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“É a primeira vez no mundo que o calor, a crise climática, mata mamíferos aquáticos dessa maneira”, alerta pesquisadora

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Número de botos mortos já passa de 170 em dois lagos no Amazonas. 

Menos de 200 quilômetros separam os lagos Tefé e Coari, no interior do Estado do Amazonas. Esses dois corpos d’água que desembocam no Solimões, um dos rios que mais tem sofrido com a seca que se alastrou pela Amazônia nos últimos meses, são tão parecidos que é possível confundi-los. “A única diferença é que o Coari tem um canal muito mais curto até chegar ao Médio Solimões”, destaca a oceanógrafa Miriam Marmontel, líder do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM). 

As semelhanças são tantas que o drama vivido no primeiro se repetiu, porém em menor escala, no segundo.

“Desde 23 de setembro, registramos 155 carcaças de botos-cor-de-rosa e tucuxis no Lago Tefé e 23 no do município vizinho. Mas tenho certeza de que houve mortes em outros lugares porque existem mais de 50 lagos na região. É a primeira vez no mundo que o calor, a crise climática, mata mamíferos aquáticos dessa maneira. O que está acontecendo na Amazônia é equivalente ao que está ocorrendo no Ártico com morsas e ursos polares”,

alerta a pesquisadora.

Foto: Divulgação/WWF-Brasil

Se no Ártico os animais estão morrendo por conta do derretimento de geleiras, na Amazônia uma das consequências mais sérias das mudanças climáticas para a fauna aquática é o aumento da temperatura dos corpos hídricos, que em 2023 foi agravado pelo Oceano Atlântico Tropical Norte muito aquecido e um fenômeno de El Niño, gerando uma estiagem sem precedentes no bioma. 

Dos 62 municípios do Amazonas, por exemplo, 60 estão em estado de emergência, segundo a Defesa Civil. Mais de 600 mil pessoas foram prejudicadas .

“Secas e cheias extremas vão acontecer com cada vez mais frequência e intensidade. E a tendência é que a situação na região amazônica piore, pois a expectativa é de que no ano que vem o El Niño seja ainda mais forte. Botos são perfeitamente adaptáveis ao movimento das águas na cheia, eles se deslocam com uma flexibilidade tremenda na floresta alagada para se alimentar. Mas para a seca eles não estão adaptados. Reverter esse cenário não depende de nós, pesquisadores, depende de toda a humanidade se mobilizar”,

ressalta.

Cerca de 10% da população de botos do Lago Tefé foi perdida em apenas uma semana, enquanto a média de encontro de carcaças era de uma ou duas por mês, frisa Miriam, uma das maiores especialistas do país no assunto. Ela e outros pesquisadores ainda investigam a razão da discrepância entre as espécies mortas. Das 155 carcaças registradas no local, 84,5% são cor-de-rosa (Inia geoffrensis) e 15,5% são tucuxis (Sotalia fluviatilis), em geral os mais vulneráveis.

Miriam pontua, no entanto, que o sistema respiratório dos botos-cor-de-rosa é mais frágil: “Venho fazendo este trabalho desde 1993 e nas atividades de campo presenciei muitos com ruídos ao respirar. Análises histológicas e ultrassonográficas também comprovaram muitos casos de pneumonia e parasitos nos pulmões”, relata. “Então, outros fatores relacionados ao clima podem ter pesado no contexto atual. Em 28 de setembro, dia em que a temperatura da água chegou a quase 40°C na Enseada do Papucu e que documentamos 70 mortes, a qualidade do ar estava péssima devido às queimadas intensas e a umidade estava em 50%, quando neste período do ano costuma variar entre 80% e 90%”. 

Estresse térmico 

Ayan Fleischmann, líder do Grupo de Pesquisa em Geociências e Dinâmicas Ambientais na Amazônia do IDSM, acrescenta que a hipótese mais provável é que, em decorrência do estresse térmico, os animais pararam de se alimentar e, por isso, perderam a capacidade de regular a temperatura corporal. “Em situações assim, a pressão sanguínea sobe e pode haver um colapso cerebral, como congestão ou derrame. Mas ainda estamos aguardando as análises de histopatologia para bater o martelo”, diz.

Isso explicaria o fato de indivíduos principalmente da espécie cor-de-rosa terem sido vistos desorientados no Lago Tefé, fazendo movimentos circulares, como se não soubessem para onde ir momentos antes de perderem a vida. “Se o aumento da pressão sanguínea for confirmado nos exames, teremos descoberto da pior forma possível o limite de temperatura que os botos suportam. Por isso, os próximos anos nos apavoram”, completa o pesquisador. 

Após seguidas aferições de temperatura em diferentes horários, profundidades e locais, o IDSM concluiu que a Enseada do Papucu, um dos pontos preferidos dos botos da região pela abundância de peixes, drena água de uma área bem rasa do Lago Tefé, uma vasta lâmina que está medindo apenas entre 20 e 30 centímetros de altura e que tem potencial para esquentar muito sob o sol escaldante.

Um verdadeiro caldeirão que ultrapassou os 40°C em 28 de setembro, o dia mais mortal para os animais, quando a temperatura da água bateu 39,1°C na Enseada. 

“Acima do Papucu medimos quase 41°C, mas a temperatura foi baixando em seu curso até chegar a 33°C ou 32°C no Rio Solimões. Vimos que o fluxo da água foi dissipando o calor”,

diz Fleischmann.

