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Conheça toadas do Festival de Parintins que contam lendas amazônicas diferentes

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A Amazônia é rica de lendas e histórias que envolvem o imaginário da população ribeirinha e indígena. São seres sobrenaturais e fantásticos que possuem descrições encantadoras, como o homem que vira boto ou a criatura com os pés virados para trás que afugenta caçadores.

Todos esses elementos compõem o imaginário amazônico. Fatos expandidos pela oralidade de pais para filhos, que estão ligados a mitos caboclos e indígenas, lendas essas que viraram base para compositores de toadas do Festival Folclórico de Parintins, reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

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A toada é um gênero musical que dá ritmo à cultura dos bois-bumbás em todo o Amazonas. Através dessas músicas são desenvolvidos vários temas que ajudam os bois-bumbás no bumbódromo e muitas contam vivências e lendas diferentes, como na lista a seguir:

Aningal

As nuvens negras de outrora cobrem a noite
A lua adormeceu, os bichos noturnos acuados ficaram
Em tocas calaram, por um silêncio que transpira o medo.

No rebojo sombrio dos aningais, rompendo canaranas
Nas águas escuras, enigmáticos olhos reveladores de encantos
Da fera que virá…

Emerge com fúria a fera das águas, estrondando
Assombrando os igapós….. soberana….

Esturros na noite estremecem as águas
Quimera que avança com voracidade
Pesadelo caboclo…

No corpo escamas de sucuriju
Negra sorrateira como o breu da noite

Filhas de arraias, jacarés
Cria de botos, poraquês (x2)
Vaga no lodo das águas da escuridão

Na fúria das águas a fera dos aningais

Tapiraiauara, Tapiraiauara, Tapiraiauara (bis)

Composição: Adriano Aguiar / Geovane Bastos – Boi Caprichoso.

Pavú maraúna

Crateras abertas no seio
da grande floresta
Do povo de gorá
na aldeia se ouve um clamor.

A criatura que guarda
os segredos da terra
Das minas perdidas de urucumácuam
despertará.

Surge do subterrâneo rompendo com fúria
No corpo diamantes manchados de sangue
Pavú ibi maraúna
hea hea ahê
Pavú ibi maraúna.

Nos olhos pedras preciosas
polidas com ira
Refletem o brilho mortal da cobiça
Pavú ibi maraúna
hea hea ahê
Pavú ibi maraúna.

Pingos de sangue entranhados nos
diamantes são vidas
Com o branco, a febre, a fome, a morte
o desespero a cobiça
Do povo cinta-larga ecoou
Do povo cinta-larga ecoou.

Composição: Adriano Aguiar / Geovane Bastos / Renner Cruz – Boi Caprichoso

Apocalipse Karaja

Terra! Profecias do pajé filho do fogo
Que se cumpra o extermínio dos domínios de Tupã
Dos segredos profanados da aruanã
Nas profundezas da escuridão
Hei, hei

Trevas! Santuário libertado dos malditos
Devoradores de mundos, de almas, de sonhos
Oh! Criador e criatura
Dos versos medonhos
Que encanta o pajé
Na ocara Karajá

Ah, ah, ah, ah, ah
Uô, ô, ô, ô, ô, ô

Fogo! Profecias do pajé filho do tempo
As estrelas que desabam no infinito
No vale dos ventos
Na ira dos raios
Os planetas se chocam nos braços da morte
A fúria das águas
Os olhos perdidos no caos
Fim do mundo Karajá

Ah, ah, ah, ah, ah
Uô, ô, ô, ô, ô, ô

Filho Diuré, Guerreiro Aruanã
Manchastes a casa dos homens
Do Karajá, do Karajá
Manchastes a glória vermelha da guerra
Do Karajá, do Karajá
Profanastes o segredo sagrado do tempo
Eu profanei, eu profanei
Terra!

