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Artista amapaense participa de exposição em Portugal com temas sobre a Amazônia

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Gabriel Gemaque, de 24 anos, participou no dia 9 de maio da exposição de arte ‘Atmosferic’, em Lisboa.

O artista Gabriel Gemaque, de 24 anos, marcou presença na exposição de arte Atmosferic”, que acontece em Lisboa, Portugal. A partir da exploração de temas amazônicos, o artista amapaense capta a riqueza da biodiversidade da região.

“É muito gratificante e eu sigo muito feliz mesmo por conta que eu gosto de trazer as questões do Amapá. Toda minha produção artística é inspirada na minha vivência em Macapá”,

disse o artista.

De acordo Gemaque, uma das obras retrata as borboletas, que com as asas simbolizam o tempo em constante movimento, lembrando da efemeridade da vida e da importância de valorizar cada momento presente.

A mostra na Europa mergulha nas profundezas da filosofia ‘Wu Wei’ para trazer à vida a beleza e a simplicidade encantadora do cotidiano.

Gemaque leva os espectadores da mostra a uma jornada através de balões coloridos que flutuam envolvidos por borboletas dançantes e confetes alegres.

Foto: Divulgação

“Gosto muito de trazer o tema da periferia da Amazônia, tipo Pedrinhas e Buritizal. Esses bairros de Macapá acredito que tem muita beleza e potencial”, descreveu o artista.

Até 2024, Gemaque já produziu 40 obras, expostas no Brasil e na Europa.

Sobre o artista

Gabriel Gemaque nasceu em Macapá, e possui uma expressão artística com filosofia natural e atenção a questões sociopolíticas, como o desmatamento e a identidade das comunidades indígenas locais.

Com estudos em arte e arquitetura em Portugal e no Reino Unido, desenvolve uma visão contemporânea sobre estética. Projetos multidisciplinares são produzidos entre sua área de estudo aliada a paixões como artes, design de interiores, fotografia, estética, filosofia e biologia.

*Por Rafael Aleixo, do g1 Amapá

Acre registrou 84 casos de conflitos de terra em 2023 

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Ao menos 8.656 famílias foram afetadas por conflitos agrários no Acre. Dados foram divulgados pela Comissão Pastoral da Terra.

O Acre foi o quinto estado da Amazônia Legal em conflitos de terra durante o ano de 2023. Ao todo, foram registradas 84 ocorrências do tipo que afetaram ao menos 8.656 famílias em toda a região. 

O número é maior que o registrado no ano anterior, quando foram registrado 60 conflitos e 8 mil famílias atingidas.

Os dados fazem parte do relatório ‘Conflitos no Campo Brasil 2023’ divulgado pela Comissão Pastoral da Terra. Em todo o país foram 2.203 embates, desses, quase metade ocorreram em estados da Amazônia Legal, 1.034.

Amazônia Legal é um termo que compreende sete estados da Região Norte do Brasil mais o Maranhão e o Mato Grosso. Em termos de extensão territorial, a área corresponde a 60% do país. De acordo com o relatório, esse foi o terceiro ano com maior número de conflitos da série histórica, em 1º lugar está 2020 com 1.167 ocorrências, e em seguida, 2022 com 1.117 conflitos.

O Pará lidera entre os estados com maior número de conflitos, foram 226, seguido do Maranhão com 206 e Rondônia com 186 confrontos. Em todo Norte do país foram 810 ocorrências.

Dentre os 5 estados com os maiores números de conflitos no país, 3 estão na área da Amazônia Legal: Pará (226 ocorrências), Maranhão (206) e Rondônia (186). Analisando as regiões do país, a região Norte foi a que mais registrou conflitos no campo em 2023, com 810 ocorrências.

Conflitos por terra são maior parte das ocorrências

No Acre, todas as ocorrências de 2023 foram conflitos por terra, esse tipo de ocorrência também é maioria em toda a Amazônia, ao todo foram 883 confrontos. Em seguida, vem os conflitos por água, 95 casos, a maioria por causa da destruição e poluição de mananciais.

Por fim, o relatório afirma que foram registradas 54 ocorrências de trabalho escravo com 250 pessoas resgatadas. A maior parte deles no Pará, a Pastoral da Terra fez ainda um levantamento do número de pessoas vítimas de algum tipo de violência, foram 1.467 ao todo e dessas 1.108 viviam em algum estado da Amazônia Legal. A maioria, mais uma vez, no Pará.

Pequenos proprietários, 26,4%; indígenas, 24,7%; trabalhadoras e trabalhadores sem-terra, 18%; posseiros, 14%; e seringueiros, 5, são as principais vítimas da violência causada por conflitos agrários.

Mais da metade dos responsáveis pela violência são fazendeiros, 54,4%, seguidos de grileiros, garimpeiros e empresários

 Foto: Richard Lauriano/Rede Amazônica Acre

Aumento da violência na tríplice fronteira

Outro ponto ressaltado pelo relatório é o aumento da violência da região da tríplice fronteira entre os estados do Acre, Amazonas e Rondônia. A área, que concentra 32 cidades, teve 200 conflitos e oito mortes no período. O Acre teve ainda confrontos em três locais por causa de projetos de crédito de carbono.

*Por Yuri Marcel, do g1 Acre

Pesquisadora do Inpa é nova membra da Academia Brasileira de Ciências

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Da Região Norte, além de Neusa Hamada, do Inpa, o professor titular da Universidade Federal do Pará (UFPA), Luís Carlos Bassalo Crispino, também se tornou membro.


A pesquisadora Neusa Hamada, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), em Manaus (AM) foi nomeada como membra titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC). A cerimônia de nomeação ocorreu na última semana na Escola Naval, no Rio de Janeiro.

