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Roraima, Terra de Macunaima: conheça a história que se entrelaça com saberes indígenas

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Monte Roraima, na tríplice fronteira do Brasil, Venezuela e Guiana, se originou da história de Macunaíma. Foto: Jorge Macedo/Arquivo pessoal

É assim que Mário de Andrade inicia o romance modernista Macunaíma, de 1928. O poeta sudestino se inspirou nos escritos do antropólogo alemão Theodor Koch-Grunberg sobre o que os indígenas de Roraima lhe contavam do personagem considerado um herói do povo Macuxi.

Ao longo dos anos, Roraima passou a ser chamado localmente como “Terra de Macunaima”. E neste sábado (5), quando o estado completa 36 anos, pesquisadores e estudiosos comentam sobre a literatura indígena para entender a origem da expressão e como a história se entrelaça com a ancestralidade dos povos originários

‘Lugar sagrado’

Na cosmovisão do povo Macuxi, a “Terra de Macunaima” se refere a origem ancestral do espaço que é atualmente o estado de Roraima e é mais do que uma simples história: trata-se de um lugar sagrado. É o que explica o antropólogo e professor doutor do Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena (Insikiran) da Universidade Federal de Roraima, Jonildo Viana.

“Macunaima, curumim cheio de potencial, dotado de magias, de sabedoria, teve como local de nascimento o Monte Roraima. Cresceu, e se tornou um guerreiro, os Macuxi o proclamaram herói de sua etnia. A ‘Terra de Macunaíma’ é um lugar sagrado. Povoa o imaginário sociocultural roraimense”, explicou.

Na avaliação dele, Roraima ser chamado de “Terra de Macunaima” endossa, ainda que inconsciente, a relação histórica que se une aos saberes indígenas.

No romance de Mário de Andrade, ele se inspirou, inicialmente, nos relatos de Koch-Grunberg, o explorador alemão responsável por vários registros históricos etnográficos de grupos indígenas e também um dos pioneiros no uso de recursos cinematográficos e fonográficos em pesquisas de campo na Amazônia.

“Ele andou pelo Rio Branco e foi até ao Orinoco [na Venezuela]. Nesse percurso, ouviu muitos indígenas que lhe contavam muitas histórias e lendas que eles acreditavam. Uma delas era desse personagem chamado de Macunaíma. Era um ser sem nenhum pudor, caráter ou personalidade”, conta escritor e autor do livro “Geografia e História de Roraima”, Aimberê Freitas.

Uma pesquisa publicada na revista ‘Rónai’, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que trata sobre estudos clássicos e tradutórios, registrou que a ideia de Mário com o romance de Macunaíma era desconstruir a figura do herói de trazer uma reflexão do Brasil “fazendo com que as múltiplas características nacionais se unissem criando uma identidade para a cultura brasileira.”

‘O filho do Sol’

Segundo o livro “Mitos do Povo Makuxi”, com registros do monge beneditino Dom Alcuíno Meyer, o nome do herói Makunaimî é pronunciado “Macunaíma”, no português. O autor Mário de Andrade adotou a pronúncia “Macunaíma” na sua obra.

E se para o romancista Macunaíma era “filho do medo da noite”, para o povo Makuxi, é “filho do Sol”, o que faria sentido com Roraima, como explica professora de Literatura da UFRR, poeta e editora Makuxi, Sony Ferseck.

Também pesquisadora da UFRR, a professora do curso de Gestão Territorial Indígena do Insikiran Ananda Machado ainda faz um alerta: cada povo indígena ressignifica a figura de Macunaima de acordo com as próprias experiências e tradições. Desse modo, as versões não podem ser chamadas de “lendas”.

“É uma palavra que reduz um pouco o sentido dessas histórias tão poderosas, é um texto potente que atravessa tantos mundos”, explicou.

Um estado, muitas identidades

Roraima não é plural somente em narrativas sobre sua origem. Trazendo para os dias atuais, se o estad entrasse em uma trend no Tiktok, seria naquela das pessoas serem um mosaico daquilo que amam, numa mistura sobre identidade etno-cultural como o dizer popular “Roraima, terra de Macunaima”.

As heranças nordestinas, a ancestralidade indígena e a influência das fronteiras com a Venezuela e a Guiana, tornaram o estado com muitas identidades e culturas, mesmo com o menor número populacional em comparação aos outros 25 estados brasileiros e o Distrito Federal.

Atualmente, Roraima tem 636.707 habitantes, de acordo com o Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Dessa maneira, é importante nos conscientizarmos que existe uma multiculturalidade, que precisa ser pensada numa perspectiva intercultural crítica, estabelecendo diálogos possíveis para o bem-viver”, reforça o antropólogo Jonildo Viana.

Uma criança nascida no extremo norte do Brasil, tem vivências que giram em torno de diferentes círculos socioculturais. É chamado de “curumim” ou “cunhatã”, e cresce sabendo que o correto é “do Caburaí ao Chuí”, e não do “Oiapoque ao Chuí”.

E o roraimense também é uma junção de expressões nortistas e locais. Como o “telezé?”, quando indignado. E não é “grande”, é “maceta”. Fora o “portunhol”, uma espécie de idioma praticamente obrigatório fortalecido pela da migração venezuelana – entre tantas outras gírias que são encontradas no estado numa rápida conversa com qualquer roraimense, ou “roraimado”, como são chamados os que se auto naturalizaram.