Composição: Mencius Melo – Boi Garantido

Moangá (1998)

As tribos inteiras se rendem
Ao som do tambor
O mestre da cura e da feitiçaria chegou

É Moangá, o protegido de Tupã
É Moangá, o protetor de toda terra
É Moangá, o soberano dos pajés
É Moangá, que contra o mal declara guerra

A Lua clareia o centro da aldeia
As tribos rodeiam as chamas da fogueira

Todos os guerreiros exaltam Moangá
Todas as tribos conclamam Moangá
Dono da magia e dos segredos concedidos por Tupã

O ritual da cura é do grande Moangá
O rei da pajelança é o grande Moangá
O povo da floresta
É protegido pelas mãos de Moangá

Composição: Tony Medeiros / Inaldo Medeiros / Edval Machado / Cláudio Batista – Boi Garantido

*Karleandria Araújo, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

Três espécies de pica-paus que correm risco de extinção podem ser encontrados na Amazônia

O inconfundível pica-pau (Celeus flavesceus) é uma ave popular em todo mundo por conta dos desenhos animados que mostravam as peculiaridades desse pássaro. Muitos podem pensar que se trata de uma espécie apenas norte-americana, mas você sabia que existem espécies encontradas na Amazônia?

O pica-pau é da ordem Piciformes da família Picidae. É uma ave que possui um hábito que diz muito sobre o seu nome popular, pois costuma usar seu afiado e resistente bico para perfurar as árvores em busca de alimentos, como pequenas larvas e insetos. Existem algumas espécies, como a Melanerpes, que também se alimentam de frutas ou da seiva de certas árvores em algumas estações.

É um animal que também possui unhas afiadas e curvas que facilitam a sua segurança na hora da escavação dos seus ninhos. Segundo o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO), existem 57 espécies registradas no Brasil até o momento.

O biólogo, mestre em gestão de áreas protegidas e analista de pesquisa e desenvolvimento do Instituto de Desenvolvimento Mamirauá, Pedro Meloni Nassar, explica que os pica-paus estão presentes em todas as regiões do país e biomas e que metade do número de espécies registradas está presente na Amazônia.

“De modo geral, os animais são fáceis de serem observados onde ocorrem, espécies de áreas mais abertas podem ter mais facilidade de serem avistados pela configuração do habitat, sem distinção de estado ou cidade”, contou o biólogo ao Portal Amazônia.

De acordo com o pesquisador, são aves que possuem diferentes tamanhos, como o pica-pau-anão-dourado (Picumnus aurifrons), considerado o menor da espécie, com cerca de 7,5 cm de comprimento; e o pica-pau-rei (Campephilus robustus), cuja estatura é bem maior, chegando a medir em torno de 36 centímetros.

Nassar relatou ainda algumas curiosidades sobre os pica-paus, como a força do impacto a cada bicada nas árvores.

“Os pica-paus tem uma estrutura craniana bastante peculiar que ajuda a proteger o cérebro das fortes bicadas que dão para perfurar a madeira. Segundo alguns estudos, o cérebro é protegido por uma estrutura esponjosa localizada entre ele e o crânio. Algumas espécies suportam um impacto de até 1200 de força G. A força G de 80 a 100 pode nos causar uma concussão cerebral. A língua é bastante comprida ajudando a capturar insetos e outros invertebrados nas cavidades. Aliás, invertebrados são suas principais presas”, contou o biólogo.

Risco de extinção

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) informa que uma das principais ameaças de extinção das aves amazônicas é a perda de território devido à conversão da floresta em pastagens, além dos problemas relacionados com a exploração das florestas, como o garimpo.

Segundo Nassar, três das sete espécies que se encontram em risco de extinção ocorrem na região amazônica divididas em ‘vulnerável’ e ‘ameaçada’.

Vulnerável

Picapauzinho-de-pescoço-branco (Picumnus spilogaster).

Foto: Guilherme Serpa/PhotoAves

Ameaçada

Picapauzinho-da-várzea (Picumnus varzeae).

Foto: Reprodução/Passaro.org

Pica-pau-da-taboca (Celeus obrieni).

Foto: Tulio Dornas/Blog Natureza e Conservação

A espécie pica-pau-da-taboca (Celeus obrieni), por exemplo, tem registros na região, mas não é restrita do bioma.

