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Amazonas tem produção de fruta ameaçada por Mosca do Mediterrâneo 

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Pesquisadores encontraram em mangas comercializadas em Manaus, uma espécie denominada de ‘Mosca-das-Frutas’, até então, sem registro de sua presença no Amazonas

A descoberta foi anunciada em nota, ‘Marchtothe North: Ceratitiscapitata (Wiedemann, 1824) (Diptera, Tephritidae) reaches Manaus, state of Amazonas, Brazil’, publicada na revista científica Entomological Communications.

As mangas, importadas de outro estado brasileiro, foram adquiridas numa quitanda em um dos bairros de Manaus no dia 28 de janeiro deste ano. Ao degustá-la, observou-se que a polpa estava enegrecida e continha larvas brancas (tapurú) que ao se locomoverem davam pequenos saltos, comportamento típico dessa espécie de mosca. Com a emergência dos adultos a partir das larvas/pupas, constatou-se tratar-se da espécie Ceratitiscapitata, conhecida mundialmente como a ‘Mosca do Mediterrâneo’.

Os pesquisadores são Agno Nonato Serrão Acioli, Neliton Marques da Silva e Francisco Clóvis Costa-Silva do Laboratório de Entomologia Agrícola da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas (LEA/FCA/Ufam), Ricardo Adaime (Embrapa/Amapá) e Roberto Zucchi (Esalq/USP).

Foto: Reprodução/Artigo ‘Marchtothe North: Ceratitiscapitata (Wiedemann, 1824) (Diptera, Tephritidae) reaches Manaus, state of Amazonas, Brazil

Essa espécie de mosca ataca cerca de 420 espécies de frutos diferentes. É considerada uma das principais pragas do mundo em regiões produtoras de frutas. Este registro é um alerta aos agentes da defesa agropecuária para que seja intensificada as amostragens de frutos e instaladas armadilhas ‘caça-mosca’ em pontos estratégicos do Amazonas, priorizando estradas interestaduais, portos, aeroportos e estabelecimentos comerciais (frutarias, feiras e supermercados).

Autoridades devem priorizar a coleta de frutos nativos para detectar possível ocorrência dessa espécie de mosca. Esse monitoramento é importante para verificar se a ‘Mosca-do-Mediterrâneo’ vai se estabelecer nos pomares do estado do Amazonas, e torcer para que este registro seja apenas uma constatação episódica de uma entrada acidental de Ceratitiscapitata no Estado.

*Com informações da UFAM

O hábito da reclamação

Por Julio Sampaio de Andrade – juliosampaio@consultoriaresultado.com.br

– Já reparou o quanto você reclamou nestes poucos minutos que estamos juntos?

– Como assim, reclamou?

– Você reclamou que eu parei o carro longe da entrada do prédio e que, por isso, se molhou. Reclamou que eu cheguei atrasada e foram apenas dois minutos. Reclamou de todo o dia e do seu chefe, que não para de perseguir você.

– E você? Reparou que está reclamando da minha reclamação?

O diálogo do casal aconteceu mais ou menos assim e para quem assistia, como eu, não deixou de ser engraçado. Reclamar e reclamar da reclamação é algo comum e pode ser divertido para quem está fora deste círculo vicioso, mas apenas para quem está fora. Para quem vive nele, pode ser bastante pesado.

Em grande parte dos casos, a reclamação torna-se um hábito, e como todo hábito, não se baseia na racionalidade. Quem responde pelos hábitos são os gânglios neurais, tão rápido, que os estímulos não chegam ao cérebro, que assim, poupa energia, resguardando-se para outras funções em que precisará ser acionado. Há hábitos positivos que nos aproximam da felicidade e hábitos que nos distanciam dela. É o caso da reclamação, um hábito que representa exatamente o contrário do que recomendam a neurociência e a psicologia positiva para a construção de felicidade: a gratidão.

São inúmeros estudos que indicam que criar um modelo mental positivo e grato favorece um estado mais contínuo de emoções positivas. O modelo mental da reclamação e da ingratidão, porém, instala-se mais facilmente, sem nenhum esforço. Não são necessários os tais exercícios de 21 ou de 30 dias, que se tornaram conhecidos pelo grande público.

Nossa natureza límbica, associada à sobrevivência, reconhece instantaneamente as imperfeições ou ameaças e corre na frente, manifestando-se antes que a gratidão tenha chances de estar presente. Se nos entregarmos aos instintos, a reclamação predomina. Criar um modelo mental positivo requer consciência e uma certa determinação, algumas vezes, esforço.

Lembro que quando era jovem, tinha o hábito de dizer várias vezes por dia: “estou cansado”. Na época, fazia faculdade à noite e trabalhava desde cedo, dormindo talvez umas 5 horas por dia, um tempo insuficiente. No entanto, dizer várias vezes que estava cansado, apenas agravava a situação. Era uma espécie de reclamação que, com o tempo, fazia com que eu me sentisse assim, mesmo quando não havia razões físicas para tal.

