Home Blog Page 127

DNIT avança com obras de dragagem no Rio Solimões, no Amazonas

Foto: Reprodução/DNIT

A dragagem no trecho entre Coari e Codajás segue a todo vapor no estado do Amazonas. As obras no Rio Solimões, entre os municípios de Coari e Codajás, estão sendo realizadas na área crítica do Paraná do Abacate, localizada entre a Ilha de Juçara e a Ilha do Trocari, com uma extensão aproximada de 30 quilômetros. A atividade foi iniciada no final de outubro de 2024 e, até o momento, já foram dragados 1,9 milhão de metros cúbicos de sedimentos.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

A operação utiliza a técnica de sucção e recalque, empregando bombas para remover os sedimentos do fundo do rio. O objetivo é garantir a continuidade da navegação em pontos estratégicos. Essas obras fazem parte do Plano Anual de Dragagem de Manutenção Aquaviária (PADMA) e do Plano de Sinalização Náutica do estado do Amazonas, com o intuito de assegurar a navegabilidade em rotas essenciais, como Manaus-Itacoatiara, Tabatinga-Benjamin Constant, Benjamin Constant-São Paulo de Olivença e Coari-Codajás.

O investimento total estimado para o projeto é de R$ 400 milhões, com execução prevista ao longo de cinco anos, fortalecendo a infraestrutura fluvial e garantindo o transporte seguro de mercadorias essenciais para a economia local e regional.

A seca que afetou o Brasil entre 2023 e 2024 foi considerada uma das mais intensas da história recente. No Amazonas, todas as 62 cidades declararam situação de emergência devido ao baixo nível dos rios, o que impactou diretamente as comunidades ribeirinhas, que enfrentaram sérias dificuldades no transporte de recursos essenciais.

De todos os desafios que enfrentamos quando em vida, o tempo é o mais implacável de todos

0

O Encontro das Águas é um dos bens tombados como Patrimônio Cultural pelo Iphan em Manaus (AM). Foto: Reprodução/Acervo/Iphan-AM

Por Dudu Monteiro de Paula

De quando em quando me vejo contemplando o Encontro das Águas, entre o Rio Negro e Rio Solimões, em Manaus, e na plenitude de meu olhar a minha retina assiste a estética visual da dinâmica da fotossíntese ocorrendo em minha volta, mas que sou incapaz de perceber.

Nos meus olhos humanos, a paz e tranquilidade que contemplo me faz pensar que nada esta ocorrendo, mesmo meu cérebro sabendo que bilhões de movimentos estão ocorrendo a cada milésimo de segundo. Animais nascem e morrem; o leito do rio se modifica; árvores crescem e caem; trilhões de partículas de areia e barro se movimentam dentro da água; mas, para mim, nada esta ocorrendo e a única coisa que sinto é o tempo e como sei que o tempo passa!

O movimento do sol, o vento que passa pelo meu corpo e a velocidade da água que passa diante de mim.  O tempo está passando. Portanto, todas estas mudanças que ocorrem na natureza, e dentro de mim, não são imediatamente perceptíveis.

Logo, posso afirmar que estas linhas que estou escrevendo, os fatos agora ocorridos ou pessoas com quem convivo, seguramente não estarão no momento que estiverem lendo este texto.

Na escalada da vida todos são importantes, tudo aquilo que te cerca tem sempre uma importância na tua formação. No começo os pais, irmãos, a família, e por fim os amigos diretos ou indiretos, dependendo de sua simpatia por eles.

Sou um pouco de tudo. Cabe a mim juntar as partes que mais me agradam e ordená-las com uma boa parte de minha própria criatividade. Segundo os filósofos populares, somos “10% criação e 90% transpiração”.

Vindo de uma família extremamente unida, capitaneado por pais harmoniosos, repito: sou um pouco de tudo. Logo após o meu nascimento, quando a luz me fez enxergar a primeira imagem, foi do verdadeiro, puro e autêntico amor: minha mãe e meu pai. Que maneira maravilhosa de vir ao mundo humano!

Depois de algum tempo os limites deste meu mundo foi aumentando. Já caminhando, reconhecia a minha casa na rua Tapajós. Uma casa típica dos anos 30/40 de dois pisos. Explico melhor: existia o que chamávamos de porão, que era na verdade a ligação de uma área de guardar coisas a um pequeno quintal que nada tinha.