*Por Nalu Cardoso, da Rede Amazônica RR

Combinação de agrotóxicos e mudanças climáticas pode matar peixes amazônicos

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Foto: Fir0002/Wikipedia

Nos laboratórios do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), há um lugar informalmente chamado de ‘sala do futuro’. Nesta sala, é simulado um cenário de extremo de mudanças climáticas, conforme as projeções do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, o IPCC: temperaturas cerca de 5 ºC mais quentes daquilo que é medido em tempo real, em Manaus (AM), e maior concentração de CO2 na atmosfera (708 partes por milhão a mais, precisamente). Ali, a bióloga Samara Souza conduziu um experimento com tambaquis, expondo-os, para além dessas condições extenuantes, a uma mistura de agrotóxicos encontrados nas águas das proximidades da capital amazonense.

“Quando se fala em mudanças climáticas, o aumento das temperaturas não é o único elemento em que devemos prestar atenção”, explica Adalberto Val, coordenador do Instituto Nacional de Tecnologia (INCT-Adapta), onde a pesquisa foi conduzida.

Especializada no efeito de contaminantes em peixes amazônicos, Samara já tinha uma compreensão madura de como diferentes agrotóxicos afetam os animais. Combiná-los a um cenário extremo de mudança climática é, para ela, uma maneira de compreender melhor o que ocorre nos habitats e quais desafios os organismos enfrentarão no futuro, na ausência de políticas que lidem com essas questões.

 Foto: Rafa Neddermeyer / Agência Brasil

Para o estudo, 36 tambaquis juvenis foram divididos entre um cenário que simula as condições atuais de temperatura e CO2, e o cenário extremo, sendo expostos a esses ambientes por 96 horas. Dos quatro agrotóxicos utilizados, dois (clorpirifós e malathion) são inseticidas, além de um herbicida (atrazina) e um fungicida (carbendazim), em concentrações semelhantes às encontradas nas águas das proximidades de Manaus.

Mesmo em concentrações abaixo do que é considerado letal para os peixes, a mistura dos compostos já traz impactos negativos aos tambaquis, como danos no fígado e efeitos adversos no sistema nervoso, que levam à paralisia e perda de funções. Porém, somado ao cenário climático extremo, alguns desses danos se exacerbam. Em outras palavras, em temperaturas mais altas, os peixes perdem a capacidade de metabolizar e se livrar desses compostos em seu corpo.

Isso se dá porque o aumento da temperatura ambiente de maneira tão aguda exige do peixe ajustes em seu metabolismo. As consequências disso são graves. Por exemplo, a contaminação por inseticidas organofosforados  leva à inibição de uma enzima crucial na propagação de impulsos nervosos dos peixes, a acetilcolinesterase (AChE), e de outras enzimas que têm ação antioxidante nas brânquias.

Conforme explica Samara, “em contato com a água contaminada, os peixes que já estavam lidando com a temperatura alta e a maior concentração de CO2 ficam mais suscetíveis aos agrotóxicos por seu metabolismo não ter a resposta apropriada a eles, produzindo efeitos mais nocivos em comparação ao cenário atual de condições climáticas.”

Essa combinação produziu danos irreparáveis no fígado dos animais, além de danos também no DNA de suas células sanguíneas.

Os efeitos de agrotóxicos nos peixes

Atualmente, o Brasil possui cerca de 4.455 agrotóxicos registrados para uso agrícola, segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), com usos e formulações diversas, que vão desde a lavoura até a pastagem. Desses, 1.017 são inseticidas organofosforados, a exemplo do clorpirifós e do malathion, utilizados na pesquisa com os tambaquis.

Diversas pesquisas têm se voltado ao efeito dos organofosforados em organismos aquáticos devido ao modo como esses compostos agem. Em insetos, a quem buscam eliminar, esses químicos atrapalham o bom funcionamento do controle do impulso nervoso, inibindo a produção da enzima acetilcolinesterase.

Todavia, o composto não afeta apenas as pestes-alvo. Em contato com corpos d’água, esses organofosforados têm o mesmo efeito em peixes ou em insetos aquáticos. Artoni também é autor de pesquisas que testam esses efeitos em tambaquis, sobretudo de um outro organofosforado muito acessível no mercado, o triclorfon. 

“O composto leva o peixe a perder o equilíbrio. Dependendo da concentração, o animal passa a nadar de lado, com uma letargia que o impede de fugir de um predador ou de migrar em seu habitat natural”, explica. “Pouquíssimos peixes voltam quando expostos já a 50% da concentração considerada letal.”

Analisando tecido do fígado de tambaquis, Artoni e sua equipe também averiguaram como o triclorfon leva à morte celular, ativando genes relacionados à formação de tumores. 

Como os agrotóxicos chegam aos rios da Amazônia

Em dezembro de 2019, o ecotoxicologista espanhol Andreu Rico esteve na Amazônia brasileira para avaliar as concentrações de agrotóxicos nos corpos d’água de Manaus, Belém, Santarém e Macapá. Foi a partir da pesquisa de Andreu que Samara estabeleceu o que seriam concentrações realistas dos compostos para utilizar em seus experimentos com tambaquis.

Andreu conduziu uma avaliação da capacidade tóxica desses componentes na Amazônia a partir de dados já existentes sobre a letalidade dos compostos para diferentes espécies. Com isso, foi possível determinar como, próximos a essas cidades, as concentrações encontradas dos inseticidas clorpirifós e malathion são altamente perigosas para a biodiversidade aquática. Ao todo, 11 compostos foram detectados nas águas.

