estiagem.

Agora, as prefeituras estão aptas a solicitar recursos do Governo Federal para ações de defesa civil, como compra de cestas básicas, água mineral, refeição para trabalhadores e voluntários, kits de limpeza de residência, higiene pessoal e dormitório, entre outros.

Como solicitar recursos

Cidades com o reconhecimento federal de situação de emergência ou de estado de calamidade pública podem solicitar ao MIDR recursos para ações de defesa civil. A solicitação pelos municípios em situação de emergência deve ser feita por meio do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD). Com base nas informações enviadas nos planos de trabalho, a equipe técnica da Defesa Civil Nacional avalia as metas e os valores solicitados. Com a aprovação, é publicada portaria no DOU com o valor a ser liberado.

Capacitações da Defesa Civil Nacional

A Defesa Civil Nacional oferece uma série de cursos a distância para habilitar e qualificar agentes municipais e estaduais para o uso do S2iD. As capacitações têm como foco os agentes de proteção e defesa civil nas três esferas de governo. Confira neste link a lista completa dos cursos.

Confira mais detalhes das portarias:

Portaria nº 3.384

Portaria nº 3.385

Portaria nº 3.386

Portaria nº 3.388

Portaria nº 3.392

*Com informações do Brasil 61

R$ 1,5 mi do Fundo Amazônia é liberado para equipamentos de combate a incêndios em Rondônia

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Foto: Divulgação

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desembolsou no dia 8 de outubro, R$ 1,5 milhões em recursos não reembolsáveis do Fundo Amazônia para a compra de equipamentos de combate a incêndios florestais em Rondônia. Serão adquiridos 664 equipamentos de proteção individual (EPIs) e sete drones.

Leia também: BNDES aprova R$ 180 milhões do Fundo Amazônia para corpos de bombeiros na região

Os recursos recém-liberados fazem parte do projeto “Rondônia Mais Verde Fase II”, no valor total de R$ 34 milhões, que busca fortalecer a estrutura de prevenção e combate a incêndios florestais e queimadas não autorizadas do Estado de Rondônia. A iniciativa amplia o apoio já realizado pelo Fundo Amazônia ao Corpo de Bombeiros Militar estadual, em projeto anterior.

Desde a sua retomada em 2023, o BNDES destinou R$ 405 milhões do Fundo Amazônia para os estados da Amazônia Legal que apresentarem projetos para prevenção e combate a incêndios florestais. Os recursos devem ser usados para duas frentes: Aparelhamento e Estruturação dos Corpos de Bombeiros e Desenvolvimento das Ações de Prevenção, Combate, Monitoramento e Fiscalização.

A aplicação dos recursos cumpre as diretrizes do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), determinadas pelo Comitê Orientador do Fundo Amazônia (COFA), sob liderança do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).

*Com informações do BNDES

O trabalho do dia seguinte

Por Julio Sampaio de Andrade – juliosampaio@consultoriaresultado.com.br

Fico feliz em rever um amigo, que chamarei de Everton. Nós nos conhecemos há quase trinta anos. Inicialmente, era um cliente, depois um colega, companheiro de diversos trabalhos e, finalmente, a condição atual, amigos, uma palavra que diz tudo. Everton tem algumas características admiráveis. É uma pessoa de paz, amável no trato com as pessoas e que procura ser útil em pequenas coisas, sem fazer alardes do que faz. É uma pessoa humilde, no sentido positivo da palavra.

Desde que eu o conheci, ele dizia que o seu sonho era se aposentar. Queria ter tempo para praticar esportes, que sempre fora a sua paixão, assistir a filmes e outras atividades, que o trabalho diário não permitia. Gostava do que fazia e da empresa em que trabalhava, mas a aposentadoria, para ele, seria o grande prêmio. Quando o momento se aproximou, falava com entusiasmo, mesmo para seus chefes e colegas, sem se preocupar se isto poderia lhe trazer algum tipo de prejuízo. De tanto manifestar este desejo, acabou por fazer um acordo com a empresa onde trabalhara por mais de trinta anos. Saiu feliz, com direito a homenagens durante um concorrido almoço entre tantos amigos.

