Home Blog Page 118

BR-319: afinal, o presidente Lula é contra ou a favor da rodovia?

Por Osíris M. Araújo da Silva

Do ponto de vista do DNIT e do GT de Rodovias do Crea-AM, os segmentos rodoviários denominados de Lote C (Km 198,20 ao 250,7) e Trecho do Meio (Kms 250,7 ao 656,4) não possuem revestimento asfáltico e a trafegabilidade fica parcialmente comprometida durante o chamado inverno amazônico, período de maior índice pluviométrico na região. A expectativa é que as obras iniciem a partir de julho, início do próximo verão amazônico, para em breve ter concluída toda de sua extensão de 885 quilômetros a partir de Manaus-AM até Porto Velho-RO.

Estudo publicado no site Agência Gov informa que “os sete estados da Região Norte somam 13.858 quilômetros de rodovias e mais de 32.482 quilômetros de hidrovias sob a administração do DNIT. Para cuidar dos dois modais (rodoviário e aquaviário), a autarquia investiu mais de R$ 4,6 bilhões. O recurso possibilitou a execução de obras e serviços que deram um salto na qualidade na infraestrutura de transporte da região. Ações que garantiram o escoamento da produção nacional para os portos de Santarém e Barcarena, no Pará, e de Itacoatiara, no Amazonas, utilizando as rodovias do corredor Logístico do Arco Norte”.

Estão previstas obras de duplicação, implantação e adequação realizadas nas rodovias BR-163/PA, BR-155/158/PA, BR-316/PA, BR-364/RO e BR-153/TO – que integram o Corredor do Arco Norte – contribuíram para a ampliação nas exportações, especialmente de grãos como soja e milho. Essas melhorias, salienta a Agência Gov, que o modal aquaviário para a Região Norte tem relevância estratégica e social, seja para o escoamento de cargas, ou viabilizando o transporte de passageiros de comunidades afastadas.

O Acre com uma malha de 1,2 mil quilômetros, em 2022, tinha apenas 13% do trecho rodoviário com ICM “Bom” e depois de um ano de trabalho e reforço nos investimentos o índice passou para 42%. Amazonas em 2022 estava com 22% da extensão da malha (2,3 mil km) com ICM “Bom” e o índice subiu para 24%. No Amapá, com mil quilômetros de rodovias administrados pelo DNIT o avanço foi de 39% em 2022 para 75% em 2023. Pará (3,9 mil km de rodovias) saltou de 50% para 87% no período. Já Rondônia (2 mil km) passou de 41% para 80%. Roraima (1,5 mil km) saiu de 44% para 76% e Tocantins (1,7 mil km) de 76% para 83%.

No Amazonas, o orçamento do DNIT (dados do Ministério dos Transportes) foi de aproximadamente R$ 693,2 milhões. No modal rodoviário, está garantido o andamento dos serviços de restabelecimento da passagem sobre os rios Curuçá e Autaz-Mirim na BR-319/AM com a construção das duas pontes que colapsaram ao fim de 2023. Em revitalização de estradas foram investidos recursos na BR-174/AM, na BR-319/AM e na melhoria da BR-230/AM, a Transamazônica, com recuperação de mais de 40 pontos críticos de trechos não pavimentados. O documento não faz referência à garantia dos licenciamentos ambientais para a conclusão das obras da Manaus-Porto Velho em toda sua extensão de 885 km. Inaugurada em 1976, encontra-se sem condições adequadas de uso, por má conservação, desde os anos 1980/90.

Tais obras só avançaram após expedidas suas respectivas licenças ambientais pelo IBAMA. Qual então o motivo superveniente que move a ministra do Meio Ambiente (MMA), Marina da Silva, primeiro em mandar excluir do PAC 2024 os recursos para a conclusão das obras da BR-319, e ato contínuo determinar ao órgão de regulação do meio ambiente, o Ibama, postergar ao máximo a concessão das respectivas licenças ambientais? São óbvias as razões indutoras de um posicionamento político aberto e conclusivo de nossas lideranças políticas junto ao presidente da República. Afinal, S. Exa. é contra ou a favor da BR-319? Se é a favor, que, ipso facto, demita a ministra tendo em vista sua manifesta oposição à conclusão de uma obra que, acima de tudo, é do máximo interesse ao desenvolvimento do Amazonas.

Sobre o autor

Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Associação Comercial do Amazonas (ACA).

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Laboratório do Pará produzirá papéis a partir do fruto do açaí

Papéis produzidos a partir do fruto açaí agora são possíveis. O novo produto é resultado de um projeto que contou com investimento da Fundação de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), no Pará. O projeto objetiva desenvolver papéis de alta performance para produtos como embalagens sustentáveis.

Para tanto, o investimento da Fapespa permitiu estruturar o AmazonCel, o primeiro laboratório de celulose e papel completo da Amazônia, na Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

Os estudos no novo laboratório já produziram dois tipos papéis com sucesso: reciclado + fibras do açaí; e um papel 100% do açaí.

