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Casos da febre do oropouche aumentaram quase 200 vezes neste ano comparados à última década

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A epidemia atual de oropouche é causada por uma nova variante do arbovírus OROV capaz de se replicar até cem vezes mais do que a original e de evadir parte da resposta imune. As conclusões são de um estudo divulgado em versão pre-print (artigo sem revisão por pares) no repositório medRxiv.

A febre do oropouche faz parte do rol de doenças negligenciadas, como a malária e outras arboviroses (dengue, por exemplo). É transmitida por moscas hematófogas da espécie Culicoides paraensis e causa dor de cabeça, artralgia, mialgia, náusea, vômito, calafrios e fotofobia – mas também pode levar a complicações mais graves, como hemorragia, meningite e meningoencefalite.

Apesar de documentada na América do Sul desde a década de 1950, a doença apresentou um aumento substancial de casos entre novembro de 2023 e junho de 2024 no Brasil, Bolívia, Colômbia e Peru. 

Em território nacional, foram detectadas infecções autóctones em áreas anteriormente não endêmicas nas cinco regiões, com casos relatados em 21 unidades federativas e aumento de quase 200 vezes na incidência em comparação com a última década.

Para investigar os fatores virológicos por trás desse ressurgimento, pesquisadores das universidades Estadual de Campinas (Unicamp), de São Paulo (USP), do Kentucky, do Texas (Estados Unidos) e da Federal de Manaus (Ufam), além do Imperial College London (Reino Unido) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), combinaram dados genômicos, moleculares e sorológicos de OROV do período entre 1º de janeiro de 2015 e 29 de junho de 2024, além de caracterização in vitro e in vivo, em um estudo financiado pela FAPESP (projetos 18/14389-022/00723-122/10408-6 e 23/11521-3).

Leia também: Com casos isolados e surtos relatados na Amazônia, entenda o que é a Febre do Oropouche

Foto: Divulgação/ Agência Brasil

O primeiro passo foi testar por PCR um grupo de 93 pacientes do Amazonas com doença febril não identificada e negativos para Malária, entre dezembro de 2023 e maio de 2024. O resultado foi positivo para OROV em 10,8% dos casos e, posteriormente, foi isolado o soro de sete pacientes em culturas de células.

Em seguida, esses isolados foram usados para avaliar a capacidade replicativa em diferentes células – de primatas e humanos – sempre em comparação com um isolado antigo de OROV. 

Por fim, foi avaliada a capacidade de ambos os vírus serem neutralizados por anticorpos presentes no soro de camundongos previamente infectados com o OROV e de humanos convalescentes para linhagens anteriores, infectados até 2016. Para isso, foi feito um teste de neutralização por redução de placas (PRNT50), que mede a redução do número de partículas virais viáveis formadas após a incubação com diferentes diluições do soro dos pacientes ou de camundongos.

“Além disso, produziu 1,7 vez mais placas, de tamanhos 2,5 vezes maiores, um indício de maior virulência.”

(imagem produzida pela Agência FAPESP com base em gráficos do artigo)

Saúde pública

As professoras Ester Sabino e Camila Romano, ambas da Faculdade de Medicina da USP, participaram do estudo. William Marciel de Souza (Universidade de Kentucky) e Pritesh Jaychand Lalwani (Ufam e Fiocruz Manaus) também são coautores.

O artigo Reemergence of Oropouche virus between 2023 and 2024 in Brazil pode ser lido AQUI.

Conteúdo publicitado originalmente por Agência FAPSP*.

Crenças que nos libertam ou nos aprisionam

Autor: Julio Sampaio

Rodolfo é hoje um empreendedor que pode ser considerado de sucesso, mesmo diante dos desafios que enfrenta, comuns aos empresários de pequeno e médio porte. Conseguiu sobrevier à pandemia, está reequilibrando as contas e tem planos de crescimento. A grande força de sua empresa vem dele mesmo, pela capacidade de trabalho, credibilidade e facilidade de lidar com pessoas, sejam clientes, fornecedores e a própria equipe. Estando na faixa dos seus cinquenta e cinco anos, Rodolfo transmite ser uma pessoa feliz, mesmo que com um estilo mais sério. Este é o Rodolfo de hoje, mas que nem sempre foi assim.

Sério ele sempre foi, mas, anteriormente, ele era uma pessoa fechada e até um pouco agressiva, que vivia na defensiva. Não cultivava relacionamentos e buscava manter distância das pessoas.

Na parte profissional, Rodolfo não se fixava em um emprego, pois não havia vínculos, de parte a parte. Sua relação com o trabalho era puramente transacional, em troca de um salário, baixo ou mediano. Nos relacionamentos, Rodolfo tinha dificuldades em ter um namoro mais sério, desconfiando sempre das intenções das mulheres que se aproximavam. Ou seja, na vida profissional e na vida pessoal, Rodolfo não confiava nas pessoas, e as pessoas não confiavam em Rodolfo.

A reviravolta se deu com a junção de uma crise e a chegada da idade, um momento em que Rodolfo estava desempregado e sozinho. Se aproximava do que, na teoria dos septênios de Rudolf Steiner, é chamada de fase imaginativa (dos 42 aos 49 anos), onde começam a nos incomodar questões mais existenciais e a fazer falta um grau maior de autoconhecimento. Apoiado por um profissional, Rodolfo pôde então identificar algo que era tão forte dentro dele que se confundia com a sua própria personalidade: um forte sentimento de que o mundo é um lugar hostil, onde as pessoas são egoístas e que cuidam apenas de seus próprios interesses. Com esta crença era preciso criar um escudo de proteção.

