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Ipaam registra queda de 52,46% no desmatamento e 64,72% nos focos de calor no mês de junho

Foto: Reprodução/Arquivo Ipaam

O Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) registrou uma redução nos índices de desmatamento e nos focos de calor no Estado durante o mês de junho de 2025. De acordo com dados do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a área desmatada no Amazonas caiu 52,46%, passando de 13.915 hectares em junho de 2024 para 6.614 hectares no mesmo período deste ano.

A diminuição também foi significativa nos alertas de desmatamento, que apresentaram queda de 60,76%, com 255 registros em junho deste ano, frente aos 650 registrados no mesmo período do ano anterior. A maior redução foi verificada nos focos de calor, que caíram 64,72%, passando de 258 ocorrências em junho de 2024 para 91 em junho de 2025.

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O Deter é um sistema que realiza o monitoramento diário da vegetação nativa nos biomas brasileiros, emitindo alertas de supressão e degradação da floresta para os órgãos de fiscalização e para a sociedade. Esses dados subsidiam ações estratégicas de controle e prevenção ao desmatamento ilegal e às queimadas não autorizadas em todo o território nacional.

De acordo com o diretor-presidente do Ipaam, Gustavo Picanço, os resultados refletem o fortalecimento das ações de vigilância ambiental e o uso intensivo de tecnologias aplicadas ao monitoramento. Ele destacou que o Instituto tem intensificado a utilização de ferramentas que permitem acompanhar, quase em tempo real, as alterações na cobertura florestal do Estado, o que assegura maior agilidade na resposta aos crimes ambientais.

Leia também: Focos de calor no Amazonas têm nova queda: 37,5% em maio de 2025, informa Ipaam

Centro de Monitoramento

A estrutura do Centro de Monitoramento Ambiental e Áreas Protegidas (CMAAP), coordenado pelo Ipaam, tem papel fundamental nesse processo. O Centro conta com espaços destinados às gerências técnicas e um sistema de dez dashboards (painéis visuais interativos) que disponibilizam diariamente dados atualizados sobre desmatamento e focos de calor em todos os municípios do Amazonas.

Os dashboards apresentam funcionalidades específicas, incluindo o monitoramento contínuo de áreas inseridas no Cadastro Ambiental Rural (CAR), empreendimentos licenciados, Unidades de Conservação Estaduais e Federais, além de Terras Indígenas. As informações obtidas permitem observar padrões temporais de degradação e realizar o cruzamento de dados com imagens de satélite, possibilitando uma análise precisa dos locais com maior pressão ambiental.

Foto: Reprodução/Arquivo Ipaam

A coordenadora do CMAAP, Priscila Carvalho, enfatizou que a leitura dos dados de focos de calor é feita com cautela, considerando que nem toda ocorrência representa uma queimada ilegal. Segundo ela, os focos podem ser resultado de processos naturais ou de queimadas autorizadas, previstas na legislação ambiental. Por isso, antes de qualquer medida punitiva, o Ipaam realiza uma análise criteriosa das ocorrências, levando em conta o contexto de cada região.

Ela também destacou que a integração entre os órgãos ambientais e as forças de segurança é fundamental para garantir a proteção da floresta e a continuidade da redução dos índices de desmatamento e queimadas.

O técnico do CMAAP, Bruno Affonso, explicou que a exploração ilegal de madeira, geralmente registrada no início do ano, costuma anteceder as queimadas, sendo parte de um ciclo de degradação ambiental. Ele ressaltou que o combate efetivo às queimadas deve necessariamente incluir a repressão ao desmatamento ilegal e à extração irregular de madeira.

Ainda segundo o técnico, queimadas em áreas agropastoris, quando utilizadas para renovação de pastagens ou cultivos agrícolas, também devem seguir critérios técnicos e autorizações específicas. Quando realizadas de forma inadequada ou sem autorização, essas práticas são passíveis de autuação, com multas de R$ 3 mil por hectare ou fração, conforme previsto no Decreto Federal nº 6.514/2008, artigo 58.

Maiores índices

No recorte territorial referente ao mês de junho de 2025, os municípios com maior área desmatada foram:

  • Lábrea, com 2.103 hectares;
  • Apuí, com 1.276 hectares;
  • e Boca do Acre, com 890 hectares.

Em relação à quantidade de alertas de desmatamento, os mesmos municípios lideram o ranking, com Lábrea registrando 59 alertas, seguido por Apuí e Boca do Acre, ambos com 49 registros.

Já no número de focos de calor, os maiores registros foram verificados nos municípios de:

  • Manicoré, com 32 ocorrências;
  • Novo Aripuanã, com 19;
  • e Humaitá, com 11 registros.

De acordo com a legislação ambiental vigente, o desmatamento ilegal pode resultar em multas de R$ 5 mil por hectare ou fração da área afetada, valor que pode ser dobrado em casos de uso de fogo ou incêndios não autorizados. Além das penalidades financeiras, o Ipaam realiza o embargo administrativo das áreas desmatadas e das atividades ilegais, com possibilidade de apreensão de equipamentos utilizados nas infrações.

O Instituto reforça que a população pode colaborar com as ações de fiscalização ambiental por meio de denúncias à Gerência de Fiscalização Ambiental (Gefa), pelo WhatsApp (92) 98557-9454.

*Com informações da Agência Amazonas

Nova ferramenta facilita agricultura do Acre com diagnóstico rápido de solo

Plataforma foi lançada oficialmente na segunda noite de Expoacre Juruá. Foto: Diego Gurgel/Secom AC

Aliando modernização e desenvolvimento, foi lançado na noite do dia 2 de julho, durante a Expoacre Juruá, em Cruzeiro do Sul, o Programa de Análise e Diagnóstico de Solos do Acre, uma iniciativa da Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri). A nova tecnologia permite obter resultados rápidos e confiáveis diretamente do solo da propriedade, dispensando o envio para laboratórios.