Porém, ali realizávamos as nossas fantasias sonhadas nas história em quadrinhos que líamos e ouvíamos todas as tardes na Rádio Rio Mar, às 16h: ‘Teatrinho Infantil’, com o Titio Barbosa. A minha mãe arrumava os quatro irmãos, sentávamos na sala principal da casa e em volta do rádio ouvíamos e viajávamos nas histórias contadas. E, depois limpos, cheirosos e tomando um mingau de banana, esperávamos o momento sublime do dia em que nosso pai chagava do trabalho. Isto sim foi o início de uma vida sublime e repleta de muito amor 

Por hoje é só! FUUUUUUUIIIIIIII!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Sobre o autor

Eduardo Monteiro de Paula é jornalista formado na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com pós-graduação na Universidade do Tennesse (USA)/Universidade Anchieta (SP) e Instituto Wanderley Luxemburgo (SP). É diretor da Associação Mundial de Jornalistas Esportivos (AIPS). Recebeu prêmio regional de jornalismo radiofônico pela Academia Amazonense de Artes, Ciências e Letras e Honra ao Mérito por participação em publicação internacional. Foi um dos condutores da Tocha Olímpica na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Espécies de peixes endêmicos desaparecem após construção de usinas hidrelétricas no Amazonas

Construção de hidrelétricas ameaçam biodiversidade local, mas expedições revelam esperança em áreas preservadas. Cachoeira do rio Jatapu. Foto: Leandro Sousa

Após 35 anos da construção das Usinas Hidrelétricas (UHEs) de Balbina e Pitinga, distritos de Presidente Figueiredo, no Amazonas, os peixes endêmicos que viviam na região não estão mais presentes naquela área. Essa é a conclusão do projeto de pesquisa que visa entender esse cenário. Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), o projeto é coordenado pela pesquisadora Lúcia Rapp Py-Daniel, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), e por Douglas Bastos, bolsista de pós-doutorado do projeto Fapeam, em parceria com pesquisadores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Intitulado ‘Peixes reofílicos do rio Uatumã: avaliando o status de conservação após 35 anos da construção das UHEs Balbina e Pitinga, Amazonas, Brasil’, a proposta da pesquisa era avaliar a permanência de sete espécies endêmicas originalmente descritas apenas do rio Uatumã, um dos principais afluentes da margem esquerda do rio Amazonas, cuja biodiversidade foi afetada pela construção das usinas. Os primeiros resultados de campo indicaram que as espécies ameaçadas de extinção, descritas antes da construção das barragens, não foram mais encontradas na região.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

Douglas Bastos explica que a maioria dos peixes reofílicos — que habitam exclusivamente cachoeiras e trechos de águas rápidas — do rio Uatumã são conhecidos apenas por material-tipo, coletado durante o inventário das UHEs. Esses exemplares têm um enorme valor biológico e, segundo ele, são necessários novos esforços para encontrar essas espécies na localidade-tipo e em tributários que não sofreram os impactos das hidrelétricas. O rio Abacate e o rio Jatapu são exemplos de afluentes do rio Uatumã que não foram afetados.

Desaparecimento em áreas impactadas

Durante a primeira expedição ao rio Uatumã, em novembro de 2023, realizada abaixo da UHE de Balbina, a equipe coletou 945 exemplares, resultando em 247 amostras de tecidos e 170 lotes depositados na Coleção de Peixes do Inpa. Apesar das intensas atividades de captura, que incluíram cinco dias de trabalho e 20 horas de mergulho autônomo, as espécies esperadas não foram encontradas, levantando preocupações sobre o impacto significativo das UHEs na biodiversidade aquática local.

Nova Espécie – Acari/Bodó (Hypancistrus sp. n)Foto: Douglas Bastos

De acordo com Rapp Py-Daniel o ambiente alterado de um lugar de correnteza para um lago vai ter um impacto muito forte nas espécies que vivem nessas áreas.