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil

O crescimento da população urbana na Amazônia gerou um aumento na demanda por comida, que passou a ser atendida por atividades agrícolas de pequeno porte ao redor das regiões metropolitanas. Segundo dados do MapBiomas, a área dedicada à agricultura aos arredores de Manaus saltou de 16 hectares, em 2004, para 197, em 2022.

Um artigo publicado pela The Royal Society of Biological Sciences, em 2013, demonstrou como o cultivo de frutas e vegetais não-nativos é responsável por um aumento do uso de agrotóxicos para combater pestes e competição com outras plantas. Uma vez no solo, os químicos se lixiviam e chegam aos rios com facilidade.

Todavia, os levantamentos sobre uso de pesticidas na região são feitos por universidades e centros de pesquisas, apenas. Atualmente, não há um acompanhamento oficial sobre esse crescimento. A falta de dados disfarça, inclusive, outros usos diversos desses compostos que ocorrem na região sem o devido controle ou fiscalização.

Por exemplo, a professora do Departamento de Parasitologia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Ana Gomes, explica como o triclorfon é utilizado para o combate de parasitas no cultivo de peixes, pela aquicultura da região. 

Publicações científicas, como as do próprio Roberto Artoni, trazem relatos de piscicultores que expõem seus peixes a banhos de imersão com estes compostos, o que gera os efeitos negativos já mencionados nos próprios animais de cultivo. Os estudos evidenciam que organofosforados em peixes cultivados podem ficar até 15 dias nas vísceras do animal sob tratamento. Além disso, se não houver controle de entrada e saída da água neste cultivo, “a possibilidade desses compostos irem para os rios é muito relevante”, alerta Ana.

Procurada pela reportagem, a Associação Independente de Aquicultores do Estado do Amazonas não reconheceu o uso dos compostos citados na piscicultura do estado. Todavia, não há uma avaliação formal dessa utilização por parte da associação.

Agroquímicos no Brasil e suas alternativas

“O aumento da área agrícola explica apenas em parte o consumo de agroquímicos no Brasil”, defende o biólogo Charles dos Santos. Em 2018, Charles publicou um estudo com o levantamento que colocou o país como o maior consumidor de defensivos agrícolas no mundo, com um crescimento da demanda de 150% em 15 anos.

Foto: Reprodução/Governo de Rondônia

Embora esse acréscimo esteja diretamente relacionado à expansão da fronteira agrícola do país, Charles coloca como outro fator importante nesse aumento o uso inadequado desses compostos. “No temor de perder a produção, há uma tendência para se usar muito mais do que é recomendado, inclusive misturando compostos, para ter essa sensação de maior controle”, aponta Charles.

Todavia, esses agroquímicos tem uma alta persistência e alta mobilidade no meio ambiente. O herbicida atrazina utilizado na pesquisa de Samara, por exemplo, persiste até 100 dias na água antes de se dissolver completamente. Na Europa, a atrazina é banida já há 20 anos, à semelhança do clorpirifós, também proibido. Todavia, o Brasil continua sendo um mercado consumidor desses produtos cuja patentes sequer são nacionais.

Especificamente para a Amazônia, um cenário de mudanças climáticas somado aos efeitos destes compostos se apresenta como uma ameaça à segurança alimentar da região, que encontra nos peixes sua principal fonte de proteínas. Afinal, apenas em Manaus se consome cerca de 400 toneladas de tambaqui por ano. Além de risco à saúde, essa combinação também representaria perdas de produtividade na pesca e na aquicultura da região.

Por outro lado, o Brasil também é um mercado em potencial para alternativas aos agroquímicos. Por exemplo, Charles é um entusiasta do controle biológico nas lavouras, que consiste em introduzir uma espécie que preda a peste em questão até reduzir sua população ou eliminá-la.

Já na aquicultura, além da necessidade de haver controle na entrada e saída da água, também estão sendo desenvolvidas pesquisas no âmbito do Inpa e do INCT-Adapta  para utilização da tecnologia de bioflocos. Trata-se do uso de microrganismos para a melhoria da qualidade da água nos sistemas de criação, levando a ganhos imunológicos nos animais e, consequentemente, reduzindo o uso de agroquímicos e outros medicamentos.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Mongabay, escrito por Tiago da Mota e Silva

Como cavalos ajudam vaqueiros no trabalho em fazendas de Roraima

Cavalos ajudam em fazendas de Roraima. Foto: Ronny Alcântara/Rede Amazônica RR

Olhar o rebanho, conferir se o gado está bem e recolhê-los com segurança. Essa é a rotina diária de um vaqueiro e seu cavalo. Em Mucajaí, Sul de Roraima, Antônio Gomes Silva, vaqueiro, cuida de uma área de 300 hectares e valoriza a parceria com seu fiel companheiro de trabalho.

“Uso cela e cabresto que não machucam. Eu também não uso esporas, só o calcanhar. Depois do trabalho, dou um banho e ração para ele”, conta Antônio.

Leia também: Conheça o cavalo lavradeiro, animal que veio da Europa sob influência de Lobo D’Almada

Além de vaqueiro, Antônio trabalha ao lado de Ronaldo Silveira, veterinário e proprietário da fazenda. Ronaldo destaca a importância de cuidar da saúde dos animais, garantindo descanso adequado e alimentação apropriada. Ele reforça que o manejo inclui fornecer ração após o trabalho como uma recompensa.