Ocorre que, por questões comuns da previdência social, a aposentadoria oficial demorou a sair. Seu discurso de que estava se aposentando não correspondia aos fatos, gerando preocupações e necessidade dele fazer um outro tipo de trabalho, um pouco mais leve e flexível do que o anterior, mas ainda assim, trabalho, o que não estava nos planos de Everton. Para quem já tinha sentido na boca o gostinho do que era o seu desejo, prolongar a espera tornou-se ainda mais difícil. Nesta época, este era o único assunto que interessava a Everton, a sua aposentadoria, que já deveria ter saído. Não era uma questão tanto financeira, já que ele recebera uma boa reserva, mas era a incerteza. E, naturalmente, ter que seguir trabalhando.

Sua alegria foi enorme quando veio a notícia. Everton estava aposentado. Parou tudo e foi curtir a vida, como sempre sonhara. Passeou com a mulher à tarde no shopping; fez pequenas viagens próximas com a família; assistiu a diversas séries e filmes; correu no parque em diferentes horários, terminando com uma água de coco, o que dava um grande prazer. A vida era um paraíso.

Isto no primeiro mês. No segundo mês, o sentimento não foi tão intenso, mas foi legal. No terceiro, a rotina já não era tão gratificante. No quarto mês, Everton se via à noite, olhando para o teto e pensando: “o que vou fazer amanhã? Como vou gastar o meu tempo?” Passou a acordar depois das dez horas e custava a dormir. E, alguns dias, não chegava a tirar o pijama e a barba ficava por fazer. Isolou-se dos amigos e sentiu-se esquecido. Era uma sensação de vazio.

Ouço este relato do próprio Everton, tendo se passado algum tempo. Ele está mais jovem, entusiasmado e, agora, trabalhando. O que o torna mais feliz é que está sendo útil, contribuindo com pessoas e com a empresa em que trabalha. Descobriu que esta é a sua maior realização: ser útil.

Ser útil e promover o bem estão na essência do ser humano, porque faz parte de sua missão maior, como afirma Mokiti Okada. Estudos da psicologia positiva, comandados por Martin Seligman, Miihaly Csikszentmihaly e vários outros pesquisadores não deixam dúvida quanto à relação entre felicidade e altruísmo. Há uma forte satisfação duradoura quando fazemos o bem, somos úteis e cumprimos a nossa missão. Esta satisfação vai além do prazer e é uma das dimensões da felicidade.

Saio do nosso encontro entusiasmado. Uma pizza, alguns chopes, mas sem excessos. Everton e eu temos trabalho no dia seguinte. Que bom que temos trabalho amanhã! Que bom que teremos o final de semana!

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Amapaense retrata Ilha de Santana em exposição no Carrossel do Louvre, em Paris

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Foto: Cris Guedes/Arquivo pessoal

Retratando as vivências dos moradores e a Ilha de Santana, região ribeirinha do Amapá, a artista Cris Guedes expõe dois quadros no Carrossel do Louvre, em Paris, nos dias 18, 19 e 20 de outubro.

A primeira obra retrata a Ilha e suas características. A região que fica próxima ao segundo município mais populoso do Amapá também ganha, nesta exposição, um documentário, o qual mostra o processo de criação do quadro.

Outro trabalho de Cris que vai estar disponível no Carrossel é um que expõe a rotina dos moradores da Ilha. Junto à primeira obra, a artista traça um paralelo sobre o lugar e as vivências das pessoas que vivem na Ilha. Este quadro também ganhou um documentário.

Para a artista, representar o Amapá em Paris é a realização de um sonho, principalmente porque ela está tratando sobre a sua terra natal num cenário mundial.

De acordo com o contrato assinado junto à organização da exposição, as obras só poderão ser vistas no evento. A ideia é manter a exclusividade do trabalho dos artistas.

Além disso, Cris deve participar do lançamento do livro Vivemos Arte, que reúne a biografia dos artistas selecionados para esta exposição.

Sobre a artista

Cris Guedes, tem 33 anos e se diz apaixonada por contar histórias através da arte. Atualmente, ela trabalha com pintura em paredes, quadros e pinturas em casamentos.

Além disso, a artista dá aulas de arte para crianças e tem um projeto social chamado “Criativando”, onde leva a arte para comunidades ribeirinhas e crianças carentes.

Esta é a segunda exposição internacional de Cris Guedes. A primeira ocorreu em abril, em Barcelona, na Espanha.