Demorou um pouco para que Rodolfo tivesse consciência de que este sentimento ou pensamento nada mais era do que uma crença e não a realidade. Só que era uma crença que acabava por formar uma realidade dentro do próprio Rodolfo. Era assim que ele via o mundo e foi nisso que o mundo se transformou. Era preciso mudar esta crença se Rodolfo queria modificar a sua realidade. Não foi tão rápido, não foi tão fácil, mas Rodolfo conseguiu o que podemos chamar de ressignificar a crença. Ela fora herdada de acontecimentos da infância e de experiências que foram se acumulando, e cada vez mais se confirmando. Romper o ciclo possibilitou que Rodolfo entrasse em uma nova realidade, verdadeiramente um novo mundo.

Ressignificar um acontecimento é olhar de uma maneira diferente para ele e contar uma nova história para si mesmo, identificando, por exemplo, aprendizados e ganhos tidos com uma situação, a princípio, negativa. Mas não temos crenças apenas sobre determinados fatos. Carregamos crenças sobre o dinheiro, sobre a família, sobre o amor, sobre o trabalho, sobre a fartura ou escassez, sobre a saúde ou a doença e por muito mais coisas.

Há crenças que nos fortalecem e que nos fazem avançar em relação aos nossos objetivos e à felicidade. Há crenças que nos limitam e que nos afastam deles. Somos em grande parte fruto de nossas crenças, e elas podem nos engrandecer ou nos diminuir, fazendo com que vivamos muito abaixo de nosso potencial.

Passados pouco mais de dez anos, Rodolfo é hoje uma outra pessoa. Tem esposa, filhos, amigos e é admirado profissionalmente. Ter superado uma crença, em um movimento consciente, o libertou de um escudo que não o protegia, mas que o massacrava. Não foram os acontecimentos que mudaram as crenças de Rodolfo. Foram as crenças de Rodolfo que transformaram os acontecimentos.

E no seu caso? Que crenças o libertam? Que crenças o aprisionam?

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC, ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livroFelicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Waumat, o ritual da tucandeira: tradição Sateré-Mawé marca a vida adulta dos homens

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Existem várias definições para considerar que uma pessoa se tornou adulta. No Brasil, um adulto é aquele indivíduo que atingiu seus 18 anos de idade. Já de acordo com a biologia, o ser humano se torna adulto quando chega ao ápice do seu crescimento e funções biológicas.

E com a maioridade as responsabilidades sociais surgem. Porém, para a etnia indígena Sateré-Mawé, a transição de infância para a fase adulta dos homens é celebrada através do Waumat, popularmente conhecido como ritual da tucandeira.

No rito, os jovens, para demonstrar força e coragem, precisam vestir uma luva feita de palha cheia de formigas tucandeiras (Paraponera clavata) e aguentar por, pelo menos, 15 minutos às doloridas ferroadas dos insetos.

A equipe do Portal Amazônia conversou com o mestre em Educação pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Iranildo Sateré-Mawé, que explicou o ritual indígena que “transforma jovens em homens”.

De acordo com Iranildo, o povo Sateré-Mawé acredita que o ritual da tucandeira é um manto sagrado, que através da cerimônia os indígenas adquirem uma vacina natural que protege o corpo contra doenças, além também de guiar a pessoa em um bom caminho.

Foto: Marina Souza/Agência Brasil

Processo

O primeiro passo para o ritual é pegar as formigas. Em seguida, elas são colocadas em um balde de água contendo folhas de caju picadas. Essa mistura anestesia os insetos por cerca de meia hora, para que possam ser manuseados e fixados, um a um, dentro de um par de luvas grandes, com o ferrão apontando para dentro.

As luvas, tecidas com fibras naturais, são decoradas com penas vermelhas de arara – representando guerras e outros conflitos passados que os Sateré viveram – e penas brancas do gavião real – simbolizando a coragem e a resistência do povo Sateré.

A transição sexual dos rapazes também é simbolizada pelas plumas nos punhos das luvas. Elas representam os pelos pubianos e marcam a transição do adolescente para o guerreiro e o marido.

Para os indígenas, ao colocar as mãos na luva cheia de formigas, o jovem não apenas demonstra estar apto para a vida adulta, mas também consegue a admiração dos demais. Após a primeira experiência com as formigas, eles podem se casar e começar uma família, mas o esperado é que passem pelo rito ao menos 20 vezes durante a vida.

História

Historicamente, não há uma data específica em que os indígenas iniciaram o ritual. Entretanto, existe um mito que diz respeito à origem da própria tucandeira. Nesta lenda, a formiga representa a mulher, desempenha o papel de mãe, a força transformadora, assim como a morte transforma a humanidade em natureza.

A participação da família é importante para o rito de passagem, principalmente quando o assunto é alimentação. “A pessoa faz a farinha e vai atrás dos alimentos. Depois, o pai do jovem faz o convite para o mestre de cerimônia, que é o indígena responsável por entoar os cantos do ritual”, explica Iranildo.