Capim, grama, ração e água são essenciais para a dieta dos cavalos. No entanto, Ronaldo alerta para as estiagens, que afetam o fornecimento de capim. Ele recomenda o uso de feno durante períodos de seca como uma boa alternativa.

Segundo a Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr), o estado possui cerca de 10 mil equinos de diversas raças. Eles são fundamentais nas atividades rurais, além de serem usados para reprodução animal.

Na fazenda de Ronaldo, os cavalos Amajari e Pampa ajudam a lidar com o gado e, como destaca o veterinário, o bem-estar deles é uma prioridade.

Ronaldo ainda orienta quem deseja iniciar a criação de cavalos a pesquisar sobre a raça mais adequada para o manejo, além de seguir protocolos vacinais rigorosos. Ele lembra que surtos de doenças, como as encefalites, podem ocorrer devido à falta de vacinação.

Ele reforça que, além dos cuidados básicos, é essencial observar a dentição dos animais e ter soro antiofídico à disposição em caso de emergências, como ataques de outros bichos ou ferimentos. Com os cuidados adequados, os cavalos se mantêm fortes e produtivos, prontos para o trabalho no campo.

Sawré Muybu: conquista histórica do povo Munduruku, no Pará

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Uma vitória histórica e profundamente simbólica para os povos indígenas da Amazônia e do Brasil foi celebrada em 26 de setembro. A assinatura da portaria que finalmente reconhece a Terra Indígena Sawré Muybu, localizada na bacia do Rio Tapajós, no Pará, entre as cidades de Itaituba e Trairão, é a realização de uma luta de anos.

Com 178.173 hectares, o povo Munduruku assegura a posse permanente de um território que sempre lhes pertenceu, mas que esteve ameaçado pelo garimpo, pela extração ilegal de madeira e por projetos de infraestrutura.

Saiba mais: Após 17 anos, Terra Indígena no Pará tem direito a território reconhecido

A Terra Indígena Sawré Muybu, além de ser um território rico em biodiversidade, é o coração espiritual e cultural do povo Munduruku. Garantir a proteção dessa terra é assegurar a continuidade de um modo de vida ancestral, que sempre esteve em harmonia com a floresta.

A portaria declaratória é uma das etapas do processo de demarcação de uma Terra Indígena, que define os limites dos territórios quando não há mais disputas administrativas ou judiciais. Ela foi assinada em 25 de setembro pelo Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, numa cerimônia em Brasília (DF).

Isso não significa, no entanto, que o processo demarcatório está completo – agora é a hora de fixar os marcos físicos e proceder com a retirada de ocupantes de dentro do território. Em seguida, o presidente da República homologa o território e aí sim o rito estará completo.

Autodemarcação

O processo de demarcação da Sawré Muybu teve início em 2007. Mas ele ficou parado durante muito tempo por questões políticas, principalmente pela força econômica que o garimpo tem na região.

Em 2014, o povo Munduruku promoveu a autodemarcação de seu território, realizando incursões por contra própria dentro do território, fixando placas nos limites da Terra Indígena e expulsando invasores. Esse gesto teve grandes implicações políticas e virou referência de incidência no movimento indígena, inspirando diversos povos a fazerem a mesma coisa em seus territórios Brasil afora – num gesto poderoso, corajoso e inspirador de autonomia e independência.

A portaria que demarca Sawré Muybu pode ter repercussões significativas para projetos de grande escala, como a Ferrogrão, um corredor ferroviário estratégico para o governo federal, e a hidrelétrica de São Luiz do Tapajós. O arquivamento do projeto da usina pelo Ibama, em 2016, foi uma grande vitória para os povos indígenas. No entanto, a reativação dos estudos pela Eletrobrás, neste ano, mostra que a luta ainda não acabou. O reconhecimento da terra Munduruku representa, mais do que nunca, um obstáculo para qualquer projeto que ignore os direitos e a autodeterminação dos povos originários.

Força dos pajés

A portaria declaratória da Sawré Muybu é a quarta a ser assinada pelo Ministério da Justiça em 2024. Outros três territórios tiveram os limites declarados no início de setembro, todas na região do Tapajós: Maró, Cobra Grande e Apiaká do Pontal e Isolados.

Em declaração nas redes sociais, a liderança Alessandra Munduruku celebrou a assinatura da portaria declaratória, mas lembrou que seu povo ainda enfrenta diversos problemas.

Aliança

Desde que o povo Munduruku abriu as portas de suas aldeias para o Greenpeace Brasil, em 2013, na aldeia Sai Cinza, uma aliança foi selada. A decisão de apoiar a resistência Munduruku contra o avanço da usina de São Luiz do Tapajós foi tomada não apenas pela gravidade ambiental do impacto, mas pelo compromisso ético com a autonomia dos povos da floresta. Ao longo desses anos, muitas batalhas foram travadas, algumas vencidas, outras ainda em curso, mas sempre com a convicção de que essa terra precisava ser protegida.

Para Danicley Aguiar, Campaigner Sênior do Greenpeace Brasil, é gratificante ver o resultado desse longo processo de lutas.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Greenpeace

Chamas nas florestas: o que isso significa para os amazônidas?

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Em 2019, o mundo assistiu horrorizado enquanto imagens da Amazônia em chamas inundavam as notícias. Mais de 70 mil incêndios florestais arderam descontroladamente, matando animais selvagens, enchendo hospitais com pacientes lutando para respirar, poluindo rios, interrompendo o tráfego aéreo e lançando uma sombra escura sobre as maiores cidades do Brasil.

