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Extração ilegal de madeira no Pará cresce e chega a 42%

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Madeira apreendida no Pará pelo Ibama em 2023. Foto: Divulgação/Ibama

Um estudo que cruzou a exploração madeireira mapeada por imagens de satélite com as autorizações para a atividade no Pará mostrou que houve um aumento de 22% na ilegalidade. Conforme a pesquisa, a extração de madeira irregular passou de 17,8 mil hectares entre agosto de 2021 e julho de 2022 para 21,8 mil hectares entre agosto de 2022 e julho de 2023. Com isso, o estado fechou o último calendário com 42% da atividade feita sem permissão dos órgãos ambientais.

Os dados são do Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex), realizado por quatro instituições de pesquisa: Imazon, Idesam, Imaflora e ICV. Após mapearem a retirada de madeira por imagens de satélite, os pesquisadores verificaram se havia planos de manejo autorizando a atividade nessas essas áreas emitidos pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas-PA), pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (IDEFLOR-Bio) ou pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB).

No total, o Pará teve 52,1 mil hectares com extração de madeira entre agosto de 2022 e julho de 2023, período conhecido como o “calendário de desmatamento” da Amazônia. Por causa do regime de chuvas na região, esse período inicia em agosto de um ano e termina em julho do ano seguinte. Por isso, em comparação com o calendário passado, entre agosto de 2021 e julho de 2022, quando foram mapeados 38,5 mil hectares com extração de madeira no estado, houve um aumento de 35%.

Em relação apenas à área explorada com autorização, o mapeamento mostrou um crescimento ainda maior. A extração madeireira com planos de manejo permitidos pelos órgãos ambientais passou de 20,6 mil hectares entre agosto de 2021 e julho de 2022 para 30,2 mil hectares entre agosto de 2022 e julho de 2023, uma alta de 46%. Já se comparada com a área total explorada no último calendário, a atividade legalizada representou 58%.

Imagem: Reprodução/Imazon

Território indígena Amanayé tem sido o mais afetado desde 2020

Publicado anualmente, o Simex tem alertado sobre a retirada ilegal de madeira na Reserva Indígena Amanayé, localizada no município de Goianésia do Pará, no Sudeste do estado, desde 2020. Nas últimas três publicações, que compreendem os calendários de 2020/2021, 2021/2022 e 2022/2023, esse foi o território indígena com a maior área de exploração madeireira ilegal no Pará. Entre agosto de 2020 e julho de 2023, a reserva teve 2.987 hectares afetados pela extração de madeira, o que equivale a quase 3 mil campos de futebol.

Imagem: Reprodução/Imazon

O território Amanayé foi decretado em 1945 e está presente no cadastro da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), usado pelo estudo, porém ainda aguarda homologação. Espera de quase 80 anos que tem deixado a área vulnerável às invasões e ameaçado a vida do povo amanayé.

Uma das lideranças da etnia, Ronaldo Amanayé afirma que as invasões para a exploração madeireira ocorrem há décadas na reserva e já levaram a outros problemas, como o desmatamento para a produção de soja e o uso de agrotóxicos nesse cultivo.

Ameaçado por causa de sua atuação pública na defesa do território, Ronaldo, que também atua como coordenador e tesoureiro da Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa), afirma que a desintrusão (retirada dos invasores) e a demarcação do território são ações urgentes para proteger a vida das 26 famílias que residem na reserva. “Depois, também será preciso fazer a recuperação das áreas degradadas e desmatadas”, completa.

A área de extração ilegal de madeira na reserva entre agosto de 2022 e julho de 2023, de 804 hectares, corresponde a 92% de toda a área com a atividade irregular mapeada em áreas protegidas, que foi de 871 hectares. Esse total foi 20% menor do que a área de exploração madeireira ilegal detectada em áreas protegidas no período passado, entre agosto de 2021 e julho de 2022, de 1.047 hectares.

Maior parte da extração ilegal ocorreu em imóveis cadastrados

Imóveis rurais que constam no Sistema de Gestão Fundiária (Sigef), no Cadastro Ambiental Rural (CAR), no Sistema Nacional de Certificação de Imóveis (SNCI) ou no Programa Terra Legal foram responsáveis por 72% da extração de madeira ilegal no Pará entre agosto de 2022 e julho de 2023. Essas áreas tiveram 15,6 mil hectares com exploração madeireira não permitida, 17% a mais do que no período anterior, entre agosto de 2021 e julho de 2022, quando foram detectados 13,3 mil hectares com a atividade ilegal. “A partir dos dados disponíveis nesses cadastros, os governos podem aplicar as devidas punições pela extração não autorizada de madeira”, explica Dalton.

A segunda maior parte da exploração madeireira irregular ocorreu em assentamentos. Nesses territórios, foram detectados 3 mil hectares com a atividade não autorizada entre agosto de 2022 e julho de 2023, o que corresponde a 14% de toda a área com a ilegalidade mapeada pelo estudo. Comparado com o período anterior, entre agosto de 2021 e julho de 2022, quando foram detectados 823 hectares com extração de madeira não permitida em assentamentos, houve um aumento de mais de três vezes.

Já em relação à exploração ilegal em terras não destinadas e vazios cartográficos, foram detectados 2,3 mil hectares entre agosto de 2022 e julho de 2023, 13% a menos do que entre agosto de 2021 e julho de 2022, que foi de 2,6 mil hectares. “Essa redução foi positiva, mas precisa ser intensificada, pois a retirada de madeira nessas áreas tem relação com a grilagem de terras. Por isso, a destinação dessas áreas para a conservação é uma ação necessária para combater esse e outros crimes ambientais”, completa Dalton.

Imagem: Reprodução/Imazon

10 municípios concentram 87% da exploração irregular

Apenas 10 municípios paraenses concentraram 87% de toda a extração de madeira ilegal detectada no estado entre agosto de 2022 e julho de 2023. Eles somaram 18,9 mil hectares de exploração irregular, sendo mais da metade somente nos dois primeiros: Dom Eliseu e Paragominas. Ambos na região Sudeste, eles tiveram 9,5 mil hectares com extração ilegal de madeira no período, o que também corresponde a 44% de toda a área com a irregularidade mapeada no estado.

Baixe o estudo aqui

Imagem: Reprodução/Imazon

*Com informações do Imazon

Caldeirão de culturas e valorização regional: Movimento Roraimeira completa 40 anos

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Roraima é um caldeirão de cultura, né? Quem é roraimense, ou se sente ‘roraimado’, conhece de cor os versos da canção Makunaimando e, com orgulho, celebra as belezas naturais e culturais do extremo Norte do Brasil. Essa expressão é fruto da genialidade de três artistas de Roraima: Zeca Preto, Eliakin Rufino e Neuber Uchôa. Juntos, o Trio Roraimeira transformou a identidade de Roraima em arte.