A partir do drama que se iniciou em Tefé, o IDSM criou uma rede de parceiros para monitorar outros lagos na Amazônia e já conta com pesquisadores em municípios como Manaus e Iranduba, no Amazonas, e Santarém, no Pará. Em Coari, por exemplo, a equipe da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), liderada pela professora Waleska Gravena, tem monitorado o lago três vezes por semana. Além disso, estão sendo instalados sensores automáticos para aferir a temperatura da água e amostras foram coletadas para análise físico-química em laboratório.  

“Assim como a temperatura do ar bate recordes, a hipótese é que agora a temperatura da água também tenha batido. Das medições que temos disponíveis, nunca havíamos chegado ao patamar atual na Amazônia”,

comenta  Fleischmann.

Sem agentes infecciosos 

Dentre os resultados documentados até o momento estão 124 animais necropsiados e amostras de tecidos e órgãos enviadas para laboratórios especializados distribuídos pelo Brasil. Dezessete foram avaliados com análises histológicas e não há indícios de agentes infecciosos relacionados como causa primária da mortalidade. Os diagnósticos moleculares de 18 indivíduos também deram negativo para os agentes infecciosos Morbillivirus, Toxoplasma, Clostridium, Mycobacterium e Pan-fúngico, associados a mortes em massa de cetáceos.

Foto: Divulgação/WWF-Brasil.

Diversas instituições têm atuado na operação envolvendo os botos, entre elas: Aiuká Consultoria em Soluções Ambientais; Aqua Viridi; Aquasis; Corpo de Bombeiros de Tefé; Conselho Regional de Medicina Veterinária do Amazonas; European Association for Aquatic Mammals; Exército Brasileiro; Friends of Nuremberg Zoo Association; Fundação Mamíferos Aquáticos; Fundación Mundo Marino; Grupo de Resgate de Animais em Desastres (GRAD); Greenpeace; Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA); Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA); Instituto Aqualie; Instituto Baleia Jubarte; Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz); International Fund for Animal Welfare; Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM); Lapcom-USP; Loro Parque Fundación; Marinha do Brasil; National Marine Mammal Foundation; Nuremberg Zoo; Oceanogràfic València; Planète Sauvage; Polícia Militar do Amazonas; Prefeitura de Tefé; R3 Animal; Rancho Texas; Sea Shepherd Brasil; Sea Shepherd France; SeaWorld & Busch Gardens Conservation Fund; Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Conservação de Tefé (SEMMAC); Universidad de Las Palmas de Gran Canaria; WWF-Alemanha; WWF-Brasil; YAQU PACHA e Zoomarine Portugal.

Mapeamento destaca depósitos polimetálicos, de ouro e outros bens minerais do Tocantins

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Mapas Geológicos e de Recursos Minerais foram disponibilizados pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB).

Com a colaboração de pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade de Brasília (UnB), o Serviço Geológico do Brasil (SGB) desenvolveu os Mapas Geológicos e de Recursos Minerais do Tocantins com o objetivo de apresentar a distribuição e relações espaciais das formações geológicas presentes no Estado, além de mostrar uma representação visual da história geológica e das características da área mapeada.

O trabalho destaca o depósito polimetálico (cobre, chumbo e zinco) de Palmeirópolis; as jazidas de ouro da região sudeste do Tocantins, com várias minas em produção e outras em fase de consolidação para entrar em operação; as províncias gemológicas de São Valério da Natividade e Palmeirópolis-Jaú. Além disso, Tocantins tem ainda grande potencial para depósitos de urânio, terras raras, grafita e níquel laterítico, minerais estratégicos fundamentais para a transição energética.

Foto: Mario Tama/Satff/Getty Images

O mapa geológico é uma representação gráfica da geologia de determinada área e compila informações de diferentes formações geológicas e localizações, entre os diferentes tipos de litologia. 

O documento também coloca Tocantins como o Estado de maior diversidade de ambientes favoráveis à formação de jazimentos de insumos para a agroindústria no Brasil e se consolida como um fortíssimo produtor destes insumos. 
A proposta dos mapas geológicos é focar na localização e distribuição dos recursos na região e identificar depósitos de minerais importantes para um planejamento econômico, avaliação de investimentos e gestão sustentável.

A cartografia geológica foi desenvolvida a partir de levantamentos de campo não sistemáticos, perfis geológicos e informações pontuais, com base na interpretação de produtos aerogeofísicos e de sensoriamento remoto, como imagens de radar, satélite ou fotografias aéreas, além da integração das informações e dos demais dados disponíveis e adquiridos no projeto, tais como geocronologia, petrografia e geoquímica. 

Tocantins é o principal fornecedor de corretivos e fertilizantes para o oeste da Bahia. A projeção de crescimento de área plantada e produção, até 2030, na região de Luís Eduardo Magalhães, na divisa com o Estado do Tocantins, mostra incremento da produção, com diminuição da área plantada, o que significa aumento de produtividade e inclui, seguramente, o uso de fertilizantes e corretivos.

Os Mapas Geológico e de Recursos Minerais do Estado do Tocantins fazem parte da Ação Levantamentos Geológicos e Integração Geológica Regional, da Diretoria de Geologia e Recursos Minerais (DGM) do SGB, e consiste em um conjunto de projetos voltados para a investigação geológica, que utilizam uma abordagem multidisciplinar.