E agora, está acontecendo novamente.

Terras devastadas nas margens do Rio Xingu, afetado pela seca, no Território Indígena Capoto-Jarina, em 12 de setembro de 2024. Foto: Marizilda Cruppe/Greenpeace

A mudança climática não é mais uma ameaça distante; está aqui, tornando-se mais severa a cada ano. Estamos testemunhando um aumento de eventos climáticos extremos — furacões mais frequentes e intensos, enchentes e secas. O nível do mar está subindo e inundando as costas, ameaçando nações insulares inteiras, bem como grandes cidades americanas como Nova York e minha cidade natal, Nova Orleans. Ondas de calor cada vez piores ameaçam tornar vastas regiões do Oriente Médio e do subcontinente indiano inabitáveis. Refugiados climáticos e secas só podem levar a mais sofrimento humano e a novos conflitos.

Número de focos de incêndio detectados pelo satélite Aqua em biomas brasileiros entre 1º de janeiro e 26 de setembro, de 1998 a 2024, segundo o INPE.
Número de focos de calor detectados pelo satélite Aqua na Amazônia brasileira (Amazônia) entre 1º de janeiro e 26 de setembro, de 1998 a 2024, segundo o INPE.

Ironicamente, alguns dos povos mais tradicionais da América do Sul foram dos primeiros a soar o alarme sobre a mudança climática global. No documentário de Alan Ereira de 1990, “Do Coração do Mundo”, o povo Kogi da Sierra Nevada de Santa Marta, no norte da Colômbia, relatou que suas geleiras estavam derretendo, e eles corretamente culparam os excessos da civilização ocidental pelos danos.

Ignoramos seus avisos, e agora a situação só piorou.

Não podemos dizer que não fomos avisados — e não apenas pelos Kogi.

Há cerca de 20 anos, enquanto caminhava por um jardim agrícola indígena em uma das partes mais remotas da Amazônia colombiana, notei que a mandioca — o alimento básico da comunidade — estava morrendo. Perguntei ao cacique, meu amigo e guia, o que havia causado a falha na colheita. Ele balançou a cabeça tristemente e disse: “Cambio de clima” — mudança climática — as chuvas nunca vieram.

Na mesma época, no Suriname, no nordeste da Amazônia, onde conduzi grande parte da minha pesquisa, os sinais estavam se tornando evidentes. Quando visitei pela primeira vez em 1978, as estações seguiam um padrão confiável — duas estações chuvosas e duas estações secas distintas, tão regulares que funcionavam como um relógio meteorológico. Mas, no virar do século, isso começou a mudar. As estações não chegavam ou terminavam como esperado. A estação chuvosa tornou-se ainda mais úmida, levando a enchentes e destruição de colheitas, enquanto a estação seca ficou mais severa, dizimando colheitas. Em um país onde grande parte da população depende da agricultura — sejam agricultores indígenas cultivando safras de subsistência no sul ou industriais surinameses operando grandes plantações de arroz na costa — essas mudanças tiveram impactos devastadores.

Mais uma vez, são as pessoas em sociedades não industrializadas que estão sofrendo as maiores consequências dessas mudanças — mudanças que elas não causaram.

Guia indígena Kichwa na Amazônia. Foto: Rhett A. Butler

As serpentes brasileiras — agora geram bilhões de dólares anualmente, embora nenhum dos lucros seja revertido para a Amazônia — uma situação injusta que não é mais aceitável. No entanto, muito do conhecimento medicinal mantido por xamãs tribais e outros curandeiros herbais mal foi explorado. Pesquisas adicionais poderiam desbloquear ainda mais o valor potencial da Amazônia para a humanidade.

E encontrar novos benefícios medicinais e aplicações úteis para a biodiversidade não se limita a aprender com o brilhantismo dos professores indígenas. Por exemplo, os fungos — um dos grupos de organismos menos estudados na Amazônia — oferecem um potencial extraordinário e inexplorado. Estudos de campo na floresta tropical realizados pelo etnobiólogo Glenn Shepard com seus professores Matsigenka demonstram que a perspicácia indígena sobre a utilidade de alguns fungos supera a dos cientistas ocidentais. E o micologista Paul Stamets e sua equipe estão experimentando com extratos de fungos que mostram grande promessa para evitar o colapso das colônias de abelhas, atacar e destruir pragas de insetos em casa e até prolongar a duração e a profundidade da eficácia das vacinas.

A importância agrícola das plantas amazônicas é igualmente subestimada. Muitas culturas de importância global, como abacates, cacau, pimentas, mandioca, amendoins e abacaxis, ou se originam na Amazônia ou têm parentes selvagens próximos lá. Essas variedades podem oferecer diversidade genética que fortalece as culturas cultivadas, tornando-as mais resistentes a pragas e doenças.

Chuva sobre o rio Amazonas. Foto: Rhett A. Butler

Além de sua biodiversidade, a Amazônia desempenha um papel crucial na regulação do clima global. Pesquisadores da Universidade de Leeds estimam que a Amazônia contém um quinto do carbono terrestre do planeta. Quando essas florestas são destruídas, o carbono é liberado na atmosfera, exacerbando as mudanças climáticas. As florestas tropicais vivas absorvem e armazenam carbono; o desmatamento o libera.