Buscas em afluentes saudáveis

A segunda fase do projeto, realizada em outubro de 2024, concentrou-se na busca de espécies em habitats de cachoeiras que ainda não foram impactadas por hidrelétricas. Uma expedição foi realizada ao rio Abacate, mas por ser um tributário de pequeno porte, não tinha habitats similares das cachoeiras do rio Uatumã e nenhuma espécie alvo foi encontrada. No segundo semestre de 2024, a equipe realizou uma nova expedição ao rio Jatapu, afluente de grande porte do rio Uatumã, que apresenta ambientes similares ao rio Uatumã.

O material coletado na expedição do rio Jatapu continua em análise na Coleção de Peixes do Inpa. No entanto, segundo os pesquisadores, somente com as observações subaquáticas foi possível notar um ambiente muito saudável, com grande diversidade de organismos aquáticos. Muitas espécies de peixes reofílicos, que foram capturadas em Balbina na década de 80, estavam presentes nas cachoeiras do rio Jatapu. Entre elas, duas espécies ameaçadas foram recapturadas, uma espécie de sarapó (Apteronorus lindalvae) e uma espécie de bodó (Harttia uatumensis).

“Nossa expectativa de encontrar algumas das espécies, descritas para o rio Uatumã, no rio Jatapu foi confirmada. Nossos resultados preliminares, juntamente com os dados ecológicos obtidos em campo, podem contribuir para ações de conservação desta área e, consequentemente, dessas espécies”, afirma Bastos.

Equipe no rio Uatumã. Foto Leandro Sousa

As expedições revelaram também o desconhecimento sobre a ictiofauna da bacia do rio Uatumã. Até o momento, foram coletadas 10 a 15 espécies potencialmente novas, sendo cinco no rio Uatumã e dez no rio Jatapu. Além dos registros de pelo menos duas espécies de peixes que ainda não tinham ocorrência conhecida para a bacia do Uatumã.

“Essa é a primeira proposta, um primeiro projeto, a gente pretende dar um andamento nesse projeto, e ver se a gente consegue ter mais informação sobre a real diversidade dessas áreas. Para, inclusive, poder proporcionar informação para subsidiar planos de conservação, planos de ação, junto aos órgãos governamentais de conservação que nós temos, Ibama e ICMBio”, frisa a pesquisadora.

Para acompanhar de perto a expedição, a equipe produziu um vídeo:

Pesquisadores responsáveis: Lucia Rapp Py-Daniel, Douglas Bastos, Leandro Sousa, Jansen Zuanon, Marcelo Rocha, Valéria Machado, William Ohara, Valdenor Magalhães, Diana Kohler, Lucas Gama, Thiago Bueno

Lições da floresta nos 409 anos de Belém: convite à retomada do ambiente como protagonista

Foto: Alexandre Moraes

Consta nos documentos oficiais que a fundação da cidade de Belém (PA) completa 409 anos em 12 de janeiro de 2025. No entanto, se sabe que os povos originários já residiam na Amazônia antes da colonização europeia.

Reposicionar a história de uma das principais capitais do Norte brasileiro, sobretudo a sua relação com os rios e a floresta, apresenta-se como um dos principais desafios em tempos de alterações climáticas possivelmente irreversíveis. “Para os indígenas, a várzea era um espaço de abundância. As águas e a natureza eram estratégicas para a mobilidade, o abastecimento e a subsistência, enquanto para os colonizadores a prioridade era a terra”, explica Ana Cláudia Cardoso.

Foto: Alexandre Moraes

Ainda de acordo com a professora do PPGAU/UFPA, as atividades econômicas implantadas na Amazônia prescindem das cidades, pois operam a partir de redes de transporte e telecomunicações, sem gerar empregos nos centros urbanos – ainda que possam beneficiar grupos mais restritos. Isso aprofunda desigualdades históricas e cria cobranças por parte dos cidadãos mais prósperos, para que Belém seja semelhante a outras cidades de base industrial, quando a maior parte da população ainda não conta com condições básicas. Essa decisão de lutar contra a natureza tornou mais vulneráveis os mais de um milhão de habitantes de Belém, no contexto climático do século XXI.

“As chuvas estão mais intensas e concentradas, a maré meteorológica está subindo, enquanto a cidade está se tornando cada vez mais impermeável. Hoje, as inundações não estão mais restritas aos bairros populares. Será necessário reaprender a conviver com as águas, lembrando que isso significa gerir o uso e ocupação da terra de modo compatível com essas circunstâncias”, afirma Ana Cláudia Cardoso.