Chamado ‘Solo Fértil’, o programa agiliza e desburocratiza o processo essencial para que os produtores invistam na recuperação do solo e, consequentemente, ampliem a produtividade de suas lavouras. As análises são oferecidas gratuitamente aos produtores rurais e utilizam a tecnologia NIRS (espectroscopia no infravermelho próximo), que permite um diagnóstico rápido e preciso na própria propriedade.

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De acordo com o governo, a tecnologia representa um avanço significativo para a agricultura acreana, fornecendo informações detalhadas sobre os nutrientes do solo, como cálcio, magnésio, potássio e fósforo, entre outros. Com resultados instantâneos, a tomada de decisões no campo se torna mais ágil e estratégica.

“O Acre é um estado pujante, com uma terra fantástica e clima excelente. Agora, com a análise de solo implementada de forma concreta, temos certeza de que quem colhia 20 ou 25 sacas de café poderá colher 50 ou 60. Isso é dignidade para o produtor rural, que está no campo diariamente trazendo alimento para nossa mesa. Este é um dia histórico para a agricultura do estado”, celebrou o secretário de Estado da Agricultura, Luiz Tchê.

Leia também: BNDES e MMA anunciam R$ 24 mi para fortalecer agricultura familiar do Acre e levar produção às escolas

A análise de solo é uma ferramenta indispensável para o planejamento agrícola, pois fornece informações valiosas sobre a fertilidade do solo e auxilia os produtores na escolha das melhores práticas de adubação e manejo. Com o programa, o governo estadual busca democratizar o acesso a essa tecnologia, promovendo o desenvolvimento sustentável da agricultura no Acre.

O impacto esperado é o aumento da produtividade com responsabilidade ambiental. As coletas são feitas por técnicos capacitados, seguindo um protocolo padronizado. O uso da tecnologia NIRS reduz custos operacionais, economiza tempo e permite um planejamento mais eficaz.

*Com informações da Agência Acre

Você sabe a diferença entre quadrilhas juninas tradicionais e estilizadas?

Na esquerda, um integrante de quadrilha tradicional e na direita de quadrilha estilizada. Fotos: Israel Cardoso/ Secretaria de Cultura do Amapá

Após seis dias de festa, o Arraiá do Povo 2025 chegou ao fim na noite da última quarta-feira (2), marcando a terceira edição do evento realizado pelo Governo do Amapá. A festa aconteceu na unidade do Corpo de Bombeiros Militar (CBM), localizada no bairro São Lázaro, Zona Norte de Macapá, e reuniu as três principais competições juninas do estado: o 6º Festival Municipal Sandro Rogério, o 7º Forrozão do Primo Sebastian e o 16º Arraiá no Meio do Mundo, este último considerado o maior festival junino do Amapá.

Na noite de encerramento, 12 grupos disputaram o título do Arraiá no Meio do Mundo, cada um com cerca de 30 minutos para se apresentar diante do público e dos jurados. As apresentações foram acompanhadas por centenas de espectadores que lotaram as arquibancadas da Cidade Junina, espaço cenográfico montado especialmente para o evento com estrutura completa e entrada gratuita.

Leia também: Arraiá do Povo reúne os três principais festivais juninos do Amapá; saiba quais

Entre os pontos altos da programação esteve a variedade de estilos das quadrilhas juninas participantes, que se dividiram entre os modelos tradicional e estilizado, cada um com características próprias, que ajudaram a enriquecer ainda mais o espetáculo cultural.

Mas qual a diferença?

A quadrilha tradicional, também chamada de matuta, mantem os elementos clássicos das festas juninas: passos simples, formação em roda e coreografias baseadas em comandos como ‘balancê’, ‘anarriê’ e cavalheiro com a dama. O figurino dos grupos dessa categoria são compostos por roupas típicas, como camisas xadrez, vestidos rodados e chapéus de palha, remetendo à estética caipira.

Bagunçados dos Matutos são tradicionais. Foto: Divulgação/GEA

Já a quadrilha estilizada inova com coreografias mais elaboradas, figurinos com brilhos, enfeites e até mesmo temáticas específicas, que fogem do tradicional. As apresentações são mais performáticas, com elementos cênicos, narrativas integradas à dança e músicas escolhidas de acordo com o tema.

Simpatia da Juventude é estilizada. Foto: Divulgação/GEA

“A principal diferença entre as duas categorias está na complexidade da coreografia e no figurino. A tradicional valoriza a espontaneidade e a raiz das festas juninas, enquanto a estilizada aposta em apresentações mais ensaiadas e visualmente impactantes”, explicou Augusto Souza, da equipe de comunicação do Instituto Sociocultural Arraiá no Meio do Mundo.

Premiações e temáticas

Na categoria tradicional, por exemplo, o grupo Bagunçados dos Matutos conquistou o primeiro lugar no 16º Arraiá no Meio do Mundo com o tema “Das brincadeiras de criança, às brincadeiras de São João, os Bagunçados vão te mostrar o que é tradição”. O grupo destacou elementos lúdicos da infância e suas conexões com o universo junino.

Apresentação dos Bagunçados dos Matutos no Arraiá do Povo 2025. Foto: Israel Cardoso/ Secretaria de Cultura do Amapá

O segundo lugar ficou com a Rosa dos Ventos, seguida pelo empate entre Fúria Junina e Garota Safada no terceiro lugar. Rabo de Palha e Piriguetes dos Matutos completaram o ranking na quarta e quinta posição, respectivamente.