O grupo comemora 40 anos de uma união artística tão forte que se consolidou como o Movimento Roraimeira, um marco na cultura roraimense, em 28 de agosto. Entre os louros colhidos pelo trio durante as décadas de carreira está a maior honraria dada a um artista no Brasil: a medalha da Ordem do Mérito Cultural, concedida ao trio em 2018. Hoje, eles são “cavaleiros da cultura brasileira”.

Com quatro álbuns lançados juntos, shows por todo o Brasil — na Europa também — e canções gravadas por grandes nomes da música, o trio hoje se consolida como os maiores expoentes culturais de Roraima, tendo o trabalho de exaltação ao estado refletido além da musica, nas artes plásticas, na dança e até na fotografia.

O movimento Roraimeira é o último grande movimento cultural do século 20, de acordo com a doutora pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e que pesquisa o movimento Roraimeira pela Universidade Federal de Roraima (UFRR), Cátia Monteiro Wankler.

Trio roraimeira se apresenta em Roraima em foto de arquivo. Foto: Jorge Macedo/Divulgação

A musica composta por Zeca Preto, “Roraimeira”, que batiza o trio ficou em segundo lugar no 2º Festival de Música de Roraima em julho 1984, mas o marco inicial para o movimento foi uma apresentação no Teatro Amazonas em agosto do mesmo ano, que levou a cultura de Roraima para além das fronteiras do estado. O primeiro álbum “Roraima”, consolidando a identidade cultural nortista do trio veio apenas em 1992.

“O povo conseguiu entender a nossa mensagem. Eu conheci um homem aqui em Boa Vista, que foi pra um congresso e disse que era do Amazonas, e disse pra mim ‘Zeca, eu não vou falar que eu sou roraimense’. Passou um tempo e ele me disse ‘Poxa cara, você não imagina como eu me orgulho de ser de Roraima, vocês plantaram isso no meu coração’ eu fico muito emocionado”, relembra o cantor e compositor Zeca Preto.

O movimento rompeu fronteiras e foi parar até na Europa, em 1995, com shows na Suíça e Alemanha. Ao longo dos anos, o Trio lançou álbuns e fez apresentações, recebendo reconhecimento nacional.

Segundo o cantor e compositor Neuber Uchôa “a gente não poderia virar as costas, e decidimos ‘vamos fazer uma antropofagia’ a gente não pode abrir mão do que o colonizador trouxe, porque algo bom vai vir’ […] a gente já cantava a pedra nessa época, uma hora a gente ia ter que virar de frente para essas fronteiras” disse.

O ritmo “Makunaimeira” do trio, vem justamente dessa mistura. Na música “O Que É” Zeca cita os ritmos que fazem parte do cotidiano roraimense e também cita a mistura do norte com o sul do país.

O trio não “descobriu a roda” quando o assunto é falar de Roraima. Artistas plásticos, fotógrafos e dançarinos já retratavam o estado, mas “viraram a cara do movimento” por estarem sempre em evidência.

Para Cátia Wankler “a música atinge muito mais gente do que qualquer outra arte […] o papel do trio foi assim inominável, porque foi através deles que, apesar do movimento já existir, se lançou uma luz sobre o Roraimeira “, contou.

Alguns lançados pelo Trio Roraimeira ao longo de 40 anos. Foto: Caíque Rodrigues/Rede Amazônica

‘Uma nova era, lua nova’

O marco inicial do movimento Roraimeira foi um espetáculo promovido pelo trio no Teatro Amazonas, em Manaus, no dia 28 de agosto de 1984. Esse show que envolveu músicadança e artes plásticas foi tido como o “Manifesto Roraimeira”. Após isso, o mesmo espetáculo foi replicado em Boa Vista, em outubro. De lá para cá, o movimento se consolidou como um marco na cultural roraimense, mas a história é anterior a isso.

Tudo começou com uma canção, a Roraimeira, de Zeca Preto. O que iniciou como uma das mais belas canções a falar de Roraima, em pouco tempo, evoluiu para algo muito maior. Antes do marco inicial do movimento, durante festivais de música no estado, Zeca percebeu que outros artistas locais também estavam criando músicas com temáticas regionais semelhantes. Foi então que surgiu a ideia de unir forças e formar o movimento Roraimeira.

“Decidimos nos unir. Nosso primeiro show foi em agosto no Teatro Amazonas. Foi lá que tudo começou e desde então continuamos nessa estrada, fazendo muitos shows e difundindo nossa cultura”, recorda Zeca Preto.

A canção “Roraimeira” havia ficado em segundo lugar no “2º Festival de Música de Roraima” em 1984. Zeca relembra que a principio a música não havia sequer sido selecionada para participar do festival, mas tudo mudou quando Eliakin descobriu uma fraude no concurso — um dos selecionados tinha plagiado a obra de um amigo, o que deu espaço para a composição de Zeca brilhar.

Ele explica que o nome da música surgiu por acaso e foi uma “invenção” que “soou bonita”. A ideia era relacionar o estado com algo sagrado, por isso Zeca misturou as palavras “Roraima” com “Romaria” — o nome católico dado às peregrinações religiosas. Em 2015, a canção foi declarada “Hino cultural de Roraima” pelo governo do estado.

Outro marco do movimento é o poema “Cavalo Selvagem”, de Eliakin Rufino, publicado em dezembro de 1992, onde o poeta se coloca na posição deste animal marcante do lavrado roraimense. Em 2008, tanto a música “Roraimeira” quanto “Cavalo Selvagem” foram tombados como patrimônios culturais de Roraima.

Trio Roraimeira em apresentação em 2012. Foto: Jorge Macedo/Divulgação

“Os cavalos chegaram a Roraima há 225 anos, em 1789, trazidos para as fazendas reais da coroa portuguesa. Quando a república foi proclamada em 1889, as fazendas foram saqueadas e os cavalos abandonados. Esses cavalos começaram uma vida livre nas savanas, e é sobre essa liberdade que escrevi o poema ‘Cavalo Selvagem'”.

“A paisagem do Lavrado é única em Roraima, e o poema reflete essa singularidade. Comecei a declamar ‘Cavalo Selvagem’ em shows a partir de 1991. Lembro-me de um show em que abrimos com esse poema, e a reação do público foi incrível”, relembra o poeta Eliakin.

Para Cátia Monteiro, Cavelo Selvagem é um dos símbolos da Roraimeira e uma das obras mais relevantes do movimento.

“Cavalo Selvagem é um clássico. Cavalo Selvagem diz muito ‘eu sou o Cavalo Selvagem, não aceito cela’. Ele tá falando dos povos daqui de quem nasceu aqui, dos indígenas que nasceram aqui. Que querem continuar assim, cavalos selvagens, não querem ser dominados porque vem de fora por quem não é Cavalo Selvagem”.

Outro hit presente no consciente do roraimense é a canção “Cidade do Campo”, com letra de Eliakin e música por Armando de Paula. A obra é uma homenagem afetiva à capital roraimense, Boa Vista. O que poucos sabem é que a música foi feita para homenagear ao centenário da cidade e foi feita na mesma época em que Eliakin compôs o hino da capital.