Telessaúde no Amazonas terá reforço tecnológico de internet Starlink

Objetivo é instalar equipamentos em comunidades que possam ter acesso mais rápido aos serviços de saúde. 

Um projeto de telessaúde em comunidades ribeirinhas do Amazonas vai ganhar reforço com a adoção da tecnologia de internet Starlink. A partir de novembro, três pontos de conectividade, que possuem geração de energia fotovoltaica própria, receberão a instalação dos equipamentos Starlink, que permitirá um acesso mais rápido e confiável aos serviços de telessaúde. O projeto é executado pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) em parceria com a Embaixada da França.

A iniciativa vai beneficiar os moradores das comunidades Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e Terra Preta, situadas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, e Betel, localizada na RDS do Lago do Piranha. Essas comunidades já recebem atendimentos via telessaúde, nas especialidades de enfermagem e de psicologia. Até setembro deste ano, o projeto totalizou 219 teleatendimentos nas três comunidades.

De acordo com a FAS, “a adoção da Starlink trará uma série de vantagens técnicas que vão qualificar ainda mais o atendimento em saúde à distância para as comunidades ribeirinhas, pois o sistema utiliza uma constelação de satélites em órbita baixa da Terra, tornando-o ideal para fornecer conectividade em áreas rurais e remotas onde a infraestrutura terrestre é limitada. Além disso, oferece banda larga de alta velocidade, com interações em tempo real mais suaves e naturais, sendo um sistema confiável e escalável, com o plus da segurança de dados e mobilidade. Essa tecnologia ajuda a superar os desafios de conectividade, garantindo um acesso confiável e rápido aos serviços de telessaúde”.

Foto: Reprodução/FAS

Promoção de saúde 

O atendimento via telessaúde é possível graças aos pontos de conectividades que permitem teleorientações e teleatendimentos. Desta forma, ribeirinhos de áreas remotas não precisam mais se deslocar a grandes distâncias para ter acesso a serviços de saúde. 

“O projeto de telessaúde atua para garantir o direito universal e igualitário à saúde. Entre as conquistas da iniciativa, está o fato de conseguirmos prover e intermediar atendimento à gestantes que vão ter acesso ao pré-natal pela primeira vez; o acesso desses pacientes a um atendimento psicológico; a redução de riscos de doenças graves e outros agravos. Dessa forma, apoiamos o fortalecimento do SUS possibilitando um atendimento de saúde de qualidade para quem mais precisa”,

relata Mickela Souza Costa, gerente do Programa Saúde na Floresta da FAS.

Para alcançar as pessoas que precisam de atendimento, o projeto tem apoio de agentes comunitários de saúde (ACS) que fazem uma busca ativa dentro das comunidades. 

As demandas dos moradores são passadas à equipe do telessaúde, que faz o acolhimento e a triagem do paciente. Em seguida, o paciente é encaminhado para o teleatendimento, onde realiza a consulta com um profissional de saúde.

“Temos orgulho especial em participar desse projeto de telessaúde, uma área fundamental. Esse apoio faz parte da política de cooperação francesa na Amazônia, que se engaja tanto na perspectiva ambiental como humana”,

ressalta a adida de cooperação técnica da Embaixada da França, Julie Maraval.

A Embaixada da França no Brasil apoia as ações da FAS desde o ano 2021. A  FAS afirma articular com as secretarias municipais de saúde de cada ponto para que ofertem os profissionais para atendimento e para prover exames clínicos conforme as necessidades.

*Com informações da FAS

CD produzido por professor no Amazonas é usado por programa de rádio em Londres

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Os episódios do programa ‘Composer of the Week’ reproduzem o CD “José Maurício Nunes Garcia (1767-1830), Integral para tecla e canto”, produzido pelo Prof. Dr. Mário Trilha da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

O CD “José Maurício Nunes Garcia (1767-1830), Integral para tecla e canto”, produzido pelo professor Mário Trilha, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), foi escolhido pela British Broadcasting Corporation (BBC) de Londres para compor os episódios do programa ‘Composer of the Week’ (‘Compositor da semana’, em tradução livre). O programa dedicou a semana ao compositor brasileiro, padre José Maurício Nunes Garcia.

As obras, tocadas em quatro de cinco episódios do programa, foram gravadas no pianoforte histórico ‘Grandpiano Muzio Clementi & C/O. Cheapside, London. (c.1810)’, no palácio de Queluz, em Portugal. 

A produção é uma parceria entre o Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical da Universidade Nova de Lisboa (Cesem/UNL) e a editora UEA. As músicas apresentam uma seleção das ‘Fantasias e Lições’ da segunda parte do método de pianoforte (1821), contidas no CD.

Foto: Reprodução/UEA

Composer of the Week é um programa musical biográfico produzido pela British Broadcasting Corporation (BBC). É transmitido diariamente de segunda a sexta-feira, semanalmente, é apresentada uma série independente de cinco episódios dedicados a um determinado compositor ou um grupo de compositores relacionados. 

Para Mário Trilha, o reconhecimento conquistado é um marco positivo para a música clássica brasileira. 

