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Queimadas: Acre decreta emergência em saúde pública

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O governo do Acre decretou emergência em saúde pública por causa do fortalecimento da seca, do volume crescente de incêndios em áreas rurais e urbanas e a ‘vulnerabilidade da população ao consumo de água imprópria’.

O decreto de emergência foi publicado pela Secretaria de Saúde no último dia 20 de agosto. Mais de 1,7 mil focos de queimadas já foram registrados no estado até o dia 29 de agosto, de acordo com o monitoramento por satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

De acordo com a Secretaria de Saúde do Acre, o novo decreto deve permitir que o governo adote medidas para combater a situação de maneira mais ágil.

Conforme o Inpe, entre o dia 1º e o dia 29 foram registrados 1.767 focos, número 27% maior do que os 31 dias do mesmo mês no ano passado.

Ainda segundo o levantamento, o município de Feijó se mantém como o que mais registrou incêndios, com 444 focos, cerca de 25% do total. O município que tem população de pouco mais de 32 mil pessoas também lidera no ranking diário, com 59 focos entre o dia 29 e esta sexta-feira (30).

Qualidade do ar

Com intuito de reduzir o número de queimadas, focos de incêndio e desmatamento no Acre, o governo lançou a Operação Sine Ignis (Sem Fogo) no dia 29 de agosto. As ações são coordenadas pela Casa Civil, Defesa Civil e pela Secretaria do Meio Ambiente.

“[O que] vamos fazer nesse momento é intensificar já o que vem sendo feito. Estamos agora mesmo em Cruzeiro do Sul capacitando mais policiais, policiais militares, para operar com drones nessas áreas e vamos focar nas áreas mais críticas. Acho que cabe ressaltar que temos informações do Estado todo”, destacou o tenente-coronel da Polícia Militar, Kleison Albuquerque.

O lançamento da operação ocorreu no Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer). Além da Casa Civil, a Defesa Civil e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), as ações são desenvolvidas também pelo Instituto do Meio Ambiente do Acre (Imac), o Grupo Especial de Fronteira (Gefron), o Cento Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Batalhão de Policiamento Ambiental (BPA).

Várias autoridades participaram do lançamento da operação. Foto: Neto Lucena/Secom AC

“Esse trabalho é contínuo, é importante a gente colocar que desde o começo do ano esse trabalho não para, é permanente, que hoje está sendo lançado essa operação para intensificar nesse período mais crítico. Os dados que o Sigma nos fornece para essas operações são dados mapeados, identificados e tem um histórico”, salientou a secretária adjunta de Meio Ambiente, Renata Souza.

O chefe da divisão técnica do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Sebastião Santos, fez um alerta para a importância da responsabilização de quem faz queimadas e afirma que haverá consequências pra quem pratica esse tipo de crime.

“Existem os procedimentos legais que aplicam-se as penalidades para quem comete o desmatamento no ato da fiscalização e aqueles em que são identificados, que vêm cometendo rotineiramente os delitos. Eles são considerados reincidentes e a legislação estabelece penas maiores para essas pessoas que são reincidentes. Então, a pena não pode ser dobrada ou triplicada”, disse.

A análise histórica dos dados também mostram que o alcance e a destruição provocadas por estes focos também preocupam. De acordo com um levantamento do projeto Acre Queimadas, que envolve diversos órgãos ambientais e pesquisadores, 2022 foi o segundo ano com maior área queimada mapeada desde 2005, quando foi registrado o ano mais crítico no estado.

*Com informações da Rede Amazônica AC

Elaboração do Programa de Saneamento Indígena conta com parcerias nacionais

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Pesquisadores do grupo Políticas Públicas e Direitos Humanos em Saúde e Saneamento (PPDH) da Fiocruz Minas estão contribuindo para a elaboração do Programa Nacional de Saneamento Indígena. Por meio de reuniões quinzenais, o grupo oferece assessoria para a equipe técnica da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), órgão do Ministério da Saúde responsável pela criação do programa, ajudando no desenvolvimento da metodologia.

O grupo também trabalha em dois projetos de pesquisa, ambos financiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que vão trazer contribuições diante do desafio de se formular um programa específico para o saneamento indígena.

Um dos trabalhos, intitulado ‘O estado da arte do saneamento indígena no Brasil: iniciativas institucionais e experiências de intervenção’, tem por objetivo fazer um mapeamento de ações já realizadas, de forma a recuperar as formulações, reflexões e avaliações existentes. Tendo como marco temporal a Constituição de 1988, quando se inicia a garantia de alguns direitos indígenas, como a demarcação de terras, a pesquisa inclui o levantamento de ações executadas por órgãos competentes e, também, de estudos que se referem ao tema.

Para conhecer o estado da arte, os pesquisadores estão atuando em duas frentes de trabalho: revisão de literatura e elaboração de uma linha do tempo.

A revisão inclui estudos publicados e, também, aqueles que constituem a chamada ‘literatura cinzenta’, abrangendo trabalhos não indexados, como, por exemplo, relatórios. Já a linha do tempo está sendo construída com base em análise documental e em depoimentos de pessoas que tiveram protagonismo em questões relacionadas ao saneamento indígena, como profissionais de órgãos públicos, lideranças indígenas, entre outras. As entrevistas já começaram a ser feitas e revelam questões importantes.

“Aparecem nos depoimentos as tensões institucionais, as relações conflituosas, a ausência de servidores em órgãos públicos envolvidos com o tema e a consequente rotatividade de profissionais, a descontinuidade das ações e de sistemas de informação, entre outros aspectos que mostram um legado sendo ignorado”, afirma o pesquisador do PPDH, Bernardo Aleixo, que é coordenador adjunto dos estudos em saneamento indígena. Iniciada em fevereiro deste ano, a previsão é que a pesquisa seja concluída em meados do ano que vem.

Avaliabilidade

O outro projeto do grupo é um estudo de avaliabilidade (EA), que visa verificar se as ações desenvolvidas e em desenvolvimento no campo do saneamento indígena poderão ser avaliadas futuramente. “Um programa, para ser avaliado, precisa ter um modelo que permita essa avaliação. É necessário que ele gere dados mensuráveis, possibilitando averiguar se está cumprindo os objetivos a que se propõe”, explica Aleixo.

Como o Programa de Saneamento Indígena ainda está em desenvolvimento, mais que verificar a avaliabilidade das atuais ações, o estudo do PPDH também propõe adequações ao modelo que está sendo desenhado, além de fornecer informações a serem usadas na avaliação. A ideia é que, ao ser concluído, o EA apresente uma descrição completa do programa, contendo críticas e avaliações, de forma a contribuir para a formulação de um programa coerente e lógico.

Tendo em vista a importância das questões culturais, ambos os projetos contam com a participação de dois bolsistas de Iniciação Científica indígenas. Um deles é Adreano Pinheiro dos Santos, da etnia pataxó na Terra Indígena Fazenda Guarani, no município de Carmésia (MG), que estuda engenharia ambiental na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Segundo Santos, é muito gratificante fazer parte desses projetos da Fiocruz, pelo nome que a instituição carrega, e por contribuir a comunidade pataxó.

“É uma honra para mim como indígena levar esse projeto para nossas comunidades. Sempre me preocupei muito com a questão do saneamento na minha aldeia e em outras que sofrem com o mesmo problema e acredito que essas pesquisas vão ajudar bastante”, diz.

O outro bolsista é Wanilson Honorato Cruz, da comunidade tikuna, da aldeia Umariaçu II, no município de Tabatinga, na região do Alto Solimões (AM), estudante de Ciências Sociais, na UFMG, que destaca sua satisfação em participar dos projetos. “Nunca tinha pensado em trabalhar com saneamento e estou gostando muito. Minha comunidade tem muitos problemas com saneamento, água e lixo e espero poder contribuir”, afirma.

Saúde mental

Além dos estudos voltados para o saneamento, outro importante trabalho do PPDH com povos indígenas tem como foco a saúde mental. Ainda em fase inicial, o projeto, coordenado pela pesquisadora Celina Modena, visa investigar o bem-viver e a atenção psicossocial na comunidade indígena xakriabá, que reúne uma população de cerca de 12 mil indígenas, distribuídos em 35 aldeias, no município de São João das Missões (MG).

“Para essa investigação, vamos trabalhar com dados da Sesai, por meio do Distrito Sanitário Indígena Especial Indígena, e também com as demandas apontadas pelos representantes da comunidade, que indicam como prioridade a atenção ao elevado índice de sofrimento mental, principalmente entre os jovens”, explica a coordenadora.

Conforme o projeto, a investigação será conduzida em quatro etapas realizadas simultaneamente: levantamento de indicadores de vigilância epidemiológica em saúde mental e de acesso e utilização dos serviços da Rede de Atenção Psicossocial da população indígena xakriabá; identificação de necessidades e soluções em saúde mental sentidas pela população; diagnóstico das redes de serviços da Atenção Psicossocial, da Rede de Atenção à Saúde Mental e Atenção Psicossocial e da proteção social; e construção coletiva de ações comunitárias voltadas à promoção do bem-viver e da atenção psicossocial.

