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Tarde cultural em Macapá faz parte do projeto ‘Verão na Rede’

Macapá (AP) recebe um evento especial nos dias 10 e 11 de julho: a Tarde Cultural do “Verão na Rede”. Realizado em parceria com o Instituto Acolher Macapá e OELA, o evento ocorre na sede das instituições e promete uma tarde repleta de música, teatro e celebração da cultura amapaense.

“A Tarde Cultural foi planejada com o objetivo de democratizar o acesso à cultura para as crianças e adolescentes atendidos pelo instituto. Este evento será uma oportunidade única para os jovens se envolverem em atividades culturais enriquecedoras, promovendo o desenvolvimento social e cultural de forma divertida e acessível”, destacou o especialista em projetos da Fundação Rede Amazônica, Matheus Aquino.

Na programação constam apresentações de música e teatro, com destaque para o talento e a diversidade cultural da região. Além disso, para refrescar o calor do verão amazônico, haverá distribuição de picolés e um lanche especial para os presentes.

“Este evento é voltado exclusivamente para as crianças e adolescentes atendidos pelas instituições, garantindo um ambiente seguro, acolhedor e divertido para todos esses jovens”, destacou Aquino.

Verão na Rede

O projeto Verão na Rede é uma iniciativa da Fundação Rede Amazônica (FRAM) que visa promover a cultura, a arte, o entretenimento e o turismo em Macapá (AP).

Além de valorizar artistas regionais, também enfatiza a importância da preservação ambiental e da sustentabilidade, promovendo conscientização e educação ambiental entre os participantes e a comunidade local.

O projeto conta com apoio da GEAP Saúde e da Prefeitura de Macapá, que realiza paralelamente o ‘Macapá Verão’, que consiste em uma série de eventos culturais e atividades ao ar livre, proporcionando momentos de lazer e integração comunitária.

Tecnologia desenvolvida pela Fiocruz Amazônia se torna política pública para controle do Aedes no Brasil

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O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, emitiu a nota técnica informativa Nº 25/2024-CGARB/DEDT/SVSA/MS no último dia 27/06, em que oficializa a utilização das Estações Disseminadores de Larvicidas tecnologia desenvolvida pelo Núcleo de Patógenos, Reservatórios e Vetores na Amazônia (PReV Amazônia), do Laboratório Ecologia de Doenças Transmissíveis na Amazônia (EDTA), da Fiocruz Amazônia – como estratégia nacional para o controle do Aedes aegypti e Aedes albopictus, vetores da dengue e outras arboviroses, em áreas estratificadas de risco de cidades de todo o País.

A medida visa expandir a tecnologia das EDLs, com o acompanhamento do Ministério da Saúde e apoio técnico da Fiocruz, a partir dos resultados dos estudos coordenados pelo Núcleo Prev Amazônia, com apoio do Ministério da Saúde e a oficina de Representação da OPAS no Brasil.

As Estações DIsseminadoras utilizam a fêmea do mosquito como aliada na dispersão de larvicida, capaz de impedir a proliferação dos focos do transmissor da dengue, Zika e chikungunya. O objetivo do Ministério da Saúde é replicar em nível nacional a tecnologia, que utiliza água em um pote plástico de dois litros recoberto por um tecido sintético impregnado de larvicida.

A armadilha atrai as fêmeas do Aedes aegypti para colocar ovos e ao pousar elas se impregnam com o larvicida presente nas estações. Essas fêmeas, impregnadas com larvicida, ao visitarem outros criadouros acabam contaminando outros recipientes com o inseticida, que impede o desenvolvimento das larvas e pupas, reduzindo a infestação e, por conseguinte, o avanço da doença.

A nota explica ainda que a reunião possibilitou a publicação do Boletim Epidemiológico Volume 47, Nº 15. Foto: Reprodução/Fiocruz Amazônia

A estratégia já foi testada e aprovada com resultados comprovados em 14 cidades brasileiras, de diferentes regiões do País. A nota técnica explica que o Ministério da Saúde tem fomentado e acompanhado o desenvolvimento de novas estratégias para vigilância entomológica e controle de Aedes aegypti.

“Em 2016, com a declaração de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional em decorrência da epidemia por Zika, foi realizada a Reunião Internacional para Implementação de alternativas para o Controle do Aedes aegypti no Brasil,realizada em fevereiro de 2016, com a participação do Governo Federal, instituições de referência nacionais e internacionais e pesquisadores”, relata o documento.