Lições da floresta

As árvores absorvem e evapotranspiram a água, limpam águas sujas, melhoram a qualidade do ar e reduzem a temperatura. Contudo, a professora do PPGAU/UFPA alerta para o desaparecimento da arborização da cidade de Belém, sem que as(os) gestoras(es) públicas(os) apresentem um plano para impedir isso. Neste cenário, as ilhas que fazem parte da capital paraense – Mosqueiro, Cotijuba, Combu, Caratateua, das Onças e Outeiro – são fundamentais para a exploração sustentável da floresta amazônica.

“Os padrões de uso e ocupação nativa das ilhas já estão estabelecidos, portanto elas não são áreas de expansão para o padrão de ocupação que é usado no continente, onde as várzeas foram aterradas e a população ribeirinha expulsa. A envoltória verde que as ilhas oferecem para a cidade mantém o clima e promove inclusão social, pois nas ilhas há produção de alimentos, turismo comunitário, extração de óleos e outras práticas de interesse agroecológico que merecem ser reconhecidas e mantidas”, comenta Ana Cláudia Cardoso.

Esse hibridismo entre a face metropolitana típica do país, na área central de Belém, e a face nativa, nas bordas e ilhas, resulta em sabores e sons que encantam habitantes e turistas. “Se matarmos essa cultura e esse modo de viver, não teremos mais identidade. Não somos uma cidade ‘disneificada’, onde as coisas são feitas para turista. Nossa vida cultural é genuína e pulsante, e isso deve ser considerado na hora de revitalizar mercados, portos, espaços públicos, etc. Também, na gestão do território, respeitando o espaço necessário para todos os modos de vida”, afirma a professora do PPGAU/UFPA.

Roteiros Geo-Turísticos celebram a cidade e o seu patrimônio

Como forma de celebrar o aniversário de Belém, reforçando a memória sócio espacial da cidade, neste sábado, 11 de janeiro, a partir das 8h30, será realizada uma edição especial do Projeto Roteiros Geo-Turísticos pelo Bairro da Cidade Velha. Há mais de 14 anos, a atividade coordenada pela professora titular da Faculdade de Geografia e Cartografia e do Programa de Pós-Graduação em Geografia, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH/UFPA), Maria Goretti da Costa Tavares, promove caminhadas a pé no Centro Histórico de Belém, com o objetivo de apresentar a um público amplo questões sobre o patrimônio material e imaterial, a cultura e o ambiente da cidade por meio da sua geografia, da produção do seu espaço, da sua história e da sua arquitetura.

Foto: Alexandre Moraes

“O Roteiro Geo-Turístico apresenta a história de Belém, mas também contextualiza os seus problemas. É importante que as pessoas participem da nossa ação para que possam reivindicar junto às(aos) gestoras(es) públicas(os) melhorias para a cidade”, afirma a professora Maria Goretti Tavares.

A participação no Roteiro Geo-Turístico é gratuita, mas necessita inscrição prévia, que pode ser feita por meio de formulário virtual. O percurso sairá do Forte do Castelo e seguirá a seguinte ordem: Ladeira do Forte – Complexo Feliz Lusitânia (Praça Frei Caetano Brandão, Igreja de Santo Alexandre – Museu de Arte Sacra- , Catedral da Sé, Casa das Onze Janelas) – IACITATÁ (Ponto de cultura alimentar) – Rua Siqueira Mendes – Praça e Igreja da Sé – Rua Joaquim Távora – Largo e Igreja de São João – Rua Tomázia Perdigão – Palácio Lauro Sodré (MEP) – Palácio Antônio Lemos (MABE) – Praça Dom Pedro II – Museu do Círio – IHGP (Solar do Barão de Guajará).

Aumento de 97%: Roraima recebe mais de 16 mil turistas internacionais e bate recorde em 2024

0

Roraima se destaca por destinos que oferecem contato com a natureza. Foto: Renato Guariba/Comunidade Raposa/Arquivo MTur

Roraima recebeu 16.278 mil turistas internacionais em 2024, um recorde nos números registrados nos últimos cinco anos. Os dados são do Ministério do Turismo, Embratur e Polícia Federal (PF). Se comparado aos visitantes de 2023, quando Roraima recebeu 8.259 turistas, o aumento foi de 97%. O mês com mais visitas na série história foi Abril (4.839), seguido por Janeiro (2.898), Novembro (2.369) e Agosto (2.213).