Neusa é líder do Laboratório de Citotaxonomia e Insetos Aquáticos (Lacia) do Inpa, com cerca de 37 anos contribuindo para a ciência.

Hamada foi agraciada com a honraria na presença de amigos pesquisadores do Inpa, como Adalberto Val, Vera Val e Philip Fearnside, seu esposo e também pesquisador do Inpa. Da Região Norte, além de Neusa, o professor titular da Universidade Federal do Pará (UFPA), Luís Carlos Bassalo Crispino, também se tornou membro.

O diretor do Inpa, Henrique Pereira, diz que a posse representa vários significados para o Instituto e para a comunidade científica brasileira. “Certamente é motivo de júbilo e de orgulho ter mais um membro da comunidade científica do Inpa compondo o rol de imortais da Academia e, de modo especial, uma pesquisadora, assegurando a presença e participação feminina nesse seleto grupo”, parabeniza.

Foto: Divulgação

Adalberto Val, vice-presidente da ABC para a Região Norte, explica que o processo de ingresso na Academia é muito criterioso: o nome é indicado por um ou mais membros e passam por uma análise minuciosa no âmbito de uma das dez áreas de conhecimento da ABC. Após essa fase são selecionados dois nomes para cada vaga e são novamente analisados minuciosamente por todos os membros de todas as áreas. Processo pelo qual Neusa Hamada foi selecionada como uma das profissionais reconhecidas nesse ano de 2024, ao lado de 20 outros cientistas brasileiros.

“É muito difícil ter alguém da Amazônia nesse time, mas dessa vez tivemos uma mulher do Inpa que vem contribuindo de forma brilhante com a Entomologia na Amazônia. Além de seu fantástico Currículo, Neusa vem se preocupando muito com a difusão da Ciência”,

felicita Val.

De acordo com Hamada, a ABC é composta por aproximadamente 900 membros de diversas áreas científicas, distribuídos em diferentes categorias. Na categoria de membros titulares há cerca de 600 integrantes, com uma predominância de 80% de homens e 20% de mulheres, proporção que vem mudando, como demonstrado pela recente nomeação de novos membros, dos quais 60% eram mulheres.

Neusa foi admitida na área de Ciências Biológicas, onde a proporção entre homens e mulheres é mais equilibrada, com cerca de 56% de homens e 44% de mulheres. Ao ver a relação dos pesquisadores da região Norte, é possível constatar que há apenas 15 pesquisadores como membros titulares da Academia, sendo sete do Amazonas, seis deles pertencentes ao Inpa, e oito do Pará, sendo quatro mulheres.

A pesquisadora ressalta, ainda, que sua nomeação é um avanço para reduzir as desigualdades de gênero e que existe entre as regiões, além de valorizar a ciência básica, uma vez que poucos taxonomistas, morfologistas e outros desse segmento fazem parte desse seleto grupo de pesquisadores.

“Esse reconhecimento acadêmico é fruto de um esforço conjunto com todas as pessoas, alunos, colaboradores e outros com as quais trabalhei ao longo da minha carreira, portanto, é uma conquista compartilhada com muitos e ajuda a elevar a visibilidade do Inpa e da Amazônia, mostrando que apesar de estarmos distantes dos grandes centros do Brasil, conseguimos fazer pesquisa de qualidade e formar recursos humanos preparados para trabalhar na Amazônia”,

enfatiza.

Líder do Laboratório de Citotaxonomia e Insetos Aquáticos (Lacia) do Inpa, Neusa tem mais de 30 anos de contribuição para a ciência com mais de 200 artigos, 10 livros e 30 capítulos de livros publicados. Hamada pesquisa sobre áreas de taxonomia de insetos aquáticos, ecologia, estrutura de comunidade, biodiversidade, biogeografia e impactos das mudanças climáticas sobre as comunidades de insetos aquáticos.

Além disso, Hamada é coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Entomologia (PPG-ENT) do Inpa e vem contribuindo na formação de mestres e doutores através da orientação de discentes no curso de pós-graduação mencionado acima. Ela também colabora com diversos outros grupos de pesquisa, gerando oportunidades, e é uma das grandes incentivadoras de projetos de divulgação e popularização da ciência, tendo produzido livros infantis, jogos, vídeos, maquetes e exposições.

Alunos e ex-alunos do Laboratório da pesquisadora utilizaram as redes sociais para felicitar a conquista da pesquisadora. “Parabéns, Dra. Neusa! Ficamos muito felizes com o reconhecimento a sua excelência científica e sua tomada de posse como membro titular da ABC. Nós do Lacia somos gratos pela oportunidade de aprender com você. É uma imensa honra tê-la como líder do nosso laboratório”, comemoram.

*Com informações do Inpa/MCTI

Manual de bebida fermentada de açaí é elaborado no Amapá

O objetivo do manual é disponibilizar conhecimentos de forma gratuita para os públicos de interesse, especialmente comunidades agroextrativistas que produzem o fruto.

A Embrapa Amapá está elaborando um manual de ‘Boas Práticas de Fabricação de bebida fermentada de açaí‘, a partir da experiência do empreendimento Flor de Samaúma na produção do AçaíTinto e os requisitos da legislação para produtos seguros.

O objetivo é disponibilizar conhecimentos de forma gratuita para os públicos de interesse, especialmente comunidades agroextrativistas que produzem o fruto de açaí e potenciais produtores e consumidores da bebida, agregando valor a este produto abundante na biodiversidade da Amazônia.

Foram realizadas duas etapas do processo para a validação técnico-científica do processo artesanal de produção da bebida. Inicialmente os empreendedores João Capiberibe e Janete Capiberibe, demonstraram no Laboratório de Alimentos da Embrapa Amapá, os insumos e princípios da produção artesanal de bebida fermentada de açaí. “Usamos um garrafão de 20 litros, desses que vêm com água mineral, fizemos o mosto; é assim que chamamos a mistura de polpa de açaí, água, açúcar e levedura. Em seguida, lacramos o garrafão”, recordou Capiberibe.