Alguém me fez perceber isto (em geral é o cônjuge da gente que faz isso, reclamando da nossa reclamação, como no casal acima). Demorou um tempo até que o antigo mantra fosse substituído por uma nova afirmação: “estou me sentindo bem”. Depois de um tempo, não precisei mais dele. Não passei a dormir mais, porém, estava menos cansado.

Dificilmente eliminamos um hábito sem a substituição por um novo. As velhas conexões neurais continuam por lá e é necessário que novas sejam criadas e fortalecidas, até que se tornem realmente predominantes. Até lá, necessitam, da nossa racionalidade intencional. É um dos passos para a construção consciente da felicidade.

Há uma história antiga que ilustra os efeitos da reclamação e da gratidão. Ela envolve um cachorro preso por uma corrente a uma carroça, que segue o seu caminho na estrada. O cachorro pode seguir feliz ao lado da carroça, mas se resistir, será arrastado por ela. A metáfora se refere à maneira de seguir a natureza e lidar com os acontecimentos. Com base nesta metáfora, o filósofo antigo Cleantes de Assos afirmou: “o destino guia aqueles que o aceitam e arrasta os que o recusam”.

O hábito da reclamação, que é alimentado por nós mesmos, não tem o poder de transformação, que requer outras forças. Também não nos faz caminhar alegremente. O que ele faz é nos arrastar, como no exemplo do cachorro, por um caminho que se torna mais difícil. Vale refletir. Estamos nutrindo o hábito da reclamação?

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Manejo sustentável de jacarés gera renda para comunidades ribeirinhas na Amazônia

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Você já ouviu falar em manejo sustentável de jacarés? Aliando pesquisa e desenvolvimento, a atividade pode se tornar nos próximos anos uma estratégia inovadora de conservação da biodiversidade aliada à geração de renda para as populações ribeirinhas. O Instituto Mamirauá vem trabalhando desde 2000 junto às comunidades tradicionais para colocar o manejo de jacarés em prática, assunto que foi colocado em pauta durante Audiência Pública da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) no mês de junho.

Para quem ainda não conhece sobre o assunto, o manejo sustentável de recursos naturais é uma importante ferramenta de conservação. No caso dos jacarés da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, o sistema é norteado pela elaboração de protocolos de manejo em uma parceria entre as comunidades tradicionais e o Instituto Mamirauá. A partir da metodologia é estabelecida a cota sustentável de retirada de indivíduos (jacarés) da natureza, no período permitido e na faixa de tamanho para abate e comercialização.

O processo é rigoroso e anualmente, são monitorados os ninhos, e contados os indivíduos observados nas áreas de manejo. A cota é determinada considerando uma fração sustentável (não superior a 15 % do total de indivíduos contados), e os jacarés não devem ser capturados em suas áreas de reprodução, a fim de garantir que a sua população se mantenha saudável ao longo dos anos.

Coordenador do Programa de Manejo da Fauna do Instituto, o zootecnista Diogo de Lima Franco destaca que o propósito é fazer com que o projeto gere mudanças no sistema tradicional de gerenciamento do recurso, garantindo renda alternativa aos manejadores e paralelamente promovendo a conservação das espécies. Todos ganham, natureza e comunidades.

O projeto possui algumas similaridades com o manejo do pirarucu, um programa também conduzido pelo Instituto Mamirauá em parceria com as comunidades ribeirinhas e que, em 2024, completa 25 anos de implementação. O manejo do pirarucu na Amazônia se transformou em um grande caso de sucesso em geração de renda e conservação, afastando o risco de extinção da espécie.

Diogo explica que existem três formas de manejo: intensivo (quando o animal é criado em cativeiro); semi-intensivo (quando os ovos ou filhotes são coletados na natureza, mas o animal cresce em cativeiro); ou extensivo (quando os animais são retirados diretamente da natureza, de forma sustentável).

“Esse último é o que assessoramos junto às comunidades. Nosso papel é elaborar os planos de manejo e realizar ações que facilitem sua implementação. Atuamos principalmente no monitoramento dos jacarés e suas áreas de reprodução, em capacitações dos grupos manejadores quanto às boas práticas de vigilância, abate, beneficiamento e comercialização; nas análises sanitárias dos produtos gerados nos abates, nos estudos sobre processos de licenciamento e desenvolvimento de infraestrutura para abate e nas articulação e intermediação entre grupos manejadores e órgãos regulamentadores e fiscalizadores”, pontua.

De acordo com ele, o manejo extensivo – sistema que só pode ser realizado por comunidades tradicionais de Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS), Reservas Extrativistas (RESEX) ou Florestas Nacionais (FLONA) – é uma possibilidade legal recente no Brasil, sendo apenas indiretamente permitido nos anos 2000, por meio do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).

As regras específicas surgiram somente em 2011, por meio da legislação estadual do Amazonas (Resolução CEMAAM nº 008/2011 e IN SEPROR/CODESAV nº 001/2011) e, no ano seguinte, por legislação federal (IN ICMBio nº 28/2012).