Todas as etapas do estudo serão desenvolvidas em diálogo com a população indígena xakriabá, levando em consideração suas práticas próprias de cuidado e/ou autoatenção e respeitando suas organizações sociais e culturais. Além da coordenadora Celina Modena, a equipe de pesquisa multidisciplinar conta com o filósofo e psicólogo Alberto Mesaque Martins; com a antropóloga Bianca Retes Carvalho; e com três acadêmicas pertencentes à comunidade xakriabá: Adriana Santiago Oliveira (Drika Xakriabá); Artemisa Barbosa Ribeiro (Artemisa Xakriabá); e Jucyrema Gonçalves de Araújo (Jucyrema Xakriabá). Entre as três pesquisadoras indígenas, um desejo em comum: contribuir para a compreensão do sofrimento mental entre os povos indígenas e para a construção de ações voltadas ao bem-viver nas aldeias.

“Há algum tempo, temos percebido que o índice de suicídio e de casos de depressão entre os indígenas é bastante alto. São temas sensíveis, que precisam ser olhados. E eu, desde que entrei para a universidade, sempre quis dar um retorno para o meu povo, ajudando a compreender o que acontece na aldeia”, destaca Artemisa Xakriabá, da aldeia Barreiro Preto, que cursa o 9º período de psicologia.

Para a psicóloga Drika Xakriabá, da aldeia Imbaúba, o estudo é uma oportunidade para contribuir e ampliar o conhecimento sobre temas importantes que afetam as aldeias. “Pesquiso suicídio indígena desde a minha graduação. É um tema cada vez mais importante, pois o número de casos tem crescido. Estou com grande expectativa para este projeto e creio que será uma oportunidade para contribuir com as comunidades indígenas”, disse.

A psicóloga Jucyrema Xakriabá, da aldeia Brejo Mata Fome, também pesquisa atenção psicossocial entre os indígenas desde que entrou para a universidade. Para ela, o estudo que está começando agora é muito mais do que um projeto de pesquisa científica. “Para mim, é um projeto de vida. Toda a minha trajetória acadêmica é voltada para esse tema. Sou uma mulher indígena que faz pesquisa; é diferente de quando você é um agente externo. Durante muito tempo, nós, indígenas, fomos objeto de pesquisa, mas, agora, a gente também pode contribuir. Tem a contribuição acadêmica, mas também tem a contribuição por fazer parte desse povo”, destacou.

“Ouro de Tocantins”: você sabia que o capim dourado não é um capim? 

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O capim dourado (Syngonanthus nitens) é uma espécie de sempre-viva, planta bastante utilizada no artesanato, e remonta à técnica empregada pelos indígenas Xerente. Mas você sabia que o capim dourado não é um capim?

Os famosos fios de ouro, conhecidos como capim dourado, não fazem parte da família das gramíneas. Na verdade, trata-se da haste (parte de um vegetal que estão presas as flores) de uma pequena flor branca da família das sempre-vivas, nome popular de várias espécies de plantas que após colhidas e secas conseguem resistir consideravelmente ao tempo sem se estragar ou perder sua cor.

Foto: Esequias Araújo/Governo do Tocantins

O governo do Estado do Tocantins criou regras para o uso sustentável do capim-dourado. A Portaria 092/2005, reeditada como Portaria 362/2007 tem como objetivo evitar a extinção da espécie, que pode ser colhida somente em determinada época do ano e com autorização do Instituto de Natureza do Tocantins (Naturatins). 

Confira algumas regras:

  • As hastes só podem ser colhidas após a maturação das sementes, ou seja, somente a partir do dia 20 de setembro.
  • Os frutos devem ser cortados e dispersos no solo logo após a colheita.
  • As hastes de capim dourado não podem sair da região in natura, apenas em forma de artesanato.

O capim dourado é matéria-prima para a confecção de bolsas, bijuterias e objetos de decoração, que são nacionalmente conhecidos e valorizados. A arte de transformar as hastes em artesanato é uma herança dos indígenas Xerente.

Os utensílios fabricados por eles eram utilizados em casa ou trocados por outros produtos. Atualmente, a produção de tais peças artesanais é a principal fonte de renda de centenas de famílias.

Foto: Divulgação/Secom TO

Festa da Colheita 

A festa da colheita é uma realização da Associação dos Artesãos do Povoado Mumbuca e conta com o apoio do Governo de Tocantins, por meio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Turismo e Cultura (Seden). O evento acontece anualmente, sempre após a segunda quinzena do mês de setembro e segue até novembro, que marca o início do período liberado pelos órgãos de fiscalização para a coleta da planta típica. 

Foto: Adilvan Nogueira/Governo do Tocantins

As festividades acontecem na comunidade Mumbuca, em Mateiros, fortalecendo a resistência e formação da identidade cultural do povo local.

Durante o período festivo, são desenvolvidas atividades que visam a valorização cultural e a econômica das comunidades envolvidas no plantio, como palestras, degustação de comidas típicas, visita à pontos turísticos, vendas de produtos da agricultura familiar, shows e comercialização de artesanatos produzidos com o capim dourado.

Marinha disponibiliza atualização da sondagem no Rio Madeira

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Em continuidade ao Plano de Ação conduzido para o período de seca na Amazônia Ocidental, a Marinha do Brasil, por meio do Comando do 9º Distrito Naval, disponibilizou para a comunidade marítima e fluviária da região os dados atualizados da sondagem realizada pelo Aviso Hidroceanográfico (AvHoFlu) ‘Rio Solimões’ em trechos críticos do Rio Madeira.

Os dados de sondagem foram analisados pelo Centro de Navegação e Hidrografia do Noroeste (CHN-9) e são o resultado do levantamento hidrográfico que o AvHoFlu ‘Rio Solimões’ está realizando no rio Madeira desde o dia 3 de julho.

Foto: Divulgação/ Marinha do Brasil

O objetivo da sondagem, que continua até o dia 20 de setembro, é estabelecer uma rota segura para as embarcações que trafegam durante o período da seca no Rio Madeira. Adicionalmente, a Capitania Fluvial de Porto Velho mantém acompanhamento do nível do Rio Madeira e emite portarias com as necessárias restrições de navegação.

Para minimizar os impactos da seca neste ano, o Comando do 9 Distrito Naval elaborou o Plano de Ação para a seca 2024 que contém medidas para que os seus navios, lanchas e aeronaves estejam preparados logisticamente e operacionalmente para atuarem nos pontos críticos à segurança da navegação da Amazônia Ocidental.

O plano também prevê o emprego das Capitanias e Agências na mitigação dos impactos da seca, incrementando as ações de presença e o acompanhamento da situação dos rios e lagos. Caso necessário, também serão empregados os meios no combate aos incêndios florestais ou no transporte emergencial de alimentos e materiais.

*Com informações da Marinha do Brasil

Queimadas: Amazonas registra pior mês de agosto dos últimos 26 anos

Com mais de 10 mil queimadas, Amazonas tem pior mês de agosto dos últimos 26 anos. Foto: Divulgação/Ibama

O Amazonas tem o pior agosto em relação a queimadas dos últimos 26 anos. Os dados são do programa BD Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e levam em consideração o monitoramento feito desde 1998, quando o órgão começou a série histórica.

Parte do Amazonas está encoberto por uma mancha de fogo de quase 500 quilômetros de extensão, conforme captado pelo satélite europeu Corpenicus. O problema também afeta o Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e agora o Pará, formando um verdadeiro ‘cinturão do fogo’.

Leia também: Imagens de satélite revelam mancha de fogo com mais de 500 km de extensão na Amazônia

O governo decretou emergência ambiental em todos os 62 municípios do estado e proibiu qualquer tipo de queimada. O fogo criou uma nova onda de fumaça que encobre Manaus e outros municípios amazonenses.

Segundo o Inpe, de 1º a 31 de agosto, o Amazonas registrou 10.328 queimadas, o maior índice desde 1998, quando o instituto começou a monitorar os focos de calor na região. Até então, o recorde era de agosto de 2021, quando o estado havia registrado 8,5 mil focos de calor.

O número de queimadas em agosto deste ano é quase o dobro do registrado em agosto do ano passado: 5.474. O problema que já era grave em 2023, está pior este ano.

Em julho, o estado também já havia registrado o pior índice da história para o mês.

🔥Número de queimadas no Amazonas de 1º a 31 de agosto de 2024: 10.328 (⬆️ 88% em relação a 2023)
🔥Número de queimadas no Amazonas de 1º a 31 de agosto de 2023: 5.474.

Dos dez municípios que mais queimaram a Amazônia Legal em agosto, três estão no Amazonas: Apuí, Lábrea e Novo Aripuanã. Os três, inclusive, estão localizados no Sul do estado, chamado de ‘arco do fogo’, devido a forte presença da pecuária na região.