Os empreendedores Janete e João Capiberibe demonstraram a fabricação artesanal do AçaíTinto no lalaboratório da Embrapa. Foto: Ricardo Costa

A pesquisadora Valeria Bezerra participou do processo, registrando e analisando parâmetros como avaliação da densidade do xarope, do mosto e da bebida finalizada, representada pelo teor de açúcar, que é expresso em °Brix, medido pelo equipamento refratômetro e por sacarímetro. “Também fizemos avaliação da cor da bebida final, pelo equipamento colorímetro Konica Minolta”, explicou a pesquisadora, autora do manual em elaboração.

Após 23 dias de fermentação, a bebida foi finalizada pelos processos de filtração, envase em garrafa de vidro âmbar e fechamento com rolha de cortiça e lacre. A equipe conferiu a cor, aroma e sabor do fermentado de açaí. Em seguida, como parte da atividade, foi realizada a degustação da bebida entre funcionários da Embrapa Amapá, com anotações para posterior planejamento do teste sensorial.

O trabalho é realizado sob a supervisão da pesquisadora Valeria Bezerra, doutora em Ciência dos Alimentos, e conta com atuação do supervisor de Laboratórios da Embrapa Amapá, analista Leandro Damasceno, e do assistente Raimundo Nonato Teixeira Moura.

“Esta iniciativa faz parte de uma proposta mais ampla, que é uma ação de transferência de tecnologias para que comunidades agroextrativistas produtoras de açaí possam produzir a bebida para consumo próprio e também para comercialização. Nossa perspectiva é de que o manual esteja disponibilizado em nossos canais digitais no segundo semestre deste ano”,

destacou Valeria Bezerra.

O AçaíTinto é a marca comercial da bebida fermentada da polpa de açaí, produzida pelo empreendimento Flor da Samaúma, localizado em Macapá (AP). De acordo com testes laboratoriais realizados pela Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza/CE), o produto apresenta características físico-químicas e sensoriais semelhantes a alguns vinhos tintos. O relatório aponta que tanto os perfis físico-químicos revelam esta proximidade entre as duas bebidas, quanto a partir de análise sensorial com 50 provadores, consumidores habituais de vinho, ficou demonstrado que há uma atitude positiva de compra do produto.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Embrapa Amapá

Descubra qual bairro de Manaus é o mais populoso

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De acordo com dados do Censo 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o bairro mais populoso fica na zona leste da capital amazonense.

O bairro mais populoso de Manaus (AM) é bem conhecido na cidade. São 43.947 domicílios que abrigam 133.448 pessoas, de acordo com os dados do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Onde ele fica? Na Zona Leste. O bairro em questão é o Jorge Teixeira. 

Além do Bairro Jorge Teixeira, os outros bairros mais populosos da capital por zona são:

Cidade Nova (124.935), na Zona Norte;

Compensa (73.111) na Zona Oeste;

Alvorada (61.696) na Centro-Oeste;

Japiim (55.652), na Zona Sul

e Flores (40.588) na Zona Centro-Sul.

A Prefeitura de Manaus, via Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), concluiu os dados de levantamento de dez mapas por zonas da cidade no dia 8 de maio e os dados mostram ainda que a zona mais populosa de Manaus é a Norte, com 650.075 pessoas, seguida da zona Leste, com 494.319 habitantes.

A área urbana de Manaus tem 2.042.21 habitantes, enquanto na zona rural há 1.465 pessoas, e na de transição, 2.614. Segundo os dados apresentados, Manaus tem 738.012 domicílios; 3.210 Setores Censitários; um Distrito e nove Subdistritos.

“Os dados vêm se somar a uma complexa operação do IBGE, realizada dentro do país. Os documentos vão auxiliar a prefeitura a tomar medidas mais assertivas dentro de um planejamento urbano, que visa o gerenciamento de informações, criando melhores diretrizes urbanísticas. O principal objetivo dentro de uma base territorial é organizar o conjunto de informações já referenciadas sobre todas as estruturas territoriais brasileiras. Geramos mapas dentro do arquivo, que são os mapas censitários, um projeto final com população por bairro e zonas, a divisão de áreas urbanas da cidade de Manaus. E tudo será usado para ter precisão de dados visando o crescimento da cidade”, explicou o gerente de Informação de Geoprocessamento (GIG), Luiz Augusto.

Dados

A Prefeitura de Manaus recebeu os resultados do ‘Censo Demográfico 2022: Agregados por Setores Censitários preliminares – População e Domicílios’, do IBGE, que foram divulgados em março.

Para o coordenador de base territorial da superintendência do Amazonas, Jessé Nogueira Miranda, essa publicação vai somar bastante para a sociedade. “Essa parceria engrandece tanto o trabalho do IBGE quanto o da prefeitura. Agradecemos também pelo pronto atendimento da gestão municipal. Ficamos satisfeitos de contribuir para o conhecimento da nossa realidade e o exercício da cidadania, que é a missão do IBGE”, comentou.

Setores

Os Setores Censitários são as unidades territoriais de coleta do Censo Demográfico. Com a divulgação preliminar, os resultados estarão disponíveis para os recortes político-administrativos de Distritos e Subdistritos, além de permitir explorações com maior detalhamento espacial. Nos próximos meses, o IBGE prosseguirá com os processos de apuração de resultados e de aperfeiçoamento da malha de Setores Censitários, para que os agregados por Setores Censitários definitivos sejam divulgados.