Na categoria estilizada, houve empate triplo no primeiro lugar entre os grupos Simpatia da Juventude, Estrela do Norte e Luar do Sertão. As temáticas escolhidas chamaram a atenção pela diversidade e profundidade:

  • Simpatia da Juventude apresentou o tema “Autismo, o Mundo Azul da Fera”, abordando inclusão e visibilidade.
  • Estrela do Norte, que representará o Amapá na competição nacional da Confebraq, trouxe “Isso é o Amapá – Minha Identidade, Meu Orgulho, Meu Lugar”, exaltando a cultura local.
  • Luar do Sertão surpreendeu com o enredo “As Bruxas Estão Soltas”, uma narrativa sobre a luta e libertação das mulheres.

O segundo lugar na categoria estilizada ficou com o grupo Revelação – Sensação Amapaense, enquanto Explode Coração PG e Constelação Junina dividiram o terceiro lugar. Explode Coração STN e Tradição Junina Santana fecharam o pódio.

Segundo a organização, 36 grupos foram selecionados após as seletivas estaduais para participar dos três festivais oficiais promovidos no evento.

“Foram mais de 59 grupos nas seletivas, e 36 vieram para a grande festa. Todos se reinventaram com novas temáticas, figurinos e criatividade. Essa parceria com o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura e apoio dos nossos senadores, tem sido fundamental para o fortalecimento da cultura junina no Amapá”, afirmou Augusto Souza.

Arraiá Amazônico

O Arraiá Amazônico é uma realização da Fundação Rede Amazônica (FRAM) em parceria com a Central Única das Favelas (CUFA-Amapá), Associação Casa da Hospitalidade, Lar Betânia – Casa da acolhida Marcello Candia; e apoio da Secretaria de Cultura do Estado do Amapá (Secult), Governo do Amapá e Tratalix Serviços Ambientais.

65 anos da rodovia que ligou Rondônia ao Brasil — um marco de integração assinado por JK

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Moradores da Reserva Aroeira foram trazidos para cumprimentar Juscelino. Foto: Manoel Rodrigues

Por Júlio Olivar – julioolivar@hotmail.com

4 de julho de 1960. Vilhena sequer era um povoado — apenas um ponto esquecido no extremo de Porto Velho, a 700 km da sede do município. Na tarde daquela segunda-feira, o presidente Juscelino Kubitschek chegou a bordo de um avião C-47 da Força Aérea Brasileira, vindo de Cuiabá. O pouso se deu em uma pista asfaltada de 1.450 metros, cercada de lama, junto à BR-29, futura rodovia BR-364. Ali, a FAB instalava uma base estratégica para apoiar a ocupação e o desenvolvimento da região — hoje, 65 anos depois, transformada na cidade de Vilhena, com 110 mil habitantes, segundo maior IDH e terceiro maior PIB de Rondônia.

Rondônia era quase vazia: menos de 50 mil habitantes oficialmente registrados. Tropas flutuantes de garimpeiros, seringueiros, tropeiros e indígenas viviam à margem das estatísticas. A real dimensão dos povos originários era ignorada — e muitos consideravam sua presença um “entrave” ao avanço. Cortados pela nova estrada e abandonados pelo desprestigiado SPI (antecessor da Funai), os indígenas pouco importavam à lógica desenvolvimentista do governo federal.

As poucas referências eram o rústico Posto Telegráfico Álvaro Vilhena, os seringais e as aldeias — símbolos “exóticos” do Brasil profundo. Enquanto o país possuía emissoras de televisão e assistia à corrida espacial, em Vilhena o progresso passava devagar, em Código Morse, em sinais de rádio difíceis de serem sintonizados e lombos de burro, que transportavam borracha até o porto improvisado no Rio 12 de Outubro, batizado pelos Nambiquara como Walukatuyausu — o “Rio da Paca”.

Entre afetos e sorrisos – Em seu diário, o presidente registrou sua admiração pelos artefatos dos nativos de Vilhena. Enquanto ele se encantava com o contato e era chamado de “grande pai” pelos indígenas, sua esposa e filha (logo atrás na imagem) permaneciam alheias à cena. Foto: Acervo de Anderson Leno / Colorização: Luís Claro

Até o final da década de 1950, Rondônia possuía uma frota automobilística extremamente modesta. Nos dois únicos municípios existentes na época — Porto Velho e Guajará-Mirim — havia apenas 235 veículos, divididos em: 53 carros de passeio, 21 táxis, 121 caminhões, 10 ônibus, 19 motocicletas e 11 tratores. O território só superava, em quantidade de veículos, Roraima, com 103 unidades, e Fernando de Noronha, com 34.

No cenário nacional, o Brasil também era um país de poucos automotores. Na virada da década de 1960, havia apenas 1 milhão de veículos registrados, em uma nação ainda majoritariamente rural, movida a cavalos, bois e ferrovias que cruzavam parcialmente o território. Ao final daquela década, o país alcançaria 37 mil km de rodovias, das quais apenas 13.200 km eram asfaltadas — sendo mais da metade delas construídas durante o governo Juscelino Kubitschek.

Nenhum veículo havia chegado a Vilhena. Embora o governo tivesse aberto uma estrada para a localidade nos anos 1940, ela foi logo abandonada e tomada pelo mato. No início de 1960, um caminhão Ford F-600, com motor de 167 HP, adquirido pelo Governo do Território, partiu de São Paulo até Vila Bela da Santíssima Trindade e, de lá, seguiu por via fluvial, através do Rio Guaporé, até alcançar Guajará-Mirim. Era impensável, à época, atravessar os caminhos da selva entre Vilhena e Porto Velho com um veículo motorizado, mesmo havendo os caminhos do telégrafo.