As possibilidades vão da simples separação das fibras da semente até a formação do papel, a partir das fibras do resíduo do açaí. Assim, o papel pode ser utilizado em inúmeras possibilidades de produtos, como embalagens, copos, caixas e etc.

Casa de Vegetação

A Casa de Vegetação foi idealizada para dois objetivos: identificar e selecionar plantas da Amazônia capazes de despoluir o solo e a água, absorvendo e retirando metais pesados do solo provenientes da mineração ou lixos urbanos.

E produzir o Biochar, que é um carvão vegetal, através de resíduos vegetais como caroço do açaí, casca de cacau, cupuaçu e ouriço da castanha-do-Pará, que são diariamente descartados e, muitas vezes, podem causar problemas ambientais e de saúde.

O resultado da combinação do uso dessas plantas e do carvão vegetal, além de retirar os metais do solo, é a recuperação de áreas degradas, diminuindo a emissão de gás carbônico na atmosfera e tornando esse solo agricultável novamente, aumentando a retenção hídrica e a fertilidade.

Viveiro

O novo viveiro terá 20 mil mudas amazônicas, que serão objeto de estudos para diversos segmentos, da ciência. O local também produzirá mudas para diversos projetos do Estado, a exemplo do novo Parque da Cidade.

*Com informações da Agência Pará

Pesquisadores desenvolvem óleos vegetais por meio de matéria-prima nativa do Pará

0

A utilização de matérias-primas originárias da Mesorregião Metropolitana de Belém (PA), como sementes de castanha, andiroba, pracaxi e patauá, para a fabricação de óleos e manteigas, que são a base para a fabricação de cosméticos, como hidratantes, shampoos e sabonetes faciais, é objeto de estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA), por meio do edital de apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas em bioeconomia lançado pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa).

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

O químico Cláudio Nahum, coordenador do Laboratório de Recursos Naturais e Sustentabilidade da Amazônia, no qual a pesquisa ‘Utilização de matéria-prima nativa da Mesorregião Metropolitana de Belém-PA para a Preparação de formulações cosméticas nanoestruturadas’, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências e Meio Ambiente da Universidade, é desenvolvida, explica o quão é importante o aproveitamento das oleaginosas, a exemplo de sementes de castanha, andiroba, pracaxi e patauá, cupuaçu, murumuru e tucumã.

Carla Carolina Meneses, pós doc. Foto: Marcelo Lelis/Agência Pará

“A exemplo do cupuaçu, que utilizamos muito aqui no Estado, como suco ou creme, no geral, a semente é jogada fora. No laboratório, fazemos a manteiga do cupuaçu a partir do caroço, que tem uma ação muito forte na área de cosméticos, por ser rica em ômega 3, ômega 6 e em nutrientes. A bioeconomia é justamente isso, aproveitar esses recursos que vão se perder na floresta e transformar em riqueza. Todo mundo ganha com isso, seja a comunidade local, a nossa formação de pesquisadores e o governo com essa economia circular que só é possível avançar com o apoio da Fapespa”, pontua Nahum.

A pesquisa trabalha com comunidades paraenses para ensinar sobre como devemos cuidar do meio ambiente, incluindo como coletar, guardar, secar e processar materiais. O produtor rural Wander Martins, de São Domingos do Capim, comunidade parceira do projeto, celebra a iniciativa e destaca as melhorias, inclusive, financeiras, já vividas no dia a dia.

Foto: Marcelo Lelis/Agência Pará

“Se não fosse com a pesquisa e o apoio da Fapespa, nunca teríamos acesso a um equipamento de última geração como os que temos aqui, nem acesso a tanto conhecimento que ajuda muito na nossa produção. Eu fazia esse processo de forma muito artesanal para extrair o óleo e conseguia cerca de cinco recipientes de óleos semanais. Com o projeto, a gente bate média de até 100 litros, conforme a gente tem matéria-prima. Nem tenho palavras para dizer o quanto ajuda no nosso rendimento e comercialização nas feiras do município”, ressalta.

Cláudio Nahum Alves (centro), químico, coordenador do Laboratório de Recursos Naturais e Sustentabilidade da Amazônia e do projeto apoiado pela Fapespa. Foto: Marcelo Lelis/Agência Pará

“A manutenção da floresta viva depende do uso de produtos com tecnologia para agregação de valor a partir do conhecimento tradicional das nossas comunidades. Esse valor agregado depende de projetos de pesquisa como esses fomentados pelo governo do Pará através da Fapespa dentro das diretrizes do PlanBio.”, explica o presidente da Fapespa, Marcel Botelho.