Apuí está na quarta posição da lista com 2.267 queimadas. Lábrea vem logo atrás com 1.959 focos de calor e Novo Aripuanã fecha o ranking com 1.208. A lista traz ainda municípios do Pará, Rondônia e Mato Grosso do Sul.

Além disso, o Amazonas vive uma seca severa. Dados da Defesa Civil do estado apontam que o Rio Negro, rio que banha Manaus, chegou a 19 metros neste domingo (1º). A seca é crítica em quase todos os mananciais do estado. Em Tabatinga, na Região do Alto Solimões, o Rio Solimões está com o nível mais baixo da história.

Mancha de fogo avança

Mancha de fogo encobre parte da Amazônia e países da América do Sul. Foto: Reprodução/Windy

Uma mancha de fogo com mais 500 quilômetros de extensão e mais de 400 quilômetros de largura tem avançado sobre a Amazônia, conforme captado pelo satélite europeu Copernicus. O fenômeno cobre pelo menos seis estados da Amazônia Legal, dentre eles, o Amazonas.

Neste domingo (1º), a mancha de fogo reduziu o avanço sobre o Amazonas. Em compensação, o fenômeno começou a se estender sobre o Pará e avança sobre o Peru, Equador e a Colômbia.

Leonardo Vergasta, meteorologista do Laboratório do Clima (Labclim) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), explicou que a mancha indica uma alta concentração de dióxido de carbono na atmosfera, resultado das queimadas que produzem essa fumaça.

Vergasta também destacou que a falta de chuva intensifica o problema. “Regiões como Mato Grosso e Rondônia estão há mais de 90 dias sem chuva, enquanto o Sul do Amazonas e o Acre enfrentam uma seca de 7 a 21 dias. A ausência de chuva e as altas temperaturas durante a estação seca tornam a vegetação extremamente vulnerável às queimadas provocadas pela ação humana”, explicou.

Fumaça de volta

Fumaça voltou a encobrir Manaus. Foto: Reprodução/Rede Amazônica

O avanço das queimadas no Amazonas fez com que Manaus vivesse, mais uma vez, uma “onda” de fumaça na semana passada. Essa, inclusive, foi a segunda vez que o fenômeno atingiu a cidade só este ano.

O problema voltou na segunda-feira (26). Já na terça (27), o fenômeno tomou conta da cidade por completo, resultando em baixa qualidade do ar na maioria das zonas da capital, de acordo com o Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva). A situação também afeta o interior do estado.

Na ocasião, segundo a Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas (Sema), uma frente de massa de ar vinda do sudoeste do Brasil chegou a Manaus trazendo material particulado das queimadas no sul do Amazonas, de estados vizinhos e, também, de áreas da Bolívia.

Conforme o Selva, para ser considerado de boa qualidade, o ar precisa medir entre 0 e 25 μm/m³ (micrómetro por metro cúbico de AR).

No entanto, bairros da Região Sul de Manaus chegaram a registar 171.6 µg/m³. Já na região da Praia da Ponta Negra, um dos principais pontos turísticos da capital, o índice chegou em 196.4 µg/m³. Em quase todos os pontos da capital, o nível do ar era considerado péssimo ou muito ruim. Muitas pessoas voltaram a usar máscaras de proteção nas ruas.

Fogo é causado por pecuaristas, diz Ibama

Segundo o geógrafo e superintendente do Ibama no Amazonas, Joel Araújo, as queimadas que atingem o Amazonas e que geram a onda de fumaça são causadas por pecuaristas.

“A fumaça sobe a partir das queimadas para formação de pasto na pecuária e são deslocadas para as regiões urbanizadas por massas de ar que são um fenômeno normal na climatologia amazônica”, disse Joel.

Ao Grupo Rede Amazônica, o dirigente também disse que a entidade trabalha para combater o problema. No entanto, o Ibama tem apenas 121 brigadistas para atender toda a região do Amazonas.

A reportagem questionou a Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas (Sema) sobre as medidas tomadas para combater o avanço do fogo no estado, mas não obteve resposta até a última atualização.

*Por Matheus Castro, da Rede Amazônica AM

Nove em cada 10 terras indígenas da Amazônia enfrentam seca, levando à falta de alimentos e água

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Nove em cada dez terras indígenas (TIs) na Amazônia Legal foram atingidas pela seca em julho deste ano. Dos 388 territórios na região, 358 (92%) enfrentam o problema, que já impacta diretamente a rotina das populações indígenas. As comunidades têm enfrentado a necessidade de buscar água e alimentos, cruzando rios secos e percorrendo longos trajetos a pé.

Esse cenário foi constatado pela InfoAmazonia por meio de uma análise de dados exclusivos obtidos junto ao Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e de entrevistas com indígenas de comunidades afetadas. Em julho do ano passado, 260 TIs foram atingidas, um número 37% menor do que o registrado no mesmo mês de 2024.

92% das terras indígenas da Amazônia são atingidas por seca em julho de 2024

A maioria dos territórios está em seca severa (192). Dezessete territórios enfrentam seca extrema, uma das classificações mais graves do problema.

Fonte: Cemaden • Análise e visualização: InfoAmazonia

Além do aumento no número de territórios afetados pela seca, o problema também se intensificou. Segundo a classificação do Cemaden (leia mais sobre a metodologia da análise aqui), em julho do ano passado, apenas uma TI foi classificada como “seca extrema”. Neste ano, esse número subiu para 17.

Somado a isso, 53,6% das TIs (192 no total) foram classificadas como seca severa em julho deste ano, enquanto 41% enfrentam seca fraca ou moderada. Já em 2023, 73,8% dos territórios (192) estavam em seca fraca ou moderada, e apenas 10,3% enfrentavam seca severa (27).

Número de terras indígenas na Amazônia sob seca aumentou 37% em julho de 2024

Arraste a barra para conferir a diferença entre julho de 2023, quando havia 260 terras indígenas passando por seca na Amazônia Legal, e julho deste ano, com 358.

Fonte: Cemaden • Análise e visualização: InfoAmazonia

A seca extrema às margens do rio

O Amazonas é o estado da Amazônia Legal com o maior número de terras indígenas em situação de seca, totalizando 146. Depois, vem o Mato Grosso, com 68, e o Pará, com 55. A TI Cacau do Tarauacá, no município de Envira (AM), a 1.206 mil km de Manaus, passou de uma situação de normalidade em julho de 2023, para uma seca extrema em julho de 2024. 

O povo Kulina vive às margens do rio Tarauacá, afluente do rio Juruá, mas as embarcações já não conseguem mais navegar. Onde antes havia água, agora resta apenas lama. Eles tentam usar o que sobrou de um lago para construir um “sangrador”, cavando um caminho mais fundo e estreito no solo, técnica usada para que a água tenha altura suficiente para a passagem dos barcos. Além disso, estão improvisando pontes com pedaços de madeira, já que é impossível andar sem afundar no chão lamacento.

Indígenas na TI Cacau do Tarauacá, no município de Envira (AM), usam toras de madeira para construir ponte e fazem ‘sangrador’ para ter altura suficiente para a passagem dos barcos. Foto: Arquivo Pessoal/Marcos Kulina
Indígenas na TI Cacau do Tarauacá, no município de Envira (AM). Foto: Arquivo Pessoal/Marcos Kulina

Essa locomoção difícil é o principal desafio a ser vencido contra a fome.“Nós temos um poço que fizemos com o nosso dinheiro, juntamos nossos recursos e, por isso, hoje ainda temos água. Mas estamos passando necessidade de alimentação, porque sem o rio falta peixe”, completa Marcos. 

O peixe, um dos principais alimentos para quem vive na Amazônia, fica mais raro. Os indígenas são obrigados a sair do território a pé e comprar comida no município mais próximo. Além disso, a produção do roçado também é severamente impactada, prejudicando o crescimento de culturas como a mandioca e a banana. 

Maria Cordeiro, conhecida como Mariazinha Baré, é presidente da Articulação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas (Apiam) e diz que a maior preocupação é abastecer as comunidades mais distantes. “Estou recebendo a ligação de parentes que estão com dificuldade para se locomover, dificuldade com alimentação, com água e com a saúde. Estamos fazendo um mapeamento e entrando em contato com as lideranças”, explica. 

Os indígenas que conseguem andar quilômetros até o mercado mais próximo entram em contato com produtos industrializados e fora do cardápio tradicional. Por isso, a Apiam está fazendo a aquisição de alimentos produzidos nas terras indígenas que ainda não sofrem com a seca extrema no Amazonas. A ideia é redistribuir a produção para as comunidades mais afetadas. De acordo com Mariazinha Baré, isso vai ocorrer por meio de uma ação com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), empresa pública vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). As tratativas estão sendo feitas com apoio do Ministério Público Federal (MPF). 

“Precisamos valorizar a soberania alimentar desses povos. Nesse período difícil de mudanças climáticas, a gente tem que buscar alternativas para produzir, comercializar e fornecer alimentos de qualidade. Uma vez que a gente só foca nos produtos industrializados, a tendência é ter mais doenças e aumentar a desnutrição”, explicou a presidente da Apiam.