A música foi um sucesso na voz do interprete Halisson Crystian, em 1998, e foi responsável por apelidar Boa Vista como a eterna “cidade do campo”.

“Em 1990, Boa Vista comemorou seu centenário, e o prefeito da época organizou dois concursos: um para criar o hino oficial da cidade e outro para músicas em homenagem ao centenário. Participei desse festival com a música ‘Cidade do Campo’, em parceria com Armando, e ganhei. A música foi um sucesso na voz de Alisson, mas só foi gravada em 1998, permanecendo anos no limbo”.

Não dá para falar de Roraimeira sem falar em uma das principais músicas do movimento. “Cruviana” é composição de Neuber Uchôa e foi lançada em 1992. Na boca do povo roraimense desde o seu lançamento, a canção fala sobre o orgulho nortista.

Para Neuber, “Cruviana” é como se fosse o “Trabalho de Conclusão de Curso” do compositor. Para ele, foi um dos momentos “mais incríveis da minha vida como compositor”. A letra é conta com versos iniciados em pronomes possessivos no início de cada frase.

“‘Cruviana’ nasce em um momento em que estávamos descobrindo o que tínhamos em mãos; já não era mais uma batata quente, já sabíamos o que estávamos fazendo. Todos nós fizemos obras nesse período, e eu compus ‘Cruviana’ nesse contexto. A música surgiu quando eu quis dizer que sou o cio da tribo”.

‘Voa meu pensamento sobre o Monte Roraima’

Com 40 anos de história, o movimento Roraimeira continua a ser um pilar da identidade cultural de Roraima, inspirando novos artistas e reforçando a importância da preservação das tradições locais. As vozes dos artistas de Roraima ecoam a influência e o impacto da mensagem de valorização regional. O g1 também ouviu artistas influenciados pela arte makunaimeira, entre eles a cantora e compositora Milena Makuxi.

Com 24 anos, a artista, como o nome já diz, de origem indígena macuxi, destaca o papel crucial do movimento na valorização das culturas dos povos originários, mesmo que o trio principal não seja indígena. Para ela, ver os símbolos e o dialeto indígena sendo destaque positivo em músicas foi uma importante fonte de inspiração para artistas das comunidades roraimenses, como ela.

A música de Milena funde ritmos como o reggae, MPB e carimbó com cantos tradicionais indígenas e é um reflexo dessa fusão cultural. Milena enxerga o movimento como uma força de resgate, essencial para a preservação da cultura de Roraima.

O impacto do Roraimeira é multifacetado e profundo, como destaca o cantor e compositor Hugo Pereira. Membro fundador de bandas importantes para a cena cultural atual de Roraima, como Jamrock e Bodó Valorizado, ele afirma que o movimento trouxe mais do que uma simples expressão musical; trouxe um “direcionamento” e uma “linha de pensamento” que transcendem a música, abrangendo um posicionamento político e ideológico.

“O Roraimeira não é só música, é um jeito de ver o mundo, de entender nossa identidade em Roraima. Até mesmo quando não temos a intenção de seguir essa linha, acabamos sendo influenciados por ela, porque faz parte de quem somos,” diz o artista, evidenciando como o movimento permeia o cotidiano dos músicos e artistas locais.

A cantora e compositora Euterpe também expressa a importância do movimento na construção da identidade cultural de Roraima. Na visão dela, o Roraimeira não só enriqueceu a cena musical, mas também todas as formas de arte no estado.

Roraimeira: 40 anos da ‘Regionalíssima Trindade’

Durante as quatro décadas de carreira o trio viveu muitos momentos especiais e importante para o movimento, como em 1996 e 1998, quando o Roraimeira se apresentou na Suíça e na Alemanha, levando a cultura Roraimense para a Europa.

Neuber Uchoa, que se apresentou na Alemanha junto com Zeca preto, contou que a maior realização foi cantar músicas autorais em outro país.

“A maioria dos brasileiros vão para fora para cantar samba ninguém é doido de não fazer isso, só a gente. A visão lá fora é samba, é futebol. Mas gente insistia na história, grande mérito do movimento é esse, e a gente tem insistido encantar nossas músicas”.

E no Brasil, o trio se apresentou no Rio de Janeiro a convite do cantor e compositor Nilson Chaves, e também em em Curitiba na Caixa Cultural, além da turnê que fizeram pelo Norte do país.

Zeca, Eliakin e Neuber lançaram quatro álbuns do Roraimeira, o primeiro “Roraima”, foi lançado em 1992. Já o segundo, “O Canto De Roraima e Suas Influências Indígenas e Caribenhas” foi o primeiro álbum gravado ao vivo em Roraima, em 2000.

E mesmo em carreira solo nos anos 2000, o trio continuou se reunindo em momentos especiais, como em 2009 na gravação do terceiro álbum “Roraimeira – O Canto De Roraima” que celebra os 25 anos do Roraimeira.

E também na gravação do álbum “Show Roraimeira 30 anos” que foi gravado ao vivo no auditório do Centro Amazônico de Fronteiras da Universidade Federal de Roraima (CAF/UFRR).

A “regionalíssima trindade” também conquistou a maior honraria dada a um artista no Brasil: a medalha da Ordem do Mérito Cultural, em 2018. Junto ao Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o Museu de Arte de São Paulo (Masp), Zeca, Eliakin e Neuber se tornaram cavaleiros da cultura brasileira.

“Nós somos cavaleiros da Ordem do Medo cultural, que é o maior prêmio dado no Brasil de reconhecimento. E isso pra gente foi legal, porque a gente tá aqui no extremo norte, nós somos os primeiros na área da cultura”, disse Eliakin.

Além de shows na Europa, honrarias e shows em festivais, o trio também teve músicas regravadas por artistas nacionais, como Gaby Amarantos, que regravou “Pimenta com Sal”, uma composição de Eliakin Rufino.

“Hoje tem mais de 10 gravações nessa minha música […] A Lucinha Bastos lançou um CD chamado Pimenta com Sal, e a musica estoura em Belém, e a Gaby diz ‘Po, essa música é boa, quero gravar de quem é?”, contou o poeta.

Gaby Amarantos então chamou a cantora Fernanda Takai, já que “são uma preta e uma branca de mãos dadas na praia”.

“Gaby Amarantos e Fernanda Takai foram para o Altas Horas, e a música começou a ter uma repercussão incrível”, relembra Eliakin.

Em 2024, quando o Roraimeira completa 40 anos, o trio fez shows no São João do Anauá, no Sesc-RR e também vai se apresentar no palco do Teatro Municipal, durante o festival Mormaço Cultural.

*Por Rayane Lima e Caíque Rodrigues, do Grupo Rede Amazônica RR

7 fatos que você – talvez – não saiba sobre o Palácio Rio Negro

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Constituído em 1903, o prédio que hoje abriga o Centro Cultural Palácio Rio Negro (CCPRN), em Manaus (AM), serviu para residência particular de um comerciante de borracha, o alemão Karl Waldemar Scholz. O prédio se tornou um dos mais emblemáticos daquele período, que marcou a economia do Amazonas.