Ainda em Santana, a artista produziu um documentário sobre o Orfanato da Ilha de Santana, a produção conta com o depoimento de diversos moradores e deve ser inscrita em concursos de audio visual (veja documentário abaixo).

Documentário

No Amapá, a artista também é conhecida pelo documentário em homenagem à Fortaleza de São José de Macapá, ponto turístico da capital, localizado no centro da cidade.

*Por Mariana Ferreira, da Rede Amazônica AP

“Raríssimo”: vaca dá à luz trigêmeos em Rondônia

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Vaca dá à luz trigêmeos. Foto: Reprodução

O que era para ser uma gestação normal se tornou um evento raríssimo: uma vaca deu à luz três bezerros de uma só vez. O caso aconteceu na propriedade rural de Isabel Soares Lopes em Alvorada do Oeste (RO).

“Dois já é bem incomum e três então nem se fala né?”, relata a professora doutora Evelyn Rabelo, atuante no Departamento Acadêmico de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Rondônia com especialidade em reprodução animal.

Segundo a professora, o comum é que em bovino ocorra apenas uma ovulação. Em casos de inseminação artificial é possível fazer a manipulação hormonal e propiciar as ovulações múltiplas. No entanto, a vaca gerou os trigêmeos em um processo natural.

Isabel, dona da propriedade, contou que durante a sua rotina de ordenhar as vacas percebeu que um dos animais tinha nascido. Ele era mais pequeno que o normal, ”mas até aí tudo bem”.

No dia seguinte, pela manhã, ela foi novamente para ordenha e percebeu que outro bezerro tinha nascido, mas achou que ele era de outra vaca que também estava prenha. No entanto, o animal ainda não tinha dado à luz. Isso fez ela se preocupar, não com a vaca, mas com a sua saúde mental.

“Eu comecei a ficar preocupada comigo mesmo. Eu vi dois bezerrinhos, agora a vaca não criou, mas nem imaginei que podia ser gêmeo. Pensei: ‘meu Deus eu vou ter que consultar porque não estou normal'”, diz a produtora rural.

A situação foi comprovada pela presença do sobrinho de Isabel, que foi até o local ajudar.

Segundo a professora doutora Evelyn Rabelo, além do caso ser raro, outras situações incomuns podem ocorrer em gestações de gêmeos, como a “masculinização” da fêmea, caso os bezerros sejam de sexos diferentes.

“É uma patologia que a gente chama de freemartinismo. Enquanto os bezerros estão na mãe, pode ocorrer troca de células sanguíneas entre eles, troca de hormônios, e aí a gente pode ter o que a gente chama de ‘masculinização’ da fêmea. A fêmea não fica apta à reprodução, ela fica como se fosse um macho, mas com algumas características femininas”, relata.

Um exame deve ser feito quando os bezerros estiverem grandinhos, para que se comprove se existe ou não a patologia. Enquanto isso eles estão bem e saudáveis.

*Por Luciana Kuster e Mateus Santos, da Rede Amazônica RO

Editora especializada em mulheres indígenas de todo o Brasil: conheça a Pachamama

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Foto: Reprodução/Instagram – @alinerochedopachamama

Aline Pachamama tem se esforçado para ler o material que chega até ela por e-mail ou mensagem de texto. A escritora e pesquisadora com raízes na etnia Puri tem atravessado um período intenso de cirurgias oculares, devido a alguns problemas de visão. E embora sua condição atual requeira cuidados atenciosos, a rotina de editora de livros não foi drasticamente afetada: a vontade de se manter atuante e produzir literatura fala mais alto.

Historiadora de formação, Aline Pachamama é doutora em História Cultural pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), e sempre esteve envolvida em iniciativas para preservação e divulgação da cultura indígena.

Ao longo dos anos pôde acompanhar de perto, na universidade e fora dela, a produção de autoras indígenas, mas percebia que muitas delas não conseguiam publicar suas obras em grandes grupos editoriais. Para suprir esta demanda, Aline resolveu elaborar um projeto de editora para publicar novas vozes, e daí surgiu a Pachamama, no ano de 2016.

Em entrevista à Mongabay*, Aline ressaltou a necessidade de contar a história de seus ancestrais:

Pachamama, que em língua quíchua significa “Mãe Terra”, é um projeto que tem como foco a publicação de obras bilíngues com ênfase em literatura indígena. O nome da editora é uma homenagem à mãe, dona Jecy, uma artesã que trabalha com tecidos.