Rondônia se locomovia por seus rios. E, longe de Vilhena, o transporte terrestre dependia da antiga e decadente ferrovia de maria-fumaça que ligava os rios Mamoré e Madeira. A abertura de uma rodovia era, portanto, crucial para romper esse isolamento.

A BR-364, embora oficialmente lançada com a ordem de serviço em 1960, já havia sido projetada anteriormente e sua construção avançava até Barracão Queimado, hoje Comodoro (MT). A obra seguiu em ritmo acelerado, viabilizada pela vontade política do presidente, pelo apoio do DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem) e pela atuação da empreiteira Camargo Corrêa, que liderava o consórcio responsável pelas frentes de trabalho. Naquele tempo, os entraves burocráticos eram menores.

Em quatro meses, algo impensável hoje, em que nem mesmo uma licitação seria concluída, as máquinas e os homens já avançavam no traçado. Juscelino não se intimidava com possíveis questionamentos futuros na justiça, e Sebastião Camargo, proprietário da construtora, assumiu o desafio do trecho mais difícil: entre Barracão Queimado e Pimenta Bueno.

Travessia perigosa. Nas imediações da futura Vila Vilhena, operário da Camargo Corrêa tenta a sorte em ponte improvisada. Foto: João Alves Nogueira

Foi aqui, em meio ao cerrado, cercado por trabalhadores braçais, engenheiros, indígenas e autoridades, que JK hasteou a bandeira do Brasil, descerrou uma placa de bronze e derrubou simbolicamente a última árvore que marcava o trajeto da rodovia — ainda um estradão de terra, mas já prenunciando uma das maiores ondas migratórias da história brasileira. A pavimentação só viria em 1984, no governo de João Batista Figueiredo, dois anos após a instalação do Estado de Rondônia.

Na época, milhares de trabalhadores arregimentados pelas empreiteiras atuavam na abertura do trecho conhecido como Brasília-Acre. A imprensa do Sudeste a apelidava de “Rodovia das Onças”. Além dos migrantes vindos do Sudeste e Nordeste, indígenas também participaram das frentes de trabalho, contribuindo na missão de integrar Rondônia e Acre ao restante do país.

Foi somente a partir da BR que surgiu o núcleo urbano de Vilhena, transformado em distrito subordinado a Porto Velho em 1969 e elevado a município em 1977. Ao longo do traçado, outras cidades nasceram ou se consolidaram: Pimenta Bueno, Cacoal, Presidente Médici, Ji-Paraná, Ouro Preto do Oeste, Jaru, Itapuã do Oeste, Ariquemes e Candeias do Jamari, além dos muitos “patrimônios” — como eram chamados os povoados surgidos em decorrência da rodovia, vinculados aos municípios principais.

Durante a década de 1970, a migração se intensificou com o início do Ciclo da Madeira, promovendo a instalação de centenas de serrarias e madeireiras que só foram viáveis graças à BR.

JK agiu com a urgência de quem parecia antever que não voltaria ao poder. Em 1964, o golpe civil-militar interromperia o regime democrático, e o Brasil só voltaria a eleger presidentes em 1989 — quando Juscelino já havia falecido há 13 anos.

“SÓ A POESIA TEM O PODER DE CRIAR COISAS GRANDES”

No palanque improvisado em Vilhena, JK discursou com lirismo e visão de futuro: “Tínhamos que realizar obras que representassem um pouco de sonho, um pouco de poesia, porque só a poesia tem o poder de criar coisas grandes.”

E completou: “Estamos atrasados um século em relação aos Estados Unidos. Mas marchamos mais rápido.”

Ele via em Vilhena o que vira em Brasília: um núcleo nascente, de paisagem parecida e povo destemido. Lá, eram candangos. Aqui, sem nome definido, homens e mulheres abriram com as mãos a clareira onde surgiria a cidade.

JK enxergou longe. E, com poesia, mudou para sempre o mapa da Amazônia.

ENTRE OPERÁRIOS E INDÍGENAS

A pedido do DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem), os indígenas que participaram da obra da BR-29 foram vacinados contra febre amarela e conduzidos à solenidade pela liderança local do SNI, o chefe Afonso Mansur. Hospedaram-se no Posto Fiscal 3, sob os cuidados da Comissão Construtora da rodovia, até a chegada do presidente Juscelino Kubitschek. Para o deslocamento ao local do evento, foram providenciados caminhões.

Alguns indígenas, que vieram diretamente das aldeias e não haviam participado da construção da estrada, presenciaram com encantamento o movimento das máquinas — uma realidade totalmente nova para muitos deles. Um dos relatos mais emblemáticos veio do Nambiquara Lito Sabanê, publicado no jornal Folha da Manhã:

“O que eu mais gostei foi de ouvir o ronco do caminhão, de ver o movimento das máquinas. O homem com o colar [referência à gravata de JK] derrubou a árvore com a máquina que eu gostei. Eu gostei disso. Ele andou na árvore caída”. Muitos Nambiquaras, habitantes das vertentes de 16 rios, já estavam pacificados há cerca de meio século.

O presidente chegou a Vilhena acompanhado de familiares e figuras centrais da história brasileira: Israel Pinheiro, engenheiro civil e primeiro prefeito de Brasília; Filinto Müller, engenheiro e então vice-presidente do Senado; Regis Bittencourt, diretor-geral do DNER; Carlos Pires de Sá, engenheiro e um dos diretores do DNER.