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

Em Roraima, além da capital Boa Vista, os principais atrativos turísticos são o Monte Roraima – embora o acesso seja feito pela Venezuela, a Serra do Tepequém, balneários e roteiros de etnoturismo como Comunidade Kauwê em Pacaraima e Raposa I, em Normandia, detalhou o governo estadual. A pesca esportiva também tem chamado atenção de estrangeiros.

O casal Wendy Lemus e Harold Bucaro, da Guatemala, faz parte do número de turistas estrangeiros no extremo Norte do país. Mochileiros, eles estão em uma viagem pela América Latina e realizaram o sonho de conhecer de Roraima.

“Quando pisamos em Roraima para mim foi um sonho porque eu já havia escutado falar desse lugar apenas através de documentários, aqueles de televisão internacionais. Agora, estou em Roraima, os animais, a gastronomia, as pessoas, as paisagens, tem sido uma boa experiência”, disse Harold.

Turismo no Brasil

Ao todo, o Brasil registrou a entrada de mais de 6,657 milhões de turistas internacionais. Os estados de São Paulo (2.207.015), Rio de Janeiro (1.513.235), Paraná (894.536) e Rio Grande do Sul (879.412) despontaram como as principais portas de entrada de visitantes internacionais em 2024.

Proporcionalmente, Roraima (97%), Santa Catarina (71,7%), Bahia (52,8%) e o Pará (47,4%), que receberá a COP30 no final do ano, registraram aumentos expressivos no número de estrangeiros em seus territórios.

Mais de 1.953.548 argentinos desembarcaram no país em 2024, liderando o volume de visitantes internacionais que chegam ao Brasil. Os Estados Unidos ocupam a segunda posição, tendo enviado 696.512 turistas. Os chilenos vêm logo atrás, com 651.776 chegadas aos destinos brasileiros. Já os vizinhos Paraguai e Uruguai, juntos, somaram mais de 833.412 visitantes.

*Por Samantha Rufino, Alessandro Leitão e João Gabriel Leitão, da Rede Amazônica RR

Preservação da Terra Indígena Munduruku protege os povos indígenas e a floresta

0

Foto: Mário Vilela/Funai

Operação de Desintrusão da Terra Indígena Munduruku, no Pará, contabiliza 419 ações de combate ao garimpo ilegal com a destruição de 91 motores, 27 retroescavadeiras, 53 acampamentos e veículos utilizados nas atividades ilegais. Com poucou mais de dois meses, a operação já causou um prejuízo financeiro acumulado aos criminosos que praticam o garimpo ilegal na terra indígena que ultrapassa R$ 97,5 milhões. Iniciada em 9 de novembro de 2024, a operação é realizada por mais de 20 órgãos do Governo Federal, entre eles, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), sob coordenação da Casa Civil.

Também foram apreendidos equipamentos eletrônicos e ferramentas logísticas utilizadas para sustentar as atividades criminosas. A operação enfrenta a migração de garimpeiros para áreas próximas, como a Área de Proteção Ambiental Tapajós, e as tentativas de burlar fiscalizações por meio de rotas alternativas e pequenos transportes.

Segundo a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, com essa iniciativa, o Brasil reafirma seu papel na proteção das florestas e dos povos indígenas.

Foto: Divulgação/Polícia Federal

O esforço para retirar ocupantes ilegais de áreas protegidas e impedir a exploração em terras indígenas é um passo para restaurar a justiça histórica e preservar a Amazônia como patrimônio da humanidade. É o que defende o coordenador-geral da Operação de Desintrusão da Terra Indígena Munduruku, Nilton Tubino.

Segundo ele, com a ampliação da presença do Estado na região, a operação também trouxe impactos para as comunidades locais. “O reforço da presença de agentes federais cria um ambiente de segurança e fortalece o tecido social da região, reduzindo as tensões provocadas por invasores e incentivando a reconstrução das dinâmicas comunitárias”, afirmou.