Aline e a mãe, Jecy, inspiração para a criação da editora. Foto: Alice Pachamama/Acervo pessoal

A editora é composta exclusivamente por mulheres – e se destacou no cenário literário brasileiro ao propor um modelo editorial que integra oralidade e memória dos povos originários por meio do texto e dos processos de escuta, fugindo das praxes do mercado editorial tradicional.

Para a historiadora Márcia Mura, autora da casa, a editora foi uma escolha coerente e natural na hora de publicar seu livro, Tecendo Memórias. “O livro é um recorte da minha tese de doutorado, que traz a questão da afirmação indígena e do fortalecimento cultural”, diz Márcia.

Coordenadora do coletivo Mura, em Porto Velho (RO), que realiza um trabalho de recuperação de memória e reconhecimento dos antepassados, Márcia acredita que o trabalho da editora é pioneiro por mobilizar uma grande rede de autoras indígenas de todo o país.

Aline concilia a produção de livros com o ativismo pela palavra. Em suas redes sociais, mantém um diálogo aberto com o público e vê com otimismo a circulação de ideias sobre os temas que lhe são caros, como a ecologia, a luta antirracista e a história dos povos originários.

Para a professora Shirlei Rodrigues, conselheira da editora, a Pachamama se diferencia de outras pequenas casas editoriais por carregar um projeto que ultrapassa a barreira editorial e assume uma luta política. Por “honrar a ancestralidade e o convite que faz a todas as pessoas para uma caminhada de valorização dos povos originários e das causas ambientais”, ela diz.

Com uma linha editorial eclética, a Pachamama publica de obras de não-ficção, como ensaios, a histórias e poesia. “Nós publicamos livros que não apenas documentam as tradições indígenas, mas que também valorizem as línguas originárias”, diz Aline. Um dos projetos mais importantes da editora foi seu primeiro lançamento, em 2016, Guerreiras: Mulheres Indígenas na Cidade, Mulheres Indígenas da Aldeia.

O livro surgiu da inquietação de Aline ao questionar onde estavam os indígenas na cidade do Rio de Janeiro. O livro, fruto de uma pesquisa que envolveu entrevistas com 13 indígenas de diferentes etnias, aborda as realidades de mulheres que viviam tanto em áreas urbanas quanto em aldeias.

Entre as etnias representadas no livro de estreia, estão Anambé, Guarani, Kayapó, Puri e Xavante. O trabalho, que foi concebido por meio de um edital, mostra como as experiências dessas mulheres em suas lutas e conquistas cotidianas têm a ver com a questão de território.

Alguns títulos do catálogo da editora Pachamama. Foto: Divulgação

Desafios

Para Shirlei, que é professora, a curadoria também é uma questão primordial. “A editora Pachamama requer uma mentoria bem criteriosa, pois apoia autoria de pessoas indígenas e negras que são comprometidas com esses movimentos.  É muito importante que promova a qualidade dos livros e do conteúdo. A Pachamama propõe a publicação de livros multilíngues que nos leva a refletir e se sensibilizar sobre as diversas etnias que estão no Brasil, no mundo”.

A iniciativa criou raízes e Aline fundou, em 2021, o Instituto Pachamama, que tem sede em Visconde de Mauá, no Rio de Janeiro, onde Aline mora. O instituto foi criado também para desenvolver o projeto Inhã Uchô, que busca reparar historicamente o povo Puri da Mantiqueira. Além de ser um espaço de resgate cultural, o local, que abriga também a editora, propõe um diálogo entre a ciência e as práticas ancestrais dos povos indígenas.

Em 2023, Aline Pachamama recebeu apoio da Faperj e do Instituto Serrapilheira por meio de uma chamada conjunta voltada para apoiar cientistas indígenas e negros. O projeto intitulado “Ecologia é Ciência, e nós, indígenas, a praticamos” foi contemplado na modalidade de apoio discricionário. A iniciativa tem como objetivo desenvolver projetos inovadores em ecologia e ciência, preservando memórias e práticas ancestrais do povo Puri.