Para poder realizar essa atividade, é preciso seguir os requisitos legais para elaboração de um plano de manejo, documento utilizado para avaliar a sustentabilidade da atividade e permitir a autorização das capturas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Além disso, os animais precisam ser abatidos em estabelecimentos licenciados pelos órgãos responsáveis para que a carne chegue ao consumidor final com garantias de qualidade sanitária.

Em 2018, foi licenciado e autorizado o funcionamento do abatedouro flutuante de jacaré desenvolvido pelo Instituto Mamirauá na comunidade rural Jarauá, no município de Uarini (distante 565 quilômetros de Manaus), na RDS Mamirauá. Diogo salienta que abates experimentais autorizados pelo Ibama foram realizados em 2004, 2006, 2008 e 2010. Estes pilotos serviram como base para a criação de legislação específica para o manejo de jacarés. Finalmente, em 2020, foi realizado um abate com plano de manejo e abatedouro licenciado próprio para jacarés, atendendo a todos os pontos da legislação estadual.

Renda Sustentável

Um sistema de uso sustentável pode ser uma boa ferramenta de desenvolvimento, segundo Diogo, já que em áreas do Amazonas como a RDS Mamirauá, a população costuma ser dependente de poucas opções de renda e uma atividade extra pode minimizar esses riscos nos aspectos financeiros e de segurança alimentar.

Da mesma forma, os critérios de sustentabilidade exigidos permitem que os jacarés possuam áreas de nidificação protegidas e continuem se reproduzindo e mantendo sua população estável. Atualmente, o Instituto Mamirauá assessora dois setores da RDS com maior potencial de manejo, Jarauá e Aranapu, que possuem seis comunidades beneficiadas com as atividades de desenvolvimento do manejo de jacarés.

O Instituto também é responsável pela primeira estrutura flutuante de abate de jacarés licenciada no Brasil, a Planta de Abate Remoto (Plantar). Segundo Diogo, a exemplo do manejo sustentável do pirarucu, o manejo de jacarés amazônicos – Melanosuchus niger (jacaré-açu) e Caiman crocodilus (jacaretinga) – pode se tornar uma alternativa viável de fonte de renda para as comunidades, promovendo a diversificação produtiva local associada à conservação dos jacarés e do ambiente onde vivem.

Diogo ressalta que, para isso, é fundamental a manutenção de um canal de comunicação eficiente entre entidades de assessoria técnica, grupos manejadores e órgãos públicos. 

“Isso porque pequenas falhas ou dificuldades de interpretação de normas, leis ou dados coletados podem gerar gargalos sérios no desenvolvimento da atividade. As partes interessadas estão empenhadas em fortalecer essas parcerias. O momento é bastante produtivo, do ponto de vista institucional. Momentos como o da Audiência Pública e de reuniões que participamos devem ser mais frequentes e contar com representantes engajados de cada uma das organizações envolvidas”.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.

Centro de Cultura Negra terá música, capoeira e artesanato durante o Verão na Rede em Macapá

A programação de verão em Macapá (AP) terá diversas atrações como shows, ações sociais e, a partir das 17h desta quinta-feira (4), o Centro de Cultura Negra do Amapá recebe a programação Verão Afro, com a participação de mais de 20 artistas locais.

Serão diversos seguimentos que vão integrar a programação especial, entre eles estão: música, capoeira, dança e artesanato.

A Fundação Municipal de Cultura (Fumcult) credenciou os artistas incluídos na festividade com o edital 003/2023 para as programações culturais do município.

Local: Centro de Cultura Negra do Amapá Raimunda de Nazaré da Silva Ramos (Sede da União dos Negros do Amapá -UNA)

Veja a programação:

Música

Horário: 20h às 23h

DJ Savio MT
Sambart
Afro Brasil

Capoeira

Horário: 17h às 18h50

Quilombo do Brasil
Harmonia Arte Capoeira
Arte que encantou o mundo
Professor Meia Noite
Origem Brasileira
Analu Maculelê Luta Guerreira
Paulo Cesar (Mestre Fofão)
Mestre Grilo
Capoeira em ação transformando vidas

Dança

Horário: 19h15 às 19h30

CIA de Dança Afro Baraká

Artesanato

Horário: 17h às 23h

Zizi Artes das Mãos
Claudia Penafart
Artesão Criolo
Ateliê Hobby Artesanato AP
Maycon Brendo
Marlene Ferreira Andrade

Verão na Rede

O projeto Verão na Rede é uma iniciativa da Fundação Rede Amazônica (FRAM) que visa promover a cultura, a arte, o entretenimento e o turismo em Macapá (AP).

Além de valorizar artistas regionais, também enfatiza a importância da preservação ambiental e da sustentabilidade, promovendo conscientização e educação ambiental entre os participantes e a comunidade local.

