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Em que frequência você vive? Que tipo de vizinho você é?

Por Julio Sampaio de Andrade – juliosampaio@consultoriaresultado.com.br

Reconheço que nem sempre é fácil manter um alto astral diante de tantas coisas que desejaríamos que fossem diferentes. Não é fácil viver na frequência da gratidão, ao invés da frequência da reclamação.

O exercício da gratidão começa em sermos capazes de agradecer as coisas boas que nos acontecem. Agradecer o que somos, o que temos e o que as outras pessoas nos fazem, que reconhecemos como boas. Pode parecer algo fácil, mas não é tanto assim. É muito comum nos acostumarmos com o que é bom e passarmos a agir como se fosse um direito adquirido, algo que as pessoas ou que a vida nos deve. Quando isto acontece, logicamente, a gratidão diminui e, com isto, o que ela poderia agregar em nossa felicidade. Externamente, não mudou nada, mas nós mesmos diminuímos a nossa felicidade. Algo como dar um tiro no pé. E isto quando está tudo bem.

Aí tem um segundo estágio, quando somos levados, racionalmente, a compreender que algo que não queríamos que ocorresse, acabou sendo bom. Pode ser um efeito colateral positivo, do tipo: “ainda bem que eu não fui admitido naquele emprego, pois acabei conseguindo um melhor”. As vezes a pessoa queria namorar alguém e não deu certo, desejou alugar um imóvel, mas alguém chegou na frente, ia fazer uma viagem para um local que foi vítima de enchentes, e assim por diante. Depois de um tempo, percebemos que foi melhor assim. São inúmeras as situações que ocorrem todos os dias. Nem sempre percebemos.

Me vem à mente o personagem Pateta que, no desenho animado, dirigia agarrado ao volante, fazendo inúmeras barbeiragens, causando vários acidentes e sendo salvo pela “sorte”, sem nem noção do que estava acontecendo. Somos muitas vezes iguais ao Pateta. Nos livramos de perigos e deixamos um rastro, que nem notamos. Ou percebemos muito depois. Ainda haverá tempo para a gratidão, mas ela já é amortecida pelo tempo. Não tiramos o melhor proveito em favor de nossa felicidade.

Num estágio um pouco mais a frente é quando a percepção racional ocorre durante o processo da contrariedade. Ainda estamos vivenciando a perda ou a frustração e conseguimos perceber que aquilo traz junto algo positivo. Racionalmente, valorizamos o aprendizado e percebemos que, conseguiremos tirar algum proveito, por exemplo, de uma dificuldade.

Lembro que ainda era jovem quando um dos negócios que tive não deu certo, me levando a uma situação de dívidas e de desemprego. Era já casado e tinha duas filhas pequenas, e chegamos a passar dificuldades. No entanto, não lembro bem porque, mas tinha o sentimento de que estava vivenciando algo bom, que teria orgulho no futuro, da série: “dei a volta por cima”. Situações assim são bem mais raras, mas quando conseguimos sentir gratidão, mesmo durante as dificuldades, então marcamos um belo gol para a nossa felicidade.

Não sei se é possível chegar ao estágio de agradecer por qualquer coisa, compreendendo que tudo que acontece, ao final, será bom. Mesmo o ciclo da vida, que nos leva da infância à velhice, é muito bom. Já pensou se continuássemos adolescentes por toda a vida? Duvido que alguém desejasse viver isso.

Não é possível mudar muita coisa no mundo longe, mas é possível transformar o nosso mundo interior, vivendo na frequência da gratidão. Também é possível mudar o mundo perto. A irradiação desta frequência muda o planeta. A própria gratidão é um meio de fazer isso. Da mesma maneira que alguém que vive reclamando espalha mau humor e revolta, alguém grato e feliz, é capaz de transformar ambientes. Aliás, isto já foi demonstrado em estudos da psicologia positiva. Um deles, promovido pela Universidade de Harvard, mostrou que você tem quatro vezes mais chances de ser bem ou mal-humorado, dependendo do humor crônico de seu vizinho.