Doutoranda em química pela UFPA, Ana Cláudia Araújo, destaca que São Domingos do Capim está entre os maiores produtores da polpa de cupuaçu do Estado e antes havia um alto índice de descarte das sementes e armazenamento inadequado que inviabilizava o uso. Com a troca de conhecimentos proporcionada entre Universidade e comunidade, a realidade mudou. “Fazemos todo um controle de qualidade com os produtos em desenvolvimento no Laboratório, verificando o índice de acidez, saponificação, iodo e peróxido. Todo o acompanhamento para garantir a qualidade e se está apto para comercialização”, assegura.

Foto: Marcelo Lelis/Agência Pará

Mais valor

Pesquisadora de pós-doutorado na UFPA, Carla Carolina Meneses, conta como a manteiga de cupuaçu, por exemplo, pode ser utilizada em vários tipos de formulações cosméticas.

“De forma bruta, ela não tem tanto valor agregado, mas as caracterizações físicas, químicas e nutricionais realizadas no Laboratório potencializam o valor para as formulações de cosméticos e desenvolvem estratégias para potencializar os efeitos, como o aumento do tempo de absorção de um hidratante feito a partir dessa matéria-prima na pele”, comenta.

*Com informações da Fapespa

Tabatinga ganha ferramenta de informação turística; saiba como acessar

0

Os turistas que desembarcarem em Tabatinga (a 1.108 quilômetros de Manaus), no Amazonas, já podem contar com a ferramenta de informação turística Amazonas To Go. O município é o 14º do Estado a receber o chat da Empresa Estadual de Turismo (Amazonastur), que busca facilitar a experiência do visitante.

Com a implementação no município da solução tecnológica, os visitantes têm acesso a um guia digital na palma das mãos por meio de chatbot, fornecendo informações essenciais para aproveitar os atrativos turísticos e as opções de coisas para fazer, meios de hospedagens, agências de turismo, restaurantes, entre outros.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

Todos os empreendimentos presentes no Amazonas To Go são cadastrados no Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur), do Ministério do Turismo (MTur), e exercem atividades turísticas de forma regular e segura.

O presidente da Amazonastur, Ian Ribeiro, reafirmou que o objetivo das ações é fortalecer o turismo no interior do estado. “É o que o governador Wilson Lima quer que seja feito: tornar o turismo uma das matrizes econômicas do nosso estado. E, em conjunto, realizar a interiorização do turismo”, disse.

A empreendedora Patrícia Oliveira comemora o lançamento da ferramenta Amazonas To GO para auxiliar na divulgação dos serviços turísticos na cidade.

“É muito importante para que os turistas que chegam até Tabatinga consigam visualizar os empreendimentos e os locais para visitação. Vai ser melhor e mais fácil a gente divulgar nosso trabalho”, afirma a empreendedora.

Além de ser disponibilizada em português, inglês e espanhol, o Amazonas To Go pode ser acessado pelos turistas pelo link, telefone (92) 99356-8775 ou, ainda, em cartazes espalhados nos principais atrativos turísticos do Amazonas.

O pacote de ações da Amazonastur também inclui a realização do Workshop Turismo Sustentável, neste sábado (08), em Tabatinga. Além do município, o evento é voltado para prestadores de serviços turísticos de Atalaia do Norte e Benjamim Constant e de Letícia, cidade da Colômbia e Iquitos, no Peru.

*Com informações da Agência Amazonas

Paçoca de Roraima entra para o Livro dos Recordes como a maior do mundo

0

É de Roraima! A maior paçoca de carne seca do mundo, que virou símbolo do arraial Boa Vista Junina, foi reconhecida pelo Guinness Book, o Livro dos Recordes, e agora tem o título oficial. Paixão de diversos roraimenses, o prato tradicional da culinária indígena do estado quebrou o próprio recorde e chegou a 1.356 kg de carne seca e farinha amarela na noite do dia 7 de junho.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

A pesagem oficial começou com 40 minutos de atraso, por volta das 19h40, e fazia parte de um dos requisitos do Guinness Book. Ela ocorreu na praça Fábio Marques Paracat, no Centro da cidade, onde ocorre o arraial.

A nova marca superou em 92 kg o próprio recorde, registrado em 2023. À época, foram produzidas 1.264 kg da paçoca.

Depois da pesagem, o prefeito Arthur Henrique (MDB) recebeu um certificado que oficializou o recorde mundial. Em coletiva de imprensa, ele afirmou que a iguaria foi um desafio neste ano, mas agora, por ser reconhecida no livro dos recordes, ela passa a ser uma atração internacional.

“O objetivo é sempre continuar quebrando recordes, contando agora com o reconhecimento internacional. A gente sempre fala sobre as atrações nacionais [no Boa Vista Junina], mas a nossa paçoca agora passa a ser contabilizada como uma atração internacional”, afirmou.

Além do peso, para conceder o título, o Guinness também considerou a qualidade e a distribuição do alimento.

A qualidade foi atestada por dois chefes de cozinha e dois nutricionistas, escolhidos pela comissão do Guinness. Os chefes avaliaram se a comida é realmente um item tradicional. Já os nutricionistas conferiram a higienização do processo de produção e o valor nutricional da paçoca.