Falta de água potável 

De acordo com os dados da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), 2,8 mil aldeias indígenas na Amazônia Legal não têm estrutura de abastecimento de água. No Amazonas, onde existem mais territórios em condição de seca, está o Distrito Especial Indígena (Dsei) Alto Rio Solimões, que apresenta o pior nível de abastecimento de água em todo o país. São 32,5 mil pessoas sem acesso a poço ou caminhão pipa para fornecer água.

Beto Fernandes Torres, do povo Tikuna, leciona línguas e literatura e mora na TI Tikuna Feijoal, no município de Benjamin Constant, a 1,5 mil km de Manaus. A terra indígena está classificada como seca moderada pelo Cemaden e é atendida pelo Dsei Alto Rio Solimões. 

A TI Tikuna Feijoal é um dos casos que a Apiam tenta ajudar a levar alimentos. Isso porque, na prática, a locomoção também é quase impossível, segundo Torres, levando à falta de água e comida. Segundo ele, o horário das aulas na escola já foi reduzido, “porque a merenda não está chegando”: “nós realmente estamos enfrentando a seca. Estamos tendo uma dificuldade para chegar ao município de Benjamin Constant e ter alimentos. Para sair da nossa comunidade tem que pegar uma canoa e passar dois dias ou três dias viajando”. 

Mariazinha Baré, da Apiam, afirma que o Estado já poderia ter iniciado as ações de apoio e prevenção às comunidades antes da seca chegar, com a implementação de mais poços artesianos e captação de água nas comunidades. “[O estado deveria]  identificar aquelas [comunidades] que mais precisam, estocar alimentos que durem mais tempo, como a farinha e a tapioca”, diz. 

InfoAmazonia questionou o governo do Amazonas, a Fundação dos Povos Indígenas (Funai) e o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) para saber quais ações estão sendo feitas para reduzir os danos da seca às populações indígenas da Amazônia Legal, mas não houve resposta até a data de publicação desta reportagem. 

Seca na Amazônia

A descida do nível dos rios é comum nesta época do ano, caracterizada pela estiagem (a estação seca na Amazônia oriental acontece normalmente de julho a outubro), mas a Amazônia enfrentou um déficit de precipitação ainda no primeiro semestre, período que costuma ser a estação chuvosa da região. Isso ocorreu por efeito do El Niño, fenômeno caracterizado pelo aquecimento anormal do oceano Pacífico na linha do Equador, que, em combinação com o aquecimento do oceano Atlântico Norte, inibiram a formação de nuvens e geraram maior seca na região amazônica. 

O pesquisador Renato Senna, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), explica que a tendência é piorar. “A gente continua ainda com precipitação muito abaixo do que deveria estar acontecendo. Agora, a gente está entrando no período de seca, os meses de julho e agosto normalmente são meses de pouquíssima precipitação na Amazônia de uma forma geral, é normal acontecer. Só que a seca já vai encontrar as bacias e os rios em condições de deficiência”. 

A gente continua ainda com precipitação muito abaixo do que deveria estar acontecendo. Agora, a gente está entrando no período de seca, os meses de julho e agosto normalmente são meses de pouquíssima precipitação na Amazônia de uma forma geral, é normal acontecer. Só que a seca já vai encontrar as bacias e os rios em condições de deficiência. Renato Senna, pesquisador do Inpa.

Apesar da urgência do tema, o governo federal ainda está desenvolvendo um plano nacional de adaptação climática, que incluirá um setor específico para povos indígenas e deverá ser apresentado apenas em 2025. O MPI disponibilizou um formulário online para que os cidadãos possam contribuir, preenchendo dois campos sobre os seguintes temas: “Quais são os principais impactos da mudança climática que o ‘Plano Clima Adaptação: Povos Indígenas’ deve enfrentar?” e “Quais ações de adaptação à mudança climática você acha que devem ser incluídas no ‘Plano Clima Adaptação: Povos Indígenas’ para promover a justiça climática?”. 

Dos nove estados da Amazônia Legal, cinco têm Secretaria de Povos Indígenas. Amazonas, Mato Grosso e Maranhão não têm pastas dedicadas às populações tradicionais. 

No Acre, foram registradas 31 terras indígenas com algum grau de seca, sendo que 27 delas estão em seca severa. No mesmo período, em julho do ano passado, eram 13 enfrentando a seca – um aumento de 107%. Francisca Arara, secretária da Secretaria Extraordinária de Povos Indígenas (Sepi), explica que está focada em conseguir recursos dos fundos de atenção ambiental e climática para conseguir dar conta dos projetos que precisam ser implementados no estado. A médio prazo, os planos incluem a recuperação da capacidade produtiva das terras indígenas, com equipamentos e estudos de restauração, a reconstrução de casas e malocas que foram atingidas pelos eventos extremos, e a garantia da segurança alimentar. De forma emergencial, o objetivo é distribuir cestas básicas e água potável. 

“É urgente que os doadores, dos comitês, dos governos, entendam o que nós estamos enfrentando. Por incrível que pareça, os povos indígenas que mantêm as florestas é que estão sofrendo mais os impactos dos extremos. Aqueles que moram perto de estradas e municípios têm mais chance de sobreviver, mas quem vive mais distante fica muito vulnerável, estamos sofrendo isso na pele.”, diz a secretária. 

É urgente que os doadores, dos comitês, dos governos, entendam o que nós estamos enfrentando. Por incrível que pareça, os povos indígenas que mantêm as florestas é que estão sofrendo mais os impactos dos extremos. Aqueles que moram perto de estradas e municípios têm mais chance de sobreviver, mas quem vive mais distante fica muito vulnerável, estamos sofrendo isso na pele. Francisca Arara, secretária da Sepi, no Acre.

*Esta reportagem foi produzida pela Unidade de Geojornalismo InfoAmazonia, com o apoio do Instituto Serrapilheira.

Grupo Rede Amazônica 52 anos fazendo história na Amazônia: televisão e sua evolução

Sede do Grupo Rede Amazônica, em Manaus (AM), 2024. Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

Por Abrahim Baze – literatura@amazonsat.com.br

A criação da televisão não foi um fato isolado ou uma série única de acontecimentos. Ao contrário, é o resultado de um longo processo de pesquisa e descobertas de novas experiências e acréscimos originais a conhecimentos adquiridos ao longo do tempo.

Como destaca Raymond Willians: ela é derivada de um conjunto de invenções e desenvolvimentos da eletricidade, fotografia, cinematografia e radiofonia. Pode-se afirmar, em síntese preliminar, que a televisão foi isolada como objetivo tecnológico específico (ou seja, tendencialmente independente dos supracitados campos anexos) no período de 1880-1890 e que depois, após uma pausa, desenvolveu-se como empresa autônoma, desde os primeiros anos de década de 1920 até o aparecimento dos primeiros modelos de televisão pública e privada dos anos 30, para realmente amadurecer na sua totalidade institucional (isto é, como sistema industrial complexo, dirigido a um público cada vez maior de consumidores) após o término da Segunda Guerra Mundial, tendo como centro propulsor o aparato econômico norte-americano.

No longo histórico da televisão aparece com primeiro lugar e em destaque as pesquisas realizadas em torno da eletricidade que, entre os séculos XVIII e XIX, transformaram-se de filosóficas em tecnológicas (para-raios, pilhas de volta geradores), numa coincidência não casual com um estágio importantíssimo do desenvolvimento da produção industrial, para a qual a simples máquina a vapor já resultava inadequada.

Em segundo lugar, não se pode esquecer o desenvolvimento da telegrafia, que a explosão ferroviária da metade do século XIX faz com que se afaste dos sistemas primitivos de sinalização com bandeiras e sinaleiros rumo a adoção intensiva da invenção de Morse, para finalmente chegar, por volta de 1870, a um sistema geral de telegrafia elétrica, enquanto o telefone se desenvolvia como invenção nova e diferente.

Ligado à televisão aparece outro fato digno de nota: o desenvolvimento da fotografia, que partiu da ideia da escrita da luz (adiantada, entre outros, por Wedgwood e Davy em 1802), passando pela solução técnica da impressão de imagens, conseguida inicialmente por Niepce (1816) e, mais tarde, por Daguerre (1839) até chegar a explosão da fotografia por volta da metade do século XIX, favorecida pela época das grandes migrações (que desejava deixar o testemunho da própria imagem com a família).

Enquanto isso, a ideia da cinematografia também estava crescendo com a lanterna mágica (projeção de placas) e era conhecida desde o século XVIII. O simples movimento (de uma placa sobre outras) foi conseguido em 1736. Por volta de 1825-1826 é que se assiste um desenvolvimento dos aparelhos mecânicos cinematográficos (como a wheel-of-life [roda da vida]), para finalmente chegar, mais ou menos no final do século, aos trabalhos de Freire-Greene e de Edson a respeito das técnicas de filmagem e projeção, precursoras dos primeiros espetáculos cinematográficos públicos levados a cabo na França, Estados Unidos e Inglaterra no decorrer dos anos 90.