E você, em que frequência você se encontra na maior parte dos seus dias? Que tipo de vizinho você é?

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Queimadas no Acre entre janeiro e setembro superam em 50% mesmo período em 2023

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O número de queimadas registrados no Acre entre 1º de janeiro e 22 de setembro superou em 50% o mesmo período no ano passado e chegou a 5.981 focos. A informação é do monitoramento via satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em 2023, o mesmo período teve 3.964 focos segundo o mesmo monitoramento.

Com quase 6 mil focos até o dia 22 de setembro, o Estado também tem 91% do total registrado nos 12 meses do ano passado, que encerrou em 6.562, conforme o Inpe.

Este ano, o ranking dos focos de queimadas no Acre continua sendo liderado por Feijó, que acumula 1.478 registros. Por conta dos números alarmantes no município, dez homens da Força Nacional foram autorizados a atuar por 90 dias no combate e investigação das causas de incêndios na cidade.

Os demais municípios ainda não ultrapassaram a marca de mil focos em 2024. Tarauacá vem logo depois de Feijó, com 939 focos, seguida por Cruzeiro do Sul, com 610.

Fumaça encobre a capital

A capital acreana Rio Branco ocupa a quarta colocação em focos de queimadas registrados pelo Inpe, com 439 focos. O município segue encoberto por fumaça e na manhã desta segunda-feira (23) continuava com a pior qualidade do ar entre as capitais do país, com 605 μg/m³ (microgramas por metro cúbico) às 8h desta segunda, de acordo com o monitoramento da plataforma IQ Air.

O número é 40 vezes acima do considerado aceitável segundo a Organização Mundial de Saúde, que é de 15 μg/m³. O índice é considerado “perigoso” e pode contribuir para problemas respiratórios.

Foto: Dayane Leite/Rede Amazônica Acre

Alerta de observatório europeu

O Pantanal e a Amazônia enfrentaram seus piores incêndios em quase 20 anos, com o fogo afetando a qualidade do ar em boa parte da América do Sul, anunciaram cientistas do Observatório Europeu Copernicus nesta segunda-feira (23).

O dado considera o número de focos de incêndio, a extensão das áreas afetadas e as emissões de carbono geradas.

Segundo o Serviço de Monitoramento da Atmosfera do Copernicus (CAMS), as emissões de incêndios na região têm se mantido acima da média.

Em todo o Brasil, as emissões acumuladas em 2024 atingiram 183 megatoneladas de carbono (Mt CO2) até 19 de setembro, seguindo a mesma tendência do ano recorde de 2007. Naquele ano, 65 megatoneladas foram emitidas apenas em setembro.

Estados como Amazonas e Mato Grosso do Sul, onde está localizado o Pantanal, registraram as maiores emissões em 22 anos de monitoramento do observatório, com 28 e 15 megatoneladas de carbono emitidas este ano, respectivamente.

Já na Bolívia, as emissões de carbono resultantes dos incêndios alcançaram o maior valor anual no banco de dados do CAMS, somando 76 megatoneladas até meados de setembro, superando o recorde anterior de 2010.

Só em setembro, foram mais de 32 megatoneladas no país vizinho ao Brasil. Ainda segundo o Copernicus, enquanto os incêndios no Pantanal contribuíram significativamente para o recorde de emissões no Brasil, seu impacto na Bolívia foi moderado, sendo Santa Cruz de La Sierra a principal origem das emissões no país.

Para o Copernicus, esses incêndios são considerados fora do comum, mesmo durante o atual período de julho a setembro, quando normalmente ocorrem queimadas.

O observatório europeu cita ainda que altas temperaturas, seca prolongada e outros fatores climáticos contribuíram para o aumento da intensidade do fogo e seus efeitos na qualidade do ar.

“A extensão da fumaça e os efeitos na qualidade do ar indicam a gravidade e a intensidade das chamas. É fundamental manter o monitoramento desses incêndios e suas emissões para entender melhor seu impacto na qualidade do ar e na atmosfera”, acrescentou Parrington.