A paçoca de Roraima foi servida à população durante o arraial Boa Vista Junina 2024, na praça Fábio Marques Paracat.
Funcionários enchem tacho com a maior paçoca do mundo durante pesagem no Boa Vista Junina 2024. Foto: João Gabriel Leitão/Rede Amazônica

De acordo com a juíza do Guinness World Records e responsável pelos recordes brasileiros, Camila Borenstain, a análise dos profissionais foi encaminhada a ela por meio de relatórios. Os documentos foram somados a comprovação da qualidade da balança, da tara, a pesagem e a distribuição.

“A gente tem uma lista de regras que precisam ser seguidas, dentre elas temos muitas regras de vigilância sanitária. A gente teve quatro testemunhas que acompanharam todo o processo de feitio da paçoca, sendo eles dois chefes de cozinha e duas nutricionistas que ficaram acompanhando durante a semana inteira, durante todo o período do trabalho, e tivemos também algumas regras de quantidade de proporção de alimentos que deve ser fiel a um prato típico e o momento de chegar aqui. A gente tem o mínimo de 500 kg que precisam ser batidos, não podemos ter desperdício de alimento, então a gente fica até o fim da distribuição”, explicou Camila Borenstain.

Mesmo tendo quebra de recordes anuais desde 2015, ano em que a prefeitura de Boa Vista começou a distribuição do alimento no arraial, essa foi a primeira vez que a festa recebeu uma equipe do Guinness.

A distribuição gratuita do alimento iniciou por volta das 20h e assim como em anos anteriores, a paçoca foi distribuída com bananas, tradicional acompanhamento da iguaria. Foram distribuídos cerca de 1.400 kg da fruta.

A fila para receber a paçoca gigante foi tão grande quanto ela. Foram formadas nove filas, sendo três para atender o público preferencial. Algumas delas chegaram atingir a entrada das arquibancadas da arena junina e o palco de shows musicais.

A entrega da paçoca durou cerca de 2h e foi encerrada por volta das 22h12. Para ter o título oficial de “maior do mundo”, a comida não poderia ser desperdiçada.

A iguaria, diferente da paçoca doce de amendoim, é feita à base de carne seca e farinha amarela. Ela é produzida através da pilagem da farinha e da carne, que posteriormente são refogadas com cebola, manteiga ou óleo de cozinha.

Até chegar ao sabor já conhecido pelos roraimenses e que desperta curiosidade de quem não é do Norte, a carne usada é desossada e levada ao sol, para o processo de secagem, que iniciou na segunda-feira (3).

Na edição deste ano, foram utilizados volumes gigantes de ingredientes:

  • 2.800 kg de carne;
  • 520 kg de farinha amarela;
  • 170 kg de cebola;
  • 42 kg de manteiga.

Tudo isso para bater o próprio recorde e se manter como a “maior paçoca do mundo”, título dado pela prefeitura de Boa Vista desde a primeira vez em que a paçoca foi servida gratuitamente no arraial.

Paçoca é entregue para a população em Boa Vista. Foto: Yara Ramalho/Rede Amazônica

Neste ano, a produção da iguaria roraimense durou cerca de cinco dias e envolveu 15 pessoas. Ela foi preparada pela Fábrica Pinheiro, empresa contratada pela prefeitura. Esta é a terceira vez que a empresa faz a produção gigante. A primeira foi em 2017, e a segunda, em 2019.

O local de pesagem e distribuição da paçoca foi montado atrás da arena junina. No local, uma multidão de pessoas se preparam para receber o alimento.

A professora aposentada Eliane de Farias, de 63 anos, chegou ao local por volta das 18h e levou até uma cadeira para aguardar a comida sem se cansar. Ela pensou em esperar na fila preferencial, mas preferiu ficar na comum ao lado da filha, neta e do genro.

“Eu cheguei agorinha e já trouxe a cadeira porque pensei: ‘se demorar fico aqui sentadinha’. E a sombrinha está aqui, não pego chuva”, brincou a aposentada.

O pequeno Davi Lucas, de 7 anos, também quis garantir o primeiro lugar em uma das nove filas de distribuição e provar da paçoca gigante pela primeira vez. Acompanhado da mãe e do pai, ele chegou no local por voltar das 18h. “Para comer é a primeira vez que eu venho, mas já vim outras vezes para o arraial. Quero provar”, disse Davi.

Mantendo uma tradição e com objetivo de valorizar a cultura roraimense, o casal de antropólogos Islânia Silva, de 35 anos, e Eduardo Ribeiro, de 33 anos, ficou com o primeiro lugar de uma das filas pelo segundo ano consecutivo. Essa é a quarta vez que eles participam do evento.

Por conta da presença do Guinness, o casal ficou com medo que o local ficasse cheio muito rápido e para garantir o lugar nesse ano, chegou às 16h30.