A ideia da televisão, conforme foi dito, estava implícita em muitas destas manifestações e, é realmente difícil separá-la nos seus estágios iniciais, da maturação descrita na fotografia. Como data para uma espécie de concepção inicial tecnológica, embora ainda muito confusa do meio televisivo, pode-se tomar, no entanto, o ano de 1842, quando o inglês Bain colocou em funcionamento um aparelho rudimentar para transmitir imagens fixas a distância, através de fios elétricos. Cinco anos mais tarde, Bakewell apresenta a duplicação via telefone, em 1862, Caselli transmite imagens através de fios a uma distância respeitável em 1873, May, enquanto trabalha no terminal do cabo telegráfico transatlântico, observa as propriedades fotos sensíveis do selênio (que tinha sido isolado no começo do século e era usado para as resistências). Segundo a observação de Williams, enfim, seguindo vários caminhos e acompanhando uma exigência já clara, os meios para a transmissão de imagens e, imagens em movimento, eram ativamente procurados e, em medida considerável, descobertos.

Mas já é tempo de falarmos do verdadeiro aparecimento da televisão. Em 1883 ela surge num romance de ficção científica de Albert Robida (século vinte), como um maquinismo para a visão a distância telefoneoscopio, contudo, não se passou um ano para que a ficção científica começasse a se tornar uma pequena realidade com o disco de Nipkow (o mesmo nome de seu inventor, um russo emigrado para a Alemanha), um aparelho de escandimento das imagens, de funcionamento em parte mecânico, em parte elétrico, que dominará a indústria televisiva até 1933, data de nascimento da televisão totalmente eletrônica. Mas, pouco a pouco foram se acrescentando a ela outras invenções dentro do próprio campo televisivo, ou como ocorreu anteriormente, paralelo a ele: as células fotoelétricas de Elster e Geitel (1890), a tubo a raios católicos de Braun (1897), o receptor e raios católicos de Tosing (1907), o projeto de telecâmera eletrônica de Campbell Swuinton (1911).

O que há de novo neste período histórico é simplesmente o fato de não se procurarem mais apenas meios técnicos quaisquer para a transmissão das imagens em movimento, mas determinou-se a escolha de um objetivo tecnológico específico, a televisão, a visão à distância de imagens em movimento e, este começa a solidificar, de forma cada vez mais evidente, progressos técnicos que antes pareciam contíguos em sua essência, mas diversos em seus fins.

Ao mesmo tempo, porém, ainda falta totalmente a consciência de que a televisão seja uma nova forma social e, consequentemente, uma empresa econômica em potencial, um sistema produtivo e institucional em potencial daí o pouco interesse demonstrado pelos governos e pelas forças econômicas, não havendo grandes investimentos para coordenar e sistematizar as várias pesquisas sobre o assunto, sobretudo se fizermos uma comparação com aquilo que acontece simultaneamente, nos campos da eletricidade, da telefonia e da telegrafia (que satisfaziam as grandes necessidades gerais da época e já estavam madurecidos como formas sociais importantes).

Não foi por acaso que a situação se modificou radicalmente pouco após o início dos anos 20, quando, tendo-se transformado a experiência cinematográfica (de produto marginal a produto central das formas sociais dominantes, com a explosão do primeiro estrelato) e, tendo amadurecido o desenvolvimento da rádio (de meio avançado de telegrafia a nova forma social de grande capacidade persuasiva para tanto politica quanto comercial), a ideia da televisão transforma-se no terceiro polo de um setor agora inconfundível como outros que lhes estão próximos (a rádio, o cinema e a nascente televisão são inteiramente diferentes da eletricidade, da telefonia, da telegrafia etc.) e manifesta, no núcleo deste setor, os primeiros sintomas de uma autonomia tecnológica, econômica, cultural e social (ou seja, os precursores daquela forma que depois do pós-guerra será ratificada e reinará definitivamente).

A passagem do desinteresse para o interesse com relação a tecnologia televisiva é perfeitamente ilustrada pelos acontecimentos que acompanham as respectivas experiências levadas a cabo nos Estados Unidos no decorrer da década de 1920 e que transformaram em setor marginal de pesquisa num verdadeiro campo de batalha, com episódios de espionagem entre os já fortes corporations da informação, batalhas jurídicas para a concessão de patentes, pressões dos grupos econômicos sobre as autoridades politicas para conseguirem que o governo impusesse determinados padrões.

Os primeiros protagonistas destes acontecimentos são os russos emigrados para os Estados Unidos, Farnsworth e Zwarykin. O primeiro que desde os quinze anos de idade interessava-se pela fatoeletricidade em pelas válvulas a raios catódicos, conseguiu um financiamento junto ao Croker Bank para instalar um laboratório em 1927. Com seus operários conseguiu montar a primeira verdadeira telecâmera eletrônica (9º Image Dissetor) e, nos anos seguintes, melhorou o sistema de vídeo passando dos 60 para 400 linhas. O seu concorrente, Zwarinki, nesse meio tempo, na qualidade de pesquisador da Westinghose, tinha conseguido chegar a importantes resultados para a realização de imagens a distância, patenteando, em 1923, o iconoscópio. Mas Westighose minimizou a importância dessas pesquisas, a tal ponto que foi somente em 1927 que chegou a experimentar o aparelho.

David Semof, naquela época vice-presidente e diretor-geral da RCA, foi quem percebeu a possível futuro destas tentativas tecnológicas. Ele pediu a Zwarykin, desiludido com a Westinghouse, que prosseguiu suas pesquisas no laboratório da RCA e também lhe sugeriu descobrir até que ponto tinha chegado o seu concorrente e conterrâneo Farnsworth, Zworykin, então, apresentado-se como engenheiro da Westinghouse, conseguiu passar três dias no centro experimental de Farnsworth e, colocando em ação tudo quanto vira, dedicou-se com sucesso ao projeto de um aparelho de bom rendimento qualitativo, ao ponto de ser comercializado pela RCA.

Nesse meio tempo, o centro de Farnsworth viu-se diante de sérias dificuldades financeiras, mas, não aceitou as ofertas de Sarnoff para levantar toda a empresa, até que, em 1930, conseguiu financiamentos adequados junto à Philco. Foi esse, porém, um casamento que durou apenas dois anos, porque a Philco queria tirar proveito dos produtos comercialmente a mais rápido possível, mesmo se ele ainda não estivesse ajustado da maneira adequada. Assim, enquanto Farnsworth fundava sua própria companhia (a Farnsworth Television), a Philco continuava no mercado automaticamente, no rastro de outras empresas norte-americano (em 1926, por exemplo, a General Eletric anunciou a produção de aparelhos de televisão em escala industrial).

Em 1934, a RCA entrou na justiça com uma causa contra a Farnsworth Television a fim de manter em seu poder todas as patentes posteriores a descoberta do iconoscópio. A batalha jurídica durou alguns anos e a Farnsworth, embora saísse vencedora, foi obrigado, aos e ver sufocado com as despesas legais, a vender a patente para a própria RCA. Assim, esta grande empresa pôde, a 20 de outubro de 1938, anunciar que tinha iniciado a produção em escala industrial de um novo tipo de televisão econômica e, a 30 de abril do ano seguinte a sua subsidiária NBC (National Broadcasting Corporation) inaugurava um serviço de televisão na Feira Mundial de Nova Iorque.

Enquanto isto, a situação na Europa tinha evoluído de um modo bastante diferente que vale a pena ser recordado em rápidas pinceladas por envolver um modelo televisivo bastante diferente do americano mesmo na sua fase madura (pelo menos até o início da década de 80). No velho continente, os primeiros sucessos com relação a transmissão à distância de imagens em movimento foram alcançados pelo inglês Baird, com um sistema que ignorava os resultados conseguidos por Zworykin e Farnsworth. Aqui, ao invés das sociedades particulares, são os governos, ou em todo caso instituições públicas, que investem na novidade tecnológica. Na Alemanha as primeiras experiências públicas de televisão foram em 1928, seguida pela Inglaterra em 1929, pela Itália em 1930 e pela França em 1932. Mas, será a Inglaterra, em 1936, que dará início a um serviço publico regular de televisão, precedendo até mesmo os norte-americano.

Contudo, a verdadeira civilização televisiva, tanto nos Estados Unidos como na Europa e no resto do mundo, terá início somente após a pausa imposta pela Segunda Guerra Mundial.¹

¹ GIOVANNINI, Giovanni. Evolução na Comunicação, do silex ao silício. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteiro, 2000. Pág. 249-254.