A nota explica ainda que a reunião possibilitou a publicação do Boletim Epidemiológico Volume 47, Nº 15, que recomendou a avaliação de novas tecnologias de controle de vetores, dentre elas as EDLs. “No Brasil, estudos realizados com o financiamento do MS entre 2016 e 2022, pelo Instituto Leônidas e Maria Deane – Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-Amazônia), testaram com sucesso a disseminação de piriproxifeno (PPF) em ambientes de laboratório e em áreas abertas de extensão reduzida, onde se demonstrou que a eficácia da estratégia é adequada na escala de ‘bairro’ e de municípios. A partir desses resultados, as EDLs passaram a incorporar o rol de metodologias recomendadas pelo Ministério da Saúde, conforme apresenta a Nota Informativa N° 37/2023CGARB/DEDT/SVSA/MS (0037799369)”.

Contextualização

A Coordenação-Geral de Vigilância de Arboviroes – CGARB, do Departamento de DoençasTransmissíveis – DEDT, da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente – SVSA, informa que, com o apoio técnico da Fiocruz, iniciará a expansão da tecnologia de controle populacional  de Aedes com a realização de um ensaio pragmático utilizando a auto disseminação de larvicida em áreas de risco no Brasil. Neste primeiro momento, será implementada em 15 cidades.

Nas EDLs, as micropartículas do larvicida em pó aderem-se ao corpo do mosquito. Como as fêmeas de Aedes spp. visitam muitos criadouros para colocar poucos ovos em cada um, elas disseminam o larvicida para esses criadouros, em um raio aproximado que pode variar entre 3 e 400 metros.

Quando as fêmeas pousam nos reservatórios para realizar a postura de ovos, ocorre a contaminação da água por meio das partículas dos inseticidas deixadas pelas fêmeas. Desta forma, a água dos criadouros passa a ter o potencial de interferir no desenvolvimento das larvas que, dependendo da concentração do larvicida que houver no criadouro, não alcançarão a fase adulta.

Fiocruz Amazônia

Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia). Foto: Reprodução/Fiocruz Amazônia

O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) é a unidade técnico-científica da Fundação Oswaldo Cruz no Amazonas.  Sediado em Manaus, sua missão é contribuir para a melhoria das condições de vida e saúde das populações amazônicas e para o desenvolvimento científico e tecnológico regional e do País, integrando a pesquisa, a educação e ações de saúde pública.

Para o desenvolvimento de suas ações conta com instituições parceiras que apoiam projetos de caráter multidisciplinar e interinstitucional, gerando conhecimentos essenciais para a criação de políticas públicas, que contribuam para a melhoria da qualidade de vida da sociedade.

*Com informações da Fiocruz Amazônia

Boo, peixe-boi da Amazônia fêmea mais antigo do Inpa faz 50 anos

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Boo e filhote. Foto: Anselmo d’Affonseca/AMPA

O Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e a Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa) celebram, neste 9 de julho, o aniversário do peixe-boi fêmea mais antigo do Inpa. Boo completa 50 anos. Ela é uma das primeiras da espécie (Trichechus inunguis) que chegaram ao instituto.

Ela foi levada para o Instituto ainda filhote, com 116cm e 26kg, e cerca de um mês de vida, no dia 9 de julho de 1974, pela primeira pesquisadora do LMA, Diana Magor.

Foto: Anselmo d’Affonseca/AMPA

Além de contribuir para os estudos de avaliação de saúde do plantel de peixe-boi sob cuidados humanos no INPA Boo também participou de algumas pesquisas científicas, como sobre a compreensão da fisiologia da espécie, de parâmetros vitais básicos, reprodutivos e estudos sobre a comunicação (bioacústica), dentre outros.

Reprodução

A primeira reprodução de peixe-boi da Amazônia em cativeiro foi com a Boo e o Tupy, peixe-boi também resgatado e reabilitado no LMA. O nascimento do Erê, foi considerado um marco no avanço da pesquisa científica e permitiu maior compreensão sobre os aspectos fisiológicos e nutricionais da espécie.

“Esse acontecimento foi essencial, pois os pesquisadores começaram a entender melhor as características nutricionais e conseguir resultados positivos na melhora nutricional dos peixes-boi, dos animais em cativeiro”, comenta o presidente da Ampa, o veterinário Rodrigo Amaral.