O local posteriormente funcionou como sede do Governo e, em 3 de outubro de 1980, foi tombado como Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Amazonas. Ao longo dos anos, o palácio foi reformado, restaurado, adaptado e, em virtude de sua beleza arquitetônica e relevância histórica, foi transformado em Centro Cultural.

Foto: Reprodução/Instituto Durango Duarte

Confira algumas curiosidades sobre o prédio que – talvez – você não saiba:

  • O espaço é conhecido por ter sido residência de um dos “barões da borracha”, como eram chamados os comerciantes que enriqueceram com a exploração do látex entre o final do século XIX e início do século XX em Manaus. Durante esse período, o local era chamado de ‘Palacete Scholz’;
  • Foi construído na Avenida Sete de Setembro, onde hoje é o Centro de Manaus, em um terreno de mais de 4.700 metros quadrados;
  • O espaço guarda três peças originais do ‘Palacete Scholz’, datadas de 1903, incluindo um lustre de bronze e duas estátuas situadas ao pé da escada, representando a poesia e a música. Estas são as únicas peças do mobiliário que permanecem da época do Barão Scholz;
  • Há um conjunto de móveis doados pelo governo chinês, que inclui um pagode com pés de dragão e duas mesas de espreguiçadeiras;
  • O Palácio Rio Negro conta com salão para recitais, exposições, lançamento de livros e diversas atividades culturais. O espaço mantém, ainda, um gabinete de despachos para o governador e a agenda aberta para atos oficiais, quando necessário;
  • É integrado ao Salão Rio Solimões, ao Parque Jefferson Péres e ao Cineteatro Guarany, gerenciado pela Secretaria de Cultura do Governo do Estado do Amazonas;
  • Aberto à visitação pública, também é usado para audiências e recepções do Governador do Estado do Amazonas a Chefes de Estado, Embaixadores e demais personalidades.

Comunidades tradicionais se antecipam à seca da Amazônia com ações de adaptação à crise climática

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As mudanças climáticas estão intensificando fenômenos naturais e impactando não apenas as populações urbanas, mas também as comunidades rurais, com especial ênfase nas populações indígenas, quilombolas e agricultores familiares. É crucial reconhecer a vulnerabilidade desses grupos diante das alterações climáticas extremas.

Eventos como furacões, secas prolongadas e incêndios florestais, que fazem parte do que chamamos de emergência climática, estão se tornando uma realidade crescente em vários países. Esses eventos afetam de forma desproporcional as comunidades mais vulneráveis, frequentemente, as que menos contribuíram para a crise climática.

Em 2023, a seca prolongada trouxe uma série de dificuldades para as comunidades na Amazônia, afetando o manejo de recursos naturais como a coleta de castanhas e a produção de frutas, além de comprometer a pesca, causar perdas na produção agrícola e dificultar a locomoção.

Para 2024, espera-se uma estiagem ainda mais severa do que a do ano anterior, o que intensifica as preocupações com os impactos futuros. Esses impactos prometem ser significativos tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico, impondo desafios adicionais às cadeias produtivas em diversos biomas.

Para Andreia Bavaresco, indigenista com mais de 20 anos de atuação com populações tradicionais e coordenadora executiva do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), o papel das comunidades tradicionais é fundamental para enfrentar os desafios dos desequilíbrios ambientais que impactam a rotina e a vida das comunidades, bem como a produção de alimentos, a mudança no calendário de rituais dos povos indígenas e a educação de novas gerações na transmissão dos conhecimentos ancestrais.

Com informações sobre os impactos, é possível traçar as estratégias de enfrentamento e sugerir formas de mobilizar recursos financeiros adequados. Algumas iniciativas já estão se formalizando, como é o caso da plataforma Povos e Comunidades Tradicionais para as Américas. Por meio dela, as comunidades indígenas conquistaram um espaço nas negociações de grandes chefes de estado, sendo este um mecanismo de voz para aqueles que vivem na pele os impactos negativos dessa nova realidade climática.

A antropóloga e indigenista da OPAN/projeto Raízes do Purus, Cristabell Lopez, conta que o povo indígena Paumari, localizado em Lábrea (AM), sofreu diferentes impactos em seu cotidiano em 2023. Por conta da longa estiagem e do calor extremo, o fogo tomou conta da região, afastando suas caças e impactando seus horários de trabalho na agricultura. 

No manejo do pirarucu do povo indígena Paumari, a seca extrema ocasionou aumento em 20% no custo operacional da pesca, a seca nos rios afastou os peixes e prejudicou o escoamento, forçando a comunidade a traçar novas rotas, mais longas. Como consequência, houve o aumento dos custos e a queda no alcance da meta inicial, que passou de 600 para 495 peixes.

Este foi um dos principais impactos para os Paumari. Por conta das previsões para 2024, a comunidade está pensando em não realizar a pesca este ano.

Os impactos mexem no dia a dia, na renda e nas tradições das comunidades indígenas e como solução há a importância das parcerias, do diálogo e da troca de conhecimento por meio de intercâmbios, para que encontrem soluções conjuntas de acordo com suas realidades.

A especialista do IEB apontou estratégias e mecanismos que podem contribuir para esses desafios climáticos, como o de ocupar espaços políticos, apresentar sugestões de promoção da justiça climática, de mobilização e uso adequado dos recursos financeiros, a valorização do conhecimento e as experiências das comunidades tradicionais na construção de soluções climáticas, sustentáveis e inclusivas.

Por fim, ressaltou a importância de uma atuação de base comunitária e o protagonismo da mulher como um fato a se destacar para o enfrentamento à crise climática.

*com informações do Imaflora

UFT celebra 25 anos da RPPN Canguçu com e-book dedicado à biodiversidade Amazônia-Cerrado

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Comemorando 20 anos de criação, a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Canguçu, localizada em Pium (TO), é o foco de uma obra que celebra e divulga os resultados de estudos realizados na região. Fartamente ilustrado, o e-book é fruto de uma colaboração coletiva entre pesquisadores de diversas instituições, e tem como objetivo promover o avanço do conhecimento sobre o papel vital das áreas protegidas na conservação da biodiversidade regional, do ecótono Amazônia-Cerrado.

O organizador do livro é o pesquisador da UFT, Renato Torres Pinheiro. Ele é doutor em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre e integra o Grupo de Pesquisa em Ecologia e Conservação de Aves.

Além de destacar a rica biodiversidade, o livro também alerta para os impactos diretos que a atividade agropecuária exerce sobre a região, reduzindo a cobertura vegetal nativa e comprometendo a sobrevivência de várias espécies e os serviços ambientais que elas prestam.

A colaboração entre o Instituto Ecológica e a Universidade Federal do Tocantins (UFT) foi essencial para a criação e manutenção da RPPN Canguçu, possibilitando a realização desses estudos, a formação de novos pesquisadores, a educação ambiental e a proteção do patrimônio natural.