*Com informações da Rede Amazônica AC

Companhia de teatro lança espetáculo baseado em cenário LGBTQIAP+ de Manaus

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O Bar Patrícia, também conhecido como o primeiro reduto LGBTQIAP+ de Manaus (AM) nos anos 70, será o cenário principal do espetáculo ‘Sebastião’ do Ateliê 23. A nova montagem da companhia amazonense vai ficar em cartaz no Teatro Gebes Medeiros (Avenida Eduardo Ribeiro, 937, Centro), em todas as terças e quintas-feiras do mês de outubro, sempre às 20h.

A partir da metáfora da vida de São Sebastião, a peça apresenta sete figuras que performam drag queens e contam, cantam e compartilham experiências como homens gays. Tudo acontece dentro do Bar da Patrícia, o primeiro refúgio gay em Manaus, durante a ditadura militar.

Leia também: Bar Patrícia, o primeiro reduto LGBTQIAP+ de Manaus nos anos 70

Segundo Taciano Soares, diretor da companhia, a obra celebra corpos, existências e denuncia verdades que se vinculam às identidades gays até os dias de hoje.

“São muitas expectativas com os ingressos da primeira semana quase esgotados, isso já denota também uma confiança no trabalho do Ateliê 23, é uma questão de credibilidade conquistada”, comenta Taciano Soares, que assina a direção do espetáculo junto com Eric Lima pela primeira vez.

Conforme o diretor, o grupo segue em fase de ensaios abertos, com linguagens visuais, atuação e trilha sonora avançados no processo. Entre os convidados desta primeira fase estão pesquisadores, alunos do projeto de extensão da universidade e artistas das áreas de música, teatro e dança.

Foto: Divulgação/Allícia Castro


“‘Sebastião’ está super avançado na pesquisa embora ainda haja espaço para aprofundar algumas questões dramatúrgicas históricas, como o fato de falar do Bar da Patrícia e também o mito de Sebastião, antes de se tornar um santo, que são os dois motes que levam para o que o espetáculo quer comunicar para as pessoas”, completa Taciano Soares.

Primeiro single

Para dar o ponta pé inicial no projeto, o Ateliê 23 lança o primeiro single, “Baby Gay”, nas plataformas digitais. A música vai compor a trilha sonora original de ‘Sebastião’.

“Optamos por primeiro mostrar a música para construir nas pessoas uma aproximação e uma identificação com o trabalho, além das visualidades das fotografias, também com a música, para que elas já cheguem na obra com esse desejo de poder ouvir e, quem sabe, cantar junto”, comenta Taciano Soares. “O single que vamos lançar é também a abertura do ‘Sebastião’, é a primeira música do espetáculo no sentido cronológico mesmo”.

“Sebastião” é uma realização do Ateliê 23, com apoio do Itaú Cultural, através do Programa Rumos, do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, e Ministério da Cultura, via Fundação Nacional de Artes (Funarte). Os bilhetes para o espetáculo estão disponíveis a R$ 30 (meia-entrada) pelo Instagram @atelie23.

Produtos agrícolas do bioma Amazônia geram mais de R$ 118 bilhões em 2023, aponta FGV

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Foto: Marcos Santos/USP

Os produtos agrícolas que compõem o chamado bioma Amazônia geraram mais de R$ 118 bilhões no ano passado, mostrou uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV). No Amazonas, a produção totalizou quase 300 mil toneladas dos produtos, segundo o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável (Idam), com destaque para produção de café, açaí, cacau e macaxeira, que abastecem feiras da capital e município do interior do estado.

O feirante Luiz Fernando, mais conhecido como “Ceará da Macaxeira”, que trabalha na Rua dos Barés, no Centro de Manaus, conta que vende macaxeira colhida por produtores rurais de Manacapuru, na região metropolitana.