Os primórdios da Rádio TV do Amazonas

Tudo começou com uma agência de propaganda, a Amazonas Publicidade Ltda., em 30 de setembro de 1968. Os jornalistas Phelippe Daou e Milton de Magalhaes Cordeiro, juntamente com o empresário de propaganda Joaquim Margarido, que na época residia no Estado de São Paulo, vislumbraram que o Decreto-Lei 288/67, que redimensionou a Zona Franca de Manaus (ZFM), trata um extraordinário fluxo de negócios para a cidade.

Naturalmente em cima dessa expectativa construíram a Amazonas Publicidade Ltda., hoje já extinta. Alugaram duas salas em um prédio localizado na Avenida Eduardo Ribeiro, nos altos da Padaria Avenida, em Manaus (AM).

A Amazonas Publicidade Ltda., realmente entrou para conquistar o mercado, inovando no formato e produzindo textos dos anúncios de forma moderna. Com isso, naturalmente, foi crescendo no conceito e conquistando o nosso importante mercado de trabalho.

Em 1970, os diretores da Amazonas Publicidade Ltda, foram procurados pelo jornalista Paulo Viana, que na época era diretor da Editora Abril, que propunha contratar a empresa para distribuir em Manaus as revistas editadas pela Abril. Um novo desafio aceito pelos sócios.

No início do ano de 1968, Dr. Phelippe Daou traz para os dois sócios a notícia de que o Ministério das Comunicações abriria concorrência pública para a exploração comercial em Manaus de mais um Canal de Televisão (sons e imagens). À época, já existia a TV Ajuricaba, hoje RBN, e eram dados os primeiros passos para a montagem da TV Baré (hoje TV A Crítica).

Em julho de 1969, Phelippe Daou, Milton de Magalhães Cordeiro e Joaquim Margarido, após examinarem detidamente o edital, decidiram concorrer, naturalmente, submetendo-se às exigências oficiais. A partir daí, convidam para compor o quadro societário da Rádio TV do Amazonas Ltda., o seu empresário Robert Phelippe Daou.

A concorrência fora aberta no Ministério das Comunicações, tendo sido a vencedora a Rádio TV do Amazonas Ltda.

No primeiro semestre do ano de 1970, houve a outorga do Canal, tendo o órgão competente determinado o prazo de dois anos para a implantação da referida emissora.

Técnicos especializados desdobraram-se na elaboração dos projetos, o que fora decidido naquela oportunidade, pela construção de duas unidades: o parque exibidor, compondo-se do espaço físico onde seria instalada a emissora, na Avenida Carvalho Leal, 1.270 – Cachoeirinha. E o parque de transmissão fora instalado na Avenida André Araújo, 1.555 – Aleixo, onde hoje se encontra a atual sede do Grupo Rede Amazônica.

Os equipamentos foram integralmente adquiridos da RCA Corporation, tais como: câmeras, telecine, ilhas de edição e transmissor. Vale a pena ressaltar um importante detalhe histórico, a Rádio TV do Amazonas constituiu-se, na época, como a primeira emissora de televisão do Brasil. Integralmente projetada para operar em cores, tendo a RCA Corporation concordado em alterar o projeto original de seus equipamentos, adaptando-os desta forma ao sistema PAL-M.

Este fato histórico ocorreu no dia 10 de agosto de 1972, quando a emissora levou ao ar, pela primeira vez, o sinal do Canal 5 em fase experimental.

O memorável dia da inauguração

No dia 1º de setembro de 1972 a Rádio TV do Amazonas Ltda, entra oficialmente em operação na cidade de Manaus, após um período de testes experimentais. A cerimonia de inauguração fez parte das festividades do Sesquicentenário da Independência do Brasil, no Amazonas. D. João de Souza Lima, arcebispo de Manaus, fez a invocação das bênçãos divinas para o empreendimento.

O prefeito de Manaus, Dr Paulo Pinto Nery e, Dona Nazira Chamma Daou, a eterna madrinha da Rádio TV do Amazonas, cortaram a fita simbólica. Estava presente um número expressivo de autoridades e figuras da sociedade como também do meio empresarial.

Nascia, assim, uma nova e importante Rede de Televisão. Os princípios que marcaram a convicção dos fundadores eram de que seria possível exercer a atividade comercial com o respeito aos princípios cristão e o firme propósito de construir um novo momento no setor das comunicações no Amazonas.

Esta ocasião ficou marcada na vida do povo do Amazonas, o lema adotado pela emissora que acabara de ser criada, cuja, autoria do slogan era do então Presidente da República do Brasil, o general Emílio Garrastazu Médici: “Amazônia desafio que unidos venceremos”.

Em uma primeira fase, a Rádio TV do Amazonas transmitia programas da TV Record, da Fundação Padre Anchieta e da TVE, do Rio de Janeiro. Tendo uma programação bastante variada com filmes e desenhos que eram adquiridos diretamente das fornecedoras da época: Colúmbia, 20hth Century Fox, MGM e UA.

Vale ressaltar que no momento em que a Rádio TV do Amazonas Ltda. iniciou suas atividades, já estavam funcionando a TV Ajuricaba, na época afiliada da Rede Globo de Televisão e, a TV Baré, na época afiliada dos Diários Associados, hoje TV A Crítica.

Numa primeira etapa, a Rádio TV do Amazonas passa a ser afiliada da Rede Bandeirantes que, naquela época iniciava sua atividade de expansão em rede nacional. Porém, a Rádio TV do Amazonas não se acomodava, aproveitando os grandes espaços operacionais que eram oferecidos pela Novel, cabeça de rede nacional, impulsionando, sua programação local com duas edições diárias de notícias, além dos programas: Encontro com o Povo, A Hora do Povo, Amazonas em Revista, Sociedade, Portugal sem Passaporte e mais as promoções em praças públicas, levaram milhares de pessoas a prestigiá-las: Chegada do Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, Dia dos Namorados, Dia das Crianças, Festival de Rua, Corridas Ciclística e Pedestre Henrique Archer Pinto. Além de memoráveis apresentações com os bonecos Topo Gigio, da Equipe Disney (Mickey, Pateta e Donald) e Fofura.

Jornalista Phelippe Daou, Phelippe Daou Jr., empresário João Mendonça Furtado e o jornalista José Augusto Roque da Cunha. Foto da inauguração da TV Amazonas, em 1° de setembro de 1972. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

A palavra televisão significa ver a distância. Este sentido, alcance e sonhos foram assumidos a risca pelos seus fundadores quando decidiram iniciar este fantástico empreendimento na região mais distante e esquecida do Brasil. Desde que levou ao ar seu primeiro Canal de Televisão em um tempo em que muita coisa em televisão improvisada, a Rádio TV do Amazonas Ltda por correu um longo e difícil caminho.

Era preciso ocupar a Amazônia. Partiram, então para a tão sonhada aventura, implantando mais emissoras, todas elas hoje em pleno funcionamento.

Cada momento que, outrora, levou ao ar a Rádio TV do Amazonas, hoje é considerado um marco sem precedentes, em razão de todas as s dificuldades que haveriam de ser superadas. Este fato deu início a uma nova era na relação entre os meios de comunicação e o telespectador com também o importante mercado publicitário de nossa região, enfim, somos a cara e as cores da Amazônia.

O resultado dessa trajetória é a integração da Amazônia Ocidental no contexto nacional. Toda essa dinâmica muito além de consolidar a marca da Rádio TV do Amazonas, acabou criando um novo modo de retratar e preservar a realidade das áreas onde a emissora foi instalada.

A primeira sede da Rede Amazônica

Ao iniciar o período republicano no Brasil a corte e algumas cidades de várias províncias que prosperaram com os ciclos econômicos, ostentavam e algumas preservam ainda hoje exemplares da arquitetura colonial, assim como obras no estilo neoclássico.

Segundo o autor Otoni Mesquita, em seu livro Manaus – História e Arquitetura – 1852/1910: “Naquele momento histórico vigoravam, ainda algumas lições de Grandjean Montigny, arquiteto francês com formação neoclássica, cujo, estilo fora oficialmente adotado pelo império e servirá como padrão arquitetônico, copiado pelas províncias brasileiras.

Acredita-se, no entanto, que a história da arquitetura não se deve restringir somente a valorização de grandes obras ou estilos reconhecidamente consagrados.

Considerando que o estilo e a preservação de uma obra singela revela ser uma peça original e única, de um determinado período, podendo também, vir a constituir-se num concreto e importante documento histórico, testemunho silencioso de um momento importante para uma cidade.

A investigação de sua história, das necessidades que levaram ao projeto, até mesmo as condições de sua execução, tudo isso deve ser avaliado quando se propõe a resgatar a história de um patrimônio, seja particular ou não.

Primeira sede da Rádio TV do Amazonas, 1972. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

A partir daí, seremos capazes de encontrar muitos elementos deste fato que foi gerado, nos levando ao conceito de que podemos valorizar a sua preservação histórica, pois foi palco do início de um importante acontecimento.