Este último, Carlos Pires de Sá, foi o único da comitiva a ter seu nome eternizado na geografia local: o Rio Pires de Sá corta a cidade de Vilhena. Natural de Sousa (PB), Pires de Sá nasceu em 1921, formou-se engenheiro civil em 1947, pela tradicional Escola Nacional de Engenharia, no Rio de Janeiro. Chegou a Vilhena aos 39 anos e faleceu no Rio, em 2016. Foi o responsável direto pelos estudos de viabilidade técnica da BR-29 e esteve presente em diversas etapas da obra. Também foi ele quem autorizou a construção do aeródromo provisório onde JK pousou.

Sobre o autor

Júlio Olivar é jornalista e escritor, mora em Rondônia, tem livros publicados nos campos da biografia, história e poesia. É membro da Academia Rondoniense de Letras. Apaixonado pela Amazônia e pela memória nacional.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Comissão de Defesa do Consumidor da Aleam atende mais de 2.400 pessoas durante o Festival de Parintins 2025

Foto: Leandro Cardoso/Gabinete do deputado Mário César Filho

A Comissão de Defesa do Consumidor (CDC), da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), presidida pelo deputado estadual Mário César Filho (UB), encerrou no domingo (30/06) sua participação no Festival de Parintins 2025 com um balanço expressivo e um forte impacto social.

Durante cinco dias de atuação no Turistódromo, ponto de apoio, informação e acolhimento para moradores e turistas, a CDC realizou, ao todo, 2.440 atendimentos, com orientações jurídicas, esclarecimento de dúvidas e recebimento de denúncias.

Além dos atendimentos, ainda foram distribuídos gratuitamente 3.900 copos personalizados e 6.000 abanadores informativos, todos com conteúdos educativos sobre os direitos do consumidor e as ações parlamentares conduzidas pelo deputado Mário César Filho.

Segundo o parlamentar, entre as denúncias recebidas, destacaram-se 10 casos de cobrança indevida no transporte fluvial para acompanhantes de pessoas com autismo, além de reclamações sobre telefonia, filas bancárias abusivas e falta de acessibilidade no evento.

“A presença da CDC em Parintins é o nosso jeito de cuidar das pessoas de perto. Estivemos na linha de frente para garantir dignidade, respeito e informação. Ouvir o povo, buscar soluções e mostrar que dá, sim, pra fazer diferente — esse é o nosso compromisso. E ainda vem muito mais por aí”, destacou.

A ação reforça o papel da Assembleia Legislativa, por meio da CDC, como instrumento de transformação social e aproximação entre o poder público e o cidadão, em todas as regiões do Amazonas.

Presidente Roberto Cidade destaca geração de renda e postos de trabalho durante 58° Festival Folclórico de Parintins

Foto: Rodrigo Brelaz

O presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), deputado estadual Roberto Cidade (UB), prestigiou, mais uma vez, o Festival Folclórico de Parintins e destacou a importância da festa para a população do município e para o Estado.

“Sou um amante do Festival de Parintins desde 1997, quando a minha mãe me trouxe ao Bumbódromo. O festival cresce e se aprimora a cada ano. Durante os dias da festa, milhares de turistas desembarcam na ilha, movimentando a economia local por meio da cultura dos bumbás. Em 2025, foram mais de R$ 180 milhões injetados no município, sem contar a geração de milhares de empregos diretos e indiretos”, declarou.

Segundo dados da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC), o Festival de Parintins atraiu mais de 120 mil turistas em 2025.

“Os bois Caprichoso e Garantido fizeram um espetáculo grandioso e mostraram, mais uma vez, por que causam tanta emoção e amor em quem desembarca em Parintins. À população parintinense, meu carinho, respeito e admiração”, finalizou.

Comissão de Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes apresenta balanço do primeiro semestre na Assembleia Legislativa


Foto: Hércules Andrade/Gabinete da deputada Débora Menezes

A Comissão de Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes (CDDCA) da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), presidida pela deputada Débora Menezes (PL), apresentou, nesta segunda-feira (30/6), o balanço das ações referentes ao primeiro semestre de 2025.

A parlamentar esteve à frente da Procuradoria Especial da Criança e do Adolescente e da Comissão Permanente da Criança e do Adolescente da Aleam, com foco em presença nos territórios, articulação com a rede e ações educativas de grande alcance.

De acordo com a CDDCA, a atuação da deputada tem sido marcada não apenas pela presença nos territórios, mas por articulação institucional que conecta base, legislação e estrutura pública. Sob sua condução, a Procuradoria deixou de ser apenas um núcleo de escuta e passou a atuar como eixo articulador de ações educativas, formativas e preventivas em todo o estado.

“As atividades começaram ainda no início do ano, com a presença da Procuradoria nos eventos de Carnaval realizados no Sambódromo de Manaus. Por se tratar de um evento de grande porte, com circulação de milhares de pessoas, foi necessário um olhar atento sobre o fluxo de crianças e adolescentes nesses espaços. A equipe da Procuradoria esteve em campo em parceria com órgãos fiscalizadores como o Juizado da Infância e da Juventude e a Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania do Amazonas (Sejusc), atuando com orientações diretas ao público, acolhendo menores desacompanhados e distribuindo materiais educativos. A atuação reforçou o papel da Procuradoria como espaço de proteção, sobretudo em ambientes de alta exposição”, afirmou.

Já em fevereiro, as ações se voltaram para as escolas públicas da capital. A equipe promoveu encontros com pais e responsáveis logo no início do ano letivo, com o objetivo de orientar, escutar e estimular a participação ativa das famílias no cuidado com crianças e adolescentes. Esses momentos de acolhimento foram fundamentais para abrir espaço ao diálogo e à prevenção.