O projeto conta com apoio da GEAP Saúde e da Prefeitura de Macapá, que realiza paralelamente o ‘Macapá Verão’, que consiste em uma série de eventos culturais e atividades ao ar livre, proporcionando momentos de lazer e integração comunitária.

Gelatina da pele do tambaqui é desenvolvida por pesquisadores da Embrapa

Pesquisadores da Embrapa encontraram uma alternativa para substituir a gelatina convencional que é desenvolvida a partir do couro bovino e suíno. Eles obtiveram sucesso ao obter gelatina da pele do tambaqui (Colossoma macropomum), peixe nativo brasileiro de grande relevância econômica.

A pele, as escamas e a cabeça, geralmente, são utilizadas para fabricação de ração para peixes. No entanto, a gelatina produzida tem aplicações alimentícias e farmacêuticas, ou seja, transforma-se em um coproduto com maior valor agregado.

Leia também: Hormônio de crescimento do tambaqui é produzida em laboratório pela primeira vez

As propriedades observadas indicam que a gelatina de pele de tambaqui pode servir para diversas aplicações, incluindo filmes, microcápsulas para remédios, espessantes etc. A iniciativa ainda pode contribuir para a redução de resíduos.

Piscicultura em crescimento

Foto: Fernanda Ramalho Procópio

A produção de peixes no Brasil tem crescido substancialmente, além de ter aperfeiçoado seu processamento. Pesquisas estão sendo realizadas pela Embrapa, no projeto BRS Aqua, para melhorar e ampliar a cadeia. De acordo com o Anuário da Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe BR 2022), a produção nacional de pescado aumentou 45% desde 2014. A tilápia responde por 65% da produção. Em relação a espécies nativas, o tambaqui lidera, com mais de 30% da produção total.

O projeto Ações estruturantes e inovação para o fortalecimento das cadeias produtivas da aquicultura no Brasil (BRS Aqua) tem apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Secretaria Nacional de Aquicultura e Pesca do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). Trata-se de uma rede coordenada pela Embrapa Pesca e Aquicultura (TO) e dela fazem parte mais de 240 empregados de 23 unidades da empresa, além de mais de 60 parceiros, entre públicos e privados.

De acordo com o pesquisador Manuel Antônio Jacintho, da Embrapa Pecuária Sudeste (SP), dependendo da espécie e do tipo de produto, até 50% das matérias-primas iniciais são descartadas, incluindo cabeças, carcaças, pele e escamas. 

“A conversão dos resíduos em produtos de valor torna a cadeia mais sustentável”, destaca Jacintho.

O pesquisador lembra que a diversidade de espécies de peixes nativos brasileiros para consumo humano é grande. Assim, há um potencial para maior exploração das propriedades tecnológicas dos resíduos da cadeia pesqueira. O tambaqui é o peixe nativo mais produzido no Brasil.

“É importante mostrar seu diferencial em relação a outros peixes. Mostrar que a gelatina da pele de tambaqui possui características tecnológicas capazes de substituir as gelatinas bovinas e suínas. A composição de aminoácidos é mais rica do que a de peixes de água fria. A força de gel (consistência) pode ser comparada a de bovinos e suínos”, explica Fernanda Ramalho Procópio, bolsista CNPq de pós-doutorado na época do estudo.

Vários fatores interferem na composição da pele do peixe, como espécie, idade, sexo e tipo de alimento. O teor de proteína pode influenciar no rendimento da extração da gelatina e na composição de aminoácidos. Além disso, o alto teor de gordura dificulta a obtenção de um produto inodoro e translúcido, importante na percepção dos consumidores.

Nesse aspecto, o tambaqui apresentou vantagem; sua pele possui maior teor de proteína (27,10 ± 0,02) e menor teor de gordura (1,17 ± 0,08) do que outras espécies. Com isso, o rendimento de extração da gelatina da pele foi de quase 60%. Os principais aminoácidos encontrados foram glicina, prolina e hidroxiprolina, responsáveis pela sua firmeza.

Gelatina de boa qualidade

Foto: Fernanda Ramalho Procópio

A gelatina da pele do tambaqui apresentou características adequadas aos padrões do produto convencional. O rendimento de extração foi de aproximadamente 53% (com base na pele inicial seca), poder de gelificação adequado (força de Bloom média), baixa turbidez e níveis significativos de aminoácidos, que influenciam na resistência do gel.

Segundo o supervisor do Laboratório de Tecnologia da Biomassa da Embrapa Agroindústria Tropical (CE), Adriano Mattos, a temperatura de gelificação observada (16 °C) apresentou-se compatível com a da gelatina bovina comercial (17 °C). O comportamento térmico da gelatina da pele do tambaqui foi investigado por meio de calorimetria exploratória diferencial. Ele complementa que a temperatura de início de degradação, em torno de 105 °C, favorece sua aplicação potencial no desenvolvimento de novos materiais na indústria alimentícia e farmacêutica.