Foto: Anselmo d’Affonseca/AMPA

Amaral acrescenta que a contribuição se estende às pesquisas sobre comportamento do filhote ao nascimento, a relação com a mãe, e sobre as necessidades durante a amamentação, entre outros aspectos. “São conhecimentos importantes para a reabilitação e a manutenção dos filhotes órfãos resgatados pelo Inpa”, explica Amaral.

Ao longo dos anos, Boo também amamentou dois filhotes de peixes-bois que foram resgatados. “A Boo é daquelas mãezonas, cuidou dos seus filhotes e também adotou outros que chegaram resgatados”, concluiu o veterinário. Um dos filhotes resgatados adotados pela Boo foi o Tapajós, que se encontra hoje no Aquário de São Paulo.

Peixe-boi da Amazônia

O peixe-boi da Amazônia é a menor espécie de peixe-boi do mundo, chegando a até 3 metros de comprimento e 450 kg de peso. É um mamífero aquático endêmico da Amazônia, ou seja, essa espécie é exclusiva dos rios da Bacia Amazônica.

Foi maciçamente explorado no passado, mas ainda ocorre na maior parte de sua distribuição original, desde o Peru, Colômbia, Equador até a foz do rio Amazonas no Brasil.

É um animal herbívoro, alimenta-se de grande variedade de plantas aquáticas e semi-aquáticas, e consome cerca de 8% de seu peso vivo em alimento por dia.

A espécie contribui para a ciclagem de nutrientes nos rios e controle de plantas aquáticas nos lagos, que dificultaria a entrada de luz solar nos rios e até mesmo o transporte de pequenas embarcações.

*Com informações da AMPA/INPA

Atividade de alto risco: impactos da exploração de petróleo são imprevisíveis na Amazônia

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Foto: Oton Barros/DPI-INPE

Quando se discute o papel da Amazônia e a sua relevância para a regulação do clima global, não é incomum que as atenções se voltem para a floresta continental. Porém, quando se detém a mais longa área contínua de manguezal do mundo, não se pode ignorar o papel fundamental que a região costeira amazônica e as áreas de mangue possuem no contexto das discussões climáticas.

O oceanógrafo, doutor em Geologia Costeira e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Nils Edvin Asp Neto, lembra que na natureza não existe essa divisão rígida entre o que é a área continental e o que é a região marinha. Pelo contrário, o que se vê é uma transição em que tudo está interligado, fazendo com que aquilo que ocorre na Floresta Amazônica, por exemplo, impacte também o ambiente costeiro marinho adjacente.

O próprio gigantismo que caracteriza não apenas a região amazônica como um todo, mas o próprio rio Amazonas, dá a dimensão do papel do bioma para a questão climática. Maior rio do mundo, o Amazonas pode representar até 20% da água doce que é descarregada no oceano. Junto com essa quantidade de água, são levados matéria orgânica dissolvida e sedimento inorgânico particulado.

“O manguezal é um grande sequestrador de carbono, inclusive, retendo parte da matéria orgânica (o carbono) e também do sedimento inorgânico que o Amazonas está jogando no mar. E o manguezal tem uma taxa de retenção de carbono por área que é de duas a quatro vezes maior do que a floresta continental amazônica. Então, o mangue é muito mais eficiente em reter carbono, por exemplo”, exemplifica Nils.

Mangue é o berçário da biodiversidade marinha

No caso específico da região amazônica, a combinação da existência do manguezal com o rio Amazonas possibilita que esse carbono excedente chegue até o ambiente costeiro marinho, condição em que o mangue, em associação à floresta, ajuda a reter essa matéria orgânica e esses nutrientes.

“Além desse papel, que é importante para o clima, o mangue tem o papel de berçário, de grande elo dessa biodiversidade marinha costeira. Então, a nossa região é uma região pesqueira muito importante, mas, se não fosse essa combinação do rio Amazonas, do manguezal e de recifes mesofóticos que ocorrem na parte mais externa da margem continental, não haveria essa produtividade. É uma combinação de fatores e, se uma parte desse sistema não funcionar, o sistema inteiro pode colapsar”, considera o professor Nils Asp.