Agora em outubro, Aline relançará o livro TAYNÔH no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo. Considerado o livro mais ambicioso da editora Pachamama por ter sido traduzido em 13 línguas, entre elas Guarani, Xavante e Puri, além da língua crioula falada em Guiné-Bissau, na África, a edição contempla traduções para espanhol, francês, inglês, italiano e português.

Além de trazer discussões sobre o meio ambiente, a autora destaca que o propósito do livro é promover a educação antirracista e a reparação linguística, estimulando o público, especialmente professores, a olhar para as línguas indígenas existentes no Brasil e na África.

“Queremos reconquistar territórios através da palavra”, diz Aline Pachamama, que reconhece que a produção literária no Brasil é cara e desafiadora, mas vê nos seus livros uma forma de manter viva a história e a ciência de seu povo. “O livro, para mim, é vivo”.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Mongabay, escrito por Matheus Lopes Quirino

Saiba quais foram as maiores vazantes do Rio Negro em Manaus

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Foto: Raffa Neddermeyer/Agência Brasil

Com registro de 12,11 metros em 9 de outubro, pelo Porto de Manaus, o Rio Negro na capital amazonense chegou ao menor nível em 122 anos de monitoramento até então. A cota é monitorada desde 1902.

O período mais crítico da estiagem do rio é entre agosto e outubro. O monitoramento do Serviço Geológico do Brasil (SGB) indica que cota tem descido cerca de 12 centímetros por dia. Porém, com ritmo acelerado, em 16 de setembro houve redução de 26 cm em 24 horas.

Após chegar aos 12,11 metros, o rio manteve o nível em 10 de outubro, segundo registros do Porto, sendo a primeira vez desde 28 de junho que o rio se mantém estável.

Em 2024, o Amazonas registrou pelo menos 750 mil pessoas impactadas pela seca de acordo com a Defesa Civil.

A demografia da PanAmazônia: quase 43 milhões de pessoas vivem na região

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Foto: Reprodução/Equador Viagens

Uma razão pela qual é possível ser otimista em relação ao futuro da PanAmazônia é que nenhum dos países precisa enfrentar uma explosão demográfica iminente. Esse não foi sempre o caso. Na década de 1970, as altas taxas de natalidade e as tradições católicas sugeriam que a América Latina estava enfrentando uma bomba-relógio demográfica. As populações nos países amazônicos estavam se expandindo de 2,4% a 3,5% ao ano, uma taxa que teria dobrado a sua população a cada vinte anos. Os esquemas de colonização das décadas de 1970 e 1980 foram concebidos, em parte, para criar uma válvula de escape para uma população em expansão.

Com exceção da Venezuela, o crescimento populacional nos países pan-amazônicos caiu para entre 1% e 0,5% ao ano, colocando-os em um grupo de países que inclui os Estados Unidos, o Canadá e a Espanha. O Brasil tem a taxa mais baixa, enquanto as mais altas são as do Equador e da Bolívia.

A Venezuela complicou esse panorama com sua implosão econômica, que levou à migração em massa de aproximadamente sete milhões de refugiados econômicos entre 2014 e 2023. A maioria foi reassentada na Colômbia, no Equador e no Peru, que apresentaram taxas de crescimento excepcionalmente altas durante esses anos.

O crescimento populacional da Pan-Amazônia, estratificado por país e período temporal. A mudança média anual mostra um pico nas décadas de 1980 e 1990. Dados obtidos de agências nacionais de estatística: Bolívia (INE); Brasil (IBGE); Colômbia (DANE); Equador (INEC); Guiana Francesa (INSEE); Guiana (BS); Peru (INEI); Suriname (ABS); Venezuela (INE).

Atualmente, as jurisdições da Pan-Amazônia abrigam aproximadamente 43 milhões de pessoas, contra 12 milhões em 1970. O crescimento ocorreu de forma progressiva, quase linear, mas houve um grande pico na década de 1980, quando os fluxos líquidos de entrada variavam de 100.000 a 300.000 imigrantes por ano. Se as tendências atuais continuarem, a Pan-Amazônia deverá ter uma população total de cerca de 60 milhões em 2050 e estabilizar-se em cerca de 65 milhões em 2100.

As taxas de natalidade na Amazônia são ligeiramente mais altas do que nas jurisdições não amazônicas, mas seguem as tendências nacionais com um atraso de cerca de vinte anos. Em comparação com outras regiões de florestas tropicais, esse é um cenário demográfico bastante moderado e deve ser um bom presságio para os ecossistemas naturais da Pan-Amazônia, bem como para as comunidades humanas que fazem dela seu lar.