“Em 80 anos do programa ‘Composer of the week’ foi a primeira vez que o Padre José Maurício teve a sua biografia e música escolhida para a emissão. A BBC é, possivelmente, a mais importante e tradicional rádio de música clássica do mundo, e alcança, virtualmente, todo o planeta, especialmente os países de língua inglesa. É uma enorme satisfação ter meu CD escolhido para participar”,

ressaltou.

Além disso, Trilha explica que o padre José Maurício foi o grande nome brasileiro do período da família real portuguesa, no Rio de Janeiro e no pós-independência e o método de piano composto em 1821, é o mais antigo de um compositor brasileiro. “Mas não havia ainda uma gravação integral da música para tecla e canto dele”, complementa.

O programa foi apresentado por Kate Molleson acompanhada dos professores Marcelo Hazan (Universidade da Carolina do Sul) e pela professora Kirsten Schultz (Universidade Seton Hall), entre os dia 2 e 5 de outubro de 2023.

Ouça: https://www.bbc.co.uk/sounds/play/m001qvv6

Quem foi José Maurício Nunes Garcia?

Nascido no Rio de Janeiro, seus pais eram filhos de escravos. Devido ao seus talentos musicais, Garcia foi capaz de passar de um início pobre para o topo de sua sociedade. Tornou-se mestre de música na catedral. Posteriormente, com a instalação da Corte Portuguesa na cidade, foi nomeado mestre de música da Capela Real.

Recentemente, a obra do padre-mestre foi abordada no livro ‘Música para tecla solo de José Maurício Nunes Garcia e Marcos Portugal’. A publicação foi organizada por Mário Trilha, Márcio Páscoa e Guilherme Monteiro. O livro foi publicado com recursos financeiros da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e recebe os selos da Editora UEA e da Segunda Oficina Laboratório Editorial.

Agricultura brasileira pode ser impactada pelas mudanças climáticas provocadas pelo El Niño

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A previsão indica diminuição das chuvas na parte Norte do país e aumento significativo na região Sul.

A previsão do clima no Brasil para os próximos dias indica maior probabilidade de chuva abaixo da faixa entre o Leste, Centro e faixa Norte do país. A maior probabilidade aparece em alguns pontos dos Estados do Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí e Bahia, conforme dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). 

A meteorologista Andrea Ramos, do instituto, diz que o fenômeno climático El Niño atuará ao longo da semana, com previsão de se estender até janeiro de 2024. A especialista aponta que o calor em algumas regiões também está associado ao fenômeno climático e que isso pode ter impacto direto na agricultura.

“O El Niño tem dois sinais muito bem marcantes aqui, no Brasil. Diminui as chuvas na parte norte do país, que envolve a região Norte e uma parte da região Nordeste, e aumenta as chuvas na região Sul. As frentes frias que também atuam, comuns na Primavera, aumentam a intensidade e frequência desses eventos que proporcionam chuvas ali, na região Sul, enquanto que na parte Centro e Norte, está favorecendo calor, justamente pela influência dele e isso vai ter impacto direto na questão da agricultura”,

explica.

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Pela sensibilidade da agricultura às variações climáticas, a meteorologista diz que é essencial compreender como o El Niño pode alterar as condições climáticas e, consequentemente, impactar na produção agrícola brasileira. 

“Normalmente, em anos de El Niño, é comum observar o aumento da disponibilidade hídrica no Centro-Sul do Brasil, o que tende a beneficiar algumas culturas. No entanto, o excesso de chuva na região Sul pode aumentar a umidade e a severidade de doenças em plantas, exigindo maior vigilância e cuidados no monitoramento e manejo das culturas”, destaca.

Para as demais regiões do país a previsão é de condições mais secas do que o normal ao longo dos próximos dias, com destaque para a região amazônica, principalmente no centro-leste da região, onde a influência do fenômeno El Niño é maior.

Em comunicado publicado no último dia 17 de outubro, o Inmet aponta para possíveis “perdas significativas de produtividade” em áreas do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), por conta de redução dos níveis de água no solo. “No Brasil Central, a irregularidade da chuva também pode dificultar o manejo agrícola e afetar a produtividade”, segue a publicação.

Leia também: Com dados dos últimos 40 anos, pesquisadores observam aumento de temperatura e secas mais severas no Matopiba

Temperatura 

Durante a semana, as temperaturas máximas ainda continuarão altas em grande parte do país, com valores maiores que 30°C e que poderão ultrapassar 40°C, especialmente em áreas do Centro-Oeste e sul da Região Norte. Já na região Sul, se aproxima uma alta, prós-frontal de um anticiclone, que vai favorecer a queda de temperaturas. 

Possibilidade de chuva

A Região Norte tem previsão de chuva que pode ultrapassar 50 mm, especialmente no noroeste do Amazonas e no Acre. Já no Amapá e nordeste do Pará, haverá predomínio de tempo seco e sem chuva.

Na Região Nordeste, são previstos baixos acumulados de chuva, menores que 50 mm. No entanto, em áreas do centro-sul da Bahia, os volumes poderão ultrapassar 50 mm, enquanto no extremo norte, haverá predomínio de tempo seco e sem chuva durante toda a semana.

Em grande parte das regiões Centro-Oeste e Sudeste, há previsão de baixos acumulados, que não devem ultrapassar 50 mm. Entretanto, em áreas do leste da Região Sudeste, os volumes de chuva poderão ser maiores que 70 mm, especialmente em São Paulo e Minas Gerais.