Diante da importância e da complexidade do sistema, deve-se considerar que qualquer ação ou utilização dessa área e dos seus recursos, inclusive os pesqueiros, precisa ser muito bem planejada e discutida. Um aspecto positivo destacado pelo oceanógrafo é que a costa de manguezais, existente no litoral entre os estados do Maranhão e do Pará, apresenta um bom status de proteção em decorrência das Reservas Extrativistas (Resex), pois as comunidades tradicionais que nelas habitam colaboram significativamente para a sua preservação. Mas há que se considerar que riscos podem surgir, já que, como se trata de um sistema interligado, eles podem afetar externamente essa área que estaria protegida.

Entre os eventuais impactos que estão em pauta, está a possibilidade de exploração de petróleo na região da bacia da foz do Amazonas. Para o professor Nils Edvin Asp Neto, a grande questão está no fato de ainda não se ter uma compreensão clara do possível impacto que poderia ser ocasionado, caso houvesse algum acidente durante a exploração do recurso, por exemplo.

Ainda é difícil prever consequências em caso de acidente

Diante desse cenário, Nils Asp considera difícil discutir os impactos de um eventual acidente com a exploração de óleo e gás, porque o nível de conhecimento da região hoje não permite dimensionar o tamanho desse impacto ou garantir que o óleo não chegará até a costa, por exemplo.

Considerando, ainda, outros aspectos da discussão, Nils Asp avalia que também não se pode ignorar a necessidade urgente de se reduzirem o uso de combustíveis fósseis e as emissões de carbono, ao mesmo tempo que há uma discussão socioeconômica por trás do tema. “Essa discussão é mais profunda porque não é só como um eventual acidente poderia afetar a região, mas como a abertura de uma nova fronteira de óleo e gás atrasaria uma transição energética que é urgente”, avalia. “E também existe a discussão econômica. Muitas vezes, a preservação e a conservação dessas áreas têm um custo socioeconômico. Precisamos avançar nas políticas e nos mecanismos de compensação financeira em relação a isso”, afirma.

Para o professor, esta é uma discussão central, pois, dentro do modelo econômico vigente, a exploração de um recurso mineral importante como o petróleo traria recursos financeiros para o país e, especialmente, para a região amazônica.

“Nós somos pressionados internacionalmente para não abrir essa nova fronteira de exploração de óleo e gás, mas quem vai compensar financeiramente a região pela não utilização desse recurso? Esse debate precisa evoluir. Hoje os mecanismos de compensação de crédito de carbono ainda são precários. Esse ponto vai emergir durante a SBPC e, principalmente, na COP 30”, considera Nils Asp.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Jornal Beira do Rio, da UFPA, edição 171, escrito por Cíntia Magno

Inspirada em ocas indígenas, edificação sustentável é apresentada em Mato Grosso

Com potencial para baratear e simplificar edificações sustentáveis, pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) estão testando um protótipo de habitação feita com peças modulares de madeira em formato ogival, inspirado nas ocas indígenas. Uma apresentação do modelo foi realizada no dia 8 de julho, em frente ao Centro Olímpico de Treinamento.

O formato ogival foi desenvolvido pelo grupo de pesquisa ‘Tecnoindia’, a partir de estudos sobre habitações tradicionais indígenas. Este desenho foi utilizado de forma comercial em concreto e aço, como no caso do Centro Sebrae de Sustentabilidade, em Cuiabá, mas a sua construção a partir de módulos de madeira “pré moldados” representa uma nova etapa da pesquisa.

Modelo em escala, feito de plástico. Foto: William Gomes

Para o pesquisador, além da possibilidade de uma construção sustentável de fácil utilização, incluindo a possibilidade de ser utilizada como habitações de emergência, a tecnologia representa uma valorização do conhecimento indígena. “Estamos avaliando os custos ainda, mas a princípio está ficando em um valor bem acessível”, completou.

O reitor da UFMT, professor Evandro Soares da Silva, que acompanhou a demonstração, parabenizou a conquista dos responsáveis, incluindo o professor Roberto Dalmázio.

“Essa é mais uma pesquisa da UFMT que atende diretamente uma demanda social, buscando uma solução para que a universidade possa cumprir seu papel como catalisadora do desenvolvimento social”, afirmou.

Sobre os próximos passos para que a tecnologia se torne acessível fora da Academia, o diretor do Escritório de Inovação Tecnológica (EIT), professor Raoni Teixeira, explica que ainda são necessários testes e interesse do setor produtivo.