*Portal Amazônia, com informações do Implurb Manaus

COP 30: Belém recebe aporte de R$ 1,3 bilhão para melhorias na infraestrutura

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A cidade sediará a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, a COP 30, em 2025.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Enio Verri, anunciaram o investimento de R$ 1,3 bilhão para melhoria da infraestrutura de Belém (PA). A cidade sediará a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, a COP 30, em 2025.

O valor representa o maior aporte financeiro da Itaipu fora da área de abrangência da empresa, que compreende os 399 municípios do Paraná e 35 do Mato Grosso do Sul.

Foto: Divulgação/Planalto

Participaram da cerimônia, no Palácio do Planalto, na última semana, o governador do Pará, Helder Barbalho; o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues; ministros de Estado; diretores da Itaipu; representantes de órgãos públicos; e autoridades federais, estaduais e municipais.

Na ocasião, foram assinados três convênios, o primeiro deles com a Secretaria de Estado de Obras Públicas para o aprimoramento de infraestrutura viária e implantação do Parque Linear Doca, na Avenida Visconde de Souza Franco.

Estão previstas várias ações, como a execução de 50 quilômetros de rede coletora de esgoto, 4,8 mil ligações de esgoto, pavimentação de vias de acesso à COP 30, implantação de vias marginais do Canal Água Cristal, equipamentos de controle de tráfego, entre outras. O investimento passa de R$ 1 bilhão.

O segundo convênio, no valor de R$ 323,5 milhões, assinado pela Itaipu e a Prefeitura de Belém, prevê a implantação do Parque Urbano Igarapé São Joaquim, incluindo projetos de arquitetura, paisagismo, rede esgoto, abastecimento, iluminação pública, pavimentação e sinalização viária.

O acordo contempla ainda reforma e revitalização do Complexo Ver-o-Peso, símbolo da capital paraense que abriga um dos mercados mais antigos do Brasil, e a restauração do Mercado Municipal de São Brás, construção histórica localizada no centro da cidade.

Foi assinado ainda um convênio no valor de R$ 41,8 milhões envolvendo a Itaipu, o Parque Tecnológico Itaipu (PTI), a Prefeitura de Belém e a Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), para o desenvolvimento de metodologia para a gestão de resíduos sólidos, ações de educação ambiental e de inovação em biotecnologia.

COP 30

A 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30) será realizada em novembro de 2025, na cidade de Belém, no Pará. Será a primeira vez que a Amazônia, bioma essencial para o combate à mudança do clima, sediará uma COP. A Conferência reúne anualmente lideranças mundiais para debater soluções para conter o aquecimento global e criar alternativas sustentáveis para a vida no planeta. Em 2024, a COP 29 será no Azerbaijão.

Conheça o Solar do Barão de Guajará, um dos mais antigos e belos solares de Belém

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Não se tem informação sobre o processo de construção do solar, mas tem inspiração portuguesa, com três pavimentos, sendo o último em forma de ‘camarinha’.

Um solar ou palacete é a casa de origem de uma família nobre. Em Belém (PA), aqueles que passam pela Rua D’Aveiro (antiga Thomázia Perdigão) podem ver um dos mais antigos solares da cidade, o Solar do Barão de Guajará.

De acordo com informações do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), não se tem informação sobre o processo de sua construção.

No entanto, a construção tem inspiração portuguesa, com três pavimentos, sendo o último em forma de ‘camarinha’. O pátio interno demonstra a influência moura na arquitetura ibérica, transferida para a Amazônia. A fachada é revestida de azulejos, com desenhos em formas geométricas nas cores brancas e azuis, provavelmente vindos de Portugal.

O interior possui piso e forro de madeira, a escada para o segundo pavimento tem guarda-corpo com balaustrada e assoalho formando desenhos geométricos.

Em 1970, o solar foi reinaugurado após obras de restauração, passando a funcionar o Instituto Histórico e Geográfico do Pará, conservando as mesmas características da época de sua construção. O palacete possui ainda a biblioteca do ‘Barão de Guajará’, com estantes de jacarandá artisticamente trabalhadas.

Proprietários 

Em 1837, a proprietária do solar era Ângela de Cácia Fragoso, que recebeu de herança de sua mãe. Dois anos se passaram e o Solar passou para o nome de dona Inês Micaela de Lacerda Chermont, que mais tarde o transferiu para seu irmão, o primeiro Barão e Visconde de Arari, que a remodelou, colocando grades de ferro com seu monograma (agrupamento ou combinação de duas ou mais letras ou outros elementos gráficos para formar um símbolo) nas sacadas das janelas.

Tendo recebido o Solar de herança, sua sobrinha se casa com Domingos Rayol, o Barão de Guajará. O Barão faleceu em 1912 deixando o Solar para seus herdeiros. Em 1942, o então prefeito de Belém, Abelardo Leão Condurú adquiriu o prédio.

Atualmente 

Em 2023, a Prefeitura de Belém cedeu definitivamente o prédio Solar Barão de Guajará para o Instituto Histórico e Geográfico do Pará. A assinatura de intenção foi feita pelo prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, e pela presidenta do IHGP, Anaíza Virgulino. Todo o processo para o título definitivo de propriedade do prédio foi feito pela Companhia de Desenvolvimento da Área Metropolitana de Belém (Codem).

*Com informações do Iphan e da Prefeitura de Belém

Oleodutos amazônicos: Colômbia, Peru e Equador são afetados por derrames de petróleo

A tecnologia antiga das empresas estrangeiras de hidrocarbonetos sediadas na Colômbia, no Peru e no Equador permitiu que os dutos fossem construídos acima do solo, uma prática agora abandonada em suas respectivas fábricas nos EUA.