A arquitetura, como arte-mãe, é a que mais se ressente dos influxos da modernidade. Embora Manaus tivesse a influência da arquitetura europeia, a história da Rádio TV do Amazonas registra a presença deste monstro da criação, ganhador de vários prêmios nacionais e internacionais, que tinha características próprias em suas obras, o que de certo ponto m arcou o contraponto ao neoclássico, falamos do arquiteto Severiano Mário Porto.

O primeiro momento habitacional da Rede Amazônica era um depósito pertencente a um dos fundadores, Senhor Robert Phelippe Daou.

Embora já existisse um prédio no local, nada nesta obra fora improvisado, desde o projeto técnico, produzido pelo senhor Renê Xavier dos Santos. Tudo isso, fora executado de maneira eficiente pelo competente engenheiro Arnoldo Gomes, que trabalha para a empresa até hoje.

Partindo do princípio da praticidade e economia na obra, Severiano Mário Porto buscou linhas simples, podendo-se destacar um jardim de inverno no centro. A obra como um todo tem, como marca forte, o uso da madeira de nossa região, o que identifica as obras deste tão renomado arquiteto.

A obra na sua totalidade, buscou atender as necessidades da empresa que haveria de ser instalada na época, traduzindo uma perfeita harmonia entre o misto de madeira e alvenaria.

Estrategicamente localizada na esquina de duas grandes avenidas, Carvalho Leal e Tefé, novamente é cercada pela natureza, com jardim em frente e na lateral, de tal sorte que acabam reproduzindo um ambiente agradável.

Sua lateral tem uma identidade histórica: a vivacidade das três cores quem marcam a TV Amazonas, como uma das pioneiras na transmissão em cores no Brasil.

A sede em destaque abriga atualmente a Fundação Rede Amazônica, destacando o importante Centro de Radiodifusão e o Instituto Cultural da Fundação Rede Amazônica.

Neste ambiente repousa silenciosamente a história do início da Rádio TV do Amazonas, cuja, diretoria vem procurando manter seus ambientes, todos em estado original a fim de que não se perca sua identidade histórica.

O Grupo Rede Amazônica é uma emissora moderna e atualizada com o que há de mais novo no seguimento televisivo, hoje administrada pelo CEO Phelippe Daou Júnior e sua irmão a Senhora Cláudia Daou Paixão e Silva.

Placa em comemoração ao aniversário de 52 anos do Grupo Rede Amazônica, em 2024. Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia
Phelippe Daou Jr e Claudia Daou Paixão. Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

Sobre o autor

Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Aprenda a preparar uma receita típica rondoniense: Jatuarana na brasa

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A culinária rondoniense é rica e cheia de possibilidades. Assim como boa parte dos Estados da Amazônia, Rondônia também possui receitas típicas de preparo de peixes e, dessa vez, o chef Manoel Figueiredo ensina a preparar a Jatuarana na brasa.

Ingredientes e preparo

Para o peixe: uma jatuarana sem espinha marinada com 3 limões, meio litro de água, 3 colheres de azeite, uma colher de chá de páprica, pimenta do reino e uma colher de sal (por 1 hora). Depois leve no braseiro em uma grelha até que os dois lados estejam dourados.

Para o pirão:

1 jatuarana em rodelas
sal a gosto
pimenta do reino
4 tomates em meia lua
1 chicória fatiada
1 maço de cheiro verde
3 limões
1 cebola em meia lua
1 pimentão picado
6 pimentas de cheiro fatiadas
1 xícara de farinha fina

Modo de preparo: deixe o peixe descansando no limão por 30 minutos e, em seguida, adicione em panela. Afrescar todos os ingredientes e um litro de água e desligar o fogo após 5 minutos de cozimento. Em outra panela, despeje a farinha fina e um copo de água fria para dissolver. leve ao fogo e, com a ajuda de uma concha, despeje o caldo quente e mexa bem até embolar.

Para o baião de dois:

meio kg de feijão verde
200 gramas de bacon fatiado
1 calabresa fatiada
arroz cozido sem sal
6 dentes de alho
1 cebola picada
1 pimentão picado
2 tomates picados
6 pimentas de cheiro picadas
1 chicória fatiada
1 maço cheiro-verde cortado
1 colher de chá de páprica
sal a gosto

Modo de preparo: cozinhe o feijão sem pressão até ficar ao dente (uns 15 minutos). Frite o bacon e a calabresa e refogue com o alho, cebola, pimentão, tomate, pimenta de cheiro. Entre com feijão, calabresa e bacon, em seguida acrescente os demais ingredientes. Por último o arroz!

La Niña 2024 responde pela severa crise climática que se abate sobre a Amazônia

Por Osíris M. Araújo da Silva – osirisasilva@gmail.com

A região amazônica, especialmente os estados do Amazonas, Roraima, Rondônia e Acre vêm enfrentando secas extremas nesses últimos dois anos, levando ribeirinhos a enfrentar longas caminhadas para encontrar água, recurso essencial à vida. O rio Madeira registrou, na terça-feira (27), a cota de 1,37m em Porto Velho (RO), a segunda menor marca da história, desde 1967, atrás apenas da observada em 2023, quando atingiu 1,10 m.

Em condições normais, o nível médio do rio esperado para esta época do ano seria de 3,80 m. A informação é do Boletim de monitoramento hidrológico divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), disponível na página do Sistema de Alerta Hidrológico da calha do Madeira. Em Tabatinga, tríplice fronteira Brasil, Colômbia e Peru, com o rio Solimões sem calagem, o porto fluvial não oferece condições para atracação de barcos. Institutos de pesquisas convergem na conclusão de que a região enfrenta novo período de seca extrema causado pelo fenômeno La Niña, que deve chegar na região entre setembro e novembro deste ano, conforme estimativa do Centro de Previsão Climática dos Estados Unidos (CPC/NCEP).

Durante o evento, a temperatura do Oceano Pacífico na região tropical fica abaixo da média, e esse esfriamento provoca uma série de efeitos climáticos, que incluem chuvas mais intensas na Ásia e condições mais secas em algumas áreas da América do Sul. Com 70% de probabilidade de ocorrência este ano, o setor produtivo está altamente preocupado com os impactos do choque climático sobre os preços de bens de consumo e industriais, bem como em relação à logística de transporte e distribuição dos produtos. Medidas emergenciais foram adotadas pelo Porto Chibatão com a instalação autorizada pela Marinha do Brasil de um píer flutuante provisório em Itacoatiara, no Amazonas, para atenuar os efeitos da estiagem. Com área de 300 mil metros quadrados, está apto a movimentar, por meio de 150 postos de emprego gerados, 540 contêineres por dia de navios de cabotagem para balsas que prosseguirão o transporte da carga até Manaus.

De acordo com informes da Comunicação Social – Coordenação de Extensão do INPA, “mudanças climáticas na região amazônica têm influenciado o aumento significativo dos eventos extremos como secas e enchentes, que por sua vez têm afetado o ciclo hidrológico do bioma”. Conclusões são do pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Jochen Schöngart, durante a participação na 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em junho deste ano. “A magnitude de cheias e de secas severas na Amazônia tem implicações grandes, não só para os ecossistemas, mas também para as pessoas, afetando a segurança alimentar e hídrica das populações ribeirinhas que dependem das áreas alagáveis que são conectadas as rede fluvial da Amazônia”, frisa.

Ciclo hidrológico, de acordo o pesquisador, “é o processo contínuo de circulação da água entre os diferentes ecossistemas da da natureza como a atmosfera, os oceanos, os rios, os lagos, as geleiras e os lençóis subterrâneos”. A Amazônia, salienta, “é caracterizada por altos índices pluviométricos, com chuvas intensas ao longo do ano, principalmente durante a estação, entre dezembro e maio. A umidade excedente é absorvida pela vegetação, que realiza a evapotranspiração, ou seja, joga a água para a atmosfera, formando nuvens e contribuindo para o regime de chuvas na região. Entretanto, o aumento das secas somado ao desmatamento tem resultado em impactos negativos no ciclo hidrológico local e regional”.

Para Schöngart, as mudanças no ciclo hidrológico na região têm gerado impactos significativos para as populações ribeirinhas, destacando-se “a inundação de áreas habitadas; o nível dos rios que afetam a pesca, a agricultura e outras atividades tradicionais; saúde e segurança; e a perda de recursos naturais. Por conseguinte, é crucial investir em educação, pesquisa e tecnologia para mitigar os efeitos das mudanças climáticas”. A Amazônia “demanda grande investimento para desenvolver tecnologias inovadoras para adaptar as populações e os manejos tradicionais, garantindo a sobrevivência e a segurança hídrica e alimentar no contexto das mudanças do clima, que são responsáveis pelas alterações do ciclo hidrológico na Amazônia”, ressalta.

Sobre o autor

Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Associação Comercial do Amazonas (ACA).