“Eu creio que não vai faltar esse ano, porque Manacapuru, como sempre, tem nos abastecido e vai ter produto para o ano todo”, afirmou.

Outro feirante, Benevaldo de Souza, ressalta que a banana é um produto que não tem faltado na Feira da Banana, também na região central da capital. Toda semana, ele recebe cerca de 3.500 caixas da fruta, compradas de produtores de Manicoré.

Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia

Ainda de acordo com o feirante, toda produção de banana pacovã abastece grande parte da feira, o que ajuda a impulsionar a economia do município.

O levantamento também foi usado como base para o estudo do Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da FGV, que apontou um faturamento de R$ 24,4 bilhões somente na Região Norte.

No Amazonas, a produção de açaí se destaca. Em 2023, foram colhidas mais de 100 toneladas do produto, de acordo com o Idam. Os municípios de Codajás, Humaitá e Lábrea lideram a produção do estado.

Já a mandioca é cultivada em todos os municípios, com Manacapuru, Tefé e Manicoré entre os maiores produtores. No ano passado, a colheita chegou a quase 170 mil toneladas, que impulsionou a renda de produtores rurais.

*Com informações da Rede Amazônica AM

Pesquisa aponta que 6 em cada 10 indígenas que vivem em áreas urbanas têm ao menos uma doença crônica

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Foto: tomwieden/Pixabay

Cerca de 60% da população indígena brasileira não aldeada convive com, pelo menos, uma doença crônica. Hipertensão arterial, problemas de coluna vertebral, colesterol alto e depressão estão entre os principais diagnósticos, segundo pesquisa inédita da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), publicada na quinta (26) na revista “Saúde em Debate”.

O trabalho revela, ainda, que cerca de 35% dos indígenas que vivem fora das aldeias no Brasil, com 20 anos ou mais, têm duas ou mais enfermidades.

A hipertensão arterial, popularmente conhecida como pressão alta, é a mais prevalente entre mulheres e idosos. Os indígenas com mais de 60 anos são também os que mais apresentam problemas na coluna vertebral (29%) e com o controle do colesterol (26%).

Os pesquisadores fizeram um levantamento inédito do perfil de saúde da população indígena não aldeada brasileira a partir de dados de 651 indivíduos, da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019. A idade média entre homens e mulheres indígenas que vivem fora de aldeias é de 45 anos.

A maioria tem rendimento de até um salário mínimo (66%) e tem o ensino fundamental completo (67%), dado educacional crescente em relação aos censos demográficos anteriores. O levantamento revela também que cerca de 90% residem em áreas urbanas e não têm plano de saúde privado. Ou seja, dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS).

Para a coautora do estudo, Deborah Malta, da UFMG, o mapeamento revela uma mudança no estilo de vida da população indígena que vive em centros urbanos, assim como de outros grupos populacionais.

Em relação à população indígena de todo o Brasil, o artigo cita dados do Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena, que registrou cerca de 42 mil casos notificados de doenças crônicas entre 2015 e 2017.

A pesquisadora da UFMG destaca a importância de ampliar os estudos envolvendo a população indígena do Brasil, que dependem de políticas de inclusão, como o Sistema Único de Saúde, especialmente aquela que vive em aldeias e em áreas isoladas, como os ianomâmis. Essa população tem situação “agravada frente às invasões de suas terras, destruição de rios e florestas e piora de sua saúde, com aumento de desnutrição, malária e doenças infecciosas, em decorrência de falta de políticas de proteção durante o governo Bolsonaro’’, diz Malta.

Segundo ela, ainda há muito o que avançar no sentido equidade, embora o governo federal tenha adotado importantes iniciativas para reduzir estas desigualdades, como, por exemplo, a criação do Ministério dos Povos Indígenas.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência Bori

Rio Madeira chega aos 25 centímetros e ribeirinhos enfrentam dificuldades

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Seca no Rio Madeira em 2024 é a maior já registrada. Foto: Reprodução/TV Globo

À 1h30 da madrugada do dia 23 de setembro, o rio Madeira chegou a um nível nunca observado na história em Porto Velho: 25 centímetros. É uma marca que reflete na realidade das comunidades ribeirinhas, que sofrem com a falta de água e de peixes.