Para a Região Sul, é esperado um volume de chuva maior que 80 mm, especialmente no norte do Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e sul do Paraná. Nas demais áreas, os volumes podem ser menores que 50 mm.

Áreas de pastagem bem manejadas podem reduzir impactos na floresta amazônica, indica pesquisa

Pesquisadores de UFRA tem estudado alternativas para uma pecuária mais produtiva e que reduza a pressão sobre a floresta.

São 154 milhões de hectares destinados à pastagens em todo o território brasileiro. Segundo o último levantamento feito pelo instituto MapBiomas, só na Amazônia a área de pastagem cresceu 40% nas últimas duas décadas. No Pará, pesquisadores da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) vem estudando alternativas para uma pecuária mais produtiva e que reduza a pressão sobre a floresta.

Essa combinação tem apresentado bons resultados, a partir, por exemplo, da integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), sistema usado como uma alternativa para o aproveitamento de áreas degradadas. Na pesquisa da Ufra o foco é o solo, ou melhor, como a mudança no uso da terra influencia no sequestro de carbono e na emissão de gases do efeito estufa na Região Amazônica. 

O principal resultado do projeto é que nas áreas com pastagens bem manejadas, foi possível observar sequestro de carbono no solo equivalente ao da floresta preservada.


Áreas abertas e em uso há pelo menos 20 anos foram o foco da pesquisa . Foto: Gerfam/Ufra

“Nós não avaliamos áreas com pastos degradados, nesses locais, esse balanço tende a ser negativo. Já as pastagens manejadas de forma intensiva, com adubação, tem sequestrado mais carbono no solo do que a floresta. E pastagens bem manejadas, mesmo sem adubação, mas respeitando a fisiologia da planta, tem sequestrado tanto carbono quanto a floresta, contribuindo com o meio ambiente. Nosso trabalho está fornecendo dados importantes para que a pecuária possa ser uma geradora de créditos de carbono, que além de contribuir com o meio ambiente pode gerar uma receita maior ao produtor rural”,

explica o professor Cristian Faturi, coordenador do projeto e um dos coordenadores do Grupo de Estudo em Ruminantes e Forragicultura da Amazônia (GERFAM/UFRA).

No projeto ‘Impacto do uso do solo sobre a emissão de gases de efeito estufa e carbono do solo na Amazônia oriental: fase 1’, os pesquisadores avaliaram áreas abertas e em uso há pelo menos 20 anos, localizadas nos municípios de Paragominas, Capanema e São Miguel do Guamá. Nesses locais, que são fazendas produtoras de gado, foram testados e analisados quatro tipos de uso do solo ao mesmo tempo: solo utilizado para a agricultura (lavouras de soja, milho, pimenta, dendê); solo utilizado pela pecuária tradicional (sem adubação); solo utilizado pela pecuária intensiva (com adubação) e floresta preservada (área de reserva legal).

A pesquisa incluiu ainda estudo de três espécies de capim tradicionalmente usadas para a formação de pastagens. Após as coletas, foram feitas as análises químicas do solo, textura e densidade, trabalho realizado na Ufra Belém. Já a medição dos gases de efeito estufa, como o metano, oxido nitroso e CO2 no solo, são feitas na Universidade Estadual Paulista (Unesp de Jaboticabal). A atividade microbiológica do solo é realizada a partir da colaboração com a Universidade Federal do Pará (Ufpa).

As amostras foram tomadas em regiões que representam os três climas presentes no Estado. O melhor resultado foi verificado no município de Paragominas. 

“O pasto intensivo que foi adubado teve o estoque de carbono no solo maior do que a própria floresta. Já o pasto bem manejado, mas não adubado, tinha tanto carbono no solo quanto a floresta. Isso foi um resultado muito bom, que mostra que o caminho que a pecuária está seguindo hoje é um caminho aliado ao meio ambiente. Nós estamos trabalhando cada vez mais com a intensificação dos sistemas pecuários, criando tecnologias, levando a tecnologia pro campo”.

Na pesquisa foram análisados quatro tipos de uso do solo. Foto: Gerfam/Ufra

De acordo com informações da (Adepará), o Estado possui um rebanho bovino de aproximadamente 26 milhões de animais. Na última ‘Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM)’, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2023, entre os municípios que tiveram maior crescimento de rebanho no Brasil, três são os municípios paraenses de São Félix do Xingu, Novo Repartimento e Marabá. 

O “arroto” do boi

O gás metano (CH4) é um dos responsáveis pelo efeito estufa, e entre os principais emissores desse gás ao meio ambiente está o boi. “Ele libera o metano junto aos gases da respiração e nem se percebe, é na verdade como se fosse um arroto, uma fermentação entérica que promove eructação pro ambiente, o que faz parte da fisiologia do animal. Já existem inclusive trabalhos sobre alimentos que reduzem essa produção de metano”, diz Faturi.


O professor explica que é importante não avaliar a emissão somente do boi, como se ele fosse um elemento isolado, mas sim compreendê-lo dentro de um sistema que inclui o solo, o pasto e o animal. 

“Quando a gente pega todo esse balanço do sistema pecuário, do que o animal emitiu de metano, do que a planta que ele se alimentou sequestrou de carbono da atmosfera e do que essa planta fixou no solo, hoje os resultados tem sido positivos para a pecuária, ou seja, o sequestro de carbono tem sido maior do que a emissão de metano”,

diz.