“A gente vem porque a festa junina em si é bastante animada, tipicamente brasileira, e segundo porque é um recorde roraimense. Então, prestigiar esse evento aqui da nossa terra é algo importante pra gente”, explicou Islânia.

“E não só prestigiar a festa e a paçoca, mas também demonstrar uma forma de respeito por quem fez a paçoca e toda essa tradição, a imagem da paçoca”, completou Eduardo.

Maior paçoca do mundo

A história da maior paçoca do mundo começou em 2015, quando a prefeitura decidiu servir gratuitamente ao público do arraial porções do prato típico. Naquele ano, foram distribuídos 500 kg a 20 mil pessoas.

Depois, nos anos seguintes, os recordes foram batidos. A última vez que a paçoca foi servida foi em 2023, onde a quantidade chegou a 1.264 kg. Desde se iniciou, somente nos anos de 2020 e 2021 não teve paçoca porque em razão da pandemia o arraial não foi realizado.

*Por Yara Ramalho e João Gabriel Leitão, do G1 Roraima

Batucada ou Marujada (Festival Folclórico de Parintins)

Fotos: Reprodução/Instagram oficial de cada item

A bateria é o terceiro item e a parte instrumental da apresentação dos bois-bumbás no Festival Folclórico de Parintins, que conta com mais de 400 participantes. Cada boi possui um nome diferente para a sua sustentação rítmica: a ‘Marujada de Guerra’ é do boi Caprichoso e a ‘Batucada’ do boi Garantido.

Justiça impede ICMBio de retirar ‘bois piratas’ de floresta protegida na Amazônia

0

Cerca de 1.500 bois estavam prestes a ser retirados da Floresta Nacional (Flona) do Jamanxim, no sudoeste do Pará, onde os animais são criados ilegalmente em uma área da Amazônia  que deveria ser de mata preservada. 

Porém, no dia 22 de maio, a Justiça Federal barrou a operação do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), órgão ambiental do governo federal, e permitiu que o pecuarista apontado como infrator retomasse o gado.

A decisão judicial, acessada pela Repórter Brasil, é em caráter liminar (provisório) e foi tomada pelo desembargador Eduardo Filipe Alves Martins, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1). O processo corre em sigilo.

O magistrado reverteu sentença de 1ª instância que havia negado anteriormente o mesmo pedido do pecuarista Rodrigo da Cruz Pereira. Agora, com a decisão favorável, o fazendeiro tem dez dias para transportar o gado para fora da floresta protegida. O valor do rebanho apreendido supera R$ 4 milhões, estima o órgão ambiental.

O ICMBio, ligado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, deu início à operação em 3 de abril, quando publicou no Diário Oficial uma notificação para que pecuaristas  retirassem as cabeças dos chamados ‘bois piratas’ em 30 dias.

Como o transporte voluntário dos animais não ocorreu, o Ministério Público Federal do Pará (MPF-PA) expediu em 6 de maio uma recomendação para a remoção dos animais.

A retirada de fato começou pela Fazenda Ferradura, arrendada por Rodrigo Pereira, mas embargada por desmatamento ilegal. O ICMBio e a Adepará (Agência de Defesa Agropecuária do Pará) cogitaram a possibilidade de destinar parte do gado apreendido para o Rio Grande do Sul, assolado por enchentes históricas. A operação visava remover até 6.000 animais de algumas fazendas da região. A ação, porém, foi bloqueada na primeira fazenda fiscalizada após a liminar judicial.

Na avaliação de uma fonte ligada à operação, que não será identificada, o caso ilustra a dificuldade de combater crimes ambientais na Amazônia. “Estão dando salvo conduto para uma pessoa que está com gado dentro de área embargada. É um salvo conduto para o crime”, critica.

O advogado Pedro Henrique Gonçalves, responsável pela defesa do fazendeiro, diz que está na propriedade acompanhando o transporte dos animais. “Se não fosse a burocracia imposta, conseguiríamos retirar de forma mais eficiente”, afirmou.

O MPF-PA disse que não iria comentar, pois o caso corre em sigilo. Já o ICMBio não respondeu.

Imagens da Fazenda Ferradura, onde o pecuarista Rodrigo da Cruz Pereira criava milhares de animais dentro de uma área que deveria ser de mata preservada. A propriedade fica a apenas 15 km da Fazenda Arara Azul, fora da Flona do Jamanxim, de onde o fazendeiro vendia animais para frigoríficos. Fato levanta suspeita para ‘lavagem de gado’ (Foto: Reprodução)

Apreensão de animais é mais eficiente que multas e embargos

A apreensão de animais criados ilegalmente em áreas de conservação é considerada uma das medidas mais eficazes para coibir crimes ambientais na Amazônia. Segundo o ‘Protocolo para Retirada de Gado de Áreas Protegidas’, do ICMBio, as multas e os embargos não têm surtido o efeito necessário.