Capítulos do livro

Dividido em quatro capítulos, o livro aborda diferentes aspectos da biodiversidade presente na RPPN Canguçu:

  • Capítulo 1: ‘Composição florística e usos múltiplos das espécies arbóreas da RPPN Canguçu, Pium, Tocantins’ – Apresenta a diversidade de espécies arbóreas e seus diversos usos pela comunidade local.
  • Capítulo 2: ‘Herpetofauna da RPPN Canguçu, ecótono Amazônia-Cerrado no estado do Tocantins’ – Foca na rica fauna de anfíbios e répteis que habitam a região.
  • Capítulo 3: ‘Avifauna da RPPN Canguçu, ecótono Amazônia-Cerrado no Vale do Araguaia, Tocantins’ – Explora a diversidade de aves em uma das áreas de maior biodiversidade do estado.
  • Capítulo 4: ‘Mamíferos de médio e grande porte da RPPN Canguçu, Pium, Tocantins’ – Fornece informações inéditas sobre a mastofauna local e sua importância para a conservação.
  • Essa obra não apenas celebra a biodiversidade da RPPN Canguçu, mas também reforça a importância das áreas protegidas na preservação do meio ambiente e no avanço do conhecimento científico no Brasil.

Clique aqui para baixar o livro gratuitamente

Reservas Particulares do Patrimônio Natural

O Brasil, reconhecido mundialmente por abrigar uma das maiores diversidades biológicas do planeta, se destaca pela riqueza natural presente em seus diversos biomas. Entre eles, a Amazônia e o Cerrado, dois dos mais importantes ecossistemas do país, convergem no estado do Tocantins, em uma área de transição conhecida como ecótono. Apesar da relevância ecológica dessa região, ainda existem muitas lacunas de conhecimento sobre a fauna e flora que nela habitam.

Grande parte da biodiversidade desse ecótono está protegida em áreas como as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs). Essas áreas de conservação são uma categoria especial de Unidade de Conservação (UC) privada, de caráter perpétuo, cuja criação é voluntária e não requer desapropriação de terras. As RPPNs desempenham um papel crucial na proteção e pesquisa da biodiversidade regional, atuando como áreas de amortecimento para Unidades de Proteção Integral e servindo como refúgios seguros para a fauna local.

*Com informações da Universidade Federal do Tocantins

Escola indígena une tecnologia e cultura dos povos originários em ‘robótica’

O projeto ‘Robótica Krintuwakatêjê’, desenvolvido pela Escola Estadual Indígena Jathiati Parkatêjê, uma extensão da Escola Estadual Indígena de Ensino Infantil Fundamental e Médio Kojipokti, localizada na Terra Indígena (TI) Mãe Maria, no município de Bom Jesus do Tocantins (Região de Integração do Carajás, no Pará), tem despertado o interesse de estudantes e da comunidade por unir tecnologia e o ensino da programação em blocos com a cultura e língua indígena.

Entre os projetos desenvolvidos, estão jogos com interação da língua materna, feitos por meio da plataforma Scratch, um deles é o jogo da memória com figuras da pintura corporal indígena. 

“O projeto começou em 2022 trabalhando com programação. Inicialmente, nós fizemos testes de condutividade com as crianças. Trouxemos uma plaquinha chamada Make Make, onde se pode criar vários projetos e aí as crianças começaram a gostar e trouxeram a cultura e a identidade deles para dentro da robótica. A tecnologia é para todos, não existe aquela história de que o povo indígena não pode. A tecnologia deve ser acessível para todos, e quando a gente trouxe isso para eles, houve um interesse maior em relação a esse ensino aprendizagem. Lá na frente eles vão poder perceber o quanto isso foi de valor e o quanto vão poder ajudar a comunidade deles no futuro”, explicou a professora Ariete Moraes, responsável pelo projeto.

Foto: Eliseu Dias/Ascom Seduc PA

Para a estudante do 4° ano do Ensino Fundamental, Imayry Tojaretêrê, participar do projeto na escola tem sido uma ótima experiência.

“Está sendo muito bom, a gente criou várias coisas. Criamos uma energia para acender uma luzinha, um teclado que a gente toca nele com uma pulseirinha e eu acho muito bom para a gente aprender. Eu gostei e estou gostando muito da nossa experiência trazendo esses projetos que também mostram a nossa cultura. Na escola, a gente fala que é muito bom aprender isso e um dia podemos criar um foguete. Eu quero ser uma cientista porque eu quero ver o céu de perto”, contou a estudante.

Segundo a cacique Rârãkre Parkatêjê, o projeto de robótica é uma novidade boa para a comunidade e ela mesma está aprendendo mais sobre o assunto.

Foto: Eliseu Dias/Ascom Seduc PA

Robótica em destaque

Com um dia dedicado a mostrar os projetos de Robótica Educacional desenvolvidos nas escolas estaduais da rede, o estande da Seduc na 27ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes impressionou os visitantes, na última sexta-feira (23), ao expor as iniciativas realizadas por estudantes de escolas regulares, de tempo integral e indígena.

Um deles foi o da Escola Estadual Indígena Jathiati Parkatêjê, que atualmente atende 53 estudantes. Segundo o professor Augusto Carlos, que também faz parte do projeto, o momento foi muito importante para mostrar todo o aprendizado adquirido em sala de aula e mostrar a valorização da cultura indígena. 

Cerca de dez projetos de robótica foram apresentados no estande da Seduc. Outra iniciativa que chamou a atenção dos visitantes foi o ‘Futebol de Robôs’, desenvolvido por estudantes da Escola Estadual de Tempo Integral Professora Dilma de Souza Cattete, localizada no bairro do Coqueiro, em Belém. A iniciativa permite que os estudantes criem, com material reciclável, robôs e os controlem pelo próprio celular.

Foto: Eliseu Dias/Ascom Seduc PA

“O futebol de robôs envolve técnicas de programação e nós também trabalhamos com a confecção do robô utilizando materiais recicláveis. O que faz o robô funcionar são pilhas, baterias que nós utilizamos o lixo eletrônico, ou seja, nós reaproveitamos baterias de notebooks e, a partir daí, nós conseguimos reutilizar as baterias que geram energia para que os carrinhos/robôs possam se movimentar. E claro que a gente, eu que sou professor de matemática, o Ivan que é professor de física, as questões da matemática e da física dentro da robótica”, explicou o professor de matemática Wanderson Monteiro, que atua no projeto junto com o professor de física Ivan Amorim.

Foto: Eliseu Dias/Ascom Seduc PA

O estudante da 2ª série do Ensino Médio, Lucas Costa, conta que aprendeu e continua aprendendo muito com o projeto. Segundo o estudante, o contato com a programação dentro da robótica já fez com que ele escolhesse o que quer fazer no futuro.

*Com informações da Seduc PA

Histórias em quadrinhos ajudam a divulgar ciência na Amazônia

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Pesquisadores do Instituto Mamirauá e parceiros da Rede Conexões Amazônicas lançaram a segunda edição do ‘Almanaque Tem Cientista Aqui!‘. São quatro histórias em quadrinhos (HQs) que mostram como cientistas estudam os animais, a água e as cidades amazônicas, trazendo reflexões sobre a região. O almanaque tem como objetivo despertar a curiosidade de jovens estudantes para a área da pesquisa, popularizando a ciência e a construção do conhecimento científico.