Versão feminina

As mulheres também possuem um ritual de passagem. Só que este rito implica em um longo período de reclusão, durante o qual as moças quase não saem de casa.

O ritual acontece no primeiro dia em que a menina tem sua primeira menstruação. Ela é fechada dentro de casa até o final do ciclo menstrual, e até todo esse tempo só é vista e cuidada pela mãe, pela avó e tias. 

Pesquisa do Amazonas aplica nova técnica de cultivo para cactos

Resíduos de produtos amazônicos como cascas de árvores, cascas de cupuaçu, ouriço e amêndoas da castanha resultaram numa receita de substrato adequada ao cultivo de cactáceas (cactos). Foi o que constatou uma pesquisa apoiada por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) – via Programa de Apoio à Interiorização em Pesquisa e Inovação Tecnológica no Amazonas (Painter).

A pesquisa envolveu produtores dos municípios Rio Preto da Eva e Itacoatiara (distantes 57 e 176 quilômetros de Manaus, respectivamente), com acesso ao aprendizado das técnicas de cultivo e resultados dos experimentos para usar e melhorar seus cultivos e ajudar a impulsionar o mercado de plantas ornamentais na região.

De acordo com a coordenadora do estudo, a professora do curso de Engenharia Florestal do Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara, da Universidade do Estado do Amazonas (Cesit/UEA), Iane Barroncas Gomes, a pesquisa é importante principalmente sob dois aspectos: a falta de informações científicas sobre o cultivo de cactos e suculentas no Brasil e também como alternativa de produção para qualquer agricultor que queira aumentar suas opções de venda, devido à alta aceitação desse tipo de planta no mercado.

FAPEAM - FOTOS ARQUIVO PES. IANA GOMES (6)
Pesquisa do Amazonas. Fotos: Arquivo da pesquisadora Iane Barroncas Gomes

Segundo ela, o estudo conseguiu desenvolver as alternativas de materiais que atendessem às exigências físico-químicas ideais para a utilização como substrato ou como parte da composição de uma receita de substrato.

Na ocasião, Iana destacou a importância do apoio da Fapeam a pesquisas como essa. “Sem o apoio da Fapeam a pesquisa não poderia ter sido realizada, foi imprescindível”, completou a professora.

FAPEAM - FOTOS ARQUIVO PES. IANA GOMES (7)
Pesquisa do Amazonas. Foto: Arquivo da pesquisadora Iane Barroncas

Metodologia

Durante o processo foi feito o levantamento dos materiais com potencial de uso para a composição de substratos com base nas características físico-químicas dos que já foram utilizados em outras regiões do Brasil. Após a aquisição dos mesmos, foram beneficiados (trituramento, peneiramento e secagem), e foram elaboradas as combinações (receitas) em diferentes proporções para os testes físicos e análises químicas.

Painter

Programa de Apoio à Interiorização em Pesquisa e Inovação Tecnológica no Amazonas (Painter) visa fomentar a interiorização de atividades de pesquisa aplicada e inovação tecnológica por meio de indução em áreas estratégicas, especialmente a bioeconomia, para o desenvolvimento econômico, social e ambiental do Estado do Amazonas com a finalidade de aplicação de seus resultados na resolutividade/minoração de problemas específicos dos municípios do interior do Amazonas.

*Com informações do FAPEAM.

Projeto de reintrodução traz a ararajuba de volta aos céus de Belém

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A ararajuba é tão colorida quanto barulhenta. Penduradas nos galhos, três dessas aves gritam enquanto olham para o biólogo Marcelo Vilarta, alguns metros abaixo, enquanto ele as observa. Também chamada de guarubas, essas parentes de araras e periquitos ostentam plumagem amarela vibrante, com pontas verdes nas asas, que chamam atenção na vegetação amazônica. No entanto, são essas cores que colocam sua população em risco de extinção.

O comércio ilegal de animais de estimação, aliado à perda de habitat, reduziu a população de ararajubas (Guaruba guarouba) a menos de 10 mil espécimes na natureza – um pequeno número para um grande bioma como a Amazônia, o único lugar na Terra onde são encontrados de forma nativa. Eles estão presentes principalmente no estado do Pará, com registros também no Maranhão e no Amazonas.

“Não há ararajubas [na natureza] em nenhum outro lugar do mundo”, diz Vilarta. Ele faz parte de um projeto de reintrodução dessas aves apoiado pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e Biodiversidade (Ideflor-Bio) e pela Fundação Lymington.

O programa começou em 2017, e o primeiro bando de ararajubas foi liberado na natureza em janeiro de 2018, no Parque Estadual do Utinga, em Belém, cidade onde essas aves estão extintas há mais de cem anos. Os curiosos espécimes que observam Vilarta da árvore são três dos 50 que foram soltos aqui até agora.

Saiba mais: Ararajuba: ave candidata a símbolo oficial nacional está ameaçada de extinção

O biólogo Marcelo Vilarta passa todos os dias monitorando e cuidando das ararajubas do Parque Estadual do Utinga, em Belém (PA). Tendo passado um tempo considerável com esses animais, ele é capaz de identificar e distinguir cada um deles em um piscar de olhos. Foto: Sarah Brown.

Capturada por sua plumagem

A ararajuba desempenha um papel importante na dispersão de sementes, especialmente de árvores frutíferas como o murici (Byrsonima crassifolia) e o açaí (Euterpe oleracea), além de outras 21 plantas nativas da Amazônia. Embora bastante comum em cativeiro, a espécie se encontra ameaçada de extinção na natureza. Tanto na Lista Vermelha da IUCN quanto na classificação nacional, a ave é categorizada como vulnerável.

A perda de habitat por desmatamento e o tráfico de animais silvestres continuam a ser ameaças significativas para a ararajuba. O comércio ilegal era uma ameaça maior nas décadas de 1980 e 1990, de acordo com Luís Fábio Silveira, curador de aves do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, que trabalha com o projeto de reintrodução da ararajuba. Hoje em dia, diz ele, as pessoas criam a ave em cativeiro, e “elas podem ser adquiridos legalmente em todo o mundo” de criadores autorizados.

No entanto, a demanda por aves exóticas e raras como animais de estimação e os lucros que elas trazem mantêm o mercado ilegal ativo na Amazônia.

A compra de aves traficadas pode ser mais barata do que por meio de canais legais, e os traficantes são atraídos pelos altos lucros potenciais. Uma arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus), por exemplo, pode chegar a 90 mil reais. E uma pesquisa online encontrou sites que vendem ararajubas por até 13 mil reais. A maioria das aves traficadas é vendida no Brasil, mas algumas vão para os Estados Unidos e a Europa.

Os traficantes geralmente capturam ararajubas cortando árvores inteiras com ninhos e coletando os filhotes sobreviventes. Essa é uma prática devastadora para a população selvagem. “As aves que sobrevivem não podem se reproduzir  novamente porque seus ninhos foram destruídos”, diz Vilarta. “Eles precisam de cavidades de árvores muito específicas para fazer ninhos, e essas cavidades são muito difíceis de se encontrar.”

Um bando de ararajubas voa pelo Parque Estadual do Utinga, em Belém. Extintas na capital paraense 100 anos, as aves retornaram à cidade após esforços de conservação. Foto cedida por Marcelo Vilarta.

Protegendo a espécie

A Fundação Lymington, sediada no estado de São Paulo, tem criado ararajubas com sucesso nos últimos 20 anos para aumentar o número da espécie e, em 2017, uniu-se ao Ideflor-Bio para reintroduzir a ave de volta à natureza, com o apoio do Museu de Zoologia da USP. Belém foi escolhida para a reintrodução para trazer de volta “uma espécie a um lugar onde ela já havia desaparecido”, diz Vilarta.

O Parque Estadual do Utinga, no centro de Belém, é uma unidade de conservação e o maior espaço verde da cidade, com uma área de 1.393 hectares de ambiente amazônico natural amplamente preservado, o habitat preferido da ararajuba. A área é protegida por segurança privada e pela polícia ambiental pública, reduzindo a possibilidade de tráfico e desmatamento.

Os coordenadores do programa montaram dois aviários no meio do parque, onde dez ararajubas estão sendo preparadas para serem reintroduzidos na natureza. A maioria veio do programa de reprodução da Fundação Lymington, mas algumas foram resgatadas do tráfico ou de serem mantidas como animais de estimação. Dentro dos recintos, as ararajubas passam por um período de adaptação e aclimatação que leva pelo menos cinco meses.

O viveiro tem vegetação semelhante à que as ararajubas encontrarão na natureza, e elas são ensinados a reconhecer e consumir alimentos locais. As aves também são treinadas para reconhecer predadores, como jiboias, e para isso Vilarta e sua equipe colocam cobras vivas em segurança perto do recinto. Em seguida, os pesquisadores avaliam as reações das ararajubas às cobras, bem como às aves de rapina locais que caçam na área, e dão a elas uma nota de aprovação se emitirem coletivamente gritos de alarme quando os predadores se aproximam.

Uma ararajuba pendurada em um pé de açaí, cujo fruto é um dos mais consumidos pela espécie. Foto cedida por Marcelo Vilarta.

A educação ambiental para o público em geral, especialmente em escolas e universidades e para os visitantes do parque, também desempenha um papel fundamental na proteção de longo prazo da ave. “O projeto intensificou a educação para aumentar a conscientização sobre a importância dessa espécie para a cidade de Belém, pois é essa ave que ajuda a propagar as espécies frutíferas típicas de nossa cidade”, diz Monica Furtado da Costa, diretora do Ideflor-Bio. As atividades educativas incluem a distribuição de cartilhas sobre a ararajuba para estudantes, a criação de jogos para crianças e a realização de uma exposição sobre a espécie no Parque Porto do Futuro, em Belém.

Até o momento, o programa de reintrodução está funcionando. Um estudo publicado em 2021 sobre o projeto constatou que “as aves liberadas foram muito bem-sucedidas em encontrar e consumir alimentos nativos, fugindo de predadores, e um casal conseguiu se reproduzir com sucesso”.

Apesar do sucesso, a reintrodução de todas as ararajubas, especialmente as capturadas anteriormente, nem sempre é fácil.

No viveiro, uma fêmea de ararajuba se equilibra na rede de malha dentro do recinto e se aproxima de Vilarta, demonstrando pouco medo das pessoas. O biólogo diz que ela já foi mantida como animal de estimação, criada ilegalmente no Pará, antes que o proprietário a entregasse para o projeto. “Você pode até falar com ela e ela responde”, diz ele.

Outra ave se agarra à rede próxima. Vilarta entra na gaiola, recolhe o animal usando uma vara longa e o coloca perto de uma caixa-ninho para protegê-lo do sol escaldante do meio da manhã. Antes de ser resgatado e entregue ao projeto, esse espécime em particular havia sido mantido em uma gaiola por 15 anos e nunca aprendeu a voar. Vilarta diz que a reintrodução dessas duas aves na natureza será um desafio, se é que será possível, devido à sua incapacidade de se adaptar à vida fora do cativeiro. “Pelo menos esses dois podem ser felizes e seguros aqui”, diz ele.

As ararajubas selvagens se alimentam de frutas e sementes que o biólogo Marcelo Vilarta deixa para elas todos os dias; isso o ajuda a manter o controle da população do Parque Estadual do Utinga. Foto: Sarah Brown.

Atualmente, dez das cinquenta ararajubas selvagens reintroduzidas permanecem no Parque Estadual do Utinga e visitam o recinto diariamente para socializar com as aves em cativeiro e comer nos comedouros que Vilarta deixa para elas. Ele passa todos os dias ao lado dos recintos, monitorando as populações selvagens e em cativeiro.

As outras 40 que foram liberadas anteriormente se dispersaram para outras regiões. Antes de ser solta, cada ararajuba recebe um anel nas pernas e um colar no pescoço para ajudar a manter o controle da população. Os colares de rádio ajudam a monitorar as aves individualmente até certo ponto, mas não são eficazes em longas distâncias.

“Depois que elas são solas, é difícil mantê-las sob controle”, diz Vilarta. O plano agora é expandir o tamanho dos aviários atuais para acomodar mais ararajubas s e, em seguida, soltar outras 50 na natureza nos próximos dois anos. Os pesquisadores e conservacionistas esperam que essas aves continuem a criar suas próprias populações em Belém e além.

*Matéria publicada originalmente em Mongabay. Escrita por Sarah Brown. Publicada por Xavier Bartaburu.

Fronteira entre Amazônia e Cerrado: clima deve comprometer viabilidade de 74% das terras agrícolas até 2060

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Tão importante como produzir, alimentar e exportar é conservar a Amazônia. É disso que trata o Sumário para Tomadores de Decisão do Relatório Temático sobre Agricultura, Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, publicado este mês. O documento, produzido por 35 pesquisadores da Embrapa, sintetizou o conteúdo principal do relatório temático com o objetivo de mostrar de forma didática como conciliar a produção agrícola brasileira, uma das maiores do mundo, com sustentabilidade — e traz alertas sobre os impactos da agropecuária convencional nas mudanças climáticas. 

Um dos pontos abordados pelo estudo traz a monocultura em larga escala, com sistemas de irrigação intensivos e uso excessivo de insumos e fertilizantes, como insustentável. Outro alerta trazido é com relação a escassez de recursos naturais — já que, em algumas regiões, as mudanças no clima já podem comprometer a abundância da agricultura brasileira. Segundo o documento, há projeção de que na fronteira Amazônia/Cerrado as variações no clima regional vão comprometer a viabilidade de 74% das atuais terras agrícolas até 2060.

Saiba mais: Conheça as vegetações não florestais do bioma Amazônia

Efeitos das mudanças climáticas


Dados do Map Biomas revelam que, em 38 anos — de 1985 a 2022 —  a área utilizada para a agricultura no Brasil cresceu 95,1 milhões de hectares. O coordenador do Relatório Temático sobre Agricultura, Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, Gerhard Ernst Overbeck, afirma que esse crescimento, na maioria dos casos, se deu às custas da destruição da vegetação nativa, o equivalente a 10,6% do território nacional. 

O impacto do crescimento pode ser observado nas mudanças climáticas, já que, em 2022, a agropecuária ocupava 33% da área do país e suas emissões respondiam por cerca de 27% do total de 2,3 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa (GEE) lançados pelo Brasil na atmosfera. O relatório aponta que esse avanço continuará e pondera que caso o modelo de agronegócio vigente no país continue, projeções de cenários futuros indicam aumento da área destinada ao setor. O que “terá impactos negativos para o meio ambiente e as comunidades locais”, diz o estudo. 

Segundo o professor Querubini, o impacto do clima é inerente à atividade agropecuária. “O agronegócio sofre influência por que a atividade agrária é diretamente ligada aos riscos agrobiológicos — que dentro deles incluem as questões climáticas — já que estamos falando de produção baseada em plantas e animais e isso tem interferência direta. Portanto, quanto melhor a qualidade ambiental, melhor vão ser os reflexos para quem produz.” 

O produtor de grãos Leonardo Boaretto tem fazendas de soja, milho e feijão no interior de Goiás e percebe o que mudou de alguns anos pra cá. “O que estamos observando são eventos extremos com mais frequência. Como El Niño e La Niña, que estão mais frequentes. E esse fenômenos afetam uma parte do nosso negócio.” 

Mudanças a longo prazo


Em Juiz de Fora, Minas Gerais, o produtor de milho para silagem, Marcelo Barone, conta que  desde o ano passado vem notando mudança no regime de chuvas — o que interferiu negativamente na produção. “Aqui na nossa região choveu de forma bastante irregular e em alguns momentos volumes menores. Quando teve volume maior foi muito concentrado, não teve aquela chuva bem distribuída, por isso em momentos cruciais de germinação da planta, de crescimento e depois de formação de espiga, a produção foi influenciada negativamente.” 

Os dois produtores, tanto o de Goiás, quanto o de Minas, concordam nas interferências do clima na produção agrícola e também em outro ponto. Segundo eles, quando se fala em mudança climática, é preciso ter uma visão ampla do intervalo de tempo.

Mais uma vez, o especialista em agronegócio defende que os meios de produção adotados hoje no Brasil, seguem um modelo sustentável. “Basta lembrar que a gente já tem produtores que trabalham com bioinsumos — reduzindo a dependência de fertilizante e defensivos. O agronegócio brasileiro está sempre avançando em termos de produção com sustentabilidade.” 

Sobre o estudo

Elaborado ao longo de três anos por 100 profissionais de inúmeras áreas — ligados a mais de 40 instituições distribuídas por todos os biomas do país — o Relatório Temático sobre Agricultura, Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos traz propostas para um melhor manejo do capital natural no meio rural nacional. 

A ideia do conteúdo é influenciar gestores e lideranças das esferas pública e privada na tomada de decisões com foco na sustentabilidade e no equilíbrio entre agricultura, biodiversidade e serviços ecossistêmicos. 

Texto publicado originalmente por Brasil 61*

MTur cria Grupo de Trabalho para turismo sustentável no Baixo Amazonas

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O Ministério do Turismo (MTur) criou um Grupo de Trabalho Interinstitucional para orientar o desenvolvimento turístico da região do Baixo Amazonas no Pará. O GT objetiva promover um turismo sustentável nos municípios de Belterra e Santarém, integrados ao Mapa do Turismo Brasileiro. Essa iniciativa busca valorizar e potencializar as belezas naturais e culturais da região, alinhando-as com práticas de sustentabilidade e inclusão social.

A principal missão do grupo é desenvolver um diagnóstico detalhado da região, mapeando a oferta turística atual e o potencial para futuros investimentos. Com base nesse diagnóstico, será elaborado o Plano de Desenvolvimento do Turismo Sustentável. Esse plano incluirá diretrizes, metas, ações, estrutura de governança e estimativa de impacto orçamentário, visando um desenvolvimento ordenado e eficiente da atividade turística no Baixo Tapajós.

O plano de desenvolvimento terá como foco principal áreas prioritárias, como infraestrutura e saneamento básico, ordenamento e regularização territorial, estruturação de produtos e experiências turísticas, além de estratégias de marketing. Também serão fomentadas a economia criativa e circular, visando a geração de emprego e renda para as populações indígenas e ribeirinhas. A atração de investimentos, parcerias e concessões, bem como a criação de linhas de crédito específicas para o setor turístico, são outros pontos chave do plano.

Leia também: 9 fatos curiosos sobre o “Caribe amazônico”: Alter do Chão

Foto: Reprodução/Ricardo Farias

Iniciativa

O GT será composto por representantes de diversos órgãos e entidades, incluindo o Ministério do Turismo, Ministério do Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário, Integração e Desenvolvimento Regional, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, e o Governo do Pará. Cada órgão indicará dois representantes, sendo um titular e um suplente, garantindo assim a continuidade e a representatividade nas deliberações.

As reuniões do grupo ocorrerão mensalmente, com a possibilidade de encontros extraordinários conforme a necessidade. Membros localizados no Distrito Federal se reunirão presencialmente ou por videoconferência, enquanto os demais participarão remotamente. Especialistas e representantes de outras entidades públicas e privadas poderão ser convidados para colaborar, trazendo suas expertises e contribuindo para um debate mais rico e abrangente.

O grupo tem um prazo inicial de seis meses para apresentar o diagnóstico e o plano de desenvolvimento ao MTur, com possibilidade de prorrogação por mais seis meses. A apresentação dos documentos finais será feita às autoridades máximas dos órgãos envolvidos, marcando um passo importante para a implementação das ações planejadas. 

Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico declara escassez de água em rios da região norte

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A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou situação de Escassez Quantitativa de Recursos Hídricos nos rios Madeira e Purus, além de seus afluentes, que cortam o sudoeste do Amazonas. A decisão foi ocasionada devido à seca na Região Norte. As chuvas acumuladas nas bacias dos rios Madeira e Purus durante o último período chuvoso, que vai de novembro a abril, ficaram abaixo da média.

Patrick Thomas, superintendente adjunto de Regulação de Usos de Recursos Hídricos da ANA, alerta para a gravidade da situação.

Acre, Amazonas e Rondônia, que possuem territórios banhados por esses rios, são os que estão sendo mais afetados pela escassez de água.

Thomas explica que as estruturas de captação de água podem sofrer interrupções no abastecimento devido à redução do nível dos rios. Além disso, ele destaca que a navegação pode ser prejudicada, aumentando os tempos de viagem e reduzindo a carga transportada, o que eleva os custos de frete e pode até paralisar o tráfego, afetando o deslocamento de pessoas e o transporte de cargas.

Por isso, a medida ficará em vigor até o dia 30 de novembro para intensificar o monitoramento hidrológico dessas bacias e propor ações preventivas.

Leia também: Seca no Amazonas chega antes do previsto e coloca cidades em emergência por estiagem

Rio Madeira e Purus

Seca no Amazonas - A crise hídrica reduziu drasticamente o volume dos rios na região Norte, causando forte seca em toda a região amazônica, como no Rio Madeira - Foto: Defesa Civil/Porto Velho
 ANA declara escassez de água em rios da região norte. Foto: Divulgação/Defesa Civil/Porto Velho

A Bacia do Rio Madeira abrange 1,42 milhão de km², sendo 43% em território brasileiro e o restante dividido entre Peru (7,6%) e Bolívia (49,4%).

Nela estão as hidrelétricas Jirau e Santo Antônio, que juntas geram até 6,7% da energia do Sistema Interligado Nacional (SIN). O rio possui um trecho navegável de 1.060 km entre Porto Velho e Itacoatiara (AM) e abastece Porto Velho, que possui cerca de 460 mil habitantes.

A Bacia do Rio Purus cobre cerca de 368 mil km², com mais de 90% em Amazonas e Acre, e o restante no Peru.

Acre

O governo do Acre decretou situação de emergência ambiental em todos os 22 municípios do estado, válida até 31 de dezembro de 2024.

O Coronel Carlos Batista, Coordenador de Proteção e Defesa Civil do estado, destacou que as previsões meteorológicas indicam chuvas abaixo da média para todo o Acre, especialmente na região leste, além de temperaturas superiores à média.

 ANA declara escassez de água em rios da região norte. Foto: Leandro Morais/Superintendência Municipal de Comunicação de Porto Velho

O coronel destaca que estão ocorrendo incêndios florestais como consequência das baixas umidades. Além disso, ele explica que as queimadas aumentam as doenças respiratórias e chama a atenção para os impactos na agricultura, pecuária e piscicultura.

A capital do Acre, Rio Branco, está em estado de emergência desde 28 de junho, devido ao baixo nível do Rio Acre e à falta de chuvas.

O locutor de rádio Fernando Ramos mora em Rio Branco (AC) e comenta que o Rio Acre está ‘bem abaixo’ da cota e as temperaturas altas, afetando a água potável, o serviço de esgoto e trazendo problemas de saúde.

Feijó, Epitaciolândia e Bujari também estão na lista dos municípios em emergência. Em Bujari, o decreto menciona os prejuízos econômicos e sociais causados pela seca, além da necessidade urgente de garantir a dignidade da população e o atendimento às necessidades básicas. Epitaciolândia, situada na fronteira com a Bolívia, está enfrentando problemas com a falta de água que afeta 18 mil moradores.

Feijó, além das dificuldades relacionadas ao abastecimento de água, enfrenta o risco de isolamento de comunidades ribeirinhas e indígenas devido à falta de navegabilidade dos rios e igarapés. A escassez também compromete o fornecimento de alimentos e outros insumos essenciais.

A situação de emergência é situação anormal, provocada por desastres, causando danos e prejuízos que impliquem o comprometimento parcial da capacidade de resposta do poder público do ente atingido.

*Com informações Brasil61.

Tocantins adota medidas para estimular setor mineral

O Governo do Tocantins, por meio da Agência de Mineração do Tocantins (Ameto) assinou, no primeiro semestre, termos de acordos de cooperação técnicas importantes para o setor mineral, além de participar de feiras, eventos e pesquisas de remineralizadores de solo e transição energética. O presidente da Ameto, Marco Antônio Martin, afirmou que Tocantins desponta no contexto do mercado mineral no Brasil, por se posicionar estrategicamente em uma área essencial para a produção agrícola e com logística de transporte viável, por meio da Ferrovia Norte-Sul, das rodovias estaduais e da BR-153.

Tocantins é o terceiro maior produtor brasileiro de calcário, matéria-prima essencial para a produção de fertilizantes, abastecendo produtores nos estados da região do Matopiba, composta pelos estados Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. “Este momento é oportuno para a mineração no Tocantins. Estamos apresentando os potenciais minerais do Estado, uma vez que o Tocantins é a nova fronteira mineral do país, por situar-se na posição central, cortado por hidrovias e ferrovias, assumindo uma posição altamente estratégica, onde é possível investir com segurança”, enfatiza.

No Tocantins, também entre outros minerais, destacam-se como importantes elementos para a atividade industrial a produção do quartzo e do titânio, em Porto Nacional; zircônia e Cromo, em Jaú do Tocantins; grafita, em Araguanã; e ilmenita, em Brejinho de Nazaré. Com isso, o Tocantins se integra às cadeias produtivas de áreas como vidro, cerâmica, tintas, siderurgia, metalurgia, química, elétrica, entre outras. O governador Wanderlei Barbosa destaca que o Governo do Tocantins não tem medido esforços no setor da mineração, um dos grandes potenciais de desenvolvimento socioeconômico do Estado.

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Foto: Márcio Di Pietro/Governo do Tocantins

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No primeiro semestre, a Ameto assinou Acordo de Cooperação Técnica (ACT) que vai gerar mais segurança e viabilidade do setor como, por exemplo, o da ANM, um auxílio na fiscalização do aproveitamento mineral, da exploração de recursos minerais, bem como do recolhimento e da arrecadação da compensação financeira pela exploração de recursos minerais (CFEM).