Todos os três oleodutos herdados do sistema da Amazônia Andina são antigos. O Oleoducto Transandino Colombiano (OTC) está em operação há 53 anos, seguido pelo Sistema de Oleoducto Transecuatoriano (SOTE), com 50 anos, e pelo Oleoducto Norperuano (ONP), com 45 anos. A tecnologia dos dutos mudou drasticamente desde sua construção, com melhorias nas ligas de aço, na tecnologia de soldagem e nos revestimentos de superfície. A maior falha desses sistemas, no entanto, foi a decisão de construí-los acima do solo, uma prática que havia sido abandonada pelo setor em seus sistemas sediados nos EUA muito antes da construção desses dutos.

Os sistemas superficiais são propensos a falhas porque ficam diretamente sobre a superfície do solo, o que aumenta a taxa de oxidação, ou são sustentados por suportes e vigas, o que os torna suscetíveis a falhas mecânicas. Mais importante ainda, os sistemas acima do solo têm maior probabilidade de serem fisicamente comprometidos por ações humanas, sejam elas acidentais ou deliberadas.

Foto: Reprodução/Mongabay

A exposição desses importantes ativos de infraestrutura à sabotagem é mais evidente na Colômbia. Entre 1986 e 2015, a infraestrutura de petróleo foi atacada mais de 1.000 vezes em Putumayo, provocando pelo menos 160 derramamentos de petróleo. As milícias marxistas justificaram suas ações alegando que estavam resistindo à exploração por empresas petrolíferas estrangeiras. No entanto, as comunidades indígenas sofreram a maior parte dos impactos de suas ações.

Os ataques diminuíram após o início do processo de paz (2016-2018), mas voltaram ao status quo ante quando as milícias armadas mais uma vez afirmaram seu poder. Aparentemente, os ataques são um estratagema para semear o caos e perturbar a economia formal; mas, como a poluição dos habitats aquáticos perturba os meios de subsistência tradicionais, eles também aumentam a capacidade da milícia de recrutar jovens das comunidades indígenas.

O Equador sofreu um número ainda maior de falhas em dutos, com mais de 1.000 incidentes entre 2000 e 2021. A maioria foi causada por veículos que colidiram com dutos alimentadores paralelos à rede de estradas secundárias da região. O impacto ambiental desses vazamentos de pequena escala não atraiu a mesma atenção da mídia que as falhas em grande escala dos dois dutos principais, mas seu dano cumulativo é significativo e duradouro. Estima-se que 130.000 barris de petróleo bruto tenham sido liberados em paisagens habitadas por dezenas de milhares de famílias rurais. Mais graves são as rupturas no oleoduto tronco da SOTE, com 65 incidentes entre 1972 e 2019 que derramaram cerca de 730.000 barris. A maioria dos incidentes é causada por um deslizamento de terra ou pela erosão da margem do rio, mas o oleoduto foi danificado duas vezes por um terremoto.

O setor mais problemático é um trecho no sopé da Cordilheira dos Andes, onde chuvas intensas e inundações repentinas causaram vários acidentes de grande escala. No entanto, a empresa melhorou seu desempenho, e o volume de petróleo liberado no meio ambiente é consideravelmente menor do que nos primeiros anos de suas operações.

Foto: Reprodução/Mongabay

A Petroecuador iniciou um programa para enterrar os componentes de planície do sistema SOTE em 2013, um investimento que reduziu drasticamente os incidentes até 2020, quando um “ato de Deus” cortou não apenas o SOTE, mas também o OTC e um terceiro oleoduto (Poliducto Quito Sushufundi), causando uma enorme mancha de óleo no Rio Coca que afetou habitats e comunidades a jusante até o Peru. A partir de 2022, a Petroecuador e o consórcio OCP reprojetaram seus sistemas de oleodutos para evitar esse tipo de falha, a um custo estimado de aproximadamente US$ 200 milhões. Enquanto isso, eles gastarão uma quantia não revelada para remediar os impactos de aproximadamente 15.800 barris de petróleo vazados.

O sistema de oleodutos do Peru sofre com uma combinação de acidentes e sabotagem. As informações sobre as primeiras operações no Peru não estão disponíveis publicamente, mas houve 497 vazamentos de petróleo entre 2000 e 2019.

Numericamente, a maioria dos vazamentos ocorreu nos dutos alimentadores que atendem aos dois principais campos de produção (Lotes 8 e 192), mas três seções da ONP sofreram 27 incidentes e são a fonte da maior parte do petróleo liberado no meio ambiente. A gestão eficaz se deteriorou significativamente desde 2016, quando treze eventos liberaram cerca de 6.000 barris de petróleo em habitats florestais e aquáticos.

O órgão ambiental (Organismo de Evaluación y Fiscalización Ambiental – OEFA) realizou uma inspeção nos locais dos acidentes e concluiu que a maioria das falhas foi causada por uma combinação de corrosão interna e externa. O órgão citou e multou uma empresa estatal por manutenção inadequada e ordenou a interrupção das operações do oleoduto até que a empresa desenvolvesse uma estratégia plausível para reparar e operar o oleoduto. Uma análise posterior do Organismo Supervisor de la Inversión en Energía y Minería (OSINERGMIN), uma agência semiautônoma afiliada ao ministério de energia, contestou essas conclusões e determinou que dez desses incidentes foram resultado de tentativas deliberadas de sabotagem por terceiros.

As comunidades indígenas agora estão cientes dos danos que têm sofrido durante cinco décadas de negligência e controles operacionais precários, bem como da repetida falha do governo em atender às suas demandas. A desobediência civil, um estratagema consagrado nas comunidades andinas, agora é uma tática rotineira nos campos de petróleo da Amazônia peruana. O episódio mais famoso foi o Baguazo, um confronto mortal em 2009 entre o Presidente Alain Garcia e grupos indígenas que se opunham às políticas que teriam expandido a produção de petróleo na sub-bacia de Marañón.