O pescador viu o rio desaparecer rapidamente, assim como os peixes. Locais onde antes os ribeirinhos passavam de barco para pescar, foram substituídos por bancos de areia. O horizonte onde antes era possível ver o nascer e o pôr do sol foi encoberto por fumaça de queimadas.

“Não vê o céu mais. Só essa fumaceira aqui. Até a respiração, pra gente, fica ruim. Dentro de casa, porque quando você vai abrir a janela, a fumaça entra pra dentro da casa. E você tá dentro de casa de noite, tá respirando aquela fumaça”, relata.

Na comunidade Brasileira, os moradores sofrem com a falta de água. Sem água nos poços e isolados das outras comunidades por causa da seca, eles dependem de carregamentos feitos pela Defesa Civil de Porto Velho. No entanto, segundo moradores, a quantidade não é suficiente para atender as necessidades de toda família.

“A Defesa Civil trouxe dia 9 de setembro e não veio mais. Passaram, se eu não me engano, dia 12 enchendo algumas caixas de água onde o caminhão conseguiu entrar, mas também já acabou essa água”, relata a moradora Elisa Regina.

Segundo Elisa, um galão de água de 20 litros em sua casa dura, em média, um dia e meio. Isso porque na residência moram cinco pessoas e a água acaba sendo utilizada para outras atividades domésticas.

“A gente bebe muita água, devido a estar muito quente, é um consumo de água muito rápido”, relata.

Foto: Reprodução/Amaggi

Segundo a Prefeitura de Porto Velho, mais de 15 mil fardos de água potável serão distribuídos para 433 famílias por três meses.

A Prefeitura aponta que o cronograma de distribuição está sendo realizado em três etapas para que todas as famílias possam receber as doações e que a água é suficiente para 30 dias.

Quem também sofre com a seca extrema são os animais. Com o rio seco, lagoas se formam, isolando os peixes, por exemplo, que acabam morrendo por falta de alimento e de oxigênio.

“Morre o bichinho. O jacaré, se não tiver peixe, morre. Às vezes a gente acha ele morto aí na praia”, relata André.

Na comunidade ribeirinha Maravilha o Igarapé secou, causando a morte de dezenas de peixes e dificultando o acesso à água para os moradores da região.

O mesmo local que Conceição e a família usavam para atividades diárias e momentos de diversão, como banhos, se tornou em um cenário devastador: um cemitério de peixes.

Foto: Divulgação/Prevfogo

Consequências no corredor logístico

Através da água do Madeira se forma um corredor logístico. De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), a hidrovia do rio é uma das mais importantes vias de transporte da região Norte: são mais de 1 mil km² de extensão navegável.

Por conta da seca, o principal porto de cargas de Porto Velho já registra redução de 60% no transporte de granéis sólidos, como milho, soja e fertilizantes.

Atualmente, a falta de produtos e insumos essenciais ainda não é sentida, mas existe a possibilidade de que os preços para os consumidores aumentem.

Leia também: Seca histórica do Rio Madeira afeta transporte de cargas em Porto Velho

Rondônia em chamas

A seca extrema acontece no mesmo período de recordes de queimadas. Nas primeiras duas semanas de setembro, a quantidade de focos de incêndio em Rondônia foi 3 vezes maior do que o total de registros feitos nos seis primeiros meses de 2024.

O estado contabiliza 8.462 focos de incêndio entre janeiro e 19 de setembro: a maior quantidade em cinco anos, de acordo com o “Programa Queimadas”, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Entre janeiro e 11 de setembro de 2024, mais de R$ 262 milhões em multas foram aplicadas pelo Batalhão da Polícia Ambiental em Rondônia. Além disso, foram realizadas 970 prisões, sendo 42 por queimadas ilegais.