*Com informações da Funai

Manaus lidera em alertas de desastres naturais no Brasil

Foto: Reprodução/Rede Amazônica AM

Em 2024, Manaus (AM) foi a cidade brasileira que mais emitiu alertas de desastres naturais, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). A capital amazonense lidera o ranking, com 50 alertas emitidos, seguida por Belo Horizonte e São Paulo, que tiveram 41 alertas cada.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

O risco é real, como relata Fábio Melo, morador de uma área vulnerável: “Toda vez que chove a gente já fica preocupado”, disse ele, enquanto a estrutura de sua casa, localizada à beira do barranco, desmorona gradativamente.

Moradores de diversas áreas enfrentam problemas semelhantes, como a crescente cratera no Núcleo 23, que já dura quatro anos e continua sem solução, apesar das visitas técnicas.

Em outros locais da cidade, como o bairro Cidade Nova, são registrados 104 pontos de risco, conforme a Defesa Civil. A situação se agrava com os deslizamentos ocorridos no Monte das Oliveiras e na Colônia Terra Nova, que deixaram feridos no ano passado. A preocupação persiste, com os moradores ainda sem uma resposta efetiva das autoridades.

De acordo com o Cemaden, Manaus ocupa a oitava posição no ranking de municípios com maior número de ocorrências de desastres naturais, com 19 incidentes registrados, a maioria de origem hidrológica, como enchentes e enxurradas, seguidos pelos deslizamentos em áreas urbanas vulneráveis.

A situação, que se agrava com as chuvas intensas típicas deste período, é reflexo do crescimento urbano desordenado, levando muitas famílias a se estabelecerem em áreas de risco por falta de opções.

A Defesa Civil Municipal tem realizado adaptações para atender as demandas emergenciais, mas, como aponta a comerciante Amélia Alves, as promessas ainda não foram cumpridas. “Enquanto isso, os moradores ficam à mercê da situação”, lamentou.

Com o aumento da vulnerabilidade e a escassez de soluções definitivas, os moradores de Manaus seguem na expectativa de ações concretas para mitigar os riscos e proteger suas vidas e propriedades durante este período crítico de chuvas.

*Com informações da Rede Amazônica AM

Estudante amazonense conquista medalhas em Olimpíada Internacional de Física

0

Foto: Divulgação/Semcom Manaus

Aluna da Escola Estadual Maria Calderaro, localizada em Presidente Figueiredo, no Amazonas, a estudante Maria Eduarda Alves de Araújo, de 17 anos, conquistou a medalha de prata na Olimpíada Internacional de Física e Astronomia Copernicus, realizada em Houston (Texas), nos Estados Unidos. Única representante do Amazonas no evento, ela também garantiu o 3º lugar no ranking global.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

A competição, que incentiva alunos do 7º ano do Ensino Fundamental até a 3ª série do Ensino Médio de todo o mundo a se aprofundarem nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM), aconteceu de 5 a 10 de janeiro e envolveu exames, desafios interativos e questionários de excursão. Os participantes enfrentaram jogos de física, quebra-cabeças e desafios improvisados.

Para Maria Eduarda, a experiência foi inesquecível:

Durante sua estadia nos Estados Unidos, a aluna participou de visitas técnicas que enriqueceram seus conhecimentos, conhecendo planetários, museus, observatórios e o “Space Center” de Houston.

Ela também destacou a importância de participar de palestras com astrônomos, pois esse momento lhe permitiu visualizar de perto tudo o que havia aprendido em sala de aula.

Portal Amazônia responde: qual é a região do Salgado Paraense?

0

Foto: Divulgação/Alepa

A microrregião do Salgado Paraense é o nome dado para o conjunto de municípios do Nordeste do Pará que localizam-se no litoral paraense. A região recebeu esse nome por causa das cidades de Salinópolis e Vigia, entre a foz do rio Pará e a foz do rio Gurupi, com ecossistemas que incluem manguezais.

Leia também: Conheça os manguezais da Amazônia, o maior cinturão de manguezais do mundo

A região abrange 11 municípios da costa do estado: 

  • Colares
  • Curuçá
  • Magalhães Barata
  • Maracanã
  • Marapanim
  • Salinópolis 
  • São Caetano de Odivelas 
  • São João da Ponta
  • São João de Pirabas
  • Terra Alta 
  • Vigia
Imagem: edição sobre original de Raphael Lorenzeto de Abreu

O Salgado Paraense, compreende também as Reservas Extrativistas Mãe Grande de Curuçá, São João da Ponta, Caeté-Taperaçu, Tracuateua, Araí Peroba, Gurupi-Piriá, Chocoaré-Mato Grosso e Soure, que são predominantes entre as populações tradicionais, com atividades de artesanato, associada à pesca artesanal e à caça do caranguejo.