A Amazônia também regula os ciclos da água localmente, regionalmente e globalmente. Ela age tanto como uma esponja quanto como um bico, absorvendo a chuva e depois liberando umidade na atmosfera através da fotossíntese. Cientistas brasileiros estimam que até 80% da umidade amazônica permanece dentro desse ciclo fechado. O desmatamento está interrompendo esse processo, reduzindo as chuvas locais e contribuindo diretamente para as secas — secas que agora estão alimentando os incêndios que consomem a Amazônia.

Foto: Marizilda Cruppe / Greenpeace

As chuvas da Amazônia são cruciais para a agricultura além da região, incluindo os campos de soja do Brasil, conhecidos como cerrado. O desmatamento tem sido associado a secas severas em São Paulo, o coração econômico do Brasil, e pode até estar afetando os padrões de chuva tão longe quanto os Estados Unidos.

Com a guerra tanto na Europa quanto no Oriente Médio, os incêndios na Amazônia não dominaram as manchetes como fizeram em 2019. No entanto, o inferno amazônico pode estar acontecendo em uma escala maior do que há apenas cinco anos. Por um lado, o evento El Niño — que normalmente perturba os padrões climáticos globais — criou condições mais quentes e secas e reduziu as chuvas em grande parte da América do Sul tropical. Mas o próprio desmatamento também reduziu as chuvas, intensificando ainda mais a seca. Ao contrário da situação de 2019, quando Bolsonaro estava no poder, o presidente Lula do Brasil e o presidente Petro da Colômbia assumiram o cargo prometendo uma melhor gestão de suas florestas tropicais nacionais, embora as agendas tenham sido desaceleradas por disputas burocráticas e outros fatores.

Para mim, a razão mais convincente para proteger a Amazônia não é uma utilitária, mas uma ética. Escolhemos verdadeiramente viver em um mundo onde nós — e nossos filhos e netos — somos privados da beleza e da maravilha de criaturas amazônicas como o boto cor-de-rosa ou a borboleta morpho azul-cobalto — ou até mesmo baleias, elefantes e pandas — simplesmente por causa da miopia e ganância humanas?

No Suriname, há um ditado: “A Amazônia guarda respostas para perguntas que ainda não fizemos!”.

Neste momento, algumas dessas respostas estão sendo consumidas pelas chamas.

O autor:

O etnobotânico Mark Plotkin é presidente da Amazon Conservation Team e apresentador do popular podcast “Plants of the Gods”. Atualmente, ele está no nordeste da Amazônia, ajudando a inaugurar o novo Centro para os Guardiões do Conhecimento Ancestral.

*O comentário de responsabilidade de Mark J. Plotkin foi originalmente publicado pela Mongabay

Especialistas apontam quatro frentes de ação para reduzir o fogo na Amazônia

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Dados recentes revelam o aumento significativo das queimadas na Amazônia em 2024, com um impacto maior em Florestas Públicas Não Destinadas (FPNDs), terras sob domínio público que não pertencem a nenhuma categoria de posse especificada por lei. De janeiro a agosto, o fogo consumiu 849.521 hectares dessas áreas, um aumento de 175% em relação ao ano anterior.

A crise climática agrava o problema, criando condições ideais para a propagação do fogo. Especialistas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) apontam quatros grandes frentes de atuação visando mitigar os efeitos das queimadas e proteger a floresta:

1 – Prevenção

A primeira frente é a prevenção às queimadas. Isto envolve desenvolver e expandir programas de educação e conscientização para proprietários rurais e comunidades locais sobre os riscos do uso do fogo, apresentando alternativas sustentáveis. O engajamento destas comunidades é essencial para diminuir a área queimada dentro dos imóveis rurais, que representam uma parcela significativa das áreas afetadas.

Além disso, dados científicos qualificados sobre a situação das queimadas em anos anteriores possibilitam prever as áreas com maior risco de fogo. Esta previsão estaria atrelada ao MIF (manejo integrado do fogo). “No caso da Amazônia, que é o segundo bioma que mais queima no Brasil, o MIF é fundamental, pois trabalha na perspectiva da prevenção, ajudando a indicar quando, onde fazer os aceiros, reforçar brigadas nos locais com maior risco”, explica Ane Alencar, diretora de Ciência do IPAM.

Recentemente, o Brasil aprovou a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo (Lei 14.944/24). A nova norma estabelece diretrizes para o uso do fogo em áreas rurais, com foco na sustentabilidade e na proteção da biodiversidade.

2 – Fiscalização

A segunda frente é o combate ao crime, que inclui a intensificação da fiscalização e a aplicação de penalidades rigorosas para o uso ilegal do fogo, especialmente em áreas florestais. Este passo é fundamental para desestimular o uso do fogo na limpeza e renovação de pastagens. O objetivo é reduzir as fontes de ignição, especialmente em áreas próximas às florestas, que estão cada vez mais vulneráveis devido à seca e à maior inflamabilidade.

3 – Combate

Reforçar as operações de combate ao uso ilegal do fogo, especialmente em áreas florestais. A ampla divulgação das punições aplicadas pode ajudar a desestimular práticas ilegais que resultam em incêndios florestais, protegendo assim territórios indígenas e unidades de conservação.

Ainda, melhorar a coordenação entre as diversas agências e esferas de governo que atuam no combate ao fogo. Com a redução do uso do fogo, seja ele controlado ou criminoso, as necessidades de intervenção direta para combater incêndios diminuirão, permitindo uma alocação mais eficaz e eficiente dos recursos disponíveis.