Estado possui aproximadamente 26 milhões de bovinos. Foto: Gerfam/Ufra

O professor Cristian Faturi diz que, intensificando a produção, é possível diminuir a pressão sobre a floresta. Ao invés de colocar um animal por hectare, que é o que ocorre, é possível colocar até cinco bois por hectare. 

“Mais animais na mesma área, diminui a pressão de abrir novas áreas, então consigo produzir mais, no mesmo espaço, e isso já vem acontecendo na pecuária. Os dados da pesquisa podem contribuir com informações locais sobre pecuária no Pará, na Amazônia, especialmente nesse momento de preparativos para eventos como a Cop30 e para as ações de políticas públicas voltadas ao segmento no estado. Derrubada e queima ilegal da floresta é o problema, intensificar a pecuária de forma correta, em áreas já abertas, é o caminho”,

explica o pesquisador.

A pesquisa é financiada pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). O financiamento encerra em dezembro deste ano, seguindo com a publicação de dados e artigos. Recentemente, um dos trabalhos com resultados do projeto foi premiado como destaque na área de forragicultura durante o 32º Congresso Brasileiro de Zootecnia, realizado em Natal-RN. 

Novo gênero e espécie de cupins da Amazônia são descobertos por pesquisadores no Amazonas

Batizada de Caputitermes dimorphius a espécie foi encontrada nas florestas da Fazenda Experimental da Universidade Federal do Amazonas.

Os pesquisadores Agno Nonato Serrão Acioli, da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas (FCA/Ufam), juntamente com os pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Rayssa Azevedo, José Wellington de Morais e Renato Almeida de Azevedo (os três últimos do quadro da Entomologia do INPA), descobriram um novo gênero e uma nova espécie de cupins na Amazônia Brasileira.

A descoberta foi anunciada no artigo científico ‘Caputitermes, a new genus of soldierless termite (Blattaria: Isoptera: Termitidae) with dimorphic workers from the Amazon rainforest’, publicado na revista científica Acta Amazonica. 

As amostras foram coletadas nas florestas da Fazenda Experimental da Universidade Federal do Amazonas e na Reserva Ducke do INPA, nos anos de 2012 e 2014 pelos pesquisadores Renato Azevedo e João Rafael Oliveira, na época alunos de Entomologia do INPA. Renato Azevedo lembra que ao cavar o solo se deparou com uma colônia de cupins subterrâneos, mas achou que se tratava de duas espécies distintas, pois os indivíduos possuíam diferenças gigantescas, como o tamanho da cabeça. 

Foto: Reprodução/UFAM

As duas amostras de cupins ficaram por anos depositadas na Coleção do Laboratório de Sistemática e Ecologia de Invertebrados do Solo, do INPA. Em 2020, Rayssa Azevedo, juntamente com seu coorientador, Renato Azevedo, revisaram novamente o material e perceberam que esses cupins tão distintos entre si pertenciam a um mesmo táxon (grupo de indivíduos da mesma espécie).

O aprofundamento dos estudos, a partir da dissecação, desenhos, fotografias, morfometria e descrição dos indivíduos, agora com a participação dos pesquisadores Agno Acioli e José Wellington de Morais, confirmaram que se tratava de um novo gênero e nova espécie de cupim, o qual foi batizado de Caputitermes dimorphus, uma referência aos dois grupos que compõem operários que possuem cabeças de tamanhos bem distintos.


A descrição de um novo gênero de cupins, coletados em florestas tão próximas a Manaus e tão ameaçadas, reforçam e priorizam a necessidade de protegê-las frente aos desmatamentos e a extinção de espécies sem antes conhecê-las. 

Leia o artigo na íntegra AQUI

Javalis são encontrados na Amazônia e ameaçam biodiversidade da região

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Espécie invasora se espalha como uma verdadeira praga e não possui predador natural no Brasil.

O que vem a mente quando se fala de praga? Provavelmente baratas, mosquitos ou ratos, quando se refere ao ambiente urbano. Ou mesmo, gafanhotos e cupins, quando pensamos em plantações inteiras sendo dizimadas. Entretanto, outro tipo de espécie invasora tem se alastrado por todo o território brasileiro, um animal exótico que ameaça a biodiversidade das florestas e, mais recentemente, até mesmo do bioma amazônico: o javali

Diferente do imaginário popular, fortalecido pelo personagem Pumba, do famoso filme da Disney ‘Rei Leão’, este animal é extremamente nocivo para a fauna e flora do país e seu cruzamento com porcos domésticos, conhecido como porco feral, é capaz de oferecer risco até mesmo a seres humanos e grandes predadores, como as onças-pintadas.

Foto: Reprodução/ICMBio

Para entender os riscos da proliferação do javali, e dos porcos ferais, no ecossistema brasileiro, o Portal Amazônia conversou com o professor de biologia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e doutor em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre, Rogério Fonseca, para responder as seguintes questões: o que são espécies invasoras? Qual a ameaça dessa espécie para a biodiversidade Amazônica? E como lidar com a praga dos javalis? 

Uma espécie exótica e invasora 

Ecossistemas são localidades formadas por comunidades que interagem entre si no meio ambiente, constituídas por animais, plantas e outros reinos, sendo geralmente estáveis e autossuficientes. 