A segunda edição do almanaque foi publicada em novembro de 2023 com uma tiragem de 9 mil exemplares. A versão online está disponível para baixar. No almanaque, além das histórias em quadrinhos que ilustram os mistérios e belezas da região amazônica, há também atividades lúdicas, como jogos e desenhos para colorir. 

A segunda edição do almanaque contém quatro histórias em quadrinhos:

  • Desvendando o mistério dos louva-deus da Amazônia;
  • Aves das várzeas amazônicas;
  • A água que bebemos no Médio Solimões;
  • A Amazônia das grandes cidades.

A primeira edição, lançada em 2022, contou com seis histórias sobre diferentes temas, como arqueologia local, botos e tucuxis, onças-pintadas, mudanças climáticas e adaptações de comunidades ribeirinhas, além de rios amazônicos. 

O público-alvo do almanaque são crianças e adolescentes em idade escolar.

A distribuição do material, assim como na sua primeira edição, foi realizada por meio de oficinas em escolas de áreas rurais no interior do estado do Amazonas. Cerca de 100 estudantes do Ensino Fundamental participaram das oficinas em duas escolas de Uarini e em uma escola na área rural de Tefé. 

Leia também: Conheça nove quadrinhos que têm a Amazônia como cenário

Com a proposta de desmistificar a imagem do profissional cientista, as oficinas tiveram presente em sua equipe os próprios cientistas retratados nas histórias em quadrinhos, além de educadores, comunicadores e outros cientistas. Os almanaques também foram distribuídos em eventos de popularização da ciência, como a Semana Nacional do Meio Ambiente realizada este ano na comunidade Boa Esperança, na Reserva Amanã em Uarini (AM), e na Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC, em Belém do Pará. 

A história ‘Aves de várzeas amazônicas’, ilustra a pesquisa científica realizada por Bianca Darski Silva, nas margens do rio Madeira, durante seu mestrado acadêmico. Bianca, que hoje atua no Núcleo de Popularização da Ciência, Tecnologia e Inovação do Instituto Mamirauá, esteve presente nas oficinas realizadas na comunidade Ingá e Sítio Fortaleza, ambas no município de Uarini, e na Aldeia Boará, município de Tefé.

“Nas oficinas, fizemos uma roda de leitura com as crianças. Elas tiveram a oportunidade de usar alguns instrumentos de trabalho dos cientistas, como binóculos e um livro de identificação de espécies, em uma atividade de observação de aves na comunidade. Os binóculos foram um sucesso!”, disse Bianca. Leia mais sobre o processo de criação e aplicação de materiais de divulgação científica focados na Amazônia neste artigo da Revista Aretè – Revista Amazônica de Ensino de Ciências.

‘A água que bebemos no Médio Solimões’ é uma das histórias do almanaque que retrata a pesquisa realizada por Milena Barbosa, colaboradora do Instituto Mamirauá no Grupo de Pesquisa em Inovação, Desenvolvimento e Adaptação de Tecnologias Sustentáveis pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica/CNPq. 

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 Foto: Miguel Monteiro

Milena é cientista, natural de Tefé, e atua na área de saneamento básico, tratamento de água e história ambiental na região central da Amazônia. Na história em quadrinhos, Milena explica para uma família como é realizada a análise de qualidade da água e como o uso de métodos caseiros pode manter a água limpa. Milena também reforça a importância de todos os cidadãos cobrarem por políticas públicas de saneamento que garantam o acesso à água potável por todas as pessoas.

Ciência e cientistas estão em todos os lugares, e o futuro da pesquisa da Amazônia está no conhecimento e na curiosidade das futuras gerações, afirmam os autores.

Foto: Miguel Monteiro.

Acessibilidade do almanaque

Os dois volumes do almanaque são acessíveis em audiodescrição para facilitar a compreensão das histórias em quadrinhos. A audiodescrição (AD) é uma tecnologia assistiva que consiste na tradução de imagens em palavras, permitindo a inclusão de pessoas com deficiência visual e também de outros públicos, como pessoas com deficiência intelectual, idosos e disléxicos.

Sobre o projeto

A segunda edição do Almanaque Tem Cientista Aqui! é uma publicação do Instituto Mamirauá, organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, em parceria com a Rede Conexões Amazônicas. As histórias em quadrinhos foram inspiradas em artigos de divulgação científica publicados pela Rede Conexões Amazônicas. 

A produção e distribuição do almanaque foram realizadas com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM, SEDECTI e do Governo do Estado do Amazonas por meio do Edital n°004/2023 – Programa de Apoio à Popularização da Ciência, Tecnologia e Inovação (POP C,T&I), no contexto do projeto Conexões Educativas no Médio Solimões – 2ª Edição. 

*Com informações do Instituto Mamirauá

Alquimia, felicidade e leis que valem para tudo

Por Julio Sampaio de Andrade – juliosampaio@consultoriaresultado.com.br

“Nada pode ser obtido sem sacrifício. Para se obter algo, é preciso oferecer uma outra coisa em troca e de igual valor”.  Aprendi com um cliente que este é um princípio básico da alquimia, a Lei da Troca Equivalente. No atingimento de metas que exigem muita dedicação, oferecemos nosso esforço e tempo em troca do que almejamos. Metas importantes, exigem em troca, um esforço equivalente. Pessoalmente, não gosto da palavra sacrifício e opto pelo esforço.

 Confesso que tenho dificuldade em compreender a aplicação do princípio no caso da transformação de um metal grosseiro em ouro, pois onde estaria a equivalência de valor? Talvez isso invalide a própria alquimia, não a lei. O mais importante, porém, é perceber como o princípio é verdadeiro e o quanto ele se relaciona com outras leis universais.

Um destes princípios é o de causa e efeito. Ele se aplica claramente no universo, na natureza e nas nossas vidas. Não há como colher o que não plantamos e parece óbvio quando dizemos isso. No entanto, no dia a dia, muitas vezes, podemos ser levados a acreditar em sorte ou azar, classificando como acaso, o que não conseguimos explicar, não por que não exista uma causa, mas por desconhecê-la.

Aplicado à felicidade, o enunciado mais direto seria algo como: se queremos ser felizes, é preciso plantar felicidade. Nenhuma das leis de Newton é mais clara e mais verdadeira do que este princípio. Não por acaso, centenas de estudos da psicologia positiva demonstram que o altruísmo é um dos principais exercícios de felicidade. Aliás, isto já era apontado pela filosofia e pela maioria das milenares religiões.

Uma outra prática que todos os estudos relacionam com a felicidade nos leva ao que podemos considerar um outro princípio, a gratidão. Ela é tão poderosa que é impossível ser feliz sem ser grato. A criação de um modelo mental positivo é essencial para percebemos com profundidade o que recebemos. Esta percepção, que depende da nossa maneira de pensar e de enxergar o mundo, representa, porém, apenas o primeiro passo. A gratidão, como sentimento, só se completa quando se transforma em ação.