“O trabalho do EIT é fazer a ponte entre os pesquisadores e o setor produtivo, dando o suporte necessário para a transferência de tecnologia. Neste caso, ainda precisamos entender qual será o melhor material, resolver as características de engenharia, e em seguida avançar na questão de custos, para demonstrar como isso pode ser valioso para a população”, concluiu.

A pesquisa tem apoio do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem), que, para o protótipo, forneceu a madeira e o corte de precisão das tábuas.

*Com informações da UFMT

Xapuri, no interior do Acre, enfrenta segunda maior seca da história

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Após passar por enchentes e ultrapassar 17 metros em fevereiro deste ano, o Rio Acre chegou à segunda maior seca da história no município de Xapuri, no interior do Acre. No dia 4 de julho, o nível estava em 1,44 metro, segundo o Corpo de Bombeiros da cidade, que integra o apoio à Defesa Civil estadual na região.

Com a marca, o nível está a 26 centímetros do pior índice já registrado, quando o Rio Acre chegou a 1,18 metro em 31 de julho de 2018. No dia 1 de julho, o município já havia alcançado a segunda menor marca, com 1,49 metro, nível superado nesta quarta.

O comandante dos bombeiros em Xapuri, capitão Ocimar Farias, ressalta que a tendência é de que os níveis sigam baixos, já que os volumes de chuva também são críticos e ainda restam vários meses de verão.

O coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Carlos Batista, ressaltou que a situação é preocupante não só no Rio Acre, mas em vários trechos.

O Acre decretou, no dia 11 de junho, emergência ambiental por causa da redução da quantidade de chuvas e riscos de incêndios florestais. O decreto de nº 11.492 foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) e é válido para os 22 municípios acreanos.

“O Rio Acre vem atingindo cotas históricas mínimas, não só em Xapuri, mas ao longo de toda a sua extensão. Em Rio Branco, por exemplo, a cota de 1,81 metros é a menor registrada para o mês de junho, em 53 anos de medições. Essa situação extrema não se limita ao Rio Acre; o Rio Iaco, em Sena Madureira, também apresenta níveis historicamente baixos, com 94 cm hoje, abaixo de um metro nos últimos três dias, indicando cotas mínimas históricas para junho”, explicou.

Situação na capital

O acumulado de chuvas em Rio Branco durante todo mês de junho não passou de 21,1 milímetros. O número representa apenas 34% do total esperado, que era 62 milímetros. A informação foi divulgada pela Defesa Civil Municipal no dia 1° de julho.

Sem chuvas, o nível do Rio Acre na capital marcou 1,78 metro no dia 2 de julho. Ainda segundo o órgão municipal, choveu apenas três vezes na capital acreana durante junho: no dia 21, 26 e 30. O Rio Acre perdeu 85 centímetros de lâmina d’água durante o período.

A Defesa Civil de Rio Branco destacou também que a chuva mais significativa foi no dia 26, quando choveu 19,2 milímetros.

No dia 28 de junho, o prefeito Tião Bocalom assinou um decreto de emergência em razão do baixo nível do Rio Acre e da falta de chuvas na capital. O documento com as medidas, no entanto, ainda não foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE).

Segundo o gestor municipal, são atendidas 32 comunidades com abastecimento de água durante este período de seca. O abastecimento nessas comunidades rurais, que geralmente inicia em julho, teve início no dia 17 de junho.

Na ocasião, o coordenador da Defesa Civil municipal, tenente-coronel José Glácio, disse que a coordenadoria está atuando para atenuar os efeitos da seca antecipada. Há, pelo menos, 14 caminhões com capacidade de 6 mil a 18 mil litros de água abastecendo as 32 comunidades.

“A comunidade urbana tem o costume de usar a água de maneira indevida, lavando calçadas, lavando carros, abastecimentos de piscina, trocando a água sem necessidade, então nós temos que ter esse cuidado, porque a seca promete ser mais rigorosa do que o ano de 2016, que foi o ano que foi registrado a maior seca aqui de Rio Branco”, frisou.

Contingência

O governo do Acre montou um gabinete de crise para discutir e tomar as devidas medidas com redução dos índices de chuvas e dos cursos hídricos, bem como do risco de incêndios florestais. O decreto com a criação deste grupo foi publicado no dia 26 de junho, em edição do Diário Oficial do Estado (DOE), e fica em vigência até dia 31 de dezembro deste ano.