A força de gel (consistência) foi de 123 ± 20 gramas, o que a classifica como Bloom médio. As gelatinas comerciais são normalmente classificadas com base nos valores de Bloom alto (200-300 gramas), médio (100-200 gramas) e baixo (50-100 gramas). A cor esbranquiçada, inodora e sem turbidez está dentro dos requisitos comerciais da gelatina.

Potencial

Com Bloom médio, a gelatina da pele de tambaqui pode ser adequada para determinados produtos, para clarificar bebidas e para produção de cápsulas moles.

O maior teor de aminoácidos, em comparação com outras espécies de peixes, sugere que a pele do tambaqui também poderia servir como uma fonte valiosa de peptídeos de colágeno. Segundo Fernanda Procópio, embora esse aspecto não tenha sido o foco principal do trabalho, várias investigações demonstraram o potencial da utilização de resíduos de pesca como fonte de peptídeos bioativos.

“Explorar aplicações e estratégias para a utilização de resíduos do processamento de tambaqui contribui para o desenvolvimento de uma economia circular na indústria de processamento de pescado, aumentando potencialmente a renda do produtor e reduzindo o impacto ambiental associado ao descarte de resíduos”, explica Manuel Jacintho.

Foto: Fernanda Ramalho Procópio

As características da gelatina a tornam um material promissor para a produção de micropartículas, filmes e hidrogéis. A sequência desse trabalho já está em andamento, investigando a potencial aplicação deste material na produção de filmes como componentes de embalagens de alimentos.

Artigo

O estudo foi publicado na revista internacional Journal of aquatic food product technology (2024, vol. 33), com o título An Enhancement to Development, Characterization and Potential Application of Gelatin Extracted from Native Brazilian Fish Skin (Uma melhoria no desenvolvimento, caracterização e potencial de Aplicação de Gelatina Extraída de Pele de Peixe Nativo Brasileiro).

*Com informações da Embrapa

Troféu de campeão do Festival Folclórico de Parintins 2024 simboliza amor e orgulho pela cultura regional

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O amor e orgulho da cultura parintinense serviram de inspiração para o artista Lucijones Cursino criar o troféu que foi entregue para a galeria do campeão do 57⁰ Festival Folclórico de Parintins, realizado pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, no município de Parintins (a 369 quilômetros de Manaus).

Lucijones Cursino afirma que todo artista escolhe primeiro um tema para trabalhar e cita a Embaixadora do Festival de Parintins e cunhã-poranga do boi-bumbá Garantido Isabelle Nogueira para falar de sua inspiração.

“Este ano, o tema que eu escolhi para trabalhar foi justamente o tema que a Isabelle Nogueira defendeu nas mídias, em rede nacional: o amor e o orgulho pela nossa cultura, o amor pelo nosso festival, o orgulho de ser daqui da terra”, declara o artista.

Foto: Divulgação / Secretaria de Cultura e Economia Criativa

Os troféus principais, dos bois, levam o símbolo de cada boi estilizado, o coração, do Garantido, e a estrela, do Caprichoso, nas suas respectivas cores, o vermelho e o azul, além da cabeça dos bois. “Como a gente está falando em amor e orgulho, então a gente tem que ter orgulho dos nossos símbolos, das nossas cores”, defende o criador das obras.

Além do troféu para o campeão, Lucijones também idealizou e confeccionou troféus para o vice-campeão, para as galeras, para Batucada, para a Marujada e troféus de participação para todos os itens individuais.

“Os troféus dos itens, não são apenas troféus, uma lembrança, eles também são utilizáveis. Se transformam em abajur. Foram feitos do material translúcido com LED, que cada item vai poder utilizar na sua casa como um abajur”, explica o criador. Os troféus dos itens do Caprichoso são uma estrela estilizada, e os dos itens do Garantido são um coração estilizado.

O mural ‘Patrimônio em Festa’, criado pelo artista Pito Silva para a fachada do Bumbódromo, serviu como inspiração para os troféus das galeras.

“Eu apenas materializei aquela criança, aquele torcedor, e coloquei uma faixa de cada boi nas mãos desse torcedor, porque o torcedor é a figura mais importante do festival. É ele que fica dias na fila, enfrentando o sol, chuva, e é ele que sustenta o boi, as apresentações dos bois”, afirma

Nos troféus da Batucada e da Marujada, os símbolos dos bois voltam a ser o elemento principal.

Foto: Divulgação / Secretaria de Cultura e Economia Criativa.

“Todo marujeiro e todo batuqueiro tem orgulho de defender suas cores e defender o seu símbolo. No Caprichoso, a estrela, no Garantido, o coração. Então, os troféus vêm com o símbolo dos bois, nas cores dos bois e com uma baqueta”, define.

*Com informações da Agência Amazonas

Games RAM chega à 6ª edição em Manaus; veja a programação completa

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A Games RAM Geek chega em sua 6ª edição em Manaus (AM). Marcada para ocorrer entre 5 e 7 de Julho no Centro de Convenções Vasco Vasques, o evento tem gerado um ambiente diverso com foco nas culturas Geek, Pop e Nerd.