4 – Destinação

Por fim, a destinação das FPNDs a povos indígenas e comunidades tradicionais. Dados da rede MapBiomas, da qual o IPAM faz parte, indicam que nas terras indígenas, menos de 1% da vegetação nativa foi perdida de 1985 a 2023. Esses territórios, que ocupam 13% do país, protegem 112 milhões de hectares de floresta. “É urgente que as terras sejam entregues nas mãos de povos e comunidades tradicionais, pois eles mantêm a floresta em pé”, reforçou Paulo Moutinho, pesquisador sênior do IPAM.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo IPAM

Marinha avalia que aviação naval é aliada contra ameaças à Amazônia

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Na Amazônia em quase seis meses, a segunda fase da Operação ‘Catrimani’, das Forças Armadas, já imprimiu um prejuízo de R$ 214 milhões ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, com apreensões, multas e inutilização de pistas de pouso e equipamentos.

Para o sucesso da missão, o trabalho de aviadores tem sido imprescindível, já que em algumas áreas o acesso só é possível com o emprego de aeronaves, entre as quais os helicópteros da Marinha do Brasil (MB). O apoio no combate ao crime organizado é apenas uma das muitas atribuições da aviação naval na Amazônia Legal.

Leia também: Portal Amazônia responde: como funciona o Calha Norte?

Foto: Repordução/Marinha do Brasil

Os militares do EsqdHU-41 são convocados, ainda, em busca e salvamento. “É um serviço contínuo, 12 meses por ano, 7 dias por semana, 24 horas por dia, na área do Comando do 4° Distrito Naval [Amapá, Maranhão, Pará e Piauí], em que nós podemos ser utilizados especialmente no mar territorial, a fim de ajudar, por exemplo, uma embarcação que tenha ficado sem propulsão, tenha sofrido algum tipo de avaria, que esteja indo a pique [afundando]. E, nesse momento, a aeronave pode ser acionada a fim de prestar socorro”, conta o Oficial.

Riscos da profissão

Seja qual for o tipo de operação, os aviadores do Esquadrão estão preparados para situações extremas, como no caso das queimadas, em que a visibilidade é prejudicada pelo excesso de fumaça.

Arriscadas também são as operações como a ‘Catrimani’, que dependem muito dos meios aéreos para o transporte e a segurança de agentes governamentais.

“Tem sido realmente um desafio, devido ao esforço necessário para poder cumprir os objetivos naquela área, pelo tamanho e extensão, pela dificuldade de acesso. Sobrevoamos muito tempo sobre a floresta, em locais onde não há um ponto de pouso alternativo e dedicando a vida a cumprir as missões que recebemos, fazendo o nosso melhor pelo País”, conclui o Chefe do Departamento de Operações do EsqdHU-41.

Sobre o Esquadrão

Também conhecido como Esquadrão ‘Hipogrifo’, o EsqdHU-41 conta com três helicópteros UH-15 ‘Super Cougar’ capazes de transportar até 3 toneladas de carga interna e até 3,8 toneladas de carga externa. Eles contribuem, ainda, para ampliar a mobilidade e a eficiência de tropas de Fuzileiros Navais, permitindo o desembarque e o recolhimento rápido dos militares nas áreas de operações, por meio de técnicas de rappel, fast rope, penca e lançamento de paraquedistas. Em casos de evacuação aeromédica, pode levar até oito macas.

*Com informações de Agência Marinha de Notícias.

Católica de Rondônia anuncia Vestibular 2025.1 com novos cursos na área da saúde

Faculdade Católica de Rondônia. Foto: Assessoria de Comunicação

A Católica de Rondônia está com inscrições abertas para o Vestibular 2025.1. Essa é a chance de estar na única Instituição de Ensino privada do Estado que recebeu o Selo OAB Recomenda.

Com um campus moderno e recém inaugurado de 21 mil metros quadrados, laboratórios de última geração, e professores mestres e doutores, a Católica de Rondônia é o ambiente ideal para quem busca não apenas uma formação sólida e de qualidade, mas também oportunidades reais de se conectar com o mercado de trabalho com um currículo de peso.

Por que escolher a Católica de Rondônia?

A Católica, assim como as Universidades Católicas ao redor do mundo que são notadamente reconhecidas pela excelência na qualidade de ensino, conta com:

  • Infraestrutura moderna: 21 mil m² de área construída com laboratórios de ponta.
  • Professores altamente qualificados: mais de 90% do corpo docente é composto por mestres e doutores.
  • Conexão com o mercado: diversas oportunidades de estágio e emprego desde o início da sua formação.
  • Novos cursos: agora, a Católica conta com os cursos de Nutrição, Enfermagem e Fisioterapia para te ajudar a conquistar seus sonhos e objetivos.

Novos cursos de graduação:

Cursos de Graduação disponíveis:

Além disso, a instituição oferece cursos de pós-graduação, mestrados e doutoradosinterinstitucionais com as PUCs do Rio Grande do Sul, Paraná e UNIVALI.

Faculdade Católica de Rondônia. Foto: Assessoria de Comunicação

Bolsas de Estudo: educação acessível para todos

A Católica de Rondônia acredita que educação de qualidade deve ser acessível a todos. Por isso, disponibiliza diversas opções de bolsas de estudo:

Você sabia? A melhor instituição de ensino da América Latina é Católica

Quando pensamos em melhor instituição de ensino na América Latina, a primeira Universidade que vem m mente é a Universidade de São Paulo (USP). Mas você sabia que a melhor IES é a PUC Chile?