Trazendo para a vida prática, do que adianta eu me sentir muito grato a alguém, se eu não manifestar isto de uma maneira concreta, por ações que equivalham a este sentimento? Materializo a minha gratidão, por exemplo, quando aproveito as oportunidades para ser útil a esta pessoa. Se sou grato ao universo, posso aproveitar as oportunidades de ser útil ao universo, ou seja, às outras pessoas e à natureza. Está aí em ação a Lei da Troca Equivalente.

Nas relações entre casais, entre pais e filhos, entre amigos, entre patrões e empregados, entre clientes e fornecedores, esta lei deve ser respeitada. Poderíamos apelidá-la de Lei da Reciprocidade. Se não houver equivalência de valor, ou seja, reciprocidade plena, esta relação não será saudável e sustentável. Logo, surgirão desinteresses ou conflitos. Isto atende a um outro princípio, o da Ordem e da Harmonia, ensinado pelo filósofo Mokiti Okada. Para ele, a desarmonia é o que, olhado por uma prisma maior, será a própria forma de reestabelecer a harmonia.

São princípios e leis que podem parecer simples ou complexos. Eles não transformam ferro em ouro, mas se aplicam a todos os setores, e, uma vez considerados, constroem algo muito mais valioso, a felicidade.

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Conhecido como o ‘ouro da Amazônia’, camu-camu é aposta para indústria alimentícia

Foto: Taciana de Carvalho Coutinho

Comercializado na forma de produto alimentício há décadas no Peru, o camu-camu, conhecido como o ‘ouro da Amazônia‘ por sua riqueza em nutrientes, esbarra em uma série de entraves em sua cadeia produtiva para conquistar o comércio brasileiro. Embora ainda desconhecida no Brasil, um dos mais ricos em vitamina C do mundo, com 100 vezes mais que o limão e vinte mais que a acerola, o fruto nativo da região da Amazônia tem potencial para seguir os caminhos comerciais de outros tantos produtos naturais amazônicos difundidos pelo país, como açaí e castanha.

Para acelerar o processo de comercialização do camu-camu, a Idesam, desenvolveu no estado de Roraima uma consultoria sobre a cadeia produtiva para identificar as principais dificuldades dos produtores e comerciantes para trabalhar com o fruto que nasce na beira dos rios da região. O objetivo foi procurar soluções para pavimentar logísticas que possam viabilizar o seu comércio para mercados locais, nacionais e internacionais.

“Embora parte da região em que o fruto é natural não possua energia elétrica, existe uma série de oportunidades para estruturar seu transporte, refrigeração e produção. Entre elas estão trazer às proximidades indústrias de pó, liofilizados ou spray drive, além da utilização de um pequeno barco apto a navegar na margem desses rios estreitos equipado com painéis solares para a coleta e processamento do fruto em polpa – nos moldes do que é feito com o açaí, uma das referências sugeridas por esse estudo”, destaca Jane Gaspar, engenheira de desenvolvimento da Fundação CERTI, parceira do estudo.  

Foto: Taciana de Carvalho Coutinho

A região de Roraima em que o fruto é natural, como boa parte da região às margens do Rio Amazonas, sofre bastante com o desmatamento, o que impacta na estiagem nos locais onde ele aflora após ficar por cerca de três meses submerso. “O plantio em terra firme nesse sentido pode ser uma boa alternativa também para o reflorestamento, bem como a utilização de tecnologias como as do drone que pode mapear as regiões e o período das cheias” aponta Jane Gaspar.

Abundante na região da Amazônia, o camu-camu é uma espécie silvestre arredondada e pequena, de coloração vermelha arroxeada, e sua árvore pode atingir de um a quatro metros de altura.  Da mesma família que a jabuticaba, a fruta é uma excelente fonte de antioxidantes que ajudam a retardar o envelhecimento – combatendo a radicais livres.

O estudo e diagnóstico dos principais gargalos e oportunidades da cadeia produtiva do camu-camu em Roraima realizado pelo Idesam em parceria com a Fundação CERTI contou com a contribuição de profissionais e especialistas da Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento e Inovação (SEADI); do projeto Partnerships for Forests (P4F); da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); e o Sebrae de Roraima. 

O comércio

Azeda e adstringente,  a fruta  é mais consumida de forma processada e mesmo congelada preserva suas propriedades nutricionais. Residente da cidade de Bonfim, às margens do rio Tacutu, na fronteira brasileira com a Guiana, Aldenira Costa Maia, presidente da Associação de Moradores e Agricultores da área devoluta do Complexo Caju (AMAADCC), trabalha com o fruto há cerca de um ano.

Aldenira experimentou a fruta em 2019 em Caroebe, no sul do estado, e hoje integra uma espécie de cooperativa em sua cidade dedicada à produção de alimentos à base de camu-camu.

Foto: Taciana de Carvalho Coutinho

Antes de levar a venda o fruto, o grupo de 40 sócios que Aldenira Costa Maia faz parte, congela a polpa, retira a casca e separa as sementes, para vender na forma verde e mais arroxeada, madura. Dentro da associação que ela preside, 10 famílias já plantam o camu-camu. “Na minha região tem pouco, mas a Embrapa nos ajuda com as mudas.  Leva um ano e meio entre plantar e colher o fruto. Uma das nossas dificuldades é melhorar os nossos produtos, o beneficiamento da produção. No plantio um dos fatores que mais nos dificulta é a irrigação, por ser um fruto de rio”, destaca.  

Para Aldenira Costa Maia, o estudo realizado pelo Idesam e pela Fundação CERTI, serve como incentivo para a produção e gera uma expectativa de que futuramente venha ser um produto industrializado e que possa ser mais bem aproveitado. “Eu vejo como um grande passo esse  diagnóstico sobre a cadeia produtiva, porque é um produto nosso, mas que é desconhecido para a maioria das pessoas. E ele precisa ser atrativo para o mercado para ter um retorno positivo. Não pode se perder no lavrado”, complementa.

Na indústria alimentícia a fruta pode ser ainda processada na forma de sorvetes, licores, compotas e outras variedades.   No entanto, além de todos os entraves da cadeia produtiva, o ‘ouro do amazonas’, também conhecido como caçari ou araçá d’água, necessita de uma regulamentação da Anvisa e do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), para garantir a qualificação do produto para ser amplamente comercializado, tanto ao mercado nacional como internacional. “As normas de qualidade são necessárias para avançarmos na comercialização. Procedência, volume e frequência são questões que acabam esbarrando em não ter uma cadeia produtiva, sistemática e confiável”, finaliza Jane Gaspar. 

Camu-camu para exportação

Atualmente o Peru é um dos poucos e o principal exportador da fruta, atingindo o recorde histórico de 5 milhões de dólares em exportações em 2020. As exportações foram destinadas a cinco mercados: os Estados Unidos (47%), União Europeia (17%), Japão (8%), Canadá (7%) e Austrália (7%). 