*Com informações da Rede Amazônica RO

Após 17 anos, Terra Indígena no Pará tem direito a território reconhecido

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Foto: Mariana Pontes/Acervo Cimi Norte 2 (2018)

Depois de 17 anos de espera, o povo indígena Munduruku teve o direito à Terra Indígena Sawré Muybu reconhecido pelo ministro da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Ricardo Lewandowski. A Portaria nº 779/2024 foi assinada nesta quarta-feira (25), no Palácio da Justiça, em Brasília (DF), em encontro com lideranças do povo contemplado.

A discussão sobre a área, no Pará, começou em 2007. O estudo que delimitou o território de 178.173 hectares foi concluído pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em 2016 e somente em 2023 o processo chegou ao MJSP. A área abriga, aproximadamente, 420 indígenas. O povo Munduruku vive também em outros territórios no Pará que, somados, ocupam 2,6 milhões de hectares.

Essa é a quarta portaria de demarcação de terras indígenas assinada pelo ministro da Justiça em menos de um mês. Em 5 de setembro, Lewandowski havia reconhecido oficialmente os territórios Maró e Cobra Grande, também no Pará, e Apiaká do Pontal e Isolados, em Mato Grosso (MT).

Foto: Robson Alves/MJSP

O ministro também destacou que o reconhecimento da área será importante para proteger a Terra Indígena Sawré Muybu de práticas ilegais, como a garimpagem de ouro e a extração de madeira, além de promover a conservação ambiental da região.

“O ato de hoje tem um aspecto ainda mais relevante porque estamos falando de uma localidade que, nos últimos anos, infelizmente, se tornou símbolo do garimpo ilegal e da extração ilegal de madeira. O garimpo ilegal também tem impactado a região com a contaminação por mercúrio, afetando, principalmente, mulheres e crianças”, afirmou.

De acordo com dados do Greenpeace Brasil, até março deste ano, a área total desmatada dos povos Munduruku somava 7.115 hectares. O número coloca o território como o segundo mais devastado do País.

“Agradeço a todos que nos ajudaram a sanar os obstáculos jurídicos para que conseguíssemos efetivar essa demarcação e, especialmente, ao ministro Lewandowski por este ato tão importante para a garantia dos direitos dos povos indígenas”, ressaltou a secretária de Acesso à Justiça, Sheila de Carvalho.

Também participaram do encontro a cacica Maria do Socorro Avelino Sau Munduruku; o secretário-executivo do MJSP, Manoel Carlos de Almeida Neto; e o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macedo.

O ato final sobre a demarcação das áreas é do presidente da República que, por meio de decreto, decide sobre a concessão definitiva da titularidade da terra indígena à comunidade.

*Com informações do Ministério da Justiça

MPF recomenda suspensão imediata de licenciamento ambiental da Hidrovia Tapajós, no Pará

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Foto: Reprodução/Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ)

O Ministério Público Federal (MPF) recomendou a suspensão imediata do licenciamento ambiental da Hidrovia Tapajós, cuja implementação inclui a dragagem (retirada de bancos de areia) e a sinalização náutica do Rio Tapajós, no Pará. A recomendação foi dirigida à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e à Marinha do Brasil.

O MPF alerta que as comunidades indígenas e tradicionais da região, potencialmente afetadas pela obra, não foram consultadas, conforme determina a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A norma garante o direito à consulta prévia, livre e informada para qualquer projeto que impacte na vida, no território ou na cultura de povos tradicionais.

Segundo o próprio Dnit, as obras da Hidrovia Tapajós estão previstas para começarem em outubro deste ano. O empreendimento está sendo planejado para abranger todo o comprimento do rio e inclui intervenções significativas ao longo do Tapajós, como a dragagem para facilitar o transporte de grãos e minérios vindos do Centro-Oeste do país.

O MPF, no entanto, aponta que a obra ameaça diretamente a subsistência das comunidades que dependem do rio para pescar e se locomover, além de alterar o modo de vida tradicional e impactar culturalmente povos indígenas e ribeirinhos, como os habitantes da Reserva Extrativista (Resex) Tapajós-Arapiuns e da Floresta Nacional (Flona) do Tapajós.