Desde então, as comunidades indígenas têm feito protestos e tomado reféns de forma ritualizada para protestar contra o fracasso contínuo do governo em atender às suas demandas, muitas das quais têm pouco ou nada a ver com as operações reais do oleoduto. Os protestos aumentaram de frequência em 2018, quando os moradores do rio Morona impediram as operações de limpeza e ocuparam uma estação de bombeamento. Isso foi seguido, em 2019, por um protesto passivo na Estação de Bombeamento nº 5, um centro logístico importante perto de Saramiriza, que foi ocupado novamente por várias semanas em 2021.

Durante todo esse período, atos deliberados de sabotagem liberaram milhares de barris de petróleo nos rios e córregos. A agitação social fez com que a ONP interrompesse as operações por semanas, às vezes até meses, exacerbando o ambiente operacional já desafiador na área de produção da Selva Norte. Os planos de estender o ramal norte para transportar petróleo do campo de petróleo mais promissor da região (Lote 67) estão, aparentemente, em dúvida: duas empresas, a Frontera Energy (Lote 192) e a GeoPark (Lote 64), deixaram o país. A PetroTal, operadora do único campo que produz petróleo (Lote 95), começou a exportar petróleo bruto por meio de barcaças e pela Hidrovia Amazônica.

Os dutos que atendem a Camisea e a Urucu são sistemas subterrâneos que têm tido, em geral, operações sem problemas. Não há relatos de incidentes no gasoduto Urucu-Manaus desde sua conclusão em 2009, nem do gasoduto de gás-líquidos associado entre Urucu e Coari, que iniciou suas operações em 2000. O gasoduto de líquidos e gás entre Camisea e o sistema da costa do Pacífico sofreu cinco rupturas em seus três primeiros anos de operação (2004-2007), o que motivou o operador a modificar o projeto do sistema. O gasoduto ainda não sofreu nenhuma falha.

Mitigação e remediação de derramamentos de petróleo 

Os protocolos de gerenciamento ambiental das empresas petrolíferas têm como foco evitar e mitigar os derramamentos de petróleo. Se ocorrer um derramamento, a primeira prioridade é recuperar a maior quantidade possível de óleo. Depois disso, os impactos devem ser remediados.
Os derramamentos em terra são facilmente contidos, o que facilita a recuperação. O solo poluído pode ser recolhido e levado para instalações de tratamento, conhecidas como “fazendas terrestres”, onde bactérias especialmente selecionadas decompõem as moléculas orgânicas de cadeia longa e os compostos aromáticos que constituem o petróleo bruto. Se não for tratado, os processos naturais acabarão por degradar e decompor o petróleo, embora isso leve muitas décadas e, nesse ínterim, envenene o ambiente local.

Os derramamentos na água são muito mais problemáticos. As manchas de óleo se expandem rapidamente por toda a área de superfície do corpo d’água, enquanto os córregos e rios amplificam seu impacto ao transportá-lo rio abaixo. As manchas de óleo de derramamentos no rio Coca, no Equador, em 2013 e 2020, chegaram ao Peru a mais de 250 quilômetros rio abaixo. Os habitats de remansos, como os pântanos sazonais e os pântanos de palmeiras, são particularmente vulneráveis porque são caracterizados por água parada, onde o óleo fica retido.

À medida que os níveis de água caem durante a estação seca, a mancha de óleo permeará as superfícies do solo e envenenará os habitats bentônicos que são a base das redes alimentares aquáticas. A degradação microbiana ocorre mais lentamente nesses ambientes carentes de oxigênio porque as bactérias que se alimentam de óleo trabalham principalmente por meio de processos metabólicos aeróbicos. O óleo é especialmente tóxico para sapos devido à sua pele frágil e altamente permeável; peixes e aves aquáticas também morrem quando expostos ao óleo.

Foto: Reprodução/Mongabay

O impacto dos derramamentos de petróleo na Amazônia é imediatamente sentido pelas comunidades humanas. As comunidades indígenas e ribeirinhas estão agrupadas ao longo dos rios e dependem muito da pesca para sua subsistência. Não é de surpreender que elas sejam as maiores críticas ao setor petrolífero na Colômbia, no Peru e no Equador (consulte o Capítulo 11). Elas protestam contra a ocorrência cada vez maior de derramamentos de petróleo, bem como contra o fracasso das instituições em remediar derramamentos anteriores e compensá-las de forma justa pelos danos sofridos a curto e longo prazo.

Na Colômbia, a luta é liderada por representantes do grupo indígena Siona, instalado ao longo das margens do rio Putumayo, cuja militância tem sido auxiliada por membros de seu grupo étnico no Equador. Os grupos indígenas do Equador, especialmente Waorani, Cofán, Siona e Kichwa, conseguiram articular suas demandas por meio de protestos civis. No entanto, eles elevaram suas queixas para a esfera judicial, obtendo decisões importantes em tribunais nacionais e internacionais. A situação é mais caótica no Peru devido a uma propensão nacional à desobediência civil, onde os manifestantes associados aos Achuar, Awajún e Huambisa basicamente fecharam a ONP.

Os governos são altamente dependentes das receitas do petróleo e não estão dispostos a abrir mão dessas receitas em favor da remediação de problemas ambientais que afetam uma fração muito pequena da população nacional. Torna-se difícil responsabilizar as empresas estatais devido à proteção política inerente aos seus sistemas de governança corporativa. As tentativas de responsabilizar as multinacionais também não prosperaram, em parte, porque os sistemas jurídicos foram comprometidos por atos de corrupção que dão às empresas a oportunidade de prolongar e desviar as ações judiciais.