Essas projeções presumem que não haverá outra migração em massa para a região; no entanto, o impacto da migração passada é evidente. Dados do Censo de 2010 do Brasil mostram que mais de três milhões de residentes da Amazônia Legal nasceram em uma das outras cinco macrorregiões. Por outro lado, menos de 400.000 cidadãos brasileiros nascidos na região Norte agora residem fora da mesma, e a maioria deles vive nos estados adjacentes de Mato Grosso e Goiás. No entanto, os dados do censo não abrangem os imigrantes de segunda geração, nem revelam os movimentos migratórios dentro da Amazônia. Talvez até dois terços da população da Amazônia brasileira se enquadrem nessas duas categorias.

Os povos indígenas representam cerca de 5% da população total, um dado que não inclui as comunidades Ribeirinhas/Ribereñas, que são descendentes de povos indígenas destribalizados, ou os Seringueiros, cujos antepassados eram os primeiros migrantes que buscavam meios de subsistência baseados na floresta, não muito diferente das comunidades indígenas.

Os defensores do meio ambiente e da causa social geralmente se referem a esses e a outros grupos semelhantes como “povos tradicionais” e frequentemente os incluem em iniciativas de políticas que buscam conservar os ecossistemas florestais naturais de forma justa e equitativa. O restante da população amazônica é composta por imigrantes ou descendentes de imigrantes que chegaram depois de 1960, e agora representam provavelmente cerca de oitenta por cento da população amazônica.

Em 1991, o local de nascimento da população da Amazônia Legal revela que os imigrantes vieram de todas as partes do Brasil. Rondônia tinha a maior proporção de imigrantes, enquanto o Amazonas tinha a maior proporção de habitantes nativos. No geral, a maior fonte de migrantes foi o Nordeste (painel inferior esquerdo); no entanto, essas estatísticas subestimam a contribuição dos nordestinos para a cultura amazônica, porque muitos residentes nativos são descendentes de imigrantes que vieram do Nordeste durante os dois booms da borracha. Fonte de dados: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2023. Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA, Censo Demográfico.

“Uma tempestade perfeita na Amazônia” é um livro de Timothy Killeen que contém as opiniões e análises do autor. A segunda edição foi publicada pela editora britânica The White Horse em 2021, sob os termos de uma licença Creative Commons (licença CC BY 4.0).

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Mongabay, escrito por Timothy J. Killeen e com tradução de Lisete Correa

Vídeos ensinam a usar mapa interativo com informações sobre a rodovia BR-319

Foto: Orlando K Júnior

O Observatório BR-319 (OBR-319) produziu vídeos explicativos que ensinam como usar o mapa interativo com dados públicos sobre a rodovia BR-319. A ferramenta de pesquisa e monitoramento permite ativar camadas para visualização de todas as categorias de Áreas Protegidas na região de influência da estrada, além de pontos de desmatamento, focos de calor, entre outros. Os vídeos estão disponíveis no canal do Observatório BR-319 no Youtube.

A plataforma está organizada em cinco categorias principais:

  • interflúvio Madeira-Purus,
  • infraestrutura,
  • Áreas Protegidas e destinadas,
  • monitoramento
  • e ordenamento territorial.

Outro destaque da plataforma é a origem variada dos dados, que inclui fontes como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), entre outras instituições ligadas ao tema.

Imagem: Divulgação

Os mapas podem ser baixados em diferentes extensões, como CSV, GeoPackage, GeoJSON e KML, e os usuários ainda podem escolher o fundo do mapa entre Global Land Analysis & Discovery (GLAD) e Bing Satellite.

“Com esse sistema, o Observatório BR-319 dá um passo importante na transparência e no acesso a dados socioambientais, ajudando a sociedade a acompanhar as mudanças na região de forma precisa, interativa e instigante. Sendo que este se mostra um instrumento útil para todos interessados e envolvidos com a temática”, diz o secretário executivo do OBR-319, Marcelo da Silveira Rodrigues.

Até o momento, estão disponíveis três vídeos que apresentam o mapa interativo, mostram como visualizar as camadas e dados e falam sobre as fontes de dados.