De acordo com o documento, as multas aplicadas por desmatamento raramente são pagas e não costumam atingir seu objetivo. “A apreensão do gado criado ilegalmente nas áreas desmatadas e a retirada de estruturas ligadas a essa atividade tendem a reverter ambas as deficiências, já que promovem uma invariável descapitalização do infrator e, automaticamente, permitem a recuperação ambiental do local”, diz o texto.

O MPF-PA, no documento em que recomenda a operação na Flona do Jamanxim, alerta que há ‘indícios de um esquema de ‘lavagem de gado” na região. O protocolo do ICMBio também alerta para essa suspeita, na qual bois com origem em áreas irregulares são transferidos para locais sem qualquer ilegalidade – e assim misturados com animais criados de forma regular, dificultando o monitoramento.

De acordo com a Procuradoria, esses animais criados ilegalmente em áreas de preservação costumam sujar toda a cadeia de produção de carne, pois acabam vendidos de forma indireta para frigoríficos, que posteriormente vendem a carne para supermercados.

A Repórter Brasil teve acesso a imagens feitas na Fazenda Ferradura que mostram brincos de identificação de animais com o nome de outra propriedade fora da Flona do Jamanxim. É a Fazenda Arara Azul, a apenas 15 quilômetros da área embargada, e apontada como origem de centenas de animais vendidos por Rodrigo da Cruz Pereira, entre 2018 e 2022, segundo dados de trânsito animal obtidos pela reportagem. 

“Não vejo qualquer indício de ‘lavagem de gado’. Estamos tratando de trabalhadores rurais que estão na região desde a década de 80 e só fazem trabalhar. O único fato que envolve tais personagens, é o fato de serem familiares e atuarem no mesmo ramo de atividade, inexistindo crime”, respondeu Pedro Henrique Gonçalves,  advogado de Pereira, após ser questionado sobre os brincos da Fazenda Arara Azul encontrados dentro da unidade de conservação.

A Procuradoria alega também que há risco sanitário na criação de animais em áreas embargadas e sem registro, situação que não permite o controle e monitoramento adequado dos animais.

Santuário verde cobiçado pelo agronegócio

A Flona do Jamanxim é uma área de 1,3 milhão de hectares situada às margens da BR-163 e cobiçada pelo agronegócio. A rodovia é conhecida como estrada da soja e conecta a zona graneleira do norte do Mato Grosso aos portos exportadores no rio Tapajós. Poucos quilômetros dali está o Parque Nacional do Jamanxim, que está no centro de uma disputa judicial no Supremo Tribunal Federal envolvendo a construção da Ferrogrão – conhecida como ‘ferrovia da soja’.

Segundo o MPF-PA, a Flona do Jamanxim historicamente figura “como a unidade de conservação federal mais desmatada do país”. Desde 2006, quando foi criada, até 2022, quase 10% da floresta foram destruídos e convertidos em pasto para criação ilegal de gado. 

A Flona do Jamanxim se tornou uma das áreas prioritárias de atuação do ICMBio neste ano, com foco na retirada dos animais. Essa ação se tornou mais frequente nas unidades de conservação da região. Em 2023, mais de 3.000 cabeças foram removidas da Reserva Biológica Nascentes da Serra do Cachimbo, segundo o MPF-PA. Tal operação resultou na destinação de mais de 4.200 hectares para recuperação ambiental, além de multas superiores a R$ 24 milhões. 

Na Flona do Jamanxim, só é permitida a exploração sustentável por ribeirinhos e extrativistas, além de atividades de pesquisa. Fazendeiros, porém, alegam que ocupavam a área antes de a reserva ser criada, mas que não receberam indenizações da União para deixarem o local.

Fazenda Ferradura está localizada muito próxima dos limites da Flona do Jamanxim (Poliana Dallabrida/dados de Google Satellite, CNFP e Qgis de maio de 2024)

No pedido ao TRF1, os advogados de Rodrigo da Cruz Pereira alegam que o pecuarista não é dono da área, mas sim um ‘terceiro de boa-fé’, que arrenda o imóvel desde 2018 e não tem ‘conhecimento acerca de possíveis ilegalidades’. Alega também que o dono do imóvel o possui desde 2002.

“Naquela região existem pessoas que estão há décadas em seus imóveis, muito antes da criação da Flona, e o gado ali existente é fruto de uma vida toda“, dizem os advogados.

Em sua decisão, o desembargador Eduardo Filipe Alves Martins entendeu que o pecuarista não teve acesso “ao auto de infração, ao relatório de fiscalização e ao processo administrativo que deu origem à notificação de retirada de gado de sua propriedade/posse, não podendo exercer o contraditório e a ampla defesa”.

“No arrendamento temporário de pastagens, não é usual se verificar a regularidade do imóvel cujos pastos são arrendados, bastando o conhecimento e a concordância de quem se apresenta como seu legítimo possuidor. E não consta, ao menos neste momento processual, que o agravante teria conhecimento de tais embaraços por outros meios”, diz o desembargador.