Emergência climática

O estado também decretou emergência, no dia 11 de junho, com validade até o fim deste ano. O decreto aponta para o baixo índice de chuvas para o período, aumento das temperaturas e queda nos percentuais de umidade relativa do ar, além do alerta para possível desabastecimento.

A situação alerta para uma possível seca antecipada, já que no ano passado, o decreto de emergência foi publicado em outubro.

O coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Carlos Batista, disse que o Rio Acre, principal afluente do estado, estava com uma média de vazante de 5 centímetros por dia, e que há chances de ocorrer chuvas. No entanto, são rápidas e passageiras, o que pode contribuir para que cotas mais baixas sejam registradas também neste mês de julho.

Rio Acre marcou 1.40 metro em 2023 em Rio Branco. Foto: Ana Paula Xavier/Arquivo Rede Amazônica Acre

Ainda segundo Batista, um plano estadual de contingenciamento foi elaborado para este período de seca. “Toda a estrutura da Defesa Civil Estadual, todo o sistema estadual do órgão está de prontidão. Já temos o nosso plano de contingência elaborado, anexo a esse plano, o plano das 22 coordenadorias municipais de Defesa Civil para o enfrentamento dessas ações”, concluiu.

Seca antecipada

Pouco mais de dois meses após o Rio Acre, em Rio Branco (AC), alcançar a segunda maior cota histórica e atingir mais de 70 mil pessoas com uma enchente devastadora, o manancial começou a ficar abaixo dos 4 metros.

A situação alerta para a possibilidade de um período de seca que, segundo especialistas, pode se antecipar e se tornar cada vez mais frequente em um menor espaço de tempo.

É preciso entender ainda que as chuvas na região precisam estar dentro da normalidade para o rio poder correr normalmente, o que não está sendo o caso do Rio Acre.

O ano em que o manancial apresentou a menor marca histórica foi em setembro de 2022, quando marcou 1,25 metro. Naquele ano, o rio já estava abaixo dos quatro metros no mês de maio.

O mesmo quadro foi observado em 2016, ano com a segunda pior seca. Em 17 de setembro, o rio atingiu a menor cota histórica da época: 1,30 metro.

*Por Victor Lebre, da Rede Amazônica AC

Projeto entre Amazonas e Espanha quer monitorar biodiversidade amazônica com IA

Um projeto desenvolvido entre pesquisadores do Instituto Mamirauá, no Amazonas, e da Universidade Politécnica da Catalunha, na Espanha, quer monitorar a biodiversidade amazônica com auxílio de Inteligência Artificial (IA). A iniciativa é uma das finalistas da premiação internacional XPRIZE Rainforest Florestas Tropicais.

Batizado de ‘Providence’, ou Sistema de Monitoramento da Biodiversidade e Vigilância Territorial da Amazônia, o projeto é uma solução tecnológica de monitoramento da biodiversidade baseada em sensores com inteligência artificial.

Por meio de drones, a biodiversidade da Amazônia e de outros biomas pode ser monitorada em um nível inédito de velocidade.

Além de identificar espécies em tempo real e enviar dados remotamente, o sistema garante agilidade na obtenção de informações e auxilia na fiscalização e manutenção da conservação da floresta.

A tecnologia vem sendo desenvolvida há mais de uma década, revela o diretor técnico-científico do Instituto Mamirauá, Emiliano Ramalho. Ele conta que o projeto já demonstra resultados positivos em uma parte do território amazônico, hoje sendo a primeira área protegida do planeta totalmente monitorada por inteligência artificial.

O prêmio

O XPRIZE Rainforest surgiu em 2019 com o objetivo de reunir especialistas de diferentes áreas para desafiá-los a usar novas tecnologias voltadas a acelerar o monitoramento da biodiversidade tropical.

Este ano, seis finalistas foram selecionados para a disputa pelo prêmio de quase R$ 55 milhões. Na fase final, que ocorre ao longo do mês de julho, os projetos serão testados em comunidades do interior do Amazonas.

Após a etapa final de testes, o resultado do XPRIZE deve ser divulgado somente em agosto. Para Emiliano Ramalho, a premiação será fundamental para implantar a tecnologia em todo o Brasil.

“A ideia, caso a gente vença, é aplicar esse investimento em prol do desenvolvimento da tecnologia para colocá-la para funcionar em outras áreas da Amazônia, implementando ainda o sistema como uma ferramenta nacional de monitoramento que hoje não temos para acompanharmos a biodiversidade e o meio ambiente e auxiliarmos na fiscalização”, conclui.