*Karleandria Araújo, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

PSICA: há mais de uma década festival celebra multicultura amazônica

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O Festival Psica é um evento diversificado que busca da visibilidade aos artistas amazônicos, indígenas, pretos e periféricos. Criado por dois irmãos que sentiram necessidade de um festival que valorizasse a música e artistas paraenses, hoje o Psica é considerado um movimento cultural, político e social. 

O Psica surgiu em 2012 e no princípio era chamado de Mongoloid Festival. Na época o evento reuniu artistas regionais, nacionais e internacionais em dois dias de festa. No ano de 2017, o nome passou a ser Festival Psica. Com pouco mais de uma década de existência, o evento já é de médio porte e com uma equipe mais técnica.

Ao Portal Amazônia, um dos diretores do Psica Festival, Jeft Dias, relembrou o caminho percorrido da primeira edição até a atual, prevista para acontecer em dezembro de 2024.

Para Dias, o festival é uma resposta à necessidade de se realizar um evento “mais regional”, voltado para o público diversificado da região. 

“O Psica foi uma necessidade minha, do meu irmão, vizinhos e amigos nossos, de ter um espaço, um festival. com algo mais voltado para a periferia da região metropolitana de Belém [capital do Pará], tipo Ananindeua. Um festival paraense amazônico, periférico, preto, isso era algo que não existia naquela época, a gente queria ver as atrações que circulavam nos festivais nacionais, mas que tivesse um pouquinho mais da nossa cara”, disse Jeft Dias.

A escolha dos temas do Festival 

No ano passado o tema escolhido, por exemplo, foi sobre matriarcas amazônicas. Segundo o diretor, todos os anos a escolha acontece com intuito de nortear o evento como um todo.

“A gente acredita que tudo o que aconteceu, tudo o que acontece nas periferias da região e principalmente nas periferias da região amazônica no geral, é tudo através da iniciativa de uma matriarca, de uma mãe, de uma tia, de uma irmã, de uma avó, que puxou ali a responsabilidade e criou uma história na região”, comentou.

Quanto ao tema deste ano, o diretor contou que a escolha foi de um peixe simbólico para a região, a dourada, que atinge cerca de 1,5 metro de comprimento e atravessa o continente sul-americano de leste a oeste, para depositar os ovos nas cabeceiras dos rios perto dos Andes, na maior rota migratória de um peixe de água doce já confirmada pela ciência.

“Esse ano a gente vai falar muito de um peixe, a dourada, comum aqui em Belém, Marajó e Amazonas. Esse peixe é simbólico. Ele percorre a maior distância em água doce do mundo, são mais de 11 mil quilômetros, nasce lá no Peru vem até a Bahia do Marajó e volta. É um peixe muito simbólico pra gente porque representa muita coisa, a nossa música recebe influência do Peru, Colômbia, por onde o Rio Amazonas passa, o percurso que esse peixe faz representa a influência cultural que a gente absorveu de lá. Então, iremos falar disso, de quanto isso é valioso, de tudo que roubaram da gente, de tudo que levaram do nosso território, ouro, minério no geral, cacau,várias coisas, mas não conseguiram levar a nossa cultura”, desabafou Jeft.

Edição 2024

As atividades para 2024 irão iniciar antes de dezembro, mês da realização anual do evento. Entre agosto e setembro, a produção e diretores já adiantam que vão apostar em eventos que funcionam como pré-festival, com participação inclusive na Varanda de Nazaré (evento cultural e religioso) no mês de outubro e também no  Círio de Nazaré.

“As atividades previstas para esse ano irão começar entre agosto e setembro. Iremos ter um movimento que vai ser um convite que já aconteceu outros anos: o Motins e o Oposta Psica. Será uma grande conferência de música, mas com um viés assim mais periférico amazônico. A nossa intenção é reunir artistas, produtores, técnicos desse meio cultural, de toda a região e países que compõem Amazônia, uma grande feira de música, showcases. Em outubro a gente vai ter uma programação no Círio, uma varanda, que vai ser de três dias, com influenciadores e artistas, principalmente da Região Norte, e do interior do Pará, onde irão ter uma experiência, gastronômica, musical, cultural”, explicou Jeft Dias.