No entanto, segundo a fonte ligada à investigação, a presença dos brincos da Arara Azul em área situada dentro da Flona é um indício de que o fazendeiro tinha conhecimento de que criava gado ilegalmente em uma unidade de conservação.

O MPF-PA alerta em sua recomendação que “ninguém poderia manter atividades de pecuária em áreas ilegalmente desmatadas no interior da Flona Jamanxim e que isso, por si só, já ensejaria todas as medidas administrativas e criminais previstas em lei”.

Versão anterior desta reportagem informava, erroneamente, que a Flona do Jamanxim está no centro de uma disputa judicial no STF envolvendo a Ferrogrão. Porém, é o Parque Nacional do Jamanxim que é objeto da ação no Supremo. O texto foi corrigido em 27 de maio de 2024.

*O conteúdo foi originalmente publicado no Repórter Brasil, escrito por Isabel Harari e Diego Junqueira, com edição de Juliano Barros

Peixe da Amazônia se mostra sensível ao calor intenso

0

Nativo da Amazônia e consumido em todo o país, o tambaqui (Colossoma macropomum) se mostrou sensível a agrotóxicos encontrados nos rios da Região Norte. Os efeitos se agravam – e as defesas do organismo contra contaminação caem ainda mais – quando os pesticidas agem sob temperaturas mais elevadas que as atuais, como previsto pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) submeteram 36 tambaquis jovens, com 35 gramas e 10 centímetros em média, divididos em três grupos, a condições experimentais por 96 horas.

Depois, avaliaram os efeitos da mistura de quatro agrotóxicos (os inseticidas clorpirifós e malation, o fungicida carbendazim e o herbicida atrazina) sob as condições ambientais atuais e as previstas para 2100 (com aumento de 5 graus Celsius e de 700 partes por milhão de CO2) sobre sangue, brânquias, fígado, cérebro e músculos. 

Os pesticidas causaram danos mesmo em baixas concentrações. Quanto maior o calor, mais intensas são as alterações nas enzimas antioxidantes, no DNA e no fígado, reduzindo a capacidade de se ajustar às mudanças climáticas.

Conclusão: a combinação de estímulos externos poderia comprometer a sobrevivência da espécie. Após a tilápia (Oreochromis niloticus, uma espécie exótica), o tambaqui é a segunda espécie de peixe mais cultivada no país, principalmente em Rondônia, Maranhão e Roraima. Tem em média 70 cm de comprimento e pode pesar até 30 quilos (Science of The Total Environment, abril).

*O conteúdo foi originalmente publicado por Pesquisa FAPESP

Festival de Parintins: a ilha divida em azul e vermelho

0

Localizado a 369 quilômetros de Manaus, o município de Parintins, no Amazonas, é palco das apresentações dos bois-bumbás Caprichoso e Garantido, que protagonizam o maior Festival Folclórico do mundo. A cidade, onde tudo é azul e vermelho – as cores dos bois –, encontra harmonia a favor da cultura.

As cores azulada e encarnada estão presentes na arquitetura da cidade, nos espaços públicos, nas casas dos apaixonados pelos bumbás, em hotéis, restaurantes e nas vitrines de loja, onde marcas mundialmente famosas de cor azul adotam mais uma versão na cor vermelha e marcas mundialmente famosas de cor vermelha adotam a versão azul.

O azul do boi Caprichoso e o vermelho do boi Garantido também dividem a cidade na localização geográfica, onde a catedral de Nossa Senhora do Carmo é o ponto de partida.

Foto: Lucas Silva/Amazonastur

Lado Azul

O lado azul é conhecido como reduto do Caprichoso. Inclui bairros da cidade onde está localizado o curral Zeca Xibelão. Nos currais, os visitantes podem acompanhar os eventos e ensaios de cada boi e aproveitar uma prévia da magia do festival.

Outro ponto turístico muito visitado no lado azul é a igreja Sagrado Coração

Lado Vermelho

O lado vermelho, conhecido como Baixa do São José, é onde está situado o curral Lindolfo Monteverde, no complexo Cidade Garantido. Do lado vermelho, está também a praça da igreja São Benedito, famosa entre os turistas.

Pontos neutros

Existem ainda pontos neutros em comum, onde estão os principais atrativos turísticos da cidade, como a Praça Digital, com bares e restaurantes; além do Mercado Municipal, com vista para o rio Amazonas; e o Porto da cidade.

57° Festival

Em 2023, cerca de 110 mil turistas estiveram presentes na Ilha de Tupinambarana, durante o Festival de Parintins. O Governo do Amazonas estima que 120 mil turistas visitem a ilha, em 2024, para o 57º Festival.

Foto: Lucas Silva/Amazonastur

“A expectativa do número de turistas é significativa, o maior festival de todos os tempos. Pensando nisso, o Governo do Amazonas, por meio da Amazonastur, tem investido em uma estrutura necessária para atender aos turistas, como o Turistódromo, com centro de atendimento ao turista, uma equipe técnica preparada para sensibilização e orientação para práticas de um turismo seguro e consciente”, destacou o presidente da Amazonastur, Ian Ribeiro.