Tecnologias monitoram biodiversidade, árvores e ar da Amazônia

Foto: João Cunha

O canto dos pássaros. A vibração que a onça-pintada emite ao caminhar pela mata. A comunicação entre os pirarucus na profundeza dos rios. No interior da Amazônia, sons da floresta funcionam como uma orquestra harmônica. Mesmo ouvidos destreinados conseguem perceber a sinfonia. Mas, se um dos “instrumentos” desafina ou para de tocar, o descompasso também é evidente.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

O pesquisador Emiliano Ramalho coordena o Projeto Providence, que monitora espécies amazônicas. Foto: Marcello Nicolato

A analogia entre a música e a biodiversidade amazônica é do biólogo carioca Emiliano Ramalho, de 46 anos, que mora há mais de duas décadas na floresta. É a melhor forma que ele encontrou para explicar como o monitoramento contínuo dos animais ajuda a avaliar o funcionamento do ecossistema e se há sinais de alerta.

Ramalho é diretor técnico-científico do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, na cidade de Tefé, no Amazonas, uma entidade vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Ele coordena desde 2016 o Projeto Providence, que usa sistemas automatizados de som e imagem para estudar as espécies amazônicas. São mais de 40 sensores espalhados pela floresta, que realizam monitoramento em tempo real, 24 horas por dia e sete dias por semana.

Cientistas do Instituto Mamirauá investigam comportamentos das onças-pintadas na Amazônia. Foto: Emiliano Ramalho

Emiliano Ramalho já trabalhou especificamente com a contagem de pirarucus, no início da carreira, e depois se tornou um dos maiores especialistas em ecologia e biologia de onças-pintadas, principalmente em ambientes de várzea. Em um cenário que sofre inundações durante três a quatro meses por ano, o felino se adapta e passa a viver no topo das árvores. O comportamento foi registrado cientificamente pela primeira vez pelo pesquisador.

O biólogo costuma dizer que a “onça-pintada é fundamental para a conservação da floresta e a floresta é essencial para a sobrevivência da onça-pintada”. Nesse sentido, o equilíbrio social e natural passa, necessariamente, por estratégias de conservação da biodiversidade amazônica. É esse trabalho, aperfeiçoado pelos instrumentos tecnológicos, que move Ramalho a acreditar em um futuro melhor.

Ecologia digital

Uma outra forma de entender as dinâmicas climáticas da Amazônia é olhar para árvores e vegetações. Esse tem sido o caminho percorrido pelo cientista paulista Thiago Sanna Freire Silva, ecologista digital, como gosta de se intitular, que leciona informática ambiental na Universidade de Stirling, na Escócia, e coordena projetos de monitoramento de florestas inundáveis.

O foco principal do cientista está em entender como mudanças na hidrologia, no nível da água durante secas e cheias, afeta o ecossistema, principalmente em um cenário em que esses fenômenos se tornaram mais extremos. Para ter uma visão analítica mais ampla, ele escaneia extensões grandes da floresta com a tecnologia light detection and ranging (Lidar), um sensor capaz de emitir lasers, mapear e gerar cenários em 3D.

Ecologista digital, Thiago Silva dá aulas de informática ambiental na Universidade de Stirling, na Escócia. Foto: Tânia Rêgo

O cientista explica que a análise ajuda a entender os padrões em níveis macroestruturais, a partir de grandes escalas e padrões de funcionamento da floresta. E que os resultados são aprimorados ao dialogarem com os estudos em nível micro e local. Diante do ritmo acelerado de impactos e prejuízos ao ecossistema, é preciso pensar primeiro em adaptações, antes de vislumbrar regenerações ambientais.

“Um dos grandes problemas dessas grandes crises climáticas é que a gente não tem como frear, pela velocidade e o tamanho delas. Só o que a gente pode fazer é se adaptar, entender melhor o que está acontecendo e conseguir prever com antecedência como essas mudanças vão se acumular ao longo das décadas. Assim, podemos pensar em estratégias melhores de como preservar essas florestas e ajudar as pessoas que dependem desses ambientes”, projeta Silva.