Expectativas

Para o diretor, ao se comparar o número de pessoas do primeiro festival até o mais recente, o aumento de público é significativo e, para 2024, as expectativas são bem maiores, em especial pelo público de fora do Estado e até do país.  

“De 2012 para o ano passado, a quantidade do público aumentou de uma forma grande. Em 2012 tivemos um público de 300 pessoas e, em 2023, o público total somando o dia gratuito e os dias pagos foi de 65 mil pessoas. Houve um crescimento absurdo, saímos de uma casa de shows que recebia no máximo 600 pessoas, para o Mangueirão, nossa expectativa para esse ano é que chegue a 80 mil pessoas, com base no sucesso do ano passado”, ressaltou o precursor do festival.

Foto: Vitória Leona

Dias revelou estar feliz com a possibilidade de expandir festivais como o Psica por todo território brasileiro. ”Uma coisa muito legal sobre a expectativa de público é o de fora do nosso Estado, que está crescendo muito. Os outros Estados da Região Norte estão em peso, o pessoal do Nordeste e principalmente do Maranhão, do Sudeste, temos recebido muitas pessoas do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo. Tivemos um crescimento enorme no passado, acreditamos que esse ano vai crescer bem mais”, comentou o diretor.

Ele destacou o surgimento de mais festivais como o Psica no Brasil são importantes para a cultura. “Festivais que protagonizem a negritude, a Amazônia, o indígena, a periferia, como o Festival Afropunk, Festival Batekoo, que mostram o que é o Brasil de fato, que valorizem a cultura nortista, periférica”, exemplificou.

Jeft Dias frisou que a realização de um festival desse peso na região amazônica é também graças ao apoio de parceiros que acreditam no potencial regional, incentivando a cultura. “Para esse ano as marcas já sinalizaram que vão estar conosco de novo”, comemorou. Além de diversas marcas, prefeitura de Belém e Governo do Estado também apoiam o festival.

O Psica acontecerá nos dias 13, 14 e 15 de dezembro em Belém (PA). O primeiro dia da programação é gratuito. Confira mais informações AQUI.

*Por Karleandria Araújo, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

Beija-flor ou pica-flor? Conheça 3 fatos curiosos sobre a popular ave na Amazônia

Os colibris, ou beija-flores, são aves que encantam por tamanha agilidade em um corpo diminuto. O beija-flor (Trochilus) é uma ave da ordem Trochiliformes que pertence a família Trochilidae, muito popular em todo o Brasil e possui, atualmente, cerca de 330 espécies catalogadas. Algumas, como rabo-branco-rubro, beija-flor-de-garganta-verde e beija-flor-de-garganta-azul podem ser encontrados na Amazônia.

É um pássaro que se alimenta de pequenos animais e do néctar de plantas, cujo bico comprido ajuda na hora de extrair o alimento com facilidade, fornecendo energia rápida para eles, que possuem metabolismo acelerado.

Uma das características que mais encantam quem vê um beija-flor é que eles voam em pontos fixos e chegam a pairar no ar.

No Mato Grosso, Estado que faz parte da Amazônia Legal, ele é conhecido por diversos outros nomes, como ariramba e guainumbi, e ainda chupa-flor ou pica-flor. 

O analista de pesquisa do Instituto de Desenvolvimento Mamirauá, Pedro Meloni Nassar, relatou ao Portal Amazônia algumas peculiaridades da espécie.

“Existem 88 espécies registradas e muitas espécies que ocorrem na Amazônia, algumas endêmicas, como o rabo-branco-amarelo e o topázio-de-fogo”, comentou o pesquisador.

Chlorestes notata, o beija-flor-de-garganta-azul. Foto: Pedro Nassar/Cedida

Como e onde essas aves podem ser vistas com mais frequência? Nassar explica que essas aves podem ser observadas com facilidade, mas alerta que em alguns pontos turísticos usam técnicas que podem ser prejudiciais para atraí-los. 