Nesta edição, a Games RAM espera receber uma média de público de 10 mil pessoas por dia. Confira a programação completa:

5 de julho (sexta-feira)

  • 17h: Início do evento
  • 19h30: Cerimônia de Abertura
  • 20h: Impressionator Michael Jackson
  • 21h: Banda Kyuubi
  • 22h: Fim do evento

6 de julho (sábado)

  • 10h: Início do evento
  • 12h: Pitch Day – Apresentação de Projetos
  • 13h: Banda Fragmento
  • 14h: Painel Gordox
  • 15h: Fuugakazan Taikô
  • 15h30: Painel Wendel Bezerra
  • 16h30: Show Musical Diogo Miyahara
  • 17h: Desfile e Concurso Cosplay
  • 18h30: Show musical Andy e Banda Fragmento
  • 19h30: Show musical Francine e Dj Won
  • 20h30: KDT Manaus – Concurso de K-pop
  • 22h: Fim do evento

7 de julho (domingo)

  • 10h: Início do evento
  • 12h: Pitch Day – Apresentação de Projetos
  • 13h: Show musical Diogo Miyahara
  • 14h: Painel – Chris Tex
  • 15h: Nippacats
  • 15h30: Desfile e Concurso Cosplay
  • 17h: Show musical Andy e Banda Fragmento
  • 18h: Show musical Francine e Dj Won
  • 19h: KDT Manaus – Concurso de K-pop
  • 20h: Fim do evento

Fundação Rede Amazônica lança ‘Verão Na Rede’ para promover cultura, lazer e turismo em Macapá

A Fundação Rede Amazônica (FRAM) lançou no dia 21 de junho o projeto ‘Verão Na Rede’, uma iniciativa que visa promover a cultura, cidadania, lazer e o turismo durante o período de verão e férias em Macapá (AP).

O projeto conta com ações que objetivam democratizar o acesso à cultura e a cidadania para a população local e para os visitantes, proporcionando entretenimento de qualidade e fomentando a integração social com campanhas educativas.

O especialista em Projetos da Fundação Rede Amazônica, Matheus Aquino, contou que o projeto busca valorizar ainda mais a cultura local: “O ‘Verão Na Rede’ aproveita o clima quente e ensolarado do verão para realizar atividades culturais e recreativas. A iniciativa também tem o objetivo de valorizar a cultura local, além de promover ações que incentivam a cidadania e o bem-estar da comunidade”.

Paralelamente ao ‘Verão Na Rede’, Macapá também se prepara para mais uma edição do tradicional Macapá Verão, um evento que acontece há quase 50 anos, organizado pela Prefeitura da capital do meio do mundo.

“A junção dessas iniciativas garante que moradores e turistas possam desfrutar de um verão repleto de opções de lazer e entretenimento. A programação do Macapá Verão inclui shows musicais, apresentações teatrais, feiras de artesanato e gastronomia, competições esportivas e muitas outras atrações que destacam a riqueza cultural e a diversidade da região”, destacou a diretora executiva da Fundação, Mariane Cavalcante.

Em 2024, o Macapá Verão promete uma programação ainda mais especial, com atividades culturais, gastronômicas, esportivas e turísticas, realizadas em locais icônicos da cidade, como Fazendinha, Mercado Central e Praça do Barão.

O Prefeito de Macapá, Dr. Furlan, expressou seu entusiasmo com o evento, destacando a importância de celebrar a cultura e o esporte na cidade.

“Este é um convite para todos vivenciarem a nossa cidade de uma maneira única, celebrando a cultura, o esporte e a beleza natural de Macapá. Os munícipes terão excelentes shows nacionais durante todo o mês de julho, além de uma extensa programação com nossos artistas locais. Bora viver a cidade”, declara o chefe do executivo municipal.

Com o ‘Verão Na Rede’ e o Macapá Verão, a cidade se transforma em um verdadeiro polo de atividades, oferecendo experiências únicas e inesquecíveis para todos os públicos. Esses eventos são fundamentais para fortalecer o turismo local e regional, além de contribuir para o desenvolvimento econômico e social de Macapá e região.

Verão na Rede

O projeto Verão na Rede é uma iniciativa da Fundação Rede Amazônica (FRAM) que visa promover a cultura, a arte, o entretenimento e o turismo em Macapá (AP).

Além de valorizar artistas regionais, também enfatiza a importância da preservação ambiental e da sustentabilidade, promovendo conscientização e educação ambiental entre os participantes e a comunidade local.

O projeto conta com apoio da GEAP Saúde e da Prefeitura de Macapá, que realiza paralelamente o ‘Macapá Verão’, que consiste em uma série de eventos culturais e atividades ao ar livre, proporcionando momentos de lazer e integração comunitária.

Você sabe qual cidade acreana já foi ‘Brasília’?