Falta de consulta às comunidades

A principal irregularidade identificada pelo MPF é a ausência da consulta prévia aos povos indígenas e comunidades tradicionais potencialmente atingidos. Segundo o MPF, o Dnit e a Semas não tomou as medidas necessárias para garantir que essas comunidades fossem informadas e consultadas sobre os impactos do projeto, antes de avançar com o processo de licitação e de licenciamento, que já está em estágio avançado.

O Dnit já havia confirmado que o processo de contratação dos serviços de dragagem e sinalização para a hidrovia estava em fase final, sem que houvesse diálogo com as comunidades locais. Além disso, foi identificado que profissionais da empresa responsável pelo projeto foram avistados em território indígena para a realização de estudos da área, sem qualquer tipo de consulta ou permissão formal.

O MPF destacou que qualquer intervenção no Rio Tapajós, que é vital para a cultura e subsistência de diversos povos, precisa respeitar o direito à consulta e à autodeterminação das comunidades afetadas. Os impactos sobre a biodiversidade e a pesca artesanal, atividades essenciais para a economia local, também foram levantados como preocupações centrais.

Ainda segundo a recomendação, em todos os casos, relacionados à Hidrovia Tapajós ou a outros empreendimentos, a consulta precisa ser feita de boa-fé, respeitando as práticas sociais, culturais e cronológicas de cada comunidade, sem interferência de atores externos que possam influenciar o processo. O MPF reforça que o resultado das consultas deverá ser verdadeiramente levado em consideração antes de qualquer decisão sobre o licenciamento da hidrovia.

Recomendações do MPF

Diante das irregularidades, o MPF emitiu recomendações específicas e fixou um prazo de 10 dias para que as autoridades informem o acatamento ou não da recomendação, bem como apresentem as providências tomadas. Caso a recomendação não seja atendida, o MPF poderá adotar medidas judiciais para suspender o andamento do projeto.

  •  À Semas/PA: suspender imediatamente o licenciamento ambiental da Hidrovia Tapajós, inclusive eventuais licenças já concedidas, até que seja realizada a consulta prévia, livre e informada a todas as comunidades tradicionais e indígenas potencialmente afetadas;
  •  Ao Dnit: suspender os processos licitatórios relacionados à dragagem, sinalização náutica e contratação de empresa fiscalizadora, até a realização da consulta prévia com as comunidades;
  •  À Marinha do Brasil: suspender quaisquer licenças, autorizações ou processos em concluídos ou em andamento, relacionados ao empreendimento, até que as consultas prévias sejam realizadas;

Contexto do projeto e impactos

A Hidrovia Tapajós é considerada uma rota estratégica para o escoamento da produção agrícola e mineral do Centro-Oeste para os portos do Norte do Brasil. No entanto, o projeto tem sido alvo de críticas por parte de organizações indígenas e ambientais, que apontam os riscos de desmatamento, degradação ambiental e violação dos direitos das comunidades tradicionais.

Para os povos indígenas que habitam a calha do rio Tapajós, o rio é muito mais do que um simples corredor logístico: ele é um espaço sagrado e vital para a manutenção de suas tradições, alimentação e cultura. Intervenções como a dragagem podem alterar irreversivelmente o ecossistema local, prejudicando não apenas a fauna aquática, mas também a relação espiritual que essas comunidades mantêm com o rio.

Além disso, a região do Médio e Baixo Tapajós já enfrenta desafios como a expansão da produção agrícola e a pressão do agronegócio, que têm contribuído para o desmatamento e a exploração ilegal de recursos naturais, como madeira e ouro.
 
