Cientistas do Instituto Mamirauá, referência em pesquisa na Amazônia, em colaboração com o Laboratório de Bioacústica Aplicada da Universidade Politécnica da Catalunha, publicaram um estudo demonstrando avanços relevantes nas estratégias de conservação do peixe-boi amazônico (Trichechus inunguis) ao utilizarem técnicas de monitoramento acústico passivo associadas a modelos de inteligência artificial.
O estudo foi conduzido no Lago Mamirauá, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (Amazonas), área remota da Amazônia situada entre Manaus e a Colômbia. A pesquisa trouxe novas descobertas sobre os padrões de presença e vocalização desses mamíferos aquáticos, conhecidos por sua difícil detecção visual.
Durante dois anos consecutivos (2021 e 2022), pesquisadores ligados à tecnologia e biólogos de campo monitoraram os chamados do peixe-boi usando gravadores subaquáticos e um modelo de rede neural convolucional (CNN).
O método identificou com alta precisão (até 98%) as vocalizações, permitindo analisar a presença dos animais em diferentes períodos sazonais. Os resultados indicaram que os peixes-bois frequentam o lago principalmente na estação de cheia, um habitat crítico rico em plantas aquáticas que sustenta sua dieta e abriga mães e filhotes.
O estudo também caracterizou o repertório vocal da espécie, revelando padrões de comunicação frequentes entre mães e filhotes, reforçando o papel essencial do local para a reprodução e cuidado parental. Este monitoramento é uma ferramenta valiosa para identificar habitats prioritários, avaliar o impacto de ameaças como a construção de hidrelétricas e desenvolver estratégias de conservação mais eficazes.
Biólogos experientes e o desenvolvimento de tecnologias de inteligência artificial baseadas em aprendizado de máquina podem romper barreiras na conservação de espécies ameaçadas de extinção. Ao combinar o monitoramento acústico passivo com modelos de aprendizado profundo, ampliando o monitoramento temporal e aumentando a detectabilidade da espécie, a pesquisa demonstrou que essa abordagem pode ser usada para identificar os principais habitats do peixe-boi de acordo com a sazonalidade.
O método combinado representa uma técnica de monitoramento ecológico confiável, econômica e escalável, que pode ser integrada a protocolos padronizados de levantamentos de longo prazo para espécies aquáticas. Adicionalmente, pode beneficiar consideravelmente o monitoramento de regiões inacessíveis, como os sistemas de água doce amazônicos.
A parceria Brasil-Espanha contou com o financiamento de instituições como a Gordon and Betty Moore e a Prince Albert II of Monaco Foundation e o Instituto Rolex.
Senador Mecias de Jesus (Republicanos/RR) assina carta de compromisso do Conselho Indígena de Roraima. Foto: Reprodução/CIR
A força do movimento indígena de Roraima, organizado pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR), mostrou ao Brasil e ao mundo que a luta pelos direitos originários não pode ser ignorada. Após mais de um mês de mobilizações, diálogos constantes com lideranças políticas e bloqueios próximo das Terras Indígenas São Marcos, na BR-174, Raposa Serra do Sol, na BR-401, e Tabalascada, na BR-432, o movimento alcançou uma vitória significativa: a retirada definitiva da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 36, de autoria do senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR).
A PEC 36, previa a possibilidade de exploração econômica de Terras Indígenas por não indígenas, por meio de arrendamentos. Isso significa que, se aprovada, a PEC permitiria que terceiros, como empresas e grandes produtores rurais, utilizassem territórios indígenas para atividades como agropecuária e mineração, mediante contrato.
Essa proposta contraria a Constituição Federal de 1988, que assegura o usufruto exclusivo dos povos indígenas sobre seus territórios ancestrais, reconhecendo esses espaços como imprescindíveis para a manutenção de suas culturas, tradições e modos de vida.
Na última sexta-feira (6), o senador Mecias esteve presente na mobilização e recebeu uma carta de lideranças, representando diversas regiões do estado, reforçando o posicionamento do movimento indígena contra as PECs e denunciando os impactos devastadores de projetos predatórios, como o Projeto Grão.