Essas localidades podem ser abaladas com a introdução de espécies exóticas, ou seja, que não são nativas daquela região, por abalarem o ciclo natural. Muitas dessas espécies predam sem serem predadas, ou então “roubam” o alimento de animais originários desses ambientes, podendo levar até mesmo a extinção desses grupos. 

À essas espécies se dá o nome de invasoras. Esse é o caso do javali, quando introduzido no território brasileiro.

“O javali é uma espécie que não é nativa da fauna brasileira. A gente chama na biologia, isso, de espécie exótica, ou seja, ela vem de outra região e foi introduzida no nosso país [por meio de ação humana]. Essa espécie exótica, por não ter inimigos naturais, teve uma predisposição de se tornar, também, invasora. Isso porque ela está fora de suas condições habituais, entrando em um mecanismo de sobrevivência na qual ela começa a se reproduzir exacerbadamente, para suprir uma necessidade de manutenção da espécie. Enquanto no ambiente nativo esse animal poderia ter uma ninhada de quatro a seis, aqui ele tem uma ninhada de oito, dez, até 12 bichos”,

explica o professor.

Áreas devastadas por javalis em Roraima. Foto: Rogério Fonseca/Acervo Pessoal

Conforme o pesquisador, esses animais foram introduzidos em território brasileiro nos anos 90, com o objetivo inicial de preservar espécies semelhantes, diminuindo a caça predatória.

“A gente trouxe o avestruz para não tocar na ema, trouxe o javali para não tocar no caititu e no queixada. Enfim, fomos colocando espécies não nativas para serem manejadas em substituição das espécies nativas. Achando, imaginariamente e não cientificamente, que isso iria aumentar as populações naturais. Isso é um engano pseudocientífico”,

complementa.

O reflexo da implementação destas espécies foi a proliferação do javali na natureza, por conta das solturas e ocasionais escapes do animal. Além do cruzamento entre o javali e os porcos domésticos que resultaram no híbrido conhecido como suídeo feral, também conhecido como porco feral ou java porco. Esse animal, explica o pofessor, conta com “a mesma capacidade de movimentação do javali introduzido, mas com o jeito [fisionomia] de um porco doméstico de grande tamanho”.

Esse cruzamento ocasiona em um animal que possui a voracidade de um selvagem e as características selecionadas de um doméstico, como seu tamanho avantajado. Dessa forma, este animal acaba não tendo nenhum predador a altura, sendo uma séria ameaça a biodiversidade nativa.

Ameaça ao ecossistema da Amazônia 

Antes uma preocupação, majoritariamente, do sul e sudeste, o javali e suas crias selvagens já se espalharam para todas as regiões que compõe o território brasileiro, com avistamentos até mesmo na região amazônica. Na verdade, a pesquisa do professor Rogério indica o registro da presença do invasor em cerca de 31% das bacias da Amazônia – mesmo que ainda dispersos -, o que torna o animal uma ameaça ao ecossistema florestal.

A potencialidade destrutiva do javali é tanta que alguns dos suídeos ferais possuem paridade de força com grandes predadores da região, como a própria onça-pintada. Segundo o pesquisador, as onças também não viriam, de uma hora para outra, a considerar a predação dessas espécies em substituição àquelas que já compõe seu ciclo natural de caça. 

Como lidar com a praga? 

Os processos burocráticos aplicados ao manejo dessa espécie são, segundo Rogério, um dos maiores empecilhos em se lidar com essa praga no país. 

“A extrema burocracia criada é o que protege e auxilia na conservação desta espécie exótica, invasora e praga, fazendo com que ela continue se expandindo, aumentando e ocupando novos nichos ecológicos, dizimando com a fauna nativa do nosso país”, 

alerta o pesquisador.

Foto: Andreas Lischka/Pixabay

O doutor indica, dessa forma, que os órgãos governamentais deveriam ter uma atuação mais enfática no controle dos javalis, principalmente pelo risco que eles representam a biodiversidade da Amazônia e do país inteiro. Mas como lidar com eles? 

“A gente não dá a um rato ou mosquito, dentro de casa, um tratamento leniente. Quando estes animais estão no nicho ecológico no qual nos, humanos, vivemos, a gente dizima eles de maneira bem clássica. Mas, por que estou comentando isso? Bem, nós temos que lidar com espécies invasoras de uma forma altamente técnica, sem criar mecanismos de burocracia para controlar essa espécie”,

enfatiza.

O doutor finaliza a entrevista exaltando a importância dos “órgãos de extensão rurais, de comando e controle de gestão ambiental, principalmente da esfera federal, se organizarem para a criação de cursos de capacitação para lidar com este problema”, destacando a necessidade de se lidar com esta praga de maneira ágil e efetiva. 

*Estagiário sob supervisão de Clarissa Bacellar

Professor amazonense é empossado na Academia Brasileira de Ciência Agronômica

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O docente na Ufam agora ocupa a cadeira de número 41 da Academia, que busca promover o uso e desenvolvimento da memória da ciência agronômica.

O professor na Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), José Ferreira da Silva, tomou posse, no último dia 9 de outubro, na Academia Brasileira de Ciência Agronômica (ABCA), em cerimônia ocorrida na cidade de Piracicaba, em São Paulo.