Íntegra da recomendação

*Com informações do MPF

Jovens usam redes sociais para defender elementos naturais da Amazônia

Foto: Lucas Bonny/FAS

Os jovens têm grande protagonismo na luta em defesa da Amazônia, das florestas e dos rios, e as redes sociais são uma forte ferramenta de empoderamento nesse processo. Na semana em que se celebrou o Dia da Árvore, eles reforçam a importância das plataformas digitais para defender esse elemento natural tão importante para o planeta.

Influenciadora digital com mais de 9,6 mil seguidores no Instagram, Kanata Kambeba usa sua voz para ecoar os desafios enfrentados na região, em especial, os da juventude da floresta em suas redes sociais. Ela reside na comunidade indígena Três Unidos, às margens do rio Cuieiras, na Área de Proteção Ambiental (APA) Rio Negro.

Kanata é beneficiária do projeto ‘Repórteres da Floresta‘, iniciativa da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), apoiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Movimento Bem Maior (MBM), que empodera a juventude amazônida por meio da educomunicação.

O projeto, iniciado em 2014, é conduzido nos Núcleos de Inovação e Educação para o Desenvolvimento Sustentável (Nieds) da FAS, localizados em comunidades ribeirinhas e indígenas. Mais de 400 adolescentes e jovens já participaram do Repórteres da Floresta. Muitos deles utilizam as redes sociais para denunciar injustiças em seus territórios.

A formação inclui uma etapa teórica, com técnicas sobre fotografia, vídeo, áudio, iluminação e edição. Em seguida, aplicam esses conhecimentos no campo, na prática, produzindo conteúdos que retratam suas próprias comunidades. Um exemplo de produção é o ‘Podcast da Floresta‘, com uma série de 15 episódios que destacam entrevistas com lideranças comunitárias ribeirinhas.

“Empoderamos os jovens para que falem por si, em vez de ter outros falando por eles. Esse compartilhamento com o mundo pode acontecer em diversas mídias, permitindo que abordem temas como turismo de base comunitária, empreendedorismo sustentável, desinformação, problemas ambientais ou identidade cultural”, explica Rafael Sales, coordenador dos Nieds.

Jovens empoderados

Darlisson Ramos é um jovem da comunidade Tumbira, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, no município de Iranduba (a 64 quilômetros de Manaus). Ele conta que antes tinha muita dificuldade em se expressar, mas com o apoio necessário venceu as dificuldades e hoje mostra seu dia a dia e a realidade de sua comunidade nas redes sociais.

“Aqui [a Amazônia] é a minha casa, onde eu moro, então tudo o que passo precisa ser dito. O que pode ajudar a deixar a floresta em pé é ter mais jovens capacitados para falar dela. Porque a união faz a força e nós só precisamos de mais espaço. Afinal, os jovens são o futuro da nação”, declara.

Kanata, citada acima, é indígena da etnia Ómagua Kambeba e explica como a internet se tornou uma oportunidade para ela falar também sobre o que significa ser indígena amazônida. 

Kelly Souza, que reside na comunidade Puña – localizada na RDS Mamirauá, no município de Uarini (a 565 quilômetros da capital) – conta que participa do projeto desde a adolescência, se tornando uma repórter que divulga a força da juventude nas mídias.

“As redes sociais são importantes para nós combatermos a desinformação e trazermos para dentro da nossa comunidade a importância do protagonismo juvenil, pois levaremos nossos saberes tradicionais para as próximas gerações”, conta.

Conheça 4 diretores que levam o cinema amazônida para o mundo

Você sabia que diversas produções populares do cinema Brasil à fora (e até pelo mundo) são fruto de produtores do audiovisual amazônida? Palasito e Terruá Pará são alguns de destaque recente, mas quem são os responsáveis por essas obras? Conheça quatro diretores que tem trabalhado para levar a Amazônia ao cinema:

Sobre o Pipoca em Cena

A décima edição do Projeto Pipoca em Cena, da Fundação Rede Amazônica (FRAM), tem o apoio institucional da Globo Filmes; Policia Militar do Amazonas; Secretaria de Estado de Educação e Deporto Escolar (SEDUC); e o apoio da Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC); Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC) e Governo do Amazonas.