Ao rastrear a saúde das zonas úmidas durante anos, o cientista distingue as áreas que precisam ser protegidas antes que os danos se tornem irreversíveis. Enquanto há estudo, há esperança.

“Qualquer cientista que trabalha com ecologia e mudanças climáticas vive uma montanha-russa de sentimentos. Em alguns momentos, você fica completamente pessimista. Em outros, tem uma explosão de otimismo. O mais importante é que a gente tem buscado engajamento com as comunidades locais, as pessoas que têm maior capacidade de realmente proteger e fazer diferença. E que às vezes podem até não perceber o poder que elas têm”, diz o pesquisador.

Floresta estressada

No caso da cientista Luciana Gatti, os sinais do desmatamento e da crise climática são percebidos no ar. Ela é química e coordena o Laboratório de Gases de Efeito Estufa (LaGEE) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Desde 2003, atua em pesquisas na área de mudanças climáticas, com foco no papel da Amazônia na emissão e absorção de carbono.

Cientista Luciana Gatti coordena o Laboratório de Gases de Efeito Estufa (LaGEE) do Inpe. Foto: Luciana Gatti/Arquivo Pessoal

A medição das emissões de gases do efeito estufa começou em 2004, na Floresta Nacional do Tapajós, no Pará. A partir de 2010, conseguiram expandir os trabalhos para outras localidades da Amazônia. Aviões de pequeno sobrevoam pontos específicos da floresta, onde amostras de ar são coletadas e armazenadas em frascos, para posterior análise em laboratório.

Com isso, poderia ser calculado se a floresta estava se comportando como fonte ou sumidouro de carbono. Ou seja, se ela mantinha a capacidade de absorver mais gases do efeito estuda do que eram emitidos.

“A primeira constatação foi a de que uma região da Amazônia é muito diferente da outra. A maior parte dos cientistas usa um número ou uma taxa e aplica para o bioma inteiro. Vimos que, quanto mais desmatada a floresta, mais a região tinha perdido volume de chuva e aumentado a temperatura ao longo de 40 anos. E isso acontecia principalmente durante a estação seca, especificamente entre os meses de agosto a outubro, no período da seca. Desmatamento não é só perda de carbono e emissão de gás estufa. É também mudança da condição climática para a floresta que ainda não foi desmatada”, explica Luciana.

Em outras palavras, a floresta que está sendo modificada pelo desmatamento ao redor vive em uma situação de “estresse”.

Malas de amostragem da coleta de carbono na Amazônia. Foto: Luciana Gatti

Em um cenário ideal, o balanço de carbono da Floresta Amazônica deveria ser neutro, com equilíbrio entre emissões e absorções. Mas, com o desmatamento, a própria floresta passa a ser fonte de carbono e perde a capacidade de regular o clima. Segundo a cientista, não há outra solução a não ser interromper a destruição e priorizar projetos de restauração florestal.

“Nós precisamos de um plano de sobrevivência para restaurar as áreas perdidas da Amazônia. Eu tenho uma sugestão: vamos colocar como meta reduzir o rebanho bovino brasileiro em 44%, já que é a principal causa de emissão de gases estufa e a maior parte do desmatamento vira pasto”, defende Luciana. “Nosso plano de sobrevivência é plantar árvore. É ela que vai abaixar a temperatura, nos proteger das ondas de calor, dos eventos extremos. Quem disse que destruir a floresta é progresso é ignorante. A salvação dos brasileiros passa por salvar a Amazônia. Sejamos todos ativistas”, defende a pesquisadora.

Série sobre a Amazônia

A reportagem faz parte da série ‘Em Defesa da Amazônia’, que abre o ano da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), a ser realizada em Belém, em novembro deste ano. Nas matérias publicadas na Agência Brasil, povos da Amazônia e aqueles diretamente engajados na defesa da floresta discutem os impactos das mudanças climáticas e respostas para lidar com elas.

*O conteúdo foi publicado pela Agência Brasil, escrito por Rafael Cardoso (A equipe viajou a convite da CCR, patrocinadora do TEDxAmazônia 2024)