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Seringal Carmem, Alto Acre, Vila Brasília, Brasília, muitos nomes que revelam uma constante na história da cidade acreana que ao longo dos anos já teve de se reinventar e se reconstruir múltiplas vezes, como em 2024, quando enfrentou a maior enchente de sua história. Brasiléia, umas das cidades mais antigas do estado, completa 114 anos em 3 de julho.

A região que viria a ser Brasiléia era ocupada até o final do século 19 por dois povos indígenas os Catianas e os Maitenecas. Como ocorreu em todo o Acre, porém, a região passou a ser colonizada a partir de 1879 por imigrantes em busca de riquezas prometidas através da extração de látex. Era o início do 1º Ciclo de Borracha.

“Ela foi povoada primeiro por nordestinos que vieram de longe na época da borracha para tentar ganhar dinheiro e depois voltar às suas cidades natais. Muitos, porém, não conseguiram voltar”, conta a professora Gislene Salvatierra da Silva, mestra em Ciências do Ensino Superior pela Universidade de Pando.

Cidade se chamava Brasília. Foto: Reprodução/Acervo Digital do Departamento de Patrimônio Histórico e Cultural (FEM)

Nascida e criada em Brasiléia, a professora de 80 anos sentia falta de um guia sobre a história da cidade e resolveu fazer um por conta própria. “Amo meu município, ele não tinha história registrada, por isso iniciei uma pesquisa e escrevi o livro: Brasiléia nas páginas de nossa historia”, conta.

Segundo ela, durante os primeiros 30 anos de ocupação não havia uma cidade organizada, mas vários seringais que dividiam o espaço. Entre os maiores estavam o Seringal Carmem, Nazaré, Vermont, Canindé e Baturité.

De Brasília a Brasiléia

“Foi em um domingo, 3 de julho de 1910 que foi fundada Brasília. Foi escolhida uma faixa de terra do Seringal Carmem em frente a cidade boliviana de Cobija. O local era ocupado apenas por uma estrada de seringa onde trabalhavam vários brasileiros”, explica.

Uma curiosidade sobre a fundação da cidade é que ela foi fundada para abrigar o 3º Termo Judiciário da Comarca de Xapuri.

Apenas o Rio Acre separa Brasiléia de Cobija. Foto: Argemiro Lima/Acervo Digital do Departamento de Patrimônio Histórico e Cultural (FEM)

“Não havia sequer um lugar para que a Justiça pudesse guardar os documentos, eles eram transportados em jamaxis, uns paneiros carregados nas costas. O pessoal ria e dizia que a Justiça brasileira andava jamaxi”, afirma.

Os próprios seringalistas e seringueiros que viviam na região ajudaram a construir a cidade, com investimentos financeiros e mão de obra.

Originalmente um distrito, a localidade fazia parte do Departamento do Alto Acre, que tinha como capital Rio Branco. Nesse período o território do Acre era dividido em quatro departamentos, cada um com uma capital.

Em 1912 foi incorporado ao município de Xapuri, criado naquele ano e assim ficou até dezembro de 1938, quando foi , enfim, elevado a categoria de município.

Centro comercial de Brasiléia no começo do século 20. Foto: Argemiro Lima/Acervo Digital do Departamento de Patrimônio Histórico e Cultural (FEM)

Um mito acreano difundido há anos conta que o nome da cidade foi alterado de Brasília para Brasiléia após a criação da capital federal. A história, entretanto, não é verdadeira.

Segundo Gislene, a mudança ocorreu em 1943, 17 anos antes da fundação do Distrito Federal, mas ainda assim foi para evitar confusões com o nome de outra localidade.

“Ela mudou de nome por causa de uma cidade mineira mais antiga com nome de Brasília”, explica.

Professora Gislene Salvatierra Silva escreveu livro contando a história da cidade. Foto: Arquivo pessoal

“Sentia que não havia fronteiras”

Uma pecualiridade da cidade é que apenas 150 metros a separa da Bolívia, algo que na opinião da professora fez com que o local se tornasse uma zona multicultural onde os limites da geopolítica não são tão evidentes.

“Eu sentia que não havia fronteiras, por exemplo, meu pai é boliviano e minha mãe brasileira, descendente de nordestinos. Então convivi lá [na Bolívia] e aqui no Brasil. Meu avó brasileiro veio recém-casado, como aqui já era muito povoado, ele foi morar em Cobija e teve 14 filhos que casaram com japoneses, italianos, americanos e sírio-libaneses. Então a gente tem tantos parentes que vivem lá e cá que se sente assim”, conta.

A octogenária diz ainda que apesar dos conflitos entre acreanos e bolivianos durante a Revolução de 1902, uma vez que a situação foi resolvida, ao menos para as comunidades da fronteira, a paz se estabeleceu.

“Eles ganharam um pouco da nossa cultura e nós também ganhamos um pouco da deles. Principalmente na alimentação e costumes. Depois do Tratado de Petrópolis nós convivemos em paz, irmamente”, finaliza.