Durante o encontro, os indígenas realizaram um ato simbólico de entrega de produtos orgânicos ao senador, destacando que não precisam de leis que permitam arrendamentos ou outras formas de exploração, pois já produzem de forma sustentável em seus territórios, respeitando a natureza e garantindo sua subsistência.
No dia 2 de dezembro foi oficializada a retirada da PEC 36, com a tramitação marcada como “encerrada” pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) do Senado. Essa conquista é fruto direto da articulação do Conselho Indígena de Roraima (CIR), que integra redes de luta nacional, como a Coiab e a Apib, e mostra que a resistência coletiva é o caminho para assegurar direitos e frear retrocessos.
Movimento permanece mobilizado
Reunidos há 36 dias, mais de mil indígenas permanecem firmes em seu propósito: barrar iniciativas que colocam em risco seus direitos constitucionais. A luta contra a PEC 48 e a Lei 14.701, que estabelece o Marco Temporal, continua sendo uma prioridade. Além disso, a pressão para que o senador Hiran Gonçalves (Progressistas-RR) participe da mobilização na Terra Indígena São Marcos é uma pauta central, já que sua proposta ameaça diretamente os direitos dos povos originários.
“A retirada da PEC 36 não é apenas uma vitória local, mas um marco para toda a Amazônia e o Brasil. Ela reafirma que os povos indígenas, com sua organização e resiliência, têm força para fazer frente aos interesses econômicos e políticos que tentam apagar sua história e seus direitos”, destaca Jorge Eduardo Dantas, porta-voz da Frente de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil.
Nas tardes de sábado durante a estação seca amazônica, dezenas de manauaras foram às margens do rio Negro, na capital do Amazonas, para desfrutar da grama macia. Adolescentes aproveitaram para jogar futebol, enquanto casais levaram cadeiras de praia para ouvir o canto dos pássaros, agora misturado ao funk que saía de algumas caixinhas de som.
O novo passeio de Manaus traz uma ironia: apesar de ser uma opção de lazer “verde”, é resultado da seca histórica que levou o rio Negro aos níveis mais baixos de sua história, deixando hectares de terra exposta para as gramíneas florescerem. A paisagem inclui formações rochosas e uma vista das águas sob a sombra da ponte Jornalista Phelippe Daou.
A seca deste ano, um exemplo do impacto que as mudanças climáticas podem ter na Amazônia nos próximos anos, levou alguns dos principais rios da região aos níveis mais baixos em 122 anos. O fenômeno privou comunidades de sua única fonte de água potável, renda e transporte. Segundo a Defesa Civil, centenas de milhares de pessoas foram afetadas apenas no estado do Amazonas.
Os impactos negativos do parque
Foto: Delmy Ruiz / Arquivo Pessoal
Manaus não conta com muitos espaços verdes como esse novo “parque”. Apesar de estar localizada dentro do bioma Amazônia, a cidade possui uma das menores taxas de arborização entre as capitais brasileiras e dispõe de apenas um punhado de parques, espalhados entre suas estradas movimentadas e congestionadas.
Assim, em setembro deste ano, os moradores de Manaus descobriram o lado positivo da grama que surgiu nas proximidades do rio Negro e começaram a atravessar a ponte Jornalista Phelippe Daou, também conhecida como Ponte Rio Negro, para passar o tempo livre. No entanto, especialistas entrevistados pela InfoAmazonia alertam que, com a subida do rio, a decomposição das gramíneas pode desequilibrar o ecossistema aquático e favorecer a propagação de doenças.
Flávia Costa, bióloga do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), explica que o crescimento de gramíneas em áreas anteriormente submersas é um fenômeno relativamente comum na Amazônia.
“O tempo todo há partes do rio sendo ‘quebradas’ e outras formadas”, disse. “O processo natural começa com as gramíneas; depois surgem plantas um pouco maiores, arbustos, e, eventualmente, chegam as árvores… Então, isso é normal, não há nenhum problema”.