Impactos secundários 

Os impactos secundários e indiretos causados pelo processo de desenvolvimento e exploração de hidrocarbonetos provocaram ainda mais preocupação. A experiência do Equador nas décadas de 1970 e 1980, em que o desmatamento em grande escala acompanhou o desenvolvimento dos campos de petróleo na província de Sucumbíos, é um exemplo do poder das sinergias de várias políticas. Nesse caso, o governo decidiu vincular o desenvolvimento dos campos de petróleo a investimentos em estradas, desenvolvimento agrícola, redução da pobreza, reforma agrária e segurança nacional. Mais de quarenta por cento do desmatamento amazônico total do Equador ocorreu como consequência dessa decisão (consulte o Capítulo 2). Um processo semelhante ocorreu na Colômbia com o desenvolvimento de campos de petróleo do outro lado da fronteira, no Departamento de Putumayo.

No entanto, essas políticas não se repetiram no norte do Peru, onde os campos de petróleo foram desenvolvidos usando técnicas semelhantes às de uma plataforma de petróleo offshore. Os equipamentos foram transportados pelos rios enquanto o oleoduto era construído, sem a criação de uma rodovia permanente. Estradas locais foram construídas para conectar as plataformas de poços de petróleo e uma estrada de acesso temporária foi criada para atender à construção do oleoduto, mas não foi melhorada com aterros ou pontes. Consequentemente, não foi criado um corredor de imigração entre as áreas povoadas da costa peruana e as paisagens remotas dos campos de petróleo.

A abordagem offshore (ou enclave) também foi usada no desenvolvimento do campo de gás de Camisea, nas províncias das planícies do Departamento de Cusco, quando ele foi conectado aos mercados interno e externo por um gasoduto em 2004. Da mesma forma, os brasileiros optaram por desenvolver o campo de gás de Urucu entre 2006 e 2009 com um mínimo de construção de estradas e adotaram uma política para desencorajar os assentamentos. Não há evidências ou relatos de assentamentos ou desmatamento não autorizado ligados a nenhum desses projetos.

“Uma tempestade perfeita na Amazônia” é um livro de Timothy Killeen que contém as opiniões e análises do autor. A segunda edição foi publicada pela editora britânica The White Horse em 2021, sob os termos de uma licença Creative Commons (licença CC BY 4.0).

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Mongabay, escrito por Timothy J. Killeen, traduzido por Lisete Correa

Evidências de violência em época de crise no antigo Peru são apontadas por estudo

Análises de esqueletos exumados em um cemitério datado do período 500 a.C a 400 a.C mostram traumatismos mortais e indícios de uma população carente.

A transição do quinto para o quarto séculos antes da presente era teria sido uma época crítica na região dos Andes Centrais, que ficam atualmente no território do Peru (país que faz parte da Amazônia Internacional). Os estudiosos apontam evidências de um tempo conturbado, que marcaria a passagem do período Formativo Médio (1200 a.C.-400 a.C.) para o período Formativo Tardio (400 a.C.-1 a.C.).

Desintegração política e violência intergrupal fariam parte do contexto, talvez associado à hipotética substituição de governos teocráticos por governos seculares. Um novo estudo, publicado na revista Latin American Antiquity, vem reforçar de forma consistente tal suposição.

Vários traumas em um dos indivíduos estudados: a) fratura penetrante perimortem no parietal direito, produzida por trauma contuso infligido; b) marca de corte na arcada superciliar direita relacionada com contusão perfurante; c) fratura linear penetrante cicatrizada e marcas de corte no osso zigomático esquerdo relacionadas a mecanismo cortante-contuso, e fratura nasal cicatrizada. Fotos: Luis Pezo-Lanfranco

A pesquisa foi conduzida por uma equipe de pesquisadores peruanos, colombianos e brasileiros, liderada pelo bioarqueólogo peruano Luis Pezo-Lanfranco, na época associado ao Laboratório de Antropologia Biológica do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP) e apoiado pela FAPESP por meio do Programa Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes.

“Fizemos uma análise detalhada das ossadas de 67 indivíduos escavados em um cemitério do período 500 a.C.-400 a.C. localizado no Vale de Supe, a poucos quilômetros de Caral, famoso centro cerimonial que esteve em funcionamento entre 2900 a.C. e 1800 a.C. Nesse cemitério, detectamos padrões de lesões característicos de eventos repetitivos de violência interpessoal. Dos indivíduos examinados, 80% dos adultos e adolescentes morreram em decorrência dos traumatismos infligidos”, diz Pezo-Lanfranco. O pesquisador encontra-se instalado agora no Departamento de Pré-História da Universitat Autònoma de Barcelona, na Espanha.

Pezo-Lanfranco conta que as lesões perimortem (isto é, ocorridas no momento da morte) encontradas em ossos do crânio, face e tórax de vários indivíduos são compatíveis com violência letal provavelmente intercomunitária. E que essa violência não vitimou apenas homens e mulheres, mas também crianças.

“Nossa hipótese é que um grupo alheio à comunidade teria chegado no local e perpetrado os homicídios. Depois que os agressores foram embora, os indivíduos mortos foram inumados pela própria comunidade seguindo ritos regulares, como sugerem os padrões de sepultamento”,

afirma.

Dos 67 indivíduos estudados, 64 foram enterrados em posição fetal: 12 estavam em decúbito dorsal, quatro em decúbito ventral, sete em decúbito lateral esquerdo e 41 em decúbito lateral direito. A posição fetal é um padrão recorrente nos sepultamentos de várias populações pré-históricas e antigas do mundo. Por ser característico da fase intrauterina, alguns especialistas acreditam que estava associado à ideia de continuidade da vida depois da morte ou de renascimento.