Apesar dos resultados positivos alcançados pelo Peru no primeiro trimestre de 2023, as empresas exportadoras enfrentam dificuldades em atender às demandas do mercado internacional de forma sustentável ao longo do tempo. 

A crescente popularidade internacional do camu-camu, representa uma chance de expansão que poderia ser mais intensamente aproveitada pelo Brasil. Este cenário sugere um amplo campo de oportunidades para os produtores e indústrias brasileiras se inserirem nesse mercado em crescimento.

Invasores colocam fogo em terra indígena mais desmatada do país para manter pastos ilegais

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Dez meses após uma megaoperação para retirar ocupantes irregulares e milhares de bois da terra indígena Apyterewa, no sul do Pará, o fogo voltou a queimar no território dos Parakanã. Os focos se concentram em áreas de pasto e segundo especialistas ouvidos pela reportagem são um indício do retorno de invasores. 

Desde o início do mês, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 82 focos de calor na região, colocando a Apyterewa em 15ª lugar no ranking das terras indígenas que mais queimaram em agosto no país, e em 3º no Pará.  

“Estamos com medo. Eles [invasores] estão entrando de novo, entram pelos ramais e vão queimando tudo”, conta Xokarowara Parakanã, cacique da aldeia Kanaã, ao se referir as estradas abertas dentro da TI pelos ocupantes irregulares. 

A queimada do pasto é uma maneira de manter a área pronta para o gado. Esse processo revela, segundo fontes ouvidas pela Repórter Brasil, uma expectativa de retorno da pecuária ilegal no território indígena. Cerca de 60 mil bois pastando irregularmente na área foram removidos desde o início da operação, em outubro do ano passado. 

“Por que colocar fogo no pasto? É preciso manter essa área por mais dois, três anos, até conseguir ‘pular’ para dentro de novo. Era muito barato arrendar pasto ali dentro e a operação quebrou esse grande esquema econômico ilegal”, explicou uma fonte ligada à desintrusão. 

O fogo também atingiu plantações de cacau. De acordo com os indígenas, isso seria uma forma de impedir o acesso dos Parakanã às lavouras que ficaram para trás após a retirada dos ocupantes irregulares. Em julho, eles denunciaram um ataque de pistoleiros enquanto coletavam o cacau em uma antiga fazenda ilegal. Após o episódio, a Associação Tato’a, que representa os indígenas, solicitou uma reunião de emergência em Brasília – realizada na última semana.

Terras indígenas que mais queimaram em agosto

Focos de calor detectados em TIs entre 1 e 21 de agosto de 2024

Fonte: Instituto de Pesquisas Espaciais

Para entrar na terra indígena, os invasores atravessam estradas clandestinas de moto e chegam a construir ‘buchas’, pontes temporárias feitas de terra. Até o momento, não há estruturas consolidadas de moradia ou de suporte para os bois, como cercas e currais. “É ainda um cenário de disputa de domínio pelo território”, avalia outra fonte. 

Em Brasília, os indígenas pediram reforço no policiamento do território – que hoje conta com três bases de proteção operadas pela Fundação de Povos Indígenas (Funai). Com isso, esperam ampliar sua presença na Apyterewa com mais ações de fiscalização e a construção de novas aldeias no limite da terra indígena. 

A Funai afirmou que tem uma ‘permanente interlocução’ com os Parakanã. O órgão indigenista mantém equipes de monitoramento em campo com apoio da Força Nacional e do Ibama, na fase de ‘pós-desintrusão’. Essas ações “contemplam medidas como a retirada do gado remanescente e o desfazimento de acessos clandestinos”, disse em nota enviada à Repórter Brasil. Leia a íntegra da resposta.

A reportagem também procurou o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), que avaliou que a operação teve um ‘um sucesso significativo’.

Entre as medidas para coibir novas invasões, destacou a implementação de um Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) e “o monitoramento com a presença constante e permanente de órgãos federais e estaduais como Força Nacional, Ibama, Funai, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e órgãos de segurança do Estado”. 

Operação de guerra

A Apyterewa é reconhecida como território indígena desde 1982, mas só foi homologada trinta anos depois, em 2007. Cerca de 1300 indígenas vivem ali, segundo o último censo do IBGE. 

Não é de hoje que os Parakanã pedem a retirada dos invasores de seu território, que se consolidou como o mais desmatado do país. Mas a situação se agravou nos últimos anos. 

O avanço da pecuária e, mais recentemente, das plantações de cacau, destruíram cerca de 100 mil dos 773 mil hectares da terra indígena. Investigações da Repórter Brasil revelaram que os bois chegaram a abastecer os frigoríficos da JBS. Na época da publicação da reportagem, a empresa disse que bloqueou as fazendas localizadas no interior da Apyterewa.

A operação de desintrusão teve início em outubro de 2023 após determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) e foi concluída em fevereiro deste ano. Além dos bois, cerca de duas mil pessoas tiveram que sair da Apyterewa. 

Os ocupantes irregulares se concentravam em uma vila, vizinha a uma das bases da Funai, destruída durante a operação de retirada (Foto: Fernando Martinho

Os invasores se concentravam na região conhecida como Vila Renascer, vizinha a uma das bases da Funai. A localidade surgiu em 2016, mas cresceu durante o governo de Bolsonaro impulsionada pelo discurso anti-indígena. A vila chegou a ter postos de gasolina, hotéis e até rede de energia fornecida pela empresa Equatorial, concessionária de energia elétrica do Pará.

A Repórter Brasil acompanhou o começo da operação, marcada por momentos de tensão em campo e nos gabinetes de Brasília. Políticos bolsonaristas e também aliados do governador Helder Barbalho (MDB), apoiador do presidente Lula (PT), pressionaram para que a operação fosse abortada. Em meio à pressão contra a retomada, a Força Nacional matou um dos invasores com um tiro de fuzil.

‘Processo contínuo’

Depois de meses de tensão, os moradores irregulares foram retirados. Em janeiro o desmatamento chegou a zero: ‘foi uma conquista’, lembra o cacique Xokarowara Parakanã.  

Em março, uma comitiva do governo federal foi até a terra indígena e celebrou o fim da operação com a ‘entrega simbólica’ do território para os Parakanã. Mas o sossego dos indígenas durou pouco. Para pessoas ligadas à operação, a nova ofensiva não é obra de recém-chegados na região: “não vejo como uma reinvasão, é um processo contínuo”. 

Feitosa avalia que existe um movimento coordenado que alimenta as novas invasões. “O fogo não nasce do nada, tem que ter um investimento, uma inteligência por trás”, pondera. Questionada pela reportagem, a Funai ressaltou que “as invasões em terras indígenas são caracterizadas por um elevado grau de reincidência”. 

“Deste modo, é fundamental a adoção de medidas dissuasórias, sendo de extrema importância seguir com as medidas de responsabilização dos não indígenas envolvidos em ocorrências ilícitas na área”, diz o texto.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Repórter Brasil, escrito por Isabel Harari e com edição de Paula Bianchi