Neste ano, o Festival de Parintins irá acontecer nos dias 28, 29 e 30 de junho.

*Com informações da Agência Amazonas e Amazonastur

Microplástico e mudanças climáticas: ameaças aos rios amazônicos

0

Mudanças climáticas e microplásticos podem ser listados como duas das maiores ameaças que a humanidade e para a biodiversidade, de maneira geral. Ainda há uma grande lacuna, entretanto, sobre os potenciais impactos destas ameaças aos diferentes seres vivos, em especial aos menores e menos estudados organismos. Em sua pesquisa inédita, a bióloga Viviane Caetano, selecionada pelo Programa Bolsas FUNBIO – Conservando o Futuro em 2021, buscou entender o impacto do clima e da poluição plástica em criaturas fundamentais – e normalmente invisibilizadas – dos riachos amazônicos.

Os insetos fragmentadores são seres aquáticos que vivem no fundo dos riachos e alimentam-se das folhas que caem. Ao comerem e “fragmentarem” as folhas – daí o nome – esses insetos contribuem com a decomposição da matéria orgânica e a geração de nutrientes. E o objetivo da pesquisadora era esclarecer como as mudanças climáticas e a alta concentração de microplásticos poderiam afetar esse importante serviço ecossistêmico.

“Insetos aquáticos, de maneira geral, são normalmente muito negligenciados. Contudo, como qualquer organismo na natureza, eles apresentam uma grande importância nos ecossistemas em que ocorrem. E até o momento não havia estudos sobre os insetos fragmentadores da região amazônica, então havia uma lacuna sobre como os efeitos desses estressores poderia impactar a decomposição foliar em riachos amazônicos”, explica a bióloga, que concluiu seu doutorado na Universidade Federal do Pará (UFPA).

Para realizar sua pesquisa, Viviane elegeu um desses insetos fragmentadores, uma mosca d’água conhecida pela ciência como Phylloicus elektoros. A bióloga coletou larvas da espécie na Reserva Florestal Adolpho Ducke, em Manaus, Amazonas, e as levou para o laboratório. Em um ambiente controlado, a pesquisadora pôde manipular uma solução de microplástico e variáveis climáticas para criar cenários possíveis e a resposta da mosca d’água.

“Sem o apoio do Bolsas FUNBIO seria praticamente impossível a execução do experimento, visto que os reagentes e a solução de microplástico são muito caros. Então seria inviável adquirir isso”, destaca a pesquisadora, que também contou com o recurso para compra dos equipamentos necessários e para o campo de coleta dos insetos.

Um dos principais resultados da pesquisa é a confirmação de que tanto as mudanças climáticas quanto o microplástico reduzem a sobrevivência do inseto fragmentador. E nas situações em que as duas ameaças ocorrem simultaneamente, há uma redução do consumo de folhas e, consequentemente, um efeito direto na prestação do serviço ecossistêmico tão fundamental para a saúde dos rios amazônicos.

Entre as consequências dessa ameaça invisível estão a bioacumulação e biomagnificação. Isso porque além de ajudarem na decomposição da matéria orgânica, os insetos fragmentadores estão na base da cadeia alimentar em ecossistemas de riachos e igarapés. “E isso pode levar ao aumento das concentrações de microplástico através da cadeia alimentar, o que chamamos de biomagnificação”, conta a bióloga.

Isso significa que se um peixe consome centenas de moscas d’água, por exemplo, que possuem concentrações de microplástico em seus organismos, este resíduo será acumulado no corpo do peixe e assim por diante, até o momento em que, talvez, este animal seja consumido por um ser humano, numa ameaça direta a nossa saúde.

A pesquisadora explica que, por serem provenientes da degradação de plásticos maiores, os microplásticos possuem diferentes formas, composições químicas e aditivos, o que faz com que eles tenham diferentes densidades. Por isso, em um ambiente aquático, eles podem ser encontrados tanto no sedimento quanto ao longo de toda coluna d’água e até mesmo na superfície da água.

“E uma vez ali, disponível para todos os organismos, vertebrados e invertebrados, eles podem ter impactos biológicos e ecológicos mais proeminentes”, alerta Viviane.

A lista de impactos, já conhecidos pelos cientistas, causados pelo microplástico incluem ainda o bloqueio do aparelho digestivo de organismos menores e até mesmo efeitos na regulação hormonal de animais, principalmente peixes.

Os resultados completos do experimento foram publicados no periódico científico Environmental Pollution, em março de 2023.

“Nós sabemos que os ecossistemas aquáticos de água doce são imprescindíveis para o funcionamento do planeta, então é fundamental entender o efeito desses estressores nesse ecossistema, assim como em outros ambientes e organismos”, completa a bióloga.

*Com informações da Funbio