Em abril, foi lançada oficialmente a campanha “Bullying não é brincadeira. Respeito é a melhor decisão.”, com ações educativas em escolas públicas e privadas, entre elas unidades do grupo Idaam e o Colégio Dom Bosco. Com atenção especial ao bullying cibernético e aos riscos relacionados ao uso da internet e jogos online, a campanha mobilizou alunos, professores e coordenação pedagógica.

As atividades foram conduzidas por uma equipe especializada, formada por psicóloga, assistente social e pedagogas, com uma abordagem cuidadosa, segura e adequada para o ambiente escolar.

A deputada esteve pessoalmente em diversas ações, participando ativamente das conversas com os alunos e encerrando os encontros com mensagens de incentivo, autovalor e proteção.

Ainda em abril, a Procuradoria passou a integrar a Operação Caminhos Seguros, coordenada pela Secretaria de Segurança Pública do Amazonas. As articulações começaram com reuniões estratégicas e construção de material técnico e, ao longo de maio, a equipe participou de diversas ações educativas tanto na capital quanto em municípios do interior.

A operação abordou temas como violência sexual, crimes cibernéticos e trabalho infantil. A Procuradoria atuou como estrutura de apoio, oferecendo orientação, material informativo e presença institucional, somando forças com a rede pública de proteção.

Um dos destaques foi a parceria com o Centro de Mídias da SEDUC, que transmitiu capacitações voltadas a profissionais da rede no interior do estado, ampliando o alcance da campanha com formação e informação de qualidade.

A agenda de maio também incluiu a participação da Procuradoria no Dia D do 18 de Maio, na Ponta Negra, em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

A ação reuniu instituições públicas, sociedade civil e profissionais da rede de proteção, e a presença da equipe da deputada reforçou o compromisso com a sensibilização e a mobilização coletiva sobre o tema.

Ainda em maio, a Assembleia Legislativa realizou a Sessão Especial do Maio Laranja, por iniciativa da deputada Débora Menezes, reunindo representantes de instituições como Unicef, Polícia Civil, Proerd, Sejusc e organizações sociais. Na ocasião, a deputada destacou que, depois do tráfico de drogas e armas, o abuso e a exploração de crianças e adolescentes se tornaram um dos crimes mais recorrentes no Amazonas. A fala reforçou a necessidade de políticas públicas contínuas, escuta qualificada e ações integradas de proteção.

Em junho, a Procuradoria promoveu o Seminário Estadual sobre Escuta Protegida, considerado um marco inédito para o estado. Com mais de 100 profissionais inscritos das áreas da saúde, educação, assistência social e segurança pública, o evento trouxe uma formação aprofundada sobre a Lei 13.431/2017, que trata do depoimento especial e da escuta especializada de crianças e adolescentes vítimas de violência.

A formação foi conduzida por especialistas nacionais, entre eles o professor Benedito Rodrigues dos Santos, e contou com o apoio da Emenda Parlamentar nº 47/2024, em parceria com a Universidade Corporativa do Brasil e a Sejusc.

Ao liderar a realização do primeiro seminário estadual sobre Escuta Protegida na Região Norte, Débora reforçou sua posição como parlamentar que não apenas denuncia, mas forma, propõe e estrutura.

A iniciativa teve repercussão entre profissionais da rede e abriu caminho para a criação de novas práticas de atendimento dentro das instituições públicas do Amazonas.

O semestre foi encerrado com a participação da Procuradoria no Festival de Parintins. As ações começaram ainda em Manaus, com presença nos principais pontos de fluxo como portos e aeroportos, e seguiram até Parintins, com atuação nos grandes centros da cidade.

A equipe esteve em campo com materiais educativos, orientações diretas ao público e apoio às instituições de fiscalização, promovendo alerta e proteção em um dos maiores eventos culturais do país.

Leia também: Lei aprovada na ALEAM transforma Castanha-do-Pará em Castanha-da-Amazônia

Propostas legislativas

Além da atuação em campo, Débora Menezes tem avançado com propostas legislativas importantes para a consolidação de uma política de proteção continuada.

Entre os marcos do semestre está a aprovação do Projeto de Lei nº 51/2024, de autoria da deputada, que cria o Cadastro Estadual de Pedófilos.

Aprovada por unanimidade, a nova lei estabelece um instrumento público de caráter preventivo e informativo, com o objetivo de ampliar a segurança das famílias amazonenses e permitir o monitoramento mais eficaz de condenados por crimes sexuais contra crianças e adolescentes.

Outro destaque legislativo é o Projeto de Lei nº 4083/2024, que institui o Plano PROTEGE-AM, uma política pública estadual de enfrentamento à violência sexual infantojuvenil, com foco na formação de profissionais da rede e na interiorização das ações de proteção.

O trabalho desenvolvido neste semestre ocupa uma função institucional e exerce uma liderança prática, presente e mobilizadora. Com escuta ativa, decisões legislativas estratégicas e atuação em campo, Débora Menezes tem se destacado como referência na proteção infantojuvenil no Norte do país.

Segundo semestre

Para o segundo semestre de 2025, a deputada prepara novas frentes de trabalho. A agenda inclui o fortalecimento das ações contra o tráfico de crianças no estado, campanhas educativas voltadas à segurança digital e orientação para pais e responsáveis sobre os riscos do ambiente on-line. O planejamento também prevê novas formações para conselheiros tutelares e agentes da rede, com foco no interior.

“A Procuradoria está aqui para acolher, orientar, alertar e proteger. A gente sabe onde estão os riscos e, por isso, onde houver circulação de crianças, a gente vai estar presente com estrutura, com equipe e com informação. Esse é o nosso papel”, concluiu.