*Por Yuri Marcel, da Rede Amazônica AC

Pesquisa sobre melhoramento genético do açaí-do-Amazonas visa maior produtividade e qualidade

Em Manaus (AM), um estudo apoiado pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), busca estabelecer uma população base para o melhoramento genético do açaí do Amazonas (E. precatoria). A pesquisa, realizada por cientistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Amazônia Ocidental), pretende obter cultivares do açaí-do-Amazonas para contribuir no aumento de produtividade e qualidade do fruto dos plantios do açaizeiro no estado.

Coordenado pelo doutor em Agronomia, Ricardo Lopes, da Embrapa Amazônia Ocidental, o projeto “Formação de população base para o melhoramento genético do açaí-do-Amazonas”, amparado pelo Programa Estratégico de Desenvolvimento do Setor Primário Amazonense (Prospam/Fapeam), Edital Nº 008/2021, avalia progênies (descendência de um indivíduo) de meios-irmãos, provenientes de coletas realizadas em diferentes municípios do estado e que representam a variabilidade genética da espécie. 

O projeto já conta com aproximadamente 60 progênies em campo, provenientes de coletas em dez diferentes municípios do Amazonas. Segundo o pesquisador, a espécie E. precatória, conhecida popularmente pelos nomes de açaí-do-Amazonas, açaí-solteiro ou açaí-da-mata, tem ocorrência natural nos estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima e em parte do Pará.

O método de melhoramento genético que o projeto propõe é a seleção recorrente, cujo objetivo é obter ganhos genéticos aumentando a frequência de genes favoráveis em uma população através de sucessivos ciclos de seleção a partir de uma população inicial de plantas.

Foto: Ricardo Lopes/Acervo pessoal

A seleção é baseada em procedimentos genéticos-estatísticos usando dados da avaliação fenotípicas das plantas, ou seja, da avaliação das características de interesse agronômico e ou agroindustrial.

“Esses ganhos genéticos são representados por aumento de produção e qualidade de frutos, precocidade de produção, redução do crescimento das plantas em altura, resistência a pragas e doenças, entre outras características que forem favoráveis para o cultivo, a agroindústria ou para o mercado”, explicou Ricardo Lopes.

O coordenador da pesquisa destaca que entre os fatores que motivaram o desenvolvimento da pesquisa está o potencial produtivo e a qualidade diferenciada dos frutos da espécie E. precatória, que é nativa, portanto adaptada às condições locais, e principal fonte do açaí produzido no Amazonas.

“Acreditamos que com o desenvolvimento de tecnologias para cultivo do açaí-do-Amazonas haverá maior interesse no plantio da espécie, e os produtores terão uma excelente oportunidade para melhor uso de áreas já antropizadas (cujas características originais foram alteradas) e subaproveitadas ou utilizadas com culturas exóticas com menor rentabilidade do que o açaí”, enfatizou.

Além dos ganhos econômicos para os produtores, que serão obtidos com aumento de produtividade e qualidade dos frutos, por apresentar ciclo de produção diferenciado das cultivares do açaizeiro E. oleracea (Açaí-do-Pará), o pesquisador destaca que as agroindústrias poderão fazer melhor aproveitamento das instalações de processamento e armazenamento, que ficam ociosas no período de entressafra dessa espécie.

Processo

O primeiro plantio foi realizado em 2019. Atualmente, as plantas mais velhas estão saindo da fase vegetativa e entrando na etapa produtiva, emitindo as primeiras inflorescências (conjunto de flores), que vão produzir os cachos que serão avaliados para determinar o potencial produtivo e a qualidade dos frutos.

Ricardo Lopes enfatiza que a atividade é recente e pioneira, uma vez que ainda não existem cultivares melhoradas da espécie. Para a maioria das culturas agrícolas de expressão econômica, o melhoramento genético foi responsável pela maior parte dos ganhos em produtividade e qualidade já obtidos, mas ele reforça que o melhoramento genético é um processo longo e que exige recursos constantes para manutenção das populações em campo.

O grupo de pesquisa tem registrado informações relacionadas acerca do crescimento das plantas, ocorrência de deficiências nutricionais, pragas e doenças, além de entender como a espécie se comporta em condições de cultivo.

Além disso, o projeto também contribuiu para despertar o interesse de pesquisadores de outras áreas para realizar estudos com a espécie. No momento, o projeto conta com a parceria de cientistas da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) de Manaus e de Itacoatiara, e também do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), que tem auxiliado na identificação e coleta de sementes nos municípios do interior do estado.

“O apoio financeiro recebido pela Fapeam foi imprescindível para conseguirmos realizar as coletas de sementes em municípios do interior do estado, formação das mudas, plantio e manutenção das plantas no campo”, finalizou.

Prospam

O Programa apoia pesquisa científica, tecnológica e/ou de inovação, ou de transferência tecnológica, que representem contribuição significativa para o desenvolvimento do setor primário do estado do Amazonas, visando à produção sustentável e adequada à realidade regional.

*Com informações da Agência Amazonas