“Há espécies florestais e de áreas naturais abertas que vivem nas cidades. Sempre é mais fácil observar áreas mais abertas, pela visibilidade mesmo. Existem estratégias para atrair beija-flores. Algumas pousadas  e iniciativas de turismo utilizam bebedouros para atraí-los, mas também é possível fazer em casa mesmo. A partir do momento em que aprendem, eles frequentam bem os bebedouros, aí a observação é fácil, mas é preciso se atentar aos cuidados com os bebedouros, mantendo-os limpos e trocando a água sempre’’, explicou Pedro.

O biólogo explicou também que os beija-flores enxergam muito bem, identificando cores no espectro ultravioleta, e que essas aves apesar de parecerem delicadas, são muito territorialistas e defendem suas áreas de outras espécies.

Curiosidades

Essas aves comem para se mover e se movem para comer. Isso porque elas precisam visitar cerca de 2 mil flores diariamente, por isso chegam a 80 quilômetros por hora em seus voos. O coração também acelera, pois alcança 1.200 batimentos por minuto, 12 vezes mais que o coração de um ser humano, que bate de 60 a 100 vezes por minuto.

Assim, a velocidade que eles batem as asas também é alta, tão rápido que os olhos humanos não conseguem acompanhar. Alguns possuem a capacidade de bater as asas até 80 vezes por segundo, uma rapidez considerada muito grande quando se leva em consideração o tamanho pequeno da animal. 

Qual a maior e qual a menor espécie de beija-flor? 

Menor espécie: tem cores atípicas, cerca de 6,5 centímetros e apenas 3 gramas. Este é o Lophornis magnificus ou topete vermelho, tem um leque de cada lado do pescoço de cor branca que terminam em uma faixa verde, já a fêmea não possui o topete vermelho e nem o leque no pescoço.

Lophornis magnificus – topete vermelho. Foto: Rudimar Narciso Cipriani.

Maior espécie: Topaza pella ou Beija-flor-brilho-de-fogo é considerado o maior beija-flor do Brasil. O macho pode chegar a 20 centímetros de comprimento e a fêmea 12 centímetros, sendo mais da metade do comprimento correspondente à cauda.

Topaza pella – Beija-flor-brilho-de-fogo. Foto: Rudimar Narciso Cipriani

Dúvidas dos leitores

Como os beija-flores voam? E por que é tão diferente, como “ficar parado no ar”?

Pedro Nassar: Os beija-flores tem um metabolismo muito rápido, batem as asas muito, muito rápido, chegando a 80 batidas por segundo. Por bater muito rápido as asas parece que ficam parados no ar. E eles também conseguem voar para trás.

Tem como saber se o beija-flor é macho ou fêmea?

Pedro Nassar: Isso depende da espécie. Na biologia a gente chama de “dimorfismo sexual”. Algumas espécies a gente percebe claramente qual é macho e qual é fêmea, seja por diferença no tamanho, nas cores ou em algum detalhe do corpo. É preciso olhar [detalhadamente] para as características e ver qual é qual. 

Quantas vezes por ano se reproduz?

Pedro Nassar: Pergunta difícil, mas vai variar de cada espécie. O que se tem na literatura é que, de modo geral, a partir da oviposição até a independência dos filhotes, leva cerca de 45 dias.

E aí? Você tem mais dúvidas sobre os beija-flores?

*Por Karleandria Araújo, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

Indígenas Tuyuka do Amazonas são protagonistas em curta-metragem

A comunidade indígena Tuyuka, localizada em São Gabriel da Cachoeira interior do Amazonas, mostrou muito da sua cultura e representatividade no dia 18 de maio na exposição ‘Raízes da Gastronomia’, um projeto itinerante que mostra como a tradição e a inovação, em especial no cultivo de alimentos, podem caminhar unidas em busca de um futuro sustentável.

Os indígenas Tuyuka são os protagonistas em conjunto com a fazenda cafeeira Guima Café de um curta-metragem que revela o cuidado que ambos tem no cultivo de seus produtos, sejam eles para alimentar a comunidade ou escolas da cidade, seja para exportação internacional, como o café.   