Ela compete com a USP no topo do ranking há anos. As instituições de ensino católicas ao redor de todo o mundo são historicamente pautadas em ensino de excelência. E a Católica de Rondônia não é diferente.

Inscreva-se Agora!

As inscrições estão abertas e podem ser feitas de forma rápida e prática. Garanta sua vaga e faça seu futuro ser brilhante, com a Católica.

Inscreva-se em: www.fcr.edu.br/

Faculdade Católica de Rondônia. Foto: Assessoria de Comunicação

Pela primeira vez em Manaus, rainha da Dinamarca cumpre agenda sobre biodiversidade

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Foto: Divulgação

A rainha da Dinamarca, Mary Elizabeth Donaldson, visitou o Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA), em Manaus (AM), como parte de uma programação oficial no Brasil, com compromissos voltados para a biodiversidade, um dos pilares da Nova Política Industrial brasileira.

A rainha da Dinamarca foi recepcionada pelos gestores do CBA, que apresentaram o modelo de atuação focado no fortalecimento da bioeconomia amazônica. O CBA tem buscado promover conexões entre investidores, empresas do Polo Industrial de Manaus e atores do ecossistema de inovação, visando fomentar negócios que gerem emprego e renda, ao mesmo tempo que agregam valor às comunidades tradicionais e povos originários, protegendo e conservando a biodiversidade da região.

A visita foi conduzida pelo diretor-geral do CBA, Márcio de Miranda Santos, pela diretora de Bionegócios, Andrea Lanza, e pelo diretor de Operações, Caio Perecin. Marina Lima, secretária executiva adjunta do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), também esteve presente.

Durante a visita, a rainha conheceu os laboratórios e as principais pesquisas desenvolvidas pelos Núcleos de Bioinsumos, Tecnologia Vegetal, Materiais e Energia, Produtos Naturais, além da Central Analítica. Ela se mostrou interessada pela fibra de Curauá e pela celulose bacteriana, extraída da Kombucha.

Foto: Robervaldo Rocha/CBA

A Dinamarca é um dos países que contribuem para o Fundo Amazônia, o que reforça o compromisso do país com a conservação ambiental. “Muito obrigada por me informar sobre o que está acontecendo e como podemos colaborar. Foi muito inspirador e fascinante”, declarou.

Leia também: Portal Amazônia responde: o que é o Fundo Amazônia?

Para o diretor-geral do CBA, Márcio de Miranda Santos, a visita de Mary Elizabeth foi especialmente oportuna, permitindo que a monarca conhecesse os desafios enfrentados pelas comunidades locais devido à redução dos níveis dos rios, causada pela estiagem.

Além da visita ao CBA, a rainha esteve no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), onde conheceu projetos de preservação, e no Biatuwi, o primeiro restaurante indígena do Brasil, localizado no centro de Manaus.

*Com informações do CBA

Em três dias de outubro, Inpe detecta mais focos de queimadas no Acre que em todo o primeiro semestre

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Casa aparece em meio a área de vegetação destruída pelo fogo em Mâncio Lima. Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Após fechar o mês de setembro com aumento de 25% em relação ao mesmo período no ano passado, as queimadas no Acre começaram o mês de outubro com mais focos que em seis meses de 2024.

De acordo com o monitoramento via satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), nos primeiros três dias do mês o estado já teve 451 focos registrados, mais do que todo o primeiro semestre, que fechou com 137 focos de acordo com o mesmo monitoramento.

O número é maior que o total dos meses de janeiro (8), fevereiro e março (ambos com 7), abril (3), maio (11), e junho (101). Com os dados do início de outubro, o Acre já ultrapassa a marca de 7 mil focos em 2024.

Ainda de acordo com os dados do Inpe, todos os 451 focos de outubro foram registrados no dia 2. Um desses casos foi de um incêndio em uma área de mata na BR-364, pouco depois da Vila Custódio Freire, que começou na tarde de terça-feira (1°).

De acordo com o Corpo de Bombeiros, a corporação foi acionada quando o incêndio já ocorria há mais de 12 horas. Ao todo, foram necessárias 20 horas para o controle das chamas. Os bombeiros não informaram o total da área que foi atingida pelo fogo.

O Acre fechou o mês de setembro com mais de 3,8 mil focos de queimada conforme o monitoramento via satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e superou em 25% o mesmo período no ano passado, que encerrou com 3.075 focos.

Com isso, o mês com mais queimadas em 2024 levou o estado a superar, em nove meses, todo o ano de 2023. Neste ano, já são 6.592 focos registrados pelo Inpe, enquanto o ano passado fechou em 6.562 focos.

Até o fechamento de setembro, a maioria dos meses de 2024 teve mais queimadas que os mesmos meses em 2023, à exceção de janeiro, que teve 8 focos registrados pelo Inpe em ambos os anos.

Mais de 40 presos por crimes ambientais

Em meio a queimadas que já destruíram mais de 100 mil hectares de vegetação, pelo menos 46 pessoas foram presas por crimes ambientais no Acre em 2024, até o dia 20 de setembro.

Os números constam em um relatório operacional divulgado pelo Batalhão de Policiamento Ambiental (BPA) da Polícia Militar do Acre (PM-AC) nessa sexta-feira (29).

*Com informações da Rede Amazônica Acre