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Amazônia Azul: IBGE divulga novo limite leste do Sistema Costeiro-Marinho, em Macapá

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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou no dia 27 de agosto o novo limite leste do Sistema Costeiro-Marinho do Brasil, em consonância com a Amazônia Azul. O lançamento foi realizado no Salão Nobre do Palácio do Setentrião, localizado no centro da capital amapaense, Macapá, em evento transmitido online pelo IBGE Digital e para um auditório lotado com mais de duzentas pessoas, em evento conduzido pelo coordenador-geral do Centro de Documentação e Disseminação de Informações e Coordenação de Comunicação Social do IBGE, Daniel Castro.

Representando o presidente Marcio Pochmann, Flavia Vinhaes, diretora executiva do IBGE, destacou que o estudo “é importante para o Brasil, para a Amazônia e ao Amapá, que é o novo limite leste do Sistema Costeiro-Marinho do Brasil, fruto de um projeto conjunto com a Marinha do Brasil e o Ministério do Meio Ambiente, e que reflete o interesse da Presidência em desenvolver outros projetos que podem vir por meio de um grande plano de trabalho contemplando, por exemplo, o Produto Interno Bruno (PIB) do mar, mensurando a economia azul”.

Flavia ainda chamou atenção para o fato de que “mais da metade da população brasileira vive em até 150 km do litoral, onde se encontram 16 capitais brasileiras. Assim as atividades ligadas ao mar, como a energia renovável do oceano, a biotecnologia marinha, se constituem como objetos de estudo e mensuração. O litoral é diverso e desigual. O Brasil precisa conhecer o potencial econômico que banha a sua costa”.

No lançamento houve publicação de nota técnica no site do IBGE com os procedimentos para o desenvolvimento do traçado na porção marítima do limite leste do Sistema Costeiro-Marinho do Brasil, incluindo dado vetorial em formato shapefile e mapa em PDF. Após o lançamento, foi realizado um seminário sobre o Sistema, em uma ação conjunta do Instituto com o Departamento de Oceano e Gestão Costeira do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, com apoio do Projeto TerraMar (MMA/GIZ/IKI), da Secretaria Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM) da Marinha do Brasil, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Governo do Estado do Amapá e de atores locais do gerenciamento costeiro.

Ana Paula Prates, diretora do Departamento de Oceanos e Gestão Costeira do Ministério do Meio Ambiente, destacou que trabalhou “há muito tempo com toda essa vastidão do território marinho do Brasil, mas faltava ter lá no mapa do IBGE, essa demonstração para a sociedade entender e conhecer todo o tamanho do território que temos sob jurisdição brasileira. Ele é maior que a própria Amazônia, não à toa o termo Amazônia Azul. Este mapa é uma das grandes entregas, que representa este momento, em parceria com o IBGE”.

Maurício Coelho Rangel, Contra-almirante da Marinha, ressaltou o trabalho de mais de vinte anos da Marinha “a trazer aos brasileiros a importância do mar e da Amazônia Azul. Anos atrás, a população prestava atenção na Amazônia Verde. Junto com o IBGE e outros institutos, tivemos o trabalho de voltar os olhos para uma região de onde podemos tirar R$ 1 trilhão, o que representa quase um quinto do nosso PIB”.

André dos Santos Abdon, diretor-presidente do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), ressaltou a parceria com o IBGE. “O IEPA sempre foi referência com a questão de estudos do conhecimento, para chegarmos até agora. O IBGE nos traz este instrumento de saber importantíssimo a uma área tão delicada, que é a nossa questão costeira. Buscamos a cooperação de todos os órgãos, para apresentar não só esta divulgação, mas as demais que envolvem a região”.

A diretora de Geociências do IBGE, Ivone Lopes Batista, o coordenador de Meio Ambiente, Therence Sarti, e a chefe de Setor do Meio Biótico do IBGE, Luciana Temponi, formaram a equipe técnica que apresentou o novo limite do Sistema Costeiro-Marinho adequado à Amazônia Azul aos presentes na capital amapaense e para aqueles que acompanharam a transmissão remota via IBGE Digital.

Eles buscaram atender às expectativas de diferentes setores da sociedade interessados em um mapeamento que abranja a área marítima sob jurisdição brasileira, com a utilização da Amazônia Azul – região que compreende a superfície do mar, águas sobrejacentes ao leito do mar, solo e subsolo marinhos contidos na extensão atlântica, que se projeta a partir do litoral até o limite exterior da Plataforma Continental Brasileira.

Essa adequação representa um aumento em área de mais de 4 milhões de km2 em relação ao Mapa de Biomas e Sistema Costeiro-Marinho do Brasil, compatível com a escala 1: 250 000, publicado em 2019, e que adotava como limite leste a extensão dos Grandes Ecossistemas Marinhos brasileiros. Não houve, no entanto, alteração na porção continental, onde se encontram os ambientes costeiros como dunas, mangues e restingas, formações pioneiras que se formaram sobre os sedimentos marinhos ao longo do litoral brasileiro.

Ivone destacou que “este novo produto é de extrema importância ao mapeamento oficial do país. É o sistema costeiro-marinho agora integrado à Amazônia Azul, compreendendo um vasto território e uma grande variedade de ecossistemas, contemplando a área marinha sob a jurisdição brasileira até o limite exterior da plataforma continental. O monitoramento adequado dessa porção do território, a partir de uma cartografia oficial, é fundamental para garantir a preservação destes ecossistemas e orientar decisões estratégicas nesta porção do território. Impactando diretamente em nossa economia, na segurança e no meio ambiente. A divulgação representa uma base precisa e confiável para análise territorial, para delimitação de áreas de proteção e para identificação de zonas de interesse econômico e estratégico”.

Therence Sarti, coordenador do Meio Ambiente, salienta que “é importante termos instituições como o Governo do Estado do Amapá, a Marinha e o Ministério do Meio Ambiente, e o IBGE, que é o responsável pelas informações e dados geográficos e estatísticos do Brasil. É importante para termos este diálogo com as instituições a respeito dos dados e informações ambientais, pois existe uma demanda muito grande por dados ambientais”.

Por sua vez, a chefe de Setor do Meio Biótico do IBGE, Luciana Temponi, apresentou a forma como foi elaborado o Sistema Costeiro-Marinho adequado à Amazônia Azul. Luciana destacou que “a partir de agora estamos alinhados com outras instituições do governo e de pesquisa no que se refere à área jurisdicional brasileira. É um ganho relevante para o Brasil, envolvendo questões políticas, econômicas, bem como de proteção e conservação. Com o reconhecimento internacional de parte da Amazônia Azul, permitindo a expansão das águas jurisdicionais brasileiras, e a recomendação da Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM) sobre o uso desse limite, a atualização do Sistema Costeiro-Marinho nas publicações oficiais do país se tornou urgente”.

Orleno Marques da Silva Júnior, Coordenador estadual do Programa de Gerenciamento Costeiro do Amapá explicou que a presença do IBGE, do Ministério do Meio Ambiente e de outros órgãos, mostra como o Amapá é visto a nível nacional

Orleno Marques da Silva Júnior, Coordenador estadual do Programa de Gerenciamento Costeiro do Amapá, explicou que “a presença do IBGE, do Ministério do Meio Ambiente e de outros órgãos, mostra como o Amapá é visto a nível nacional e reconhece o trabalho dos nossos pesquisadores em trabalhos voltados à área costeira. Isso mostra como órgãos como o IBGE estão atentos aos nossos trabalhos”.

Para o evento, o IBGE lançou um folder especial, com informações sobre a Amazônia Azul e o Sistema Costeiro-Marinho, e um mapa do Brasil com o novo limite leste destacado.

Após o evento, o mapa vai ser exposto em diferentes locais públicos do Estado. Os personagens do IBGEeduca, Bel e Pedro distribuíram estes materiais aos presentes, contendo informações sobre o estado do Amapá, Amazônia Azul e relacionados ao Sistema Costeiro-Marinho.

Amazônia Azul e o Sistema Costeiro-Marinho

É um espaço geográfico com cerca de 5,7 milhões de metros quadrados que engloba a superfície do mar, águas sobrejacentes ao leito do mar, solo e subsolo marinhos. e que representa a principal a via de transporte do comércio exterior do país, além de abrigar grande biodiversidade marinha, incontáveis recursos naturais, como nossas reservas de petróleo e gás.

Mais que um ambiente marinho, um conceito político-estratégico por ser, além de patrimônio nacional, fonte de riqueza e vida, exigindo proteção, preservação e exploração e exploração de forma sustentável.
Na borda leste, o recorte traz o traçado da Amazônia Azul, o que representa um aumento de 3 323 856,93 km², em relação ao Sistema Costeiro-Marinho. A área deste sistem é de 2 477 476, 68 km² e, com essa inclusão, passa a ter 6 801 323,61km²

O novo limite configura um recorte geográfico importante para geração de estatísticas que dizem respeito ao ambiente costeiro-marinho e uma base para delimitação futura dos ecossistemas marinhos, e a adequação do Sistema Costeiro-Marinho à Amazônia Azul representa uma oportunidade para divulgação para a população dessa área como pertencente ao território nacional.

*Com informações do IBGE