Encontro em Manaus

Cientistas do mundo inteiro se reuniram em Manaus, na quinta-feira (4), para desenvolver e apresentar tecnologias voltadas para mapear o ecossistema de florestas tropicais durante o XPRIZE Rainforest.

A primeira fase do evento, que foi a apresentação dos projetos, aconteceu em um hotel no Centro da capital amazonense.

Pesquisadores discutem processos exploratórios e alternativas sustentáveis para desenvolvimento da Amazônia

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Durante a mesa redonda ‘A Amazônia entre o extrativismo primitivista e desenvolvimentismo igualmente predatório: em busca de uma alternativa sustentável e inclusiva’, na 76ª Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), os pesquisadores debateram sobre quais modelos de desenvolvimento tem sido pensados e trabalhados para a Amazônia em meio às lutas contra os processos exploratórios desenvolvidos na região.

Além das ameaças impostas pelo desmatamento e a devastação causadas pelas ações humanas no bioma, Marlúcia considera importante entender a Amazônia também como uma região rica em conhecimentos tradicionais, diversidade e capacidade de adaptação e resistência.

Pesquisadores discutem os processos exploratórios e alternativas sustentáveis para o desenvolvimento da Amazônia. Foto: Reprodução/Museu Goeldi

Roberto Luiz do Carmo, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH/UNICAMP), pontuou que o processo de ocupação do espaço do Brasil está associado à dinâmica secular de exploração das fronteiras litorâneas em direção ao interior, destacando alguns ciclos exploratórios, como o do pau brasil, o ciclo de mineração e, mais recentemente, a expansão da produção de soja, principalmente no Cerrado.

Do Carmo ressaltou como a perspectiva de desenvolvimento sustentável se tornou alvo de contestações, sobretudo por parte de segmentos políticos.

*Com informações do Museu Goeldi

Pesquisa promete multiplicar produção de tambaquis e hortaliças no Amazonas

Aumentar a produtividade na criação de tambaquis em até seis vezes, em comparação com os atuais modelos de piscicultura, e ao mesmo tempo, alavancar a produção de alimentos no Amazonas de modo sustentável e ambientalmente responsável, reduzindo custos, consumo de água e sem a necessidade de derrubar nenhuma árvore.

Estes são os objetivos da pesquisa inovadora realizada pela Universidade Nilton Lins, por meio de seu Programa de Pós-Graduação em Aquicultura, e que esta semana inaugurou sua unidade experimental no campus da instituição no Parque das Laranjeiras, zona Centro-sul de Manaus, visando o desenvolvimento de um sistema integrado e simultâneo para criação de peixes e hortaliças em um único ambiente aquático.

Coordenado pelos professores Lucas Pedro Gonçalves Junior e Juliana Tomomi Kojima, do curso de Mestrado e Doutorado em Aquicultura da Universidade Nilton Lins/INPA, a pesquisa é voltada especialmente para pequenos produtores e agricultores familiares do estado e na unidade serão testados e avaliados diferentes modelos de produção visando adaptar-se à realidade amazônica.

“Nosso desafio neste primeiro momento é desenvolver, na prática, um ambiente ideal elaborado nos estudos teóricos, que seja propício tanto para os peixes quanto para as plantas. Dessa forma, esperamos melhorar a produtividade pela qualidade da água dentro do sistema alternativo de aquaponia e permitir que os pequenos produtores tenham duas fontes de renda”, destacou Lucas.

Fotos: Divulgação

Na etapa inicial dos trabalhos em campo, a hortaliça escolhida foi a alface mas nos próximos meses, a proposta é expandir a pesquisa para incluir o jambu, manjericão e outras plantas de interesse comercial regional.

Sustentabilidade

Além das vantagens econômicas, o desenvolvimento de um sistema integrado de produção aplicado na agricultura familiar, permitirá o aumento da produtividade sem a necessidade de desmatar novas áreas e ainda reduzirá o consumo de água em comparação aos modelos atuais.

“É totalmente sustentável e respeita o meio ambiente da região. Nesta unidade experimental, contamos com 16 tanques, mas os produtores poderão usar viveiros de até 50m³. A piscicultura tradicional produz cerca de 1 kg de tambaqui por m³, enquanto com este sistema estimamos chegar a 6 Kg”, explicou Lucas.