A união das práticas ancestrais de plantação e cultivo com as novas técnicas da agricultura regenerativa é apontada como solução para conciliar o aumento da produção de alimentos com a necessidade de combater as mudanças climáticas, valorizando a manutenção do solo, a integração de animais, plantas e preservação do ecossistema.

Confira o documentário completo:

Documentário ‘Raízes da Gastronomia – Agricultura Regenerativa’

O gestor do projeto, Fabiano Moreira, relata que apesar do desafio, o resultado foi satisfatório. “Foi um desafio proposto por um de nossos parceiros para adaptar um projeto gastronômico que tínhamos para torná-lo mais atraente em busca de financiamento. O desafio foi facilmente aceito, pois o tema é apaixonante. Unir o legado ancestral às técnicas modernas da agricultura regenerativa seguindo o exemplo dos povos originários, tornou esta jornada ainda mais significativa e atraente para nós”, disse o gestor do projeto. 

A jornalista, pesquisadora e roteirista do documentário em curta-metragem, Adriana Farias, relatou ao Portal Amazônia, sobre a vivência da colheita, produção e degustação da gastronomia Tuyuka.

“Em 2022, me tornei montanhista, fiz uma expedição de dez dias de trilha rumo ao Pico da Neblina, ao lado dos indígenas Yanomami de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas. Por conta das conexões que criei nessa região, descobri o trabalho dos Tuyuka. Investigando mais a fundo, compreendi que eles eram a maior referência dentro do sistema agrícola tradicional do Rio Negro, considerado Patrimônio Cultural do Brasil pelo IPHAN. Eles alimentam com toneladas de produtos não só a própria comunidade, como também escolas e quartéis da região. Documentar as atividades dessa etnia foi realizar um registro histórico do quanto eles são um povo trabalhador, organizado em associação e ainda atuantes para que a cultura deles seja perpetuada por gerações”, contou a pesquisadora.

Quanto a aproximação das práticas agrícolas dos Tuyuka e a Guima Café, Adriana Farias disse que a conexão é visível e que o objetivo, tanto dos indígenas quanto da fazenda cafeeira, é ir além da produção de alimentos. Exemplo disso é a restauração da saúde do solo.

Foto: Divulgação

“A agricultura regenerativa é inspirada nas práticas tradicionais dos povos indígenas ao propor uma abordagem holística para o cultivo, reconhecendo as conexões entre terra, água, plantas, animais e comunidades locais. Vimos a conexão das práticas agrícolas indígenas com as adotadas pela Guima Café. E objetivo vai além de produzir alimentos, como também o de restaurar a saúde do solo, promover a biodiversidade e fortalecer os ecossistemas. Isso é evidente na Guima Café porque pudemos ver de perto os bioindicadores (seres vivos diversos, vegetais e animais) que demonstram a qualidade do solo onde eles adotaram a agricultura regenerativa. Isso indica uma plantação sem uso de agrotóxicos e outros produtos químicos”, explicou a documentarista.

Foto: Divulgação

Quanto as práticas de plantio livres de agrotóxicos, a roteirista afirmou que seria esse um “possível sinal alternativo de um futuro mais sustentável na agricultura nacional”.  

“É possível ser implementado em toda a cafeicultura brasileira. A questão é ter vontade e esforço para se fazer isso. O mercado internacional, sobretudo o europeu e americano, estão cobrando por produtos mais sustentáveis e rastreáveis em sua cadeia produtiva. Identifico que esse também é um caminho de forçar os produtores a buscarem essas alternativas, como a agricultura regenerativa”, finalizou Adriana Farias.

No curta-metragem, a comunidade indígena Tuyuka mostra o cultivo de uma variedade de alimentos, como: mandioca, banana, abacaxi, cupuaçu, açaí, cará e maracujá do mato, produtos de consumo diário da população da Região Norte do País.

*Por Karleandria Araújo, sob supervisão de Clarissa Bacellar