Assistência em saúde recebe destaque em todas as noites do Arraiá do Povo 2025 no Amapá

Foto: Aog Ronha/GEA

Durante os seis dias de programação do Arraiá do Povo 2025, promovido pelo Governo do Amapá, o público e os participantes das competições juninas contaram com atendimento em saúde garantido no local, na Cidade Junina, montada na Zona Norte de Macapá.

O reforço na área da saúde integrou a estrutura planejada para oferecer suporte completo aos frequentadores do evento, que reuniu milhares de pessoas entre os dias 27 de junho e 2 de julho.

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Coordenado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), o posto fixo de enfermagem foi instalado ao lado do palco principal e funcionou em regime de plantão todos os dias da festa. A unidade contou com equipe composta por médicos, enfermeiros, técnicos e farmacêuticos, atuando com equipamentos de primeiros socorros, medicamentos e insumos para atendimentos emergenciais.

A estrutura foi preparada para responder a situações comuns em eventos de grande porte, como crises de ansiedade, desidratação, alteração de pressão arterial e mal-estar provocado por calor, alimentação inadequada ou consumo excessivo de bebidas alcoólicas.

No domingo (29), o estudante Ruan Darlison foi um dos atendidos pela equipe de plantão. Ele relatou ter procurado ajuda médica após sentir uma aceleração nos batimentos cardíacos durante uma das apresentações do evento.

“Eu vim prestigiar o forrozão e, de repente, senti meu coração acelerar. Encontrei uma enfermeira no caminho, que me levou direto ao posto. Fui atendido rapidamente pelo médico, que verificou meus batimentos e constatou que era só ansiedade. Graças a Deus, estava tudo bem. É uma ótima ideia ter esse atendimento aqui, porque com tanta gente, é importante ter esse suporte”, contou.

A enfermeira Sibele Soeiro, integrante da equipe da Sesa, explicou que o serviço foi estruturado para acolher tanto o público visitante quanto os quadrilheiros que participaram das apresentações. Segundo ela, os dançarinos costumavam chegar ao local com sinais de ansiedade e, muitas vezes, em jejum ou com quadros de desidratação.

“Nós atendemos o público em geral e também os quadrilheiros, porque geralmente eles chegam nervosos, ansiosos, às vezes não se alimentam direito e acabam tendo mal-estar, pressão alterada. Estamos com retaguarda de medicamentos, equipamentos de monitoramento e apoio do SAMU e Corpo de Bombeiros. Fazemos aferição de pressão, exame de glicose, monitoramento e, se necessário, aplicamos medicação”, reforçou Sibele.

Em casos que exigiram atendimento mais avançado, o protocolo adotado foi o encaminhamento do paciente para o Hospital de Emergência, com o apoio da ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A presença do Samu foi parte do planejamento integrado entre os órgãos estaduais para garantir o bom funcionamento da estrutura do Arraiá do Povo.

ambulâncias também estiveram disponíveis para casos de necessidade. Foto: Aeg Rocha/GEA

A Cidade Junina, montada pela primeira vez na Zona Norte da capital, foi palco das principais competições do calendário junino do estado. O Arraiá do Povo 2025 reuniu o 6º Festival Municipal Sandro Rogério, promovido pela Liga Junina de Macapá (Ligajum); o 7º Forrozão do Primo Sebastian, organizado pela Federação das Entidades Juninas e Folclóricas do Amapá (Fejufap); e o 16º Arraiá no Meio do Mundo, realizado pelo Instituto Sociocultural Arraiá no Meio do Mundo (Fefap).

O esquema de saúde implementado durante o Arraiá fez parte de um plano maior de estrutura e segurança desenhado pelo Governo do Estado, que incluiu policiamento reforçado, ações educativas do Detran-AP e postos de atendimento ao cidadão. A atuação da Secretaria de Saúde garantiu suporte necessário para que o público pudesse aproveitar as festividades com atendimento disponível e rápido acesso a cuidados médicos, quando necessário.

Arraiá Amazônico

O Arraiá Amazônico é uma realização da Fundação Rede Amazônica (FRAM) em parceria com a Central Única das Favelas (CUFA-Amapá), Associação Casa da Hospitalidade, Lar Betânia – Casa da acolhida Marcello Candia; e apoio da Secretaria de Cultura do Estado do Amapá (Secult), Governo do Amapá e Tratalix Serviços Ambientais.

Perdeu o Arraiá do Povo no Amapá? Assista todas as apresentações

Evento reuniu mais de 60 apresentações de quadrilhas tradicionais e estilizadas. Foto: Márcia do Carmo/GEA

Entre os dias 27 de junho e 2 de julho, a Cidade Junina instalada no pátio do 2º Batalhão do Corpo de Bombeiros Militar do Amapá (CBM), no bairro São Lázaro, Zona Norte de Macapá (AP), foi o palco do Arraiá do Povo 2025. O evento, promovido pelo Governo do Amapá reuniu as principais competições juninas do estado e promoveu mais de 60 apresentações de quadrilhas tradicionais e estilizadas, além de shows e atividades culturais.

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Com estrutura cenográfica especial, a Cidade Junina contou com arena de apresentações, palco, praça de alimentação, arquibancadas e barracas temáticas. A proposta foi valorizar a cultura popular, movimentar a economia criativa e fortalecer tradições regionais.

Perdeu alguma coisa ou quer assistir de novo? Confira:

27 de junho – Abertura oficial e primeira noite de apresentações

A festa começou com o show da banda Bonde do Forró, em comemoração ao Dia Nacional do Quadrilheiro. O espaço lotado já dava o tom da animação que tomaria conta da cidade nos dias seguintes.