Outro ACT importante é o Acordo com o Serviço Geológico do Brasil (SGB), voltado principalmente às áreas de geologia e recursos minerais, com o intuito de subsidiar as políticas públicas e fomentar investimentos no setor minerário no Estado. A Ameto assinou também um ACT com a Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) para aumentar a fiscalização e o monitoramento das atividades minerais do Tocantins; e também com a Junta Comercial do Tocantins (Jucetins). Além disso, foram realizadas a assinatura e a publicação do Regimento Interno da Ameto.

A Agência encaminhou também três Projetos de Leis (PLs) à Assembleia Legislativa do Tocantins (Aleto), dentre eles o da Taxa de Controle, Acompanhamento e Fiscalização das Atividades de Pesquisa, Lavra, Exploração e Aproveitamento de Recursos Minerários (TFRM).

O Governo do Tocantins, por meio da Ameto, realiza uma pesquisa em conjunto com a Universidade de Brasília (UNB) e as cooperativas de garimpeiros locais para o melhor aproveitamento das esmeraldas e remineralizadores de solos por meio de desenvolvimentos dos arranjos produtivos locais (APL) na região de Monte Santo.

Com informação do Site Brasil 61*

Menos de 10% das áreas urbanas no Brasil são cobertas por vegetação

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Um levantamento inédito do MapBiomas mostra que 6,9% das áreas urbanas no Brasil são cobertas por vegetação. Isso corresponde a 283,7 mil hectares.  Desse total, 61,5%, ou 174.599 hectares, estão na Mata Atlântica. Aproximadamente um em cada cinco hectares (22%) estão no Cerrado, onde foram identificados 62.533 hectares de vegetação. Os 16,5% restantes estão divididos entre a Amazônia (18.605 hectares, ou 6,6% do total), Caatinga (16.139 hectares – 5,7%), Pampa (11.228 hectares – 4%) e Pantanal (587 hectares – 0,2%).

Na Mata Atlântica, o município com maior área de vegetação é o Rio de Janeiro, com 12.378 hectares – mais que o dobro de Brasília, a cidade com maior área urbana de vegetação no bioma Cerrado (6.125 hectares). Na Amazônia, a liderança fica com Manaus (2.818 hectares). Com 1.940 hectares de vegetação, Canoas é a cidade com maior área urbana de vegetação no Pampa. Na Caatinga, esse título fica com Fortaleza (1.063 hectares) e, no Pantanal, com Corumbá (253 hectares).

Saiba mais: Conheça as vegetações não florestais do bioma Amazônia

Para chegar a estes resultados, os pesquisadores utilizaram dados da Coleção Beta MapBiomas 10m, com imagens dos satélites Sentinel de resolução espacial de 10m, que foram complementados com informações detalhadas de praças e outros espaços verdes urbanos mapeados disponíveis no Open Street Map. Desta forma, foi possível quantificar a vegetação urbana por município, estado e por bioma, identificando não apenas praças e grandes maciços de vegetação dentro das áreas urbanizadas, mas também a vegetação peri-urbana, ao redor das cidades. Esta última é 10 vezes maior que a vegetação urbana: 2.632.779 hectares em todo o Brasil. Mais uma vez, a liderança é da Mata Atlântica, com 1.083.427 hectares, seguida pelo Cerrado (528.688 hectares), Amazônia (456.844 hectares), Caatinga (376.983 hectares), Pampa (177.472 hectares) e Pantanal (9.366 hectares).

Como todos os municípios brasileiros possuem ao menos uma praça mapeada, os pesquisadores também mensuraram a extensão que elas ocupam nos perímetros urbanos.  Mais da metade (55,7%) das áreas de praças no Brasil ficam em cidades localizadas no bioma da Mata Atlântica. Quase um quarto (23%) fica no Cerrado. Os demais biomas respondem por menos de 10% cada um: 8,5%, no caso da Amazônia, 7,6%, na Caatinga, 5,1% no Pampa e 0,1% no Pantanal. Ainda que os dados mapeados no Open Street Maps sejam incompletos, pois a plataforma vai recebendo novas colaborações ao longo do tempo, ela é capaz de nos dar um retrato amplo de como as praças são distribuídas nas diferentes regiões do país. 

Os espaços verdes urbanos e periurbanos têm recebido um interesse crescente porque são oficialmente reconhecidos como provedores de serviços ecossistêmicos que podem ajudar a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – especialmente o ODS 11, que visa tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.  A importância desses serviços foi reconhecida em recente lei que institui o Programa Cidades Verdes e Resilientes do Governo federal: no item I do artigo 2, o texto cita o papel das áreas verdes urbanas nos serviços ecossistêmicos e adaptação à mudança do clima.

Na nota técnica, os pesquisadores do MapBiomas explicam que a vegetação urbana regula o microclima, contribui para os sistemas de drenagem e fornece habitat para a fauna urbana. Além disso, a vegetação também é um importante fator no bem-estar humano, proporcionando espaços verdes para lazer e prática de atividades físicas. 

A vegetação urbana abrange espécies de vegetação herbácea, arbustiva e de árvores de pequeno, médio e grande porte, as quais podem estar localizadas em parques e praças, Unidades de Conservação como Áreas de Preservação Permanente (APP), cemitérios, campos esportivos, além de áreas abandonadas. Porém, em todo o país, prevalece a vegetação herbácea ou de pequeno porte, que varia entre 51% e 67% do total.

Veja a Nota Técnica Vegetação urbana no Brasil, publicado pelo MAP Biomas.