Apesar de o traumatismo perimortem ser o mais frequente nos esqueletos estudados, amplamente distribuído entre adultos de ambos os sexos e em algumas crianças, muitos exemplos de traumatismo antemortem (isto é, antes da morte) também foram encontrados, e vários indivíduos apresentam as duas formas de traumatismo, antemortem e perimortem, o que sugere pelo menos dois eventos violentos ao longo da sua vida, um que gerou fraturas que depois cicatrizaram e outro que os vitimou. “Os marcadores indicam exposição à violência repetitiva e letal ao longo da vida”, comenta Pezo-Lanfranco. E informa que as lesões mais comumente observadas foram fraturas deprimidas da calota craniana, fraturas maxilofaciais, fraturas torácicas, principalmente em costelas e escápulas, e “fraturas defensivas” na ulna, o osso maior que forma o antebraço.

Além dos sinais de violência, a análise das ossadas aponta alta incidência de estresses inespecíficos e doenças infecciosas, que podem estar associadas a más condições de vida decorrentes de uma combinação de pobreza de recursos e crescimento populacional. A pobreza também é atestada pela simplicidade das oferendas funerárias: cabaças contendo restos de vegetais, sementes de algodão e raízes; peças de tecido liso de algodão, esteiras e cestos; colares de contas e fragmentos de cerâmica. “Estudos de isótopos estáveis revelaram que os produtos agrícolas básicos eram a principal fonte de subsistência”, diz Pezo-Lanfranco.

O pesquisador argumenta que esse cenário pobre de recursos no vale de Supe provavelmente se relaciona com o colapso da cultura Chavín, que se expandiu pela serra e costa do Peru entre 1200 a.C. e 500 a.C., e cujo centro era o sítio monumental de Chavín de Huantar, localizado no norte do Peru, na bacia do rio Marañón, que nasce nos Andes peruanos a cerca de 5.800 metros de altitude e flui para leste, até formar, no Brasil, o Solimões.

“Durante a transição do Formativo Médio para o Formativo Tardio, por volta de 500 a.C. a 400 a.C., esse sistema atingiu a exaustão. Vários centros cerimoniais, incluindo Chavín de Huantar, foram dessacralizados e abandonados. E ocorreu uma desintegração das formações políticas organizadas em torno da esfera religiosa, caracterizando, talvez, o declínio dos sistemas teocráticos e a emergência de governos seculares”, relata Pezo-Lanfranco.

Segundo o pesquisador, o sistema Chavín tinha como deidade principal um ser zooantropomórfico, que reunia atributos humanos e atributos da onça pintada.

Deidades zooantropomórficas são encontradas em numerosíssimas culturas em todo o mundo: Índia, Egito, Creta etc. Em uma abordagem puramente especulativa, alguns estudiosos consideram que poderiam ser reelaborações tardias de tradições pré-históricas, de tipo xamânico, nas quais as virtudes dos animais tutelares são sincretizadas com a figura do xamã. Mas esta é uma hipótese, que ainda não pode ser confirmada no estágio atual de nosso conhecimento.

Não se sabe o nome do homem-jaguar de Chavín, porque, à diferença de outras regiões do Velho Mundo, nos Andes não existem registros escritos, que, se decifrados, poderiam trazer informações mais precisas sobre essa época. Leve-se em conta que o período aqui tratado antecede em quase 2 mil anos o estabelecimento formal do Império Inca, que foi a última expressão de milênios de civilizações andinas. Fundado por Pachacuti em 1438 da presente era, o Império Inca sobreviveu por menos de um século, sendo subjugado pelos espanhóis em 1533. Seu último imperador, Túpac Amaru, refugiado em Vilcabamba, foi capturado e morto pelos espanhóis em 1572.

Para a equipe de pesquisadores envolvida no estudo em pauta, os achados são ainda mais relevantes exatamente por virem de uma época tão pouco documentada da arqueologia andina. Poucos cemitérios desse período foram escavados nos Andes Centrais e em menos ainda têm sido encontradas amostras com tão boa preservação, que, nesse local, devido à aridez do clima, permitiu a observação detalhada de lesões em ossos quase íntegros.

“Esta pesquisa, que é parte do que se denomina ‘Bioarqueologia da Violência’, ajuda a entender a natureza dos conflitos interpessoais ao redor da metade do primeiro milênio antes da nossa era. Por outro lado, dados da mesma análise a serem publicados proximamente oferecem uma série de respostas sobre os fatores que modulavam a morbidade e mortalidade dos indivíduos dessa sociedade, que se desenvolveu sob um hipotético contexto de pressão populacional e transição política, associadas ao colapso dos sistemas de crenças em um ambiente bastante pobre em recursos”, conclui Pezo-Lanfranco.

O artigo Bioarchaeological Evidence of Violence between the Middle and Late Formative (500–400 BC) in the Peruvian North-Central Coast pode ser acessado AQUI.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência Fapesp, escrito por José Tadeu Arantes

Nova técnica aumenta produção de mudas de mandioca no Amapá em até 20 vezes

Novo método torna as plantas mais saudáveis e com baixo custo. Prática consiste no cultivo em estufas, com a temperatura, irrigação e adubação sendo controlados pelo próprio agricultor.

Uma nova técnica de produção de mudas de mandioca está sendo implementada no Amapá. O Governo do Estado, em conjunto com o Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Amapá (Rurap), capacita produtores para que essa técnica seja implementada nas propriedades.

O novo método tem o objetivo de fortalecer a mandiocultura no Estado, pois a técnica aumenta em até 20 vezes a produção, além de tornar as plantas mais resistentes às doenças e pragas.

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Foto: Nayana Magalhães/GEA

Outro benefício que impacta o agricultor é o baixo custo para a implementação nas lavouras, pois o ambiente utilizado é próprio, além dos materiais usados na construção da estufa serem pequenos, não chegando a R$ 2 mil.

A prática consiste no cultivo em estufas, com a temperatura, irrigação e adubação sendo controlados pelo próprio agricultor. Essa capacitação garante uma maior autonomia e independência aos produtores, que já estão sendo capacitados para implementar o novo método.

*Com informações do g1 Amapá