28 de junho – 6º Festival Municipal Sandro Rogério

Promovido pela Liga Junina de Macapá (Ligajum), o festival premiou os três melhores grupos nas categorias estilizada e tradicional. Na noite, quadrilhas como Estrela Dourada, Raízes Culturais, Simpatia da Juventude e Luar do Sertão brilharam na arena.

29 de junho – 7º Forrozão do Primo Sebastian

Organizado pela Fejufap, o Forrozão teve como objetivo selecionar a quadrilha representante do Amapá no Campeonato Brasileiro da CONAQJ, que ocorrerá em julho, em Alagoas. O destaque da noite foi a apresentação da Simpatia da Juventude, que ficou com o primeiro lugar e garantiu vaga no nacional.

30 de junho a 2 de julho – 16º Arraiá no Meio do Mundo

Com seletivas realizadas previamente em Santana-Mazagão, Tartarugazinho e Macapá, o festival teve suas finais nos três últimos dias do Arraiá do Povo. Os grupos se apresentaram em sequência até a madrugada, com destaques como Bagunçados dos Matutos, Estrela do Norte, Reino de São João, Sensação Amapaense, Encanto Junino, entre outros.

Arraiá Amazônico

O Arraiá Amazônico é uma realização da Fundação Rede Amazônica (FRAM) em parceria com a Central Única das Favelas (CUFA-Amapá), Associação Casa da Hospitalidade, Lar Betânia – Casa da acolhida Marcello Candia; e apoio da Secretaria de Cultura do Estado do Amapá (Secult), Governo do Amapá e Tratalix Serviços Ambientais.

Sauim-de-coleira: macaco encontrado em Manaus é um dos mais ameaçados do mundo

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Sauim-de-Coleira. Foto: Marcelo Gordo

O Sauim-de-coleira, espécie que só pode ser encontrada no Brasil, faz parte da lista dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. Em busca do que sobrou das florestas primárias, secundárias e campinaranas, a espécie vive nas redondezas dos municípios de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara, no Amazonas.

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O primata, que pertencente à família dos micos Callitrichidae, é um animal de pequeno porte que normalmente anda em grupos de 2 à 12 animais, em que apenas uma fêmea reproduz, dando à luz apenas à um ou dois filhotes de cada vez.

Além disso, outra característica dessa espécie é a forte territorialidade dos grupos, já que defendem seus territórios de forma bastante agressiva contra outros grupos.

“É uma espécie importante para as florestas principalmente por serem grandes dispersores de sementes de plantas desses diferentes ambientes. Como é uma espécie que transita entre floresta primária e secundária, ajuda a levar sementes da floresta primária para a secundária e vice-versa, colaborando e acelerando o processo de restauração dos ambientes”, declarou o Doutor em Zootecnia, Marcelo Gordo, ao Portal Amazônia.

A perda de habitat é considerada uma das principais ameaças à sobrevivência das espécies, uma vez que sem vegetação adequada, a espécie não consegue sobreviver. Quando combinada com fatores como a caça, o tráfico de animais, doenças, a competição com espécies invasoras e eventos climáticos extremos, a situação se agrava ainda mais.

De acordo com Marcelo Gordo, os maiores riscos à espécie estão relacionados ao desmatamento e à fragmentação das florestas, que andam lado a lado com a degradação da vegetação. Além disso, poluição, atropelamentos, choques em redes elétricas e ataques de cães e gatos domésticos também representam sérias ameaças à biodiversidade.

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Situação atual do sauim-de-coleira

Sauim-de-Coleira
Sauim-de-coleira (Saguinus bicolor). Foto: Robson Czaban

Atualmente, a espécie vive em quase todos os fragmentos florestais da cidade de Manaus, o que representa uma pequena parcela da população como um todo, já que é na zona rural que a maioria dos indivíduos habita. A população total está estimada em torno de 36 mil animais, contudo cada grupo possui apenas uma fêmea reprodutiva.

Se o desmatamento continuar progredindo, a espécie continuará diminuindo em número, e as populações podem ficar cada vez mais isoladas demais e com número de indivíduos insuficiente para garantir a sobrevivência a longo prazo.

De acordo com o especialista, embora a reversão do quadro de extinção da espécie não seja viável, ainda há esperança para mitigar os danos, tanto futuros quanto já ocorridos.

“Não vejo perspectiva para reversão do quadro, mas há esperanças de mitigação dos estragos que estão por vir e até mesmo dos que já ocorreram, com a restauração de APPs, Áreas verdes e criação de conectividade, aumentando a chance de sobrevivência dos animais, principalmente na zona urbana. Na zona rural, a esperança está na preservação de grandes blocos de florestas que ainda existem e na parceria com os produtores rurais, para a conectividade dos habitats e respeito às leis ambientais’’, afirma o professor.

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Iniciativas de preservação da espécie

Sauim-de-Coleira
Foto: Mauricio Noronha

Proteger o Sauim-de-coleira é essencial para a restauração do ambiente florestal. Para isso, diversas iniciativas de proteção e conservação da espécie têm sido criadas, como o programa de conservação ex situ, que possui o reconhecimento de vários criadouros e zoológicos no Brasil e no exterior.

Essa iniciativa é coordenada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e conta com a participação do Plano de Ação Nacional para a Conservação do Sauim-de-coleira (PAN Sauim).

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Dentro desse programa, foram realizadas algumas tentativas de reintrodução e translocação da espécie. No entanto, a maioria dessas ações não obteve sucesso, pois o sauim é uma espécie bastante sensível e suscetível ao estresse.

Além disso, sua alta territorialidade representa um desafio adicional, dificultando essas iniciativas, especialmente em áreas onde já existam grupos residentes.

*Por Rebeca Almeida, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar