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Portal Amazônia responde: qual a função de uma ‘área de preservação permanente’?

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Com temáticas como mudanças climáticas, ponto de não retorno (ou inflexão) e impactos socioambientais do desmatamento, garimpo ilegal e grilagem de terras cada vez mais frequente, a preservação ambiental torna-se uma pauta cada vez mais relevante e de necessária ação da esfera pública.

Nesse sentido, surge o conceito de área de preservação permanente (APP). As APP são consideradas um instrumento essencial à política de preservação ambiental.

Definição

De acordo com o Código Florestal (Lei nº 4.771/65), são consideradas áreas de preservação permanente (APP) aquelas protegidas nos termos da lei, cobertas ou não por vegetação nativa, com as funções ambientais de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade e o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.

Qual a importância de se ter uma área de preservação permanente?

Como descrito na definição, as APPs tem a importante função de proteger a fauna e a flora de região através da preservação de recursos. Na área, com respaldo jurídico, é proibida a construção, plantação e exploração de atividades econômicas.

Somente órgãos ambientais, respaldados pela comprovação de interesse público, social ou com a realização de empreendimentos de baixo impacto ambiental, podem abri exceção à restrição e autorizar o uso das terras.

Características 

São áreas de preservação permanente as florestas e demais formas de vegetação natural que estejam situadas ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água desde o seu nível mais alto, em faixa marginal cuja largura mínima deverá ser:

– de 30 metros para os cursos d’água de menos de dez metros de largura;

– de 50 metros para os cursos d’água que tenham de dez a 50 metros de largura;

– de cem metros para os cursos d’água que tenham de 50 a 200 metros de largura;

– de 200 metros para os cursos d’água que tenham de 200 a 600 metros de largura;

– de 500 metros para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 metros.

Também são consideradas de preservação permanente as florestas e demais formas de vegetação natural que estejam situadas:

– ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou artificiais;

– nas nascentes, ainda que intermitentes, e nos chamados “olhos d’água”, qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 metros de largura;

– no topo de morros, montes, montanhas e serras;

– nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive;

– nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;

– nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a cem metros em projeções horizontais;

– em altitude superior a 1.800 metros, qualquer que seja a vegetação.

Arpa 

O Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa) foi criado em 2002 por meio de um inovador arranjo entre governo federal, órgãos estaduais e instituições privadas e a sociedade civil. O Arpa tem o objetivo de promover a conservação e a proteção permanente de 60 milhões de hectares ou 15% da Amazônia brasileira – uma área maior que a Alemanha. É considerado o maior programa de conservação de florestas tropicais do mundo.

Atualmente, o Arpa protege 114 unidades de conservação (UCs) na Amazônia brasileira, que representam mais de 59,2 milhões de hectares. As unidades de conservação apoiadas pelo programa são beneficiadas com bens, obras e contratação de serviços necessários para a realização de atividades de integração com as comunidades de entorno, formação de conselhos, planos de manejo, levantamentos fundiários, fiscalização e outras ações necessárias ao seu bom funcionamento.

O Programa Áreas Protegidas da Amazônia é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e implementado pelas instituições de gestão de unidades de conservação. Essas instituições podem ser federais, como o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), ou estaduais, como os órgãos ambientais dos nove estados amazônicos: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. 

Julgamento que pode decidir futuro do povo Krahô Takaywrá, no Tocantins, é adiado mais uma vez

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Mais uma vez, o julgamento que pode decidir o futuro do povo Krahô Takaywrá, do município da Lagoa da Confusão, em Tocantins, foi adiado. O povo aguarda uma confirmação do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) sobre a decisão dada em fevereiro de 2020, pela Justiça Federal, sobre a aquisição e destinação de terra para posse e ocupação da comunidade da aldeia Takaywrá.

Há também uma enorme expectativa para que o tribunal reconheça o dano moral coletivo sofrido pela comunidade ao longo de décadas pela morosidade e ausência do poder público, condenando o Estado a indenizá-los povo aguarda uma confirmação do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) sobre a decisão dada em fevereiro de 2020, pela Justiça Federal.

Na época, a sentença proferida, em primeira instância, determinou a criação de uma reserva indígena para o povo Krahô Takaywrá, porém rejeitou o pedido de indenização por danos morais coletivos. A decisão se deu na ação civil pública (ACP) movida pelo Ministério Público Federal do Tocantins (MPF-TO) contra a União e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

Foto: Adi Spezia/Cimi.

Há mais de 16 anos o povo Krahô Takaywrá vive em condições de extrema insegurança em uma área de preservação permanente (APP), localizada dentro do assentamento São Judas Tadeu, no município da Lagoa da Confusão, no estado do Tocantins. A área provisória destinada aos indígenas é alvo de alagamentos frequentes, que ocorrem em decorrência das fortes chuvas e das cheias dos rios. A decisão se deu na ação civil pública movida pelo MPF do estado do Tocantins contra a União e a Funai

É a terceira vez que o caso é retirado de pauta, causando enorme frustração à comunidade, que se deslocou até Brasília para acompanhar, nesta quarta-feira (22), o julgamento no TRF1. Os indígenas souberam do adiamento minutos depois do início da sessão.

“Foi muito frustrante [o adiamento] porque para nós é a realização de um momento histórico, que pode definir a história do nosso povo com a criação da reserva que aguardamos há mais de 40 anos”, explicou Renato Pypcrê Pityj Cruz Lima Krahô, liderança da comunidade. 

Apesar do novo adiamento, Renato considerou importante ter comparecido ao julgamento. 

“O desembargador ouviu um pouco da história e ficou sensibilizado com a questão. Ele ficou ciente da situação que passamos aqui, porque nesse local onde estamos não tem como fazer as moradias para todas as famílias, além das enchentes que ocorrem quase todos os anos”.

Os indígenas aguardam nova data para o julgamento, que segue sem previsão.

*Com informações do Conselho Indigenista Missionário

RAD 2023: Matopiba passa Amazônia e assume liderança do desmatamento no Brasil

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Mais da metade de toda a área desmatada no Brasil em 2023 ocorreu no Cerrado, principalmente na região do Matopiba entre Bahia, Piauí, Tocantins e Maranhão; este último assumiu a liderança entre os estados que mais desmataram no ano passado

Leia também: Com dados dos últimos 40 anos, pesquisadores observam aumento de temperatura e secas mais severas no Matopiba

Nos últimos cinco anos o Brasil perdeu 8.558.237 hectares de vegetação nativa, o equivalente a duas vezes o estado do Rio de Janeiro. Porém 2023 representou um ponto de inflexão nesse processo, segundo dados da mais recente edição do RAD – Relatório Anual do Desmatamento no Brasil do MapBiomas.

Primeiro, por ter registrado uma queda de 11,6% na área desmatada: ao todo, 1.829.597 hectares de vegetação nativa foram suprimidos em 2023; em 2022, esse total foi de 2.069.695 hectares. Essa redução se deu mesmo com um aumento de 8,7% no número de alertas, na comparação com 2022.

Os dois maiores biomas do Brasil – Amazônia e Cerrado – somam mais de 85% da área total desmatada no país. Mas pela primeira vez desde o início da série do MapBiomas Alerta, em 2019, o Cerrado ultrapassou a Amazônia em termos de área desmatada. Em 2023, o Cerrado correspondeu a 61% da área desmatada em todo o país e a Amazônia por 25%. Foram 1.110.326 hectares desmatados no Cerrado, em 2023, um crescimento de 68% em relação a 2022. Quase todo o desmatamento do país (97%) teve a expansão agropecuária como vetor.

Juntos, quatro estados do Cerrado – Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que formam a região conhecida como Matopiba – ultrapassaram a área desmatada nos estados da Amazônia e responderam por quase metade (47%) de toda a perda de vegetação nativa no país no ano passado. Foram 858.952 hectares – um aumento de 59% em relação ao ano de 2022, o qual já havia registrado aumento (36%) em relação a 2021. Três em cada quatro hectares desmatados no Cerrado em 2023 (74%) foram no Matopiba. Dois terços (33) dos 50 municípios que mais desmataram no Brasil em 2023 ficam no Cerrado, sendo que todos os 10 municípios com maior área desmatada no Cerrado em 2023 estão localizados no Matopiba.

“Os dados apontam a primeira queda do desmatamento no Brasil desde 2019, quando se iniciou a publicação do RAD. Por outro lado, a cara do desmatamento está mudando no Brasil, se concentrando nos biomas onde predominam formações savânicas e campestres e reduzindo nas formações florestais”, destaca Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas.

Dos quatro estados do Matopiba apenas o Piauí teve redução da área desmatada. Nos demais – Bahia, Tocantins e Maranhão – a área desmatada cresceu. O Maranhão saiu da quinta posição para a primeira posição pela primeira vez, com um aumento de 95,1% e totalizando uma perda de 331.225 hectares de vegetação nativa. No caso do Tocantins, o crescimento foi de 177,9%. Com 230.253 hectares desmatados, o estado foi o terceiro maior desmatador do país em 2023, atrás da Bahia, com 290.606 hectares e um crescimento de 27,5% em relação a 2022.

O ranking dos cinco estados com maior área desmatada no Brasil inclui dois líderes históricos – Pará e Mato Grosso – porém com sinal invertido: queda de 60,3% no primeiro e de 32,1% no segundo. O desmate em território paraense foi de 184.763 hectares; no Mato Grosso, 161.381 hectares.

Essa mudança se refletiu também no tipo de vegetação suprimida. Em 2023, pela primeira vez, houve o predomínio de desmatamento em formações savânicas (54,8%) seguido de formações florestais (38,5%) que predominaram nos quatro primeiros anos do levantamento.

Amazônia: 8 árvores desmatadas por segundo

Em 2023, a área média desmatada por dia foi de 5.013 hectares – ou 228 hectares por hora. Mais da metade foi no Cerrado, onde foram perdidos 3.042 hectares de vegetação nativa por dia. Na Amazônia, foram perdidos 1.245 hectares por dia, o que equivale a cerca de 8 árvores por segundo. O dia com maior área desmatada em 2023 foi 15 de fevereiro, quando em apenas 24 horas estima-se que foi desmatada uma área equivalente a quase seis mil campos de futebol.

Cabe destacar que, no Cerrado, além dos sistemas de detecção já utilizados nos anos anteriores, também foi incorporado de forma operacional o sistema de detecção de alertas SAD Cerrado (IPAM). Portanto, o incremento no Cerrado se deve ao aumento do desmatamento, ao melhoramento dos sistemas de detecção e à integração de uma nova fonte de detecção.

Apesar de apenas 0,96% dos imóveis cadastrados no CAR terem registro de desmatamento em 2023 no Brasil, eles responderam por 89% das áreas desmatadas do país. Do total de 71.689 imóveis cadastrados no CAR com desmatamento validado em 2023, 43,1% foram reincidentes, ou seja, já tiveram registro de desmatamento em anos anteriores.

Para estimar o quanto do desmatamento no Brasil não tem indícios de irregularidade ou de ilegalidade, cada alerta é avaliado considerando alguns critérios como se há autorização cadastrada nas bases de dados oficiais, ou se há sobreposição com áreas protegidas (ex. Unidade de Conservação de Proteção Integral, Reserva Legal, Área de Preservação Permanente).

O RAD identificou, considerando autorizações dos estados que disponibilizaram dados publicamente, que 4,04% de toda a área desmatada no Brasil nos últimos cinco anos não tem indícios de ilegalidade ou irregularidade, segundo as bases disponíveis para análise. Para o ano de 2023, mais de 93% da área desmatada no Brasil teve pelo menos um indício de irregularidade.

*Com informações do MapBiomas

MPF recomenda desfazer barragem de mineração em Rondônia semelhante a de Brumadinho

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Dentro da Floresta Nacional (Flona) do Jamari, unidade de conservação de Rondônia, existe uma barragem de mineração construída pelo método ‘a montante’, estrutura similar às de Mariana e Brumadinho (MG). Para eliminar riscos ambientais, a estrutura precisa ser desfeita até dezembro deste ano, conforme recomendação feita pelo Ministério Público Federal (MPF) para a empresa responsável.

A Barragem Taboquinha 02, construída dentro da Flona do Jamari, é de responsabilidade da empresa Estanho de Rondônia (ERSA), que faz parte do Grupo Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).

As barragens construídas a montante consistem no alteamento da estrutura utilizando rejeitos por cima de rejeitos, criando vários degraus. Em um olhar amplo, a construção se assemelha a uma escada.

Esse tipo de construção é proibida desde 2020 em todo território nacional através da Lei nº 14.066/2020, anunciada um ano após o rompimento da barragem de Brumadinho (MG), que possuía a mesma estrutura.

Segundo o MPF, a estrutura da Taboquinha 02 é classificada pela Agência Nacional de Mineração como categoria de risco baixo e dano potencial associado. No entanto, o procurador da República André Luiz Porreca ressalta que isso não significa que seja um risco desprezível.

“A barragem está situada no interior da Floresta Nacional Jamari, um dos poucos espaços ambientalmente protegidos que ainda está bem preservado no Estado de Rondônia. O local é próximo de cidades pequenas, comunidades tradicionais e de vários rios, o que culminaria na rápida dispersão dos rejeitos, em caso de eventual rompimento da estrutura”, apontou.

Segundo o MPF, a Agência Nacional de Mineração (ANM) estabeleceu o dia 25 de fevereiro de 2022 para que todas as construções a montante fossem desfeitas, mas os responsáveis pela Barragem Taboquinha 02 não cumpriram o prazo e pediram a prorrogação.

Na recomendação enviada à ERSA, o MPF exige que a empresa não peça uma nova prorrogação do prazo e cumpra a descaracterização até dezembro deste ano, além de atualizar bimestralmente o status da obra.

O que diz a empresa?

Ao Grupo Rede Amazônica, a ERSA aponta que as obras para a descaracterização da Barragem de Taboquinha 02 já estão em curso e foram iniciadas independentemente da recomendação do MPF. A previsão é que o processo seja concluído em dezembro de 2024.

A empresa ressalta ainda que não existe nenhuma comunidade nem operação na mancha de inundação na barragem e que “todas as estruturas de contenção de rejeito da empresa encontram-se estáveis e seguras”.

*Por Jaíne Quele Cruz, do g1 Rondônia

Prensa de extração de óleo de pracaxi fortalece bioeconomia amazônica

A extração do óleo de pracaxi é uma prática tradicional nas comunidades amazônicas. Essas comunidades extraem e vendem o óleo de pracaxi, impulsionando a renda familiar e o desenvolvimento local. No entanto, poucas conseguem acessar o mercado empresarial devido a desafios na garantia de qualidade e regularidade na oferta do produto. A maneira artesanal como é extraído esse óleo gera baixo rendimento e encontra dificuldades na comercialização em larga escala. 

Para otimizar a extração do óleo e facilitar a comercialização para grandes empresas, surgiu o Negócio Nova Prensa para Extração de Óleos de Sementes de Pracaxi. Apoiado pelo Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), este projeto visa fortalecer a bioeconomia das comunidades locais. A Prensa Artesanal, é uma tecnologia social desenvolvida pela Embrapa, validada e aperfeiçoada pela Startup Inova Manejo. Um dos grandes diferenciais é que ela foi planejada para ser construída de acordo com as condições e realidades da região amazônica, uma vez que não necessita de uma fonte de energia para funcionar, como no caso das prensas industriais.  

“É uma tecnologia de baixo custo, até 90% mais barata do que as prensas industriais. A prensa artesanal é de fácil manutenção, pode ser construída com matéria prima local, e com as boas práticas na extração, garante excelente qualidade do óleo. O rendimento médio é de 10%, mas pode chegar a 16% em um processo otimizado, valor similar ao da prensa industrial”, explica Ediglei Gomes, engenheiro florestal e responsável técnico do projeto. 

Além de aprimorar a extração do óleo, o projeto também quer fortalecer a estrutura social da comunidade, oferecendo orientações e capacitações técnicas. Esses treinamentos buscam ajudar na venda dos produtos, na gestão e na formalização legal das organizações sociais.

“As dificuldades de gestão e atos aparentemente simples como a emissão de uma nota fiscal, se tornam verdadeiros entraves à comercialização para as comunidades. Esse problema é uma realidade comum em toda a Amazônia, e contribui para o não desenvolvimento socioeconômico das famílias”, destaca Ediglei. 

O pracaxizeiro, uma árvore de tamanho médio, comum nas florestas de várzea da Amazônia, produz vagens com 4 a 16 sementes, das quais se extrai um óleo valioso. Utilizado pelas comunidades locais para tratamento de feridas e hidratação capilar, devido às suas propriedades benéficas, este óleo é também aproveitado pela indústria de produtos naturais, sendo rico em ácido oleico e ácido beênico, utilizado em cosméticos, incluindo maquiagem e produtos para cabelo. O modelo de negócio de impacto socioambiental proposto no projeto, busca criar uma parceria verdadeira, visando benefícios mútuos tanto para as comunidades quanto para as organizações parceiras.  

Paulo Simonetti, líder da Iniciativa de Inovação em Bioeconomia do Idesam, OSCIP que coordena o PPBio, ressalta a importância do projeto.

“O óleo de pracaxi é considerado um dos melhores da Amazônia para condicionamento capilar. Desenvolveram uma prensa hidráulica para extrair óleos de alto valor agregado, o que é estratégico para a região. Além do pracaxi, descobriram que a prensa também serve para andiroba e outras sementes oleaginosas nativas. Estamos aprimorando essa tecnologia e oferecendo assistência técnica e capacitação”. 

A Inova Manejo, criada por pós-graduandos e pesquisadores do Amapá, aplica inovação na área florestal e socioambiental voltada ao mercado de forma sustentável. Ao fortalecer as comunidades extratoras e criar oportunidades de negócios sustentáveis, essa iniciativa busca contribuir para o desenvolvimento econômico da região amazônica.  

*Com informações do Idesam

Fiocruz Amazônia alerta para problemática do consumo de alimentos ultraprocessados por indígenas

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A Fiocruz Amazônia esteve presente ao XXVIII Congresso Brasileiro de Nutrição (Conbran), realizado entre os dias 21 e 24 de maio, em São Paulo, fazendo um alerta para a questão do consumo de alimentos ultraprocessados por indígenas em tempos de crise climática, com impacto direto sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), no caso do Brasil, e a necessidade de políticas públicas voltadas de forma urgente para a mitigação desses problemas.

O epidemiologista Jesem Orellana, pesquisador da Fiocruz Amazônia e chefe do Laboratório de Modelagem em Estatística, Geoprocessamento e Epidemiologia (Legepi), da instituição, palestrou durante o Conbran e chamou atenção para as especificidades regionais, citando como exemplo o crescente consumo de alimentos ultraprocessados entre crianças indígenas Yanomami.

“O Conbran tem a finalidade de discutir diversos aspectos relacionados à questão da alimentação e da nutrição, e este ano focou nas suas consequências em termos de saúde pública. É, sem dúvida, um dos mais tradicionais e o maior evento de Nutrição da América Latina, tendo este ano como tema ‘Alimentação e Nutrição na perspectiva da integralidade das práticas do cuidado, discutindo, entre outros pontos, as repercussões da violência interpessoal, dos alimentos ultraprocessados e da discriminação sobre desfechos em alimentação e saúde”, observou Orellana.

O epidemiologista Jesem Orellana. Foto: Divulgação/Fiocruz Amazônia

A programação do evento contou com cursos pré-congresso, filmes temáticos, palestras, debates, mesas-redondas e premiações.

“Apesar de ser um congresso promovido por entidades ligadas à nutrição, sua temática central e, sobretudo, os cinco eixos temáticos estratégicos, promoveram a discussão de assuntos de interesse coletivo, tais como fome ou insegurança hídrica e alimentar em tempos de crise climática, políticas públicas de alimentação e nutrição, incluindo reflexões sobre publicidade e desperdício de alimentos”, salienta.

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O pesquisador destaca ainda a abordagem de temas relativamente recentes como expossoma (união de fatores externos e internos que impactam respostas biológicas ao longo da vida) e avanços em tecnologia e ciência de alimentos, além de temas tradicionais sobre nutrição clínica e formação profissional.

Durante a mesa-redonda no Eixo 3, o epidemiologista discutiu o consumo de alimentos ultraprocessados e o estado nutricional de crianças Yanomami menores de cinco anos.

“Foi uma experiência rica e de muita reflexão, com empolgante interação entre palestrantes e congressistas, incluindo técnicos do Ministério da Saúde, estudantes e trabalhadoras (es) do Sistema Único de Saúde (SUS). Finalmente, o Conbran não apenas fomentou críticas discussões e o compartilhamento de saberes interdisciplinares, como também oportunizou o intercâmbio de experiências acadêmicas e articulações com outros grupos de pesquisa que podem se somar aos esforços do Legepi em produzir conhecimento de ponta e alinhado às necessidades de saúde da população e usuários do SUS”, lembrou.

Professora adjunta da Área de Epidemiologia do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Emanuele Souza Marques, afirma que “falar sobre violência e suas consequências na alimentação e nutrição no Conbran é relevante, por ser uma temática negligenciada na maioria dos cursos de graduação e pós-graduação de nutrição”. E completa:

“Muitos dos problemas nutricionais atuais (obesidade, transtornos alimentares, consumo alimentar inadequado) podem ser ocasionados pela vivência de situações de violência. Entender os mecanismos envolvidos nestas relações nos possibilita avançar na elaboração de intervenções mais efetivas para minimizar tais problemas”, destacou.

*Com informações da ILMD/Fiocruz Amazônia

Mais de 50 segmentos são beneficiados por meio do turismo no Acre

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A Secretaria de Turismo e Empreendedorismo (Sete) estima que essa movimentação no estado acreano estimula mais de 50 segmentos e fortalece a cultura, pela sua culinária, história, etnoturismo, turismo de observação e aventura. No coração da Amazônia, o Acre se destaca por sua história e, há alguns anos, hotéis também têm focado na estrutura regional para atrair mais visitantes.

Trilhas ecológicas, vivências indígenas, turismo histórico-cultural e de contemplação podem ser feitos no estado acreano. Tanta riqueza tem atraído os olhares de muita gente. No final de março, o ator espanhol Miguel Bernardeau, o Guzmán da série Elite da Netflix, foi flagrado em Cruzeiro do Sul. Segundo alguns fãs, o artista estava na região para conhecer a cultura e as tradições do local.  Já no começo de agosto, ele compartilhou a experiência na Reserva Indígena Rio Gregório, do Povo Yawanawá.

Na mesma época, Fernando Fernandes, apresentador do programa No Limite, esteve por alguns dias na Aldeia Yawarãni também no Rio Gregório, na Terra Indígena Yawanawá. Fez diversas postagens em redes sociais e explicou o motivo de ter escolhido o Acre para a passagem de seu aniversário.

Foto: Reprodução/Instagram-Fernando Fernandes

“Não sou muito de comemorar aniversário, mas nesse novo ciclo senti a vontade e necessidade de buscar uma forma de comemorar que realmente fizesse sentido pro momento que estou vivendo, de renascimento. Depois de longos dois meses de recuperação do braço, onde a dúvida e o medo insistiram em me rondar, vim em busca da força da floresta para me restabelecer e confesso que estou encontrando muito mais do que vim procurar”, escreveu, aos seus mais de um milhão de seguidores.

O crescimento dessa atividade no Acre também se revela em números. Uma pesquisa do Conselho de Turismo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), divulgada no início de abril, mostrou que o Acre foi o estado com maior variação no faturamento com turismo do país. Os dados mostram que o estado acreano registrou um faturamento de R$12.677, o que representa um aumento de 22,7% com relação a janeiro do ano passado. O índice ficou acima, inclusive, da média nacional, que foi de 1,5%.

Oportunidade de negócio

Incentivar as atividades de turismo é impulsionar a economia local, abrindo um leque de oportunidades. Foi pensando nisso que a servidora pública Thaly Figueiredo decidiu empreender nesse segmento e criou o Destino Acre, com o intuito de divulgar o estado acreano e facilitar o acesso aos pontos turísticos da região.

Foto: Reprodução/Instagram-Miguel Bernardeau

Para ela, os conhecimentos ancestrais constituem um dos principais pilares dessa atividade. Thaly avalia também que o avanço da tecnologia nesses locais fortalece a cadeia de informação. “O turismo é uma ferramenta de conhecimento e as tecnologias também estão nos permitindo conhecer melhor nossos povos, através da juventude que está usando a internet como microfone e dando voz a todos os povos originários, em toda a Amazônia”, destaca.

Em julho do ano passado, o governo comemorou um importante passo: a chegada da internet na comunidade do Croa, em Cruzeiro do Sul, o que faz com que as pessoas postem mais sobre o local nas redes e ajuda as pousadas e restaurantes em sua divulgação.

Todo esse material divulgado pelos próprios turistas faz com que os olhares se voltem para o Acre. Thaly destaca ainda que esses passeios movimentam não apenas a economia nas comunidades, mas também nos centros urbanos. 

“Desde o ano passado tenho buscado parcerias para que a gente una as possibilidades de integrar nossas ações. Importante destacar que esses viajantes, antes de seguirem aos seus destinos ficam nas cidades e também fomentam a economia durante essa estadia. E a gente está construindo nossa referência local no turismo, com o turismo histórico, ambiental, e até mesmo lá na fronteira, tudo depende da disponibilidade do visitante”, explica. 

Expedição

Na Serra do Divisor, uma das referências é o fotógrafo Marcos Vicentti, que já chegou a levar um grupo de mais de 20 pessoas de todos os cantos do país. Regularmente, Vicentti organiza expedições para que os turistas possam conhecer um dos locais que mais atraem os turistas, que é o Parque Nacional da Serra do Divisor. Ele foi um dos primeiros a explorar turisticamente o local e até hoje divulga e estimula as visitas à região.

A próxima expedição está marcada para o período de 24 a 29 de junho, quando os turistas vão poder conhecer e contemplar as belezas do lugar. “Fui um dos primeiros organizadores de expedições para o Parque Nacional da Serra do Divisor e já fiz 16 viagens levando turistas para aquele lugar. Quando comecei esse trabalho, existia apenas a pousada do Miro e hoje já temos lá três pousadas”, conta.

Foto: Tácita Muniz/Secom AC

Nessas 16 viagens, foram cerca de 800 pessoas levadas pelo fotógrafo e guia da expedição: “Essa história começou com as saídas fotográficas que fazíamos em torno de Rio Branco, que iniciei com os cursos de fotografia. Além da Serra, também já levamos turistas para o Croa e também algumas aldeias. Inclusive, fizemos uma expedição diferente no ano passado, que foi o Banho de Floresta, em que reunimos vários indígenas e fizemos todo um ritual, participamos de tudo lá no Parque Nacional da Serra do Divisor.”

Os planos são cada vez mais expandir o turismo no estado e também fora dele. Marcos pretende fazer também algumas viagens para o Monte Roraima, fortalecendo o turismo na região amazônica como um todo. Já as programações no Acre servem não apenas para turistas, mas também para o acreano que quer conhecer e entender melhor suas raízes.

“O turismo anda em crescimento, na parte do etnoturismo, turismo religioso, de aventura e de contemplação, que está sempre lado a lado com a fotografia, e nós aliamos esse produto à fotografia”, esclarece.

Para as viagens, a agência do fotógrafo, que é certificada pelo Ministério do Turismo, faz seguro viagem por segurança, caso ocorra algum incidente durante a viagem.

‘O mundo precisa conhecer o Acre’

O geógrafo e guia regional Judeilson Trindande, do Amazonas, esteve no Acre pela primeira vez em março. O destino escolhido foi justamente o Parque Nacional da Serra do Divisor. Além disso, conheceu as cidades de Rio Branco, Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima.

Judeilson conta que tem como meta conhecer todos os estados do país, mas, como é dono de agência, pretende fazer expedições a um local especial, que o encantou. 

“O que mais me chamou atenção no Acre foi sua geografia, em especial a Serra do Divisor, com suas belas cachoeiras, a força do Rio Moa e as pessoas, com sua energia”, pontua. E finaliza seu relato dizendo que conhecer o estado acreano foi a realização de um sonho: “O mundo precisa conhecer o Acre.”

Quem embarcou nessa aventura também foi o casal Dennis Hyde e Letícia Alves. O economista e a psicóloga paulistanos têm um projeto de conhecer os 75 parques nacionais e, claro, a Serra do Divisor entrou em seu cronograma.

Viajando de carro, os dois saíram de Porto Velho até Rio Branco, onde seguiram pela BR-364 até Mâncio Lima, no interior do estado. De lá, são ainda cerca de nove horas de barco até chegar ao pé da Serra.

“Há algum tempo, a gente tem se comunicado com o pessoal do Destino Acre e também com o da Pousada do Miro, que a gente tomou conhecimento por outros viajantes que já tinham vindo visitar a Serra do Divisor. A gente então foi conversando com eles para entender como seriam os guias e como eram as pousadas e achamos tudo muito organizado, porque eles já têm tudo”, diz Dennis.

Sobre as impressões da Serra, o economista fala que ficaram as melhores possíveis. “O Parque Nacional da Serra do Divisor é um lugar muito completo em termos de um destino na Amazônia, principalmente. É um destino aonde você pode ir e fazer trilhas mais longas ou ir simplesmente às cachoeiras sem ter que caminhar muito; existem essas possibilidades. Você pode subir o mirante e ter a vista ali da floresta, você navega também pelos rios, tem bastante observação de fauna, principalmente de primatas”, pontua.

Foto: Pedro Devani/Secom AC

Eles também chegaram a ver a ave rara, choca-do-acre, que é uma espécie endêmica do Parque Nacional da Serra do Divisor. Além disso, Dennis destacou que pôde conhecer um pouco da história do Acre, o que enriqueceu ainda mais a viagem. “Foi muito bacana saber que os acreanos lutaram, batalharam para se tornar brasileiros. Ter o conhecimento disso foi extremamente positivo.”

O casal ainda tem outros 12 parques para conhecer, mas já planeja voltar ao Acre. “Foi muito gostoso, é um lugar maravilhoso para você estar, relaxar, conhecer as histórias e se relacionar com a natureza. Com certeza é um lugar aonde a gente quer voltar. E sim, a gente vai indicar muito, é um parque que tem muita estrutura, já pronta para que os visitantes possam vir e ficar com conforto, isso não é uma característica que tem em todos os parques nacionais, então os acreanos são privilegiados de ter essa infraestrutura pronta”, reforça.

O economista destacou ainda que os atrativos do parque são completos, desde as trilhas, até a subida no mirante e também o caminho até a Cachoeira Formosa, que fica a quatro horas de distância das pousadas. Nesse passeio em específico, orienta-se os visitantes a dormir em acampamento para aproveitar melhor o local.

“Ali a gente teve oportunidade não só de dormir na Pousada do Miro, que já traz essa visão, você já tem uma outra vibração, silêncio, sons da natureza, mas a gente também ficou num acampamento selvagem perto da Cachoeira Formosa, que é muito bacana”, conta Dennis.

Sobre a culinária, diz que aprovou todos os pratos, mas que pôde conhecer o verdadeiro sabor do açaí. Isso, segundo ele, foi o que mais marcou no quesito alimentação. Bem-humorado, ele revela que mudou sua relação com o açaí de São Paulo.

“Quando a gente estava lá na comunidade, a gente comeu açaí, bacaba e patuá. Nós, vindos de São Paulo, temos uma outra visão do que é o açaí. A gente já tinha aprendido aqui na Região Norte que o açaí é uma outra coisa. O açaí é servido como polpa, é comido de uma outra forma, uma delícia. A gente não sabe como é que a gente vai fazer quando a gente voltar pra São Paulo e servirem pra gente aquilo que a gente costumava chamar de açaí. Então, esses sabores da mata não são só incríveis, mas eles são super-ricos em nutrientes”, analisa.

Todas as impressões da viagem serão postadas nas redes sociais do casal, que mantém um e-book com os destinos e a particularidade de cada parque.

Dez vezes na Serra

Mas não são apenas os de fora que se encantam com as belezas do estado. Ana Paula Jansen é servidora pública e fotógrafa e já esteve dez vezes no Parque Nacional da Serra do Divisor, acompanhando as expedições lideradas por Marcos Vicentti. Ela diz que é costume descobrir e conhecer rotas turísticas do estado e que essa curiosidade partiu do seu seio familiar.

“Quando criança, meus avós maternos e meus pais costumavam passar finais de semana em áreas fora da cidade. Eram vilas, fazendas, colônias, sítios e até margens de estradas onde se pudesse acampar, pescar, se banhar em rios, açudes e igarapés. A cada final de semana, nós, crianças, íamos descobrindo as belezas e encantos dos lugares ao redor de Rio Branco. A cada lugar visitado, eu descobria coisas novas e diferentes daquilo que tínhamos na cidade. Eram os hábitos dos locais, as belezas naturais, a comida e tantas outras coisas que, aliadas a outro hábito familiar, que era a leitura, me fizeram ver que mesmo dentro de nosso estado havia belezas e experiências que poderiam ser aproveitadas”, conta.

Com 18 anos, Ana passou a ser servidora pública e aos 19 começou a trabalhar na área ambiental, o que a fez conhecer todo o estado. “Conheci não apenas os municípios, mas também seringais e aldeias, desbravando florestas, navegando nossos rios e conhecendo pessoas e modos de vida encantadores. E assim nasceu meu gosto pelo turismo. Acredito que o Acre tem muito a ser conhecido e entendido, não só por pessoas de fora do estado e do Brasil, mas também pelo próprio acreano que, em grande medida, não acredita no potencial turístico que temos”, disse.

Entre os anos de 2016 e 2023, Ana Paula foi dez vezes ao Parque Nacional da Serra do Divisor. E revela que esse é seu destino preferido, não só pela energia que sente da floresta, mas também das pessoas.

“É um lugar de uma beleza sem igual. Uma natureza exuberante, cheia de magia e encantos. Sem contar que encontramos pessoas maravilhosas. Gente simples, porém, de grande sabedoria. Dentre tantas experiências maravilhosas que eu já vivi na Serra do Divisor, umas das coisas mais marcantes é ter presenciado a superação de limitações de condições físicas de alguns visitantes, na caminhada de 15 km dentro floresta, para conhecer umas da cachoeiras mais lindas da Serra, que é a Formosa.”

Guia e incentivos

Diante de tantos pontos turísticos que uma iniciativa do setor de Produção Cultural da Diretoria de Arte, Cultura e Integração Comunitária (Dacic), que integra a Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proex) da Universidade Federal do Acre (Ufac), produziu um guia de turismo e cultural do Acre, que pode ser baixado gratuitamente na internet. O documento traz informações importantes de hotelaria, pontos turísticos e outros detalhes para que as pessoas possam conhecer mais o estado.

As áreas de turismo, mesmo sendo de responsabilidade federal, recebem apoio do Estado, por meio da Secretaria de Turismo e Empreendedorismo (Sete), que nos últimos anos tem focado em ações de fomentação dessa atividade na região.

Foto: Marcos Vicenti/Secom AC

Para 2024, o Planejamento Plurianual (PPA) contempla diversas ações, como capacitação para aprimorar a prestação dos serviços turísticos do trade (bares, restaurantes, meios de hospedagem, agências de viagens e receptivo, guias e condutores, entre outros) e das comunidades indígenas que atuam com festivais e vivências consolidadas. “Faremos aquisição de equipamento de proteção individual [EPI], como coletes salva-vidas e perneiras, para uso dos turistas, bem como de uniformes com proteção UVA para barqueiros e condutores que prestam serviços turísticos e passam o dia ao sol. Esses equipamentos promovem a segurança da atividade, reduzindo o risco de acidentes e doenças oriundas de insolação”, explica o secretário da pasta, Marcelo Messias.

Outra medida importante da Sete foi a criação e divulgação, de forma inédita, do calendário de atividades do estado, que é atualizado anualmente. Este ano, 23 festivais indígenas foram listados, o que deve fortalecer ainda mais o número de visitantes e criar um ambiente de negócios mais atrativo.

“Pretendemos melhorar a infraestrutura básica dos atrativos turísticos das comunidades e em aldeias indígenas. Já temos alguns projetos em andamento nesse sentido, como, por exemplo, a ampliação de todas as cozinhas das pousadas localizadas na Serra do Divisor e no Croa, o projeto de reforma do Mirante da Serra, a substituição, aos barqueiros que levam os turistas no Croa, de motores a diesel por motores elétricos, fazendo com que diminua o impacto ambiental que esse combustível causa sendo jogado no rio”, planeja.

O secretário também relata que tem trabalhado com o incentivo e apoio aos 12 municípios que integram o Mapa do Turismo Brasileiro na renovação do cadastro e para implantar o Programa de Regionalização do Turismo nos demais municípios acreanos que ainda não fazem parte do catálogo e que têm produtos turísticos para oferecer ao mercado.

Foto: Marcos Vicentti/Secom AC

“Todas essas iniciativas estão voltadas para melhorar a qualidade da oferta dos produtos e serviços turísticos, aumentar o fluxo de visitantes e incentivar a geração de emprego e renda para a população. Temos feito esforços com esse objetivo. Sabemos que qualquer forma de desenvolvimento econômico requer um trabalho consistente e dinâmico para trazer benefícios para toda a população, e esse é um setor capaz de promover a aceleração econômica e incremento nas áreas social, cultural e ambiental em nosso estado. Estamos trabalhando para que o Acre seja um destino autêntico e de qualidade no cenário nacional e internacional.”

A diretora de Turismo e Empreendedorismo da Sete, Sirlânia Venturin, esclarece que a atividade turística possibilita estimular mais de 52 segmentos e toda uma cadeia produtiva, com destaque para os segmentos de hospedagem, alimentos, agências de viagens, promoção de eventos, operadoras turísticas, entretenimentos e outros, como o de transportes.

“Ao promover o Acre como destino turístico, o governo estimula o desenvolvimento de diversos setores econômicos no estado. Por meio da Sete, o governo tem atuado na promoção de feiras e eventos, divulgação em meios de comunicação, melhoria da infraestrutura turística, capacitação dos prestadores de serviços turísticos, apoio a festivais indígenas, entrega de EPIs e criação do calendário de eventos turísticos, entre outras ações voltadas a melhorar a qualidade da oferta dos produtos e serviços turísticos”, diz.

Sirlânia lembra ainda que esse fluxo faz com que gire dinheiro no mercado local e, consequentemente, impacta diretamente a economia do estado:

“Os visitantes e turistas contribuem significativamente para a economia local, gerando receita por meio do turismo, incluindo gastos em hospedagem, alimentação, transporte e compras de souvenirs, entre outros. Além disso, o turismo ajuda a promover a cultura e os recursos naturais únicos do Acre, incentivando a preservação ambiental e a valorização do patrimônio histórico da região. Também pode impulsionar o desenvolvimento de infraestrutura turística e criar oportunidades de emprego para os residentes locais”.

Quer conhecer o Acre?

Para quem ficou curioso, alguns perfis podem ajudar a conhecer e programar diversos tours pelas belezas acreanas. Confira a lista:

Destino Acre

Trilha Turismo Aventura 

Vivacre

Canindé Pousada

Pousada do Miro

Entre Parques

*Com informações da Agência de Notícias do Acre

3 tesouros históricos escondidos em cidades amazônicas

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A Amazônia, com sua vasta biodiversidade e diversidade de paisagens, guarda não apenas segredos naturais, mas também preciosidades arquitetônicas que revelam a inventividade e a história do povo amazônida. Em meio à floresta, é possível encontrar verdadeiros tesouros históricos, que variam desde antigas construções pré-colombianas até cidades industriais abandonadas.

O Portal Amazônia encontrou três desses fascinantes locais: o “Stonehenge brasileiro” em Calçoene; a cidade histórica de Natividade; e a intrigante Fordlândia. Confira:

Stonehenge brasileiro

Vamos começar pelo Stonehenge brasileiro? Para começar, o que é o Stonehenge? Localizado na Inglaterra, no condado de Wiltshire, está o Stonehenge: uma estrutura composta, formada por círculos concêntricos de pedras, que chegam a ter 5 metros de altura e a pesar quase 50 toneladas.

Pois bem. O Amapá possui a sua própria versão do Stonehenge. No Parque Arqueológico do Solstício existe 127 rochas com mais de 4 metros foram organizadas em formato circular em um raio de 30 metros intriga pesquisadores

O sítio arqueológico popularmente conhecido como ‘Stonehenge da Amazônia’, é um conjunto de grandes rochas de granito fincadas no solo em formato circular. Ao todo, 127 rochas com mais de 4 metros foram erguidas em um raio de 30 metros.

De acordo com as pesquisas, as pedras maciças foram organizadas por mãos humanas, às margens do igarapé Rego Grande, na área rural da cidade de Calçoene, a 374 km da capital, Macapá. As estruturas estão localizadas dentro do Parque Arqueológico do Solstício e o acesso é feito pelo ramal que liga a sede do município à Vila do Cunani, percorrendo cerca de 30 km.

A história e os motivos pela construção do megálito ainda são desconhecidas, os indícios encontrados por pesquisadores são de que ele foi construído por indígenas há cerca de 1000 anos antes de Cristo, para observação astronômica e rituais. 

Saiba mais: Rochas milenares eram usadas como calendário solar por povos indígenas. Conheça Stonehenge da Amazônia, no Amapá

Foto: Reprodução/ Iphan

Natividade

O município de Natividade (distante a 200 quilômetros de Palmas) remonta às origens do Estado do Tocantins e ao ciclo do ouro, quando os bandeirantes enfrentaram a resistência dos indígenas Xavantes e ocuparam a Região Norte de Goiás, entre 1724 e 1734, dando origem ao primeiro povoamento do Estado.

As relações entre colonizadores, escravos, mineiros, sertanistas, missionários e criadores de gado resultaram no sítio histórico reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como Patrimônio Nacional. O casario com cerca de 250 prédios coloniais e igrejas preservadas, entre ruas estreitas e muros de pedra construídos por escravos, guardam a memória do Tocantins.

Saiba mais: 5 curiosidades sobre Natividade, o berço histórico de Tocantins

Foto: Reprodução/Prefeitura de Natividade

Fordlândia

O projeto nasceu de um sonho do empresário norte-americano Henry Ford em criar um cultivo racional de seringueiras na Amazônia, transformando-a na maior produtora de borracha natural do mundo. Ele surgiu através do empresário Henry Ford que comprou uma área de terras às margens do Rio Tapajós.

De acordo com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o projeto ‘Fordlândia’ conseguiu a concessão do Estado do Pará, por meio do governador Dionísio Bentes, e aprovada pela Assembleia Legislativa em 20 de setembro de 1927.

O projeto teve início e uma estrutura nunca antes montada em toda a região foi dando vida à futura cidade modelo. Hospitais, escolas, casas no estilo americano, mercearias, portos próximos à praia foram construídos para abrigar as famílias de todos os empregados que estavam trabalhando no projeto.

Em cinco anos, o projeto ganhou dimensões incomuns para a região naquela época: campos de atletismo, lojas, prédios de recreação, clube de sinuca e cinema. De 1938 a 1940, Belterra viveu o seu período áureo e foi considerado o maior produtor individual de seringa do mundo.

No entanto, o final da segundo Guerra Mundial, a morte do filho de Henry Ford, a grande incidência de doenças nos seringais e, principalmente, a descoberta da borracha sintética na Malásia foram fulminantes para a decadência do projeto em Belterra.

Saiba mais: ‘Fordlândia’, o gigante sonho abandonado no Pará

Foto: Ricardo Leoni/Agência O Globo

Manutenção emergencial na Santa Luzia é concluída e abastecimento começa a retornar em bairros da zona Sul de Manaus

A Águas de Manaus concluiu, por volta das 16h desta segunda-feira (27), uma manutenção emergencial localizada na rua Henrique Archer Pinto, bairro de Santa Luzia, na zona Sul de Manaus. O abastecimento de água tratada em dez regiões da zona Sul de Manaus, que foi interrompido para que a manutenção ocorresse com segurança, já está em normalização. A previsão é que até o fim da noite desta segunda, a área esteja com o serviço de água completamente recuperado.

Uma força-tarefa envolvendo mais de 50 pessoas foi montada para atuar na manutenção da tubulação de grande porte, na Santa Luzia. Com isso, foi possível realizar o serviço, atender os moradores impactados e liberar a via em menos de 24 horas.

As equipes atuaram no serviço desde os primeiros momentos após a ocorrência, na noite de domingo (26). Equipes da empresa visitaram todas as residências impactadas pelo vazamento, para prestar apoio e assistência. Além disso, foram deslocados ao local equipamentos como retroescavadeiras, tratores e caminhão-pipa.

De acordo com o gerente de Operações da concessionária, Lineu Machado, a pronta resposta reforça o comprometimento da empresa em solucionar qualquer tipo de situação emergencial que venha ocorrer. 

“Em um curto espaço de tempo mobilizamos nossos profissionais para atenderam a esta ocorrência de alta complexidade. Iniciamos o trabalho logo na sequência do sinistro e seguimos até a conclusão, na tarde desta segunda-feira, sem interrupção. Neste tempo também disponibilizamos carros-pipa para atender os moradores”, destaca.

Morador do bairro Santa Luzia há mais de 50 anos, o líder comunitário, Glaucinei Serpa, reforçou a rápida resposta apresentada pela concessionária. “Na mesma hora em que soube desta situação, fiz um vídeo e enviei para empresa. Logo em seguida fomos atendidos. A equipe da Águas de Manaus foi muito atenciosa, conversou com cada morador e se prontificou em ressarcir os prejuízos causados por este vazamento. É muito importante quando uma empresa vem, ouve a população e dá soluções”, disse o morador.

A concessionária segue à disposição da população nos canais oficiais 0800 092 0195 (SAC e WhatsApp), site www.aguasdemanaus.com.br e aplicativo Águas App.

Dados sobre florestas brasileiras são lançados em plataforma digital

O Serviço Florestal Brasileiro (SFB) lançou uma plataforma para disponibilizar os dados abertos do Inventário Florestal Nacional (IFN). Além das informações em formato de planilha, a nova plataforma inclui painéis interativos que permitem filtrar as informações referentes ao levantamento biofísico, botânico e socioambiental do IFN. Os dados estão disponíveis pelo Sistema Nacional de Informações Florestais (SNIF).

Participaram da abertura do evento, o diretor-geral do SFB, Garo Batmanian, a secretária-executiva adjunta do MMA, Anna Flávia Franco, a secretária Nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais, Rita Mesquita, os presidentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Mauro Pires, e o diretor de Pesquisa Científica do Instituto de Pesquisa do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), Leonardo Salgado.

O diretor-geral do SFB ressaltou a importância da nova plataforma para ampliar o acesso à informação. “Informação que não é compartilhada é como informação que não existe e as pessoas não usam”, disse. “É como uma biblioteca com a porta fechada, ninguém lê os livros, então, é como se eles não existissem”.  Batmanian acrescentou que o IFN é resultado de uma ampla articulação, envolvendo servidores, pesquisadores, professores, profissionais de campo e organismos internacionais e nacionais que financiam as atividades do IFN.

Anna Flávia Franco disse que o MMA possui cerca de 154 conjuntos de dados   ambientais disponíveis em formato aberto e padronizados para fácil análise e reutilização pela sociedade. Nesse contexto, segundo ela, o IFN é um dos bancos de dados mais importantes nesse processo porque apresenta dados coletados em todo o País. “Temos quase 60% do território nacional coberto por florestas. A informação do IFN tem uma relevância muito grande sobre a ótica da representatividade nacional, inclusive para o planejamento territorial brasileiro”.

Para a secretária Rita Mesquita, o nível de refinamento da base de informações do IFN vai permitir “ampliar as camadas de informação que existem ainda de forma um pouco incipiente, em especial, o mapeamento dos ecossistemas brasileiros”. Com isso, ela avalia que o País terá um importante instrumento para amparar as decisões e escolhas relativas ao manejo, conservação e restauração vegetação nativa.

O presidente do Ibama destacou a importância dos resultados do IFN para iniciativas de restauração florestal realizadas pelo órgão. Já o presidente do ICMBio citou que as informações serão fundamentais no processo de definição de novas áreas de proteção. “Precisamos realizar estudos sobre aspectos sociais, econômicos, territoriais e da biodiversidade. Essas informações são extremamente valiosas tanto para o processo de criação de unidades de conservação, como também para sua implementação e recuperação”, explicou Pires.

O representante do JBRJ enfatizou a importância do IFN para a botânica brasileira, para a estruturação de herbários e capacitação dos profissionais. “Essa parceria entre o JBRJ e o SFB, por meio do Inventário Florestal Nacional, permitiu, inclusive, a estruturação de outros programas bastante relevantes, como o programa Reflora e o catálogo da flora e fauna do Brasil”, mencionou Salgado.

O Brasil tem 4,96 milhões de km2 de florestas, o que representa praticamente 60% de todo o território nacional. A rica biodiversidade do nosso País, que é o maior em área de florestas tropicais do mundo, tem grande importância social, econômica e ambiental para os brasileiros e o resto do mundo.

Diante disso, o Inventário Florestal Nacional é a ferramenta que mantém informações estratégicas sobre os recursos florestais naturais e plantados. Com metodologia única de coleta de dados para todos os biomas, o IFN busca coletar, analisar e divulgar não só dados qualitativos e quantitativos das florestas, como também das comunidades que vivem nos arredores. O objetivo é orientar políticas públicas, investimentos e atividades na área florestal, além de também incentivar a pesquisa científica.

Balanço

Mais de 125 mil amostras botânicas já foram coletadas em mais de 10 mil pontos amostrais distribuídos a cada 20 km em um total de 19 unidades da federação, alcançando quase 60% do território nacional. Mais de 900 mil árvores foram mensuradas e catalogadas, 8,4 mil espécies identificadas e 13 novas espécies confirmadas. Mais de 38 mil pessoas foram entrevistadas nas comunidades que vivem nessas regiões.

Em relação aos biomas, 100% do Pampa foi inventariado, 71% da Caatinga, 78% do Cerrado e 58% da Mata Atlântica. Na Amazônia, os trabalhos já foram realizados em 44% do bioma. O próximo a ser inventariado é o Pantanal.

Atualmente, o IFN é apoiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura (IICA), pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), por meio do Fundo Amazônia, e pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

*Com informações do Serviço Florestal Brasileiro