No entanto, é incomum que esse fenômeno ocorra em margens secas de rios que logo voltarão a ser submersas, como na área próxima à ponte onde o parque natural se formou. “A extensão em que isso está acontecendo agora é fora do comum, assim como o local”, explicou Costa. “Não é uma nova praia que foi formada, mas uma área que normalmente está debaixo d’água e que só está passando por essa colonização [das plantas] porque o rio baixou demais”.
“Não é uma nova praia que foi formada, mas uma área que normalmente está debaixo d’água e que só está passando por essa colonização [das plantas] porque o rio baixou demais”, diz Flávia Costa, bióloga do INPA.
Com a subida do rio, essas gramíneas podem bloquear parte do fluxo da água, criando áreas propícias à reprodução de mosquitos transmissores de doenças, segundo Costa. Além disso, as plantas podem dificultar a entrada de luz solar no rio, provocando alterações significativas no ecossistema.
A decomposição das gramíneas submersas também reduz os níveis de oxigênio e pH da água, que se torna imprópria tanto para o consumo humano quanto para a fauna aquática. “Não é uma água boa para os peixes, nem para a maioria dos invertebrados”, alertou.
A especialista explica que alguns impactos ambientais podem ser temporários, mas os problemas associados a eles, como o aumento de mosquitos e o potencial para o aparecimento de doenças decorrentes do consumo de água não potável, podem ser duradouros e precisam ser monitorados pelo governo.
Lazer temporário e a importância das áreas verdes
Os moradores de Manaus relatam sentimentos contraditórios em relação ao novo espaço, dadas as circunstâncias ambientais. Jovanio Gomes, que estava à beira do rio ensinando seu filho a pescar em uma tarde de novembro, afirmou que, apesar do ambiente agradável do parque, a seca trouxe “mais prejuízo que benefício”.
Anderson José, morador de Manaus, disse que faz “muita falta para o manauara um ambiente como esse, onde as famílias podem chegar, sentar, conversar e se divertir”. Por outro lado, disse que o parque natural é “lindo”, mas “estranho e também assustador”.
Segundo Yêda Arruda, líder do projeto Árvores do Asfalto, grupo de pesquisa da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) dedicado ao estudo da arborização urbana, há razões históricas para Manaus não ser uma cidade arborizada. Originalmente, os europeus colonizadores da cidade associaram a vegetação ao primitivismo e começaram a trabalhar “dizendo que o progresso é o concreto”.
Essa visão de planejamento urbano inicial se combinou mais tarde com o crescimento rápido e horizontal da cidade, que foi em grande parte não planejado, especialmente após a criação da Zona Franca e a migração de trabalhadores rurais para Manaus. “Com isso, criou-se uma característica de invasão na cidade de Manaus”, disse Arruda. Isso dificultou que o governo, mais tarde, conseguisse reivindicar espaço dos moradores para construir parques em meio a uma das capitais da Amazônia.
“Parques criam um ambiente harmônico de natureza perto do indivíduo. Estudos já mostram que esses ambientes trazem muitos benefícios para o ser humano, tanto para a saúde física quanto para a saúde mental”, defende Arruda. A especialista pontua, no entanto, que “fica triste” pelo novo parque ter surgido em função de um problema ambiental como a seca.
A mesma visão tem Flávia Costa, do INPA: “a população está tão sem opções que precisa acontecer uma desgraça como a seca de 2023 e de 2024 para as pessoas terem um lugar de lazer”.
*O conteúdo foi originalmente publicado pela InfoAmazonia, escrito por Nicholas Miller
As áreas de agricultura e pastagem, somadas, expandiram 417% na Amazônia brasileira nos últimos 39 anos, ocupando 66 milhões de hectares em 2023. No Cerrado, a expansão foi de mais 68%, atualmente 90 milhões de hectares. O bioma possui a maior área absoluta de agricultura – 26 milhões de hectares.
Os dados foram apresentados em 6 de dezembro pelo MapBiomas – rede colaborativa de instituições da qual o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) faz parte -, em evento no Ministério da Agricultura e Pecuária, em Brasília. O levantamento revela a dinâmica de expansão da agropecuária no Brasil nos últimos 39 anos.
A partir da análise de imagens de satélite do período entre 1985 e 2023, os dados apontam que a área ocupada por culturas temporárias, como soja, cana, arroz e algodão, entre outros, aumentou 3,3 vezes, passando de 18 milhões de hectares para 60 milhões de hectares no Brasil.
Atualmente, 77% da área de agropecuária no país é ocupada por pecuária (164 milhões de hectares), soja (aproximadamente 40 milhões de hectares) ou cana (cerca de 9 milhões de hectares).
Os cerca de 40 milhões de hectares da área mapeada de soja no Brasil representam 14% de toda a área de agropecuária no Brasil. Em 2023, quase metade dessa área cultivada com soja está no Cerrado (19,3 milhões de hectares). Na Amazônia, são 5,9 milhões de hectares.
“Estamos diante de um momento de virada da agricultura, de uso da terra e da nossa economia como um país que é grande produtor de alimentos e de commodities agrícolas. E esse conjunto de mudanças está sendo impulsionado pelas mudanças climáticas. Teremos que restaurar áreas, investir em intensificação de pastagem, entre outras ações. Para isso acontecer, precisamos de dados”, disse André Guimarães, diretor executivo do IPAM, durante painel no evento.
Conversão para pastagem na Amazônia e Cerrado
A pastagem é atualmente o principal uso antrópico do território brasileiro. Mais de um terço (36%, ou 59 milhões de hectares) das pastagens ficam na Amazônia e cobrem 14% da área total do bioma. Cerca de um terço (31%, ou 51 milhões de hectares) ficam no Cerrado, onde as pastagens ocupam 26% do bioma. Juntos, Amazônia e Cerrado respondem por dois terços (67%) das pastagens brasileiras.
No caso do Cerrado, 72% das áreas de pastagem atuais foram abertas há mais de 20 anos. Na Amazônia, cerca de 40% da conversão das pastagens ocorreu nos últimos 10 anos.
“A partir destes dados abertos desta ciência colaborativa, conhecemos melhor a agropecuária do Brasil para contribuir com tomada de decisões, planejamento do território e melhorar práticas de manejo mais sustentáveis no país”, diz Julia Shimbo, pesquisadora do IPAM e coordenadora científica da rede MapBiomas.
Além dos dados de pastagem e agricultura, foi lançado o módulo atualizado do MapBiomas Solo com os números de estoque carbono orgânico e dados inéditos de granulometria e textura do solo cobrindo todo o território brasileiro. Na próxima semana, será ainda lançada uma nova plataforma do MapBiomas do Monitor de crédito rural que mostrará a série histórica de quem utilizou o benefício, valores e outras informações.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) ação direta de inconstitucionalidade (ADI) contra as Leis 4396 e 4397, ambas de 2024, do estado do Acre, que alteram regras para concessão de domínio em áreas de florestas públicas e para licenciamento ambiental. A ação apresentada no dia 6 de dezembro pede, ainda, a concessão de medida cautelar (liminar) para suspensão dos efeitos das normas.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), as leis violam os princípios de proteção ao meio ambiente e o equilíbrio ecológico, previstos na Constituição Federal. Além disso, os dispositivos são incompatíveis com normas da União que regem a gestão de florestas públicas e procedimentos ambientais.
Na ação, o PGR alerta que as normas trazem “ofensa ao dever estatal de assegurar a proteção do meio ambiente ecologicamente equilibrado”.
Lei 4.396/2024
A Lei 4.396/2024 prevê que, após 10 anos de uso ou posse comprovada em áreas florestais públicas, beneficiários possam receber o título definitivo de propriedade em áreas de florestas públicas, incluindo a retirada de sua condição como unidade de conservação. Segundo Gonet, tal previsão contraria as normas gerais nacionais sobre o tema.
A ADI aponta, ainda, que ao permitir a alienação de imóveis sem os procedimentos previstos, o dispositivo fere as competências de poderes, já que cabe privativamente à União legislar sobre normas gerais de licitação.
Ao questionar a lei, o PGR aponta que o texto desincumbe o Poder Público do dever de proteção decorrente da instituição da unidade de conservação e fragiliza a possibilidade de controle realizado pelo Poder Público em relação à degradação ambiental, conforme previsto no art. 225 da Constituição.
Lei 4397/2024
Já a Lei nº 4.397/2024 simplifica processos de licenciamento ambiental para atividades em empreendimentos viários, mesmo em áreas de proteção integral. Além disso, a norma estadual cria procedimentos que permitem licenciamento ambiental declaratório em até cinco dias ou, em caso de demora, a presunção de aprovação tácita do pedido.
Segundo o MPF, a simplificação dos processos de licenciamento, viola os princípios da precaução e da prevenção, pilares da proteção ambiental. “Tem-se no licenciamento um instrumento preventivo de controle sobre atividades potencialmente lesivas ao meio ambiente; instrumento este que visa a dar efetividade ao comando do art. 225, IV, da Constituição, que impõe a realização de estudo prévio do impacto ambiental”, reforça Gonet.
O Governo do Tocantins, por meio do Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins), em parceria com a Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Serviços (Sics), desenvolveu o aplicativo do ‘Discograma da Piscicultura – Peixe Redondo Tocantins’ (Mais Peixe TO) com o objetivo de simplificar a transmissão de informações essenciais aos piscicultores, o que torna o gerenciamento da atividade pesqueira mais eficiente, assertivo e produtivo.
Entre as funcionalidades para orientar os piscicultores estão as questões de povoamento em relação ao tamanho do tanque; a quantidade de ração necessária para o cultivo; e a cronologia, desde o povoamento até a despesca que contempla a troca de ração em cada período. Além das informações, há também a função de compartilhar a recomendação técnica via WhatsApp no formato PDF.
O presidente do Ruraltins, Flávio Terence, destacou que o aplicativo é um exemplo notável de como a tecnologia pode ser adaptada para atender às necessidades específicas, como a dos pequenos produtores de pescado, pela sua abordagem simples e eficaz.
“Esse aplicativo veio para transformar a forma como os piscicultores do Tocantins podem gerenciar suas operações, contribuir para um setor mais forte e sustentável. Nossa expectativa é a de que essa ferramenta proporcione informações importantes que ajudem os piscicultores na produção de pescado no estado do Tocantins”, reforçou.
Entre as vantagens do aplicativo, o presidente do Ruraltins, Flávio Terence, elencou as seguintes: “o aumento da produtividade, uma vez que o Discograma ajuda os piscicultores a tomar decisões; consequentemente a redução de erros, já que automação de cálculos complexos reduz a margem de erro, evita perdas financeiras e recursos; o desenvolvimento sustentável com a adoção de práticas de piscicultura sustentável, contribuindo para a preservação do meio ambiente e a qualidade dos produtos; o acesso à informação, por democratizar seu acesso, beneficiando piscicultores de todas as origens; e ainda a questão da Economia de Tempo, os piscicultores podem economizar tempo valioso que antes era gasto em cálculos manuais e pesquisa”.
Desenvolvimento da tecnologia
O Discograma é uma solução tecnológica desenvolvida para atender necessidades específicas do produtor de piscicultura no Tocantins. A iniciativa é resultado de esforços colaborativos entre profissionais de diversas áreas, como o engenheiro de Pesca do Ruraltins, Andrey Costa; o profissional de tecnologia da Informação, Lucas Paixão Goes, que desempenhou papel fundamental no desenvolvimento do aplicativo, e do economista da Sics, Marcondes Martins, idealizador da proposta.
O engenheiro de Pesca do Ruraltins, Andrey Costa, explica que a característica mais marcante do Discograma é a sua simplicidade de uso. “Para o uso do aplicativo, você precisa da internet apenas uma vez para baixar o aplicativo, depois de instalado, o acesso é off-line, sem a necessidade de internet. Basta girar, não precisa entrar e nem digitar nada, não precisa fazer cálculo, ao girar o disco ele te dá as informações na mão de acordo com a produção de peixes redondo aqui do Tocantins”, esclareceu Andrey.
Futuro lançamento
Com a finalidade de tornar o aplicativo conhecido e, principalmente, acessível ao produtor, o Ruraltins, realizará a apresentação da ferramenta nas próximas edições da Feira da Colheita. Além do lançamento, ocorrerão também orientações sobre como deve ser utilizado.
“À medida que a tecnologia continua a avançar, podemos esperar ver mais iniciativas como essa que capacitam as comunidades rurais e promovem o desenvolvimento agrícola de forma inovadora e acessível”, concluiu o presidente do Ruraltins, Flávio Terence.
O aplicativo pode ser baixado em aparelhos que usam o sistema Android AQUI.
A Petrobras, por meio da PIB-COL, Sucursal Colômbia da estatal brasileira, e a Ecopetrol, empresa petrolífera colombiana, informaram, no dia 5 de dezembro, a maior descoberta de gás da história da Colômbia. O feito ocorreu com a perfuração do poço Sirius-2, que fica a 77 quilômetros de Santa Marta, no norte do país.
Segundo a Petrobras, com a avaliação dos resultados do poço Sirius-2, foram confirmados volumes de gás no local superiores a 6 trilhões de pés cúbicos, o que pode aumentar em 200% as reservas atuais da Colômbia.
O consórcio formado pela PIB-COL e a Ecopetrol estima investir US$ 1,2 bilhão para a fase exploratória e US$ 2,9 bilhões na fase de desenvolvimento da produção.
Os investimentos da parcela da PIB-COL estão contemplados no Plano de Negócios 2025-2029 da Petrobras. A expectativa, segundo a companhia, é começar a produção de gás natural em três anos após recebimento de todas as licenças ambientais. A produção esperada é de cerca de 13 milhões de m³/dia durante 10 anos.
Unir a tecnologia blockchain e a sustentabilidade são as propostas da startup Btracer apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapeam) e em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
A iniciativa, fomentada pelo Programa Inova Amazônia-Módulo Tração, desenvolveu um token não-fungível (NFT), direcionado para identificar mudas de árvores nativas e produtivas na Amazônia, mantidas por pequenos agricultores.
Batizado de NFT Hope Green, a tecnologia usada para representar a propriedade de um item exclusivo permite que cada árvore tenha uma ficha de dados, que acompanha seu crescimento e impacto ambiental. As corporações que adquirem o aditivo digital financiam o cultivo e o cuidado dessas árvores, gerando renda sustentável para o agricultor e ajudando a restaurar a floresta.
O coordenador da Btracer, Marcio dos Santos Pessoa, destaca que o objetivo é ajudar o pequeno produtor que precisa plantar vários tipos, tanto de mudas florestais quanto produtivas. E que, muitas vezes, por causa do ciclo de uma produção, precisa eliminá-la para poder plantar uma outra, que tem um ciclo mais curto, e aí não há uma manutenção da floresta.
“Por meio dos NFTs, o produtor tem condições de esperar a produção, o que trará benefício de reflorestamento florestal e potencialização do comércio do pequeno produtor rural”, explicou.
Ele argumenta que o apoio da Fapeam foi fundamental no desenvolvimento do projeto por ser referência em Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I).
“A Fapeam sempre foi uma fundação na linha de frente em relação à inovação, em trazer coisas novas para o mercado e dar condições para que as pesquisas pudessem se transformar em algo prático. Para nós, esse apoio nos ajudou muito em fazer validações, em explorar possibilidades de aplicações, utilizando uma tecnologia relativamente nova, que é o blockchain”, comentou Marcio Pessoa.
De acordo com dados da Btracer, já foram plantadas 6.152 mudas, de 30 espécies diferentes, entre mudas florestais e mudas frutíferas. São 75 pessoas impactadas diretamente e 51 acres restaurados.
Na plataforma, ao adquirir o NFT, é possível ver o nome e o endereço do produtor rural, as mudas florestais e frutíferas plantadas e o histórico da família. A startup está em expansão com uma filial em Portugal para conseguir mais apoio através da compra do ativo digital na Europa.
Pela primeira vez uma marca amapaense de moda afro vai representar o estado em um desfile nacional. Ela é uma das quatro representantes da Região Norte. O Brasil Eco Fashion Week é considerado o maior evento de moda sustentável do país. A edição deste ano vai destacar a temática de ‘Bioeconomia e Cooperação’ com 25 desfiles.
A amapaense Rejane Soares, estilista da coleção Afroamapalidade vai levar aos palcos a essência, ancestralidade e a periferia.
“Somos a primeira marca de moda afro do estado a alcançar esse feito, levando a essência, a ancestralidade e a força das mulheres negras amapaenses para os holofotes do Brasil. Este é mais que um desfile: é a celebração de nossas raízes, do trabalho coletivo, da resistência e do talento que floresce nas periferias, quilombos e comunidades do nosso território”, destacou Rejane.
A marca utiliza retalhos para criar peças que celebram a ancestralidade africana e a inclusão. Seguindo a ideia da marca, esta coleção é produzida por meio de retalhos das últimas três coleções.
A coleção visa unir estilos modernos e culturais africanos que celebram a inclusão e a sustentabilidade, reafirmando a força das mulheres da periferia.
Foto: Divulgação/Zwanga
Segundo a estilista, Rejane Soares, o grande objetivo é que esse desfile abra espaços para que mais mulheres negras estejam nesses espaços, além de homenagear a ancestralidade de mulheres negras.
“Que cada passo na passarela seja um tributo às mulheres que vieram antes de nós, que abriram caminhos com coragem e resiliência. E que nossa jornada inspire outras mulheres negras a conquistarem seus espaços, sempre”, disse a estilista.
O evento será realizado entre os dias 13 e 15 de dezembro de 2024 no Centro de Convenções Frei Caneca, na cidade de São Paulo.
O Amazonas bateu um recorde no número de importações, até novembro de 2024, com US$ 14,9 bilhões registrados, conforme dados da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti). O valor supera o total de US$ 12,6 bilhões do ano anterior.
Ainda de acordo com o órgão, a previsão é de que o estado alcance US$ 16 bilhões até o fim do ano, tornando este o melhor resultado dos últimos sete anos.
O secretário da Sedecti, Serafim Corrêa, destacou que o desempenho reflete a força da economia regional, impulsionada pela Zona Franca de Manaus (ZFM).
“Em apenas 11 meses, ultrapassamos em US$ 2,3 bilhões o volume total de importações de 2023. Este resultado representa matéria-prima para o Distrito Industrial, que transforma componentes nacionais e regionais, agregando valor e qualidade ao mercado interno do Brasil”, afirmou.
Corrêa atribui o crescimento à recuperação da economia brasileira e à competitividade dos produtos oriundos da ZFM, que oferecem preços mais atrativos e substituem importações.
“Estamos vivendo um momento muito positivo para a economia do Amazonas, com reflexos diretos no desenvolvimento industrial e na geração de empregos”, completou.
Nos últimos anos, o Amazonas já vinha demonstrando avanços no comércio exterior. Em 2022, o estado importou US$ 14,1 bilhões, seguido de US$ 13,2 bilhões em 2021, US$ 9,7 bilhões em 2020 e US$ 10,1 bilhões em 2019.
Exportações
Além disso, as exportações do Amazonas também apresentam crescimento. Até novembro deste ano, foram registrados US$ 909,6 milhões em exportações, com projeções de fechar o ano em alta em relação a 2023, que somou US$ 922,6 milhões. Desde 2019, quando as exportações atingiram US$ 731 milhões, o Amazonas vem ampliando a presença no mercado internacional.