A pesquisa teórica teve início em maio de 2023 e todo o trabalho está previsto para ser concluído em maio de 2025. Além dos experimentos, o local também servirá para a realização de cursos, contribuindo para a disseminação do conhecimento e capacitação dos produtores locais. O projeto conta com apoio da Fapeam pelo Programa de Apoio à Fixação de Jovens Doutores no Brasil.

As pedras que viram obras de arte em Porto Velho

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Terezinha de Jesus: simplicidade e poesia. Foto: Júlio Olivar

Por Júlio Olivar – julioolivar@hotmail.com

“No meio do caminho havia uma pedra” – versos imortalizados por Carlos Drummond de Andrade. As pedras que dona Terezinha de Jesus encontra pelo caminho, ela transforma em obras de arte no estilo naïf, uma expressão surgida na França no século XIX que significa “ingênuo”. Essa forma de arte é popular e não acadêmica.

Aos 77 anos, Terezinha pinta desde os 14 e, recentemente, passou a utilizar pedras como suporte para suas pinturas feitas com tinta plástica e verniz. São muitas as paisagens típicas da Amazônia que a inspiram.

Nascida às margens do Rio Solimões, no estado do Amazonas, Terezinha se considera porto-velhense de coração, pois vive na região desde a infância. Atualmente, ela expõe seus trabalhos na Casa de Cultura Ivan Marrocos.

“Foi no quintal desta casa que encontrei as pedras que foram as primeiras que pintei. Não tinha a intenção de comercializá-las como obras de arte; era apenas para decorar o jardim aqui mesmo. Mas os funcionários do espaço me incentivaram”, conta dona Terezinha.

Durante toda a vida, Terezinha foi cabeleireira e criou quatro filhos, enfrentando as adversidades. Filha de seringueiro, teve que trabalhar desde cedo. A pintura era seu hobby. “Muitas vezes tive que parar com tudo, pois já cheguei a sustentar muitas pessoas que dependiam de mim. Mas o pincel sempre ficava ali, no cantinho, pronto para ser usado. Agora, dedico-me exclusivamente à pintura”, revela.

Sobrinha de Afonso, o pioneiro

Terezinha é sobrinha de Afonso Ligório, um artista que faleceu há cerca de 45 anos. Embora seu nome não seja tão lembrado atualmente, ele é considerado um expoente das artes plásticas. A galeria da Casa de Cultura, onde Terezinha trabalha, leva seu nome.

Afonso foi um pintor muito requisitado, responsável por imagens sacras presentes até hoje na Catedral do Sagrado Coração de Jesus, em Porto Velho. Suas obras também estão nas paredes do tradicional Bar J. Lima. Além disso, ele era conceituado como santeiro. Uma de suas esculturas mais conhecidas é a de São Dom João Bosco, localizada em Ji-Paraná.

Dona Terezinha guarda com carinho as lembranças de seu tio. “Ele era um homem singular, desapegado de fama e dinheiro. Pintava por amor. Sempre usava seu chapéu e tocava qualquer instrumento musical de ouvido, tendo estudado apenas quatro anos. Além disso, tinha muitas outras habilidades artísticas. Por exemplo, adorava imitar pessoas, e fazia isso com mais perfeição do que os humoristas da TV”, orgulha-se.

Afonso faleceu aos 47 anos em 1980, vivendo com dificuldades financeiras. Muitas vezes, nem mesmo dispunha de um pincel adequado, utilizando capim e tinta de parede para suas pinturas. Sua obra-prima, intitulada “Ostentório”, faz parte da pinacoteca do Estado e está sob a responsabilidade da Casa de Cultura Ivan Marrocos.

Terezinha está a poucos passos dessa pintura deixada pelo tio. De segunda a sexta lá está ela, com suas pedras, telas e garrafas de vidro repletas de vida amazônica. “Ele era muito talentoso no que fazia, mas enfrentou muitas dificuldades. Foi vítima de câncer. Meu tio deixou seu legado nas artes, inclusive o meu prazer de pintar que ele me ensinou”, conclui.

Sobre o autor

Júlio Olivar é jornalista e escritor, mora em Rondônia, tem livros publicados nos campos da biografia, história e poesia. É membro da Academia Rondoniense de Letras. Apaixonado pela Amazônia e pela memória nacional.

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