O pesquisador da UFAM agora ocupa a cadeira de nº 41 da Academia, e teve como patrono Johanna Liesbeth Kubelka Döbereiner. José Ferreira foi indicado pelos acadêmicos José Francisco de Carvalho Gonçalves, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) que ocupa a cadeira de número 50, e Henrique Pereira, professor da Universidade Federal do Amazonas (assessor de Relações Internacionais e Interinstitucionais – ARII/Ufam) que ocupa a cadeira de número 44.

A ABCA tem como missão promover o uso e desenvolvimento da memória da ciência agronômica com o objetivo de fundamentar decisões técnicas, de forma transparente, participativa, efetiva, eficiente e eficaz, com valorização dos profissionais da área. A entidade criada em 2010 e instalada em 2013 atualmente é presidida pelo ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.

Foto: Reprodução/Acervo pessoal do Professor.

“É uma honra ser indicado e aceito pelos demais acadêmicos a fazer parte da Academia Brasileira de Ciência Agronômica (ABCA). Fui indicado pelos meus pares José Francisco Gonçalves e Henrique Pereira e depois aceito pelos demais colegas que compõem a ABCA. A indicação é uma maneira de reconhecer o meu trabalho na área, mas também reconhecer todo um trabalho coletivo. É individual, mas, principalmente, com a participação coletiva. Os estudantes, os colegas pesquisadores da Ufam (professores), os técnicos e as pessoas da comunidade fizeram parte da construção do meu currículo. Por isso quero destacar a parceria com alguns produtores rurais como o Cláudio Decares do município de Rio Preto da Eva, Edinei Marques do município de Iranduba e o Osires Silva da BR 319 (Km 20)”,

afirmo o docente.

Perfil do professor 

Graduado em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa, mestrado em Fitotecnia (Produção Vegetal) pela Universidade Federal de Viçosa e doutorado em Botânica pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e Ufam. É professor titular da Universidade Federal do Amazonas, ex-diretor da Faculdade de Ciências Agrárias da Ufam e foi também pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação. Revisor científico das revistas Acta Amazonica, Weed Technology, Revista Universidade Rural. Série Ciências da Vida, Horticultura Brasileira, Pesquisa Agropecuária Tropical e editor-associado da revista Planta Daninha, Consultor ad hoc da CAPES, da Fundação de Amparo à Pesquisa de Rondônia. 

Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em manejo de plantas daninhas, atuando principalmente nos seguintes temas: guaraná, citros, seletividade de plantas a herbicidas. Editor do livro Manual de Aulas Práticas de Plantas Daninhas. Autor de 11 capítulos de livro. Membro do Conselho Fiscal da Fapeam. Recebeu 29 homenagens e prêmios e publicou 48 artigos científicos. 

Conheça o Museu do Reggae do Maranhão, único fora da Jamaica com essa temática

O museu materializa o ritmo que deu ao Maranhão o título de Capital Nacional do Reggae.

Surgido na Jamaica, em meados do século XX, o reggae, gênero musical que conquistou o Estado maranhense, é composto de um ritmo lento e dançante e é recheado de críticas sociais em nome da paz, com letras que denunciam casos de racismo e desigualdade. 

Tendo como principal representante o cantor Bob Marley, responsável por popularizar o estilo mundialmente, o reggae se conecta ao povo brasileiro justamente pela mistura de ritmos que o compõe – africanos, indígenas e europeus – e as origens miscigenadas que formam boa parte da cultura, tanto da Jamaica quanto do Brasil.

No entanto, o Estado brasileiro que mais abraçou o reggae definitivamente foi o Maranhão. Com sua maneira de dançar “agarradinho”, o Estado recebeu o título de ‘Capital Nacional do Reggae’, a partir do Projeto de Lei nº 81, de 2020, reconhecendo a influência do estilo musical na região. 

Objetivando justamente preservar a memória e a historicidade do Estado em relação ao gênero, desde 2018, é possível visitar o Museu do Reggae do Maranhão.

Foto: Reprodução/ Museu do Reggae

Atrações

Localizado no Centro Histórico de São Luís, o Museu do Reggae é o único do mundo a contemplar o gênero jamaicano fora da Jamaica, o que exprime a importância do estilo na composição cultural dos maranhenses. Essa importância é enfatizada na visita, que conta a história do reggae no Estado com discos raros, homenagens a clubes tradicionais, discos, vídeos e fotos históricas e a moda adotada pelos representantes do gênero.

O cenário mostrado no museu exalta a característica de resistência histórica que acompanha o gênero musical no Maranhão, marcado pelo predominância de pessoas pretas em destaque, gerando um espaço de identificação, em todos os sentidos. O reggae é enfatizado como uma manifestação cultura de combate ao preconceito, principalmente o étnico racial.

Foto: Reprodução/Governo do Maranhão

O Museu do Reggae conta com cinco ambientes. Na Sala dos Imortais, o espaço busca homenagear os grandes nomes do reggae maranhense que já morreram. Nos outros quatro ambientes, homenageia-se os tradicionais clubes de reggae de São Luís: Clube Pop Som, Clube Toque de Amor, Clube União do BF e Clube Espaço Aberto.

Apenas nos dois primeiros anos de existência o museu contou com a visita de mais de 120 mil pessoas, das quais mais de 50 mil eram turistas. A visitação guiada pelo museu é gratuita e pode ser realizada de terça-feira a sábado no horário das 9h às 18h, e aos domingos das 9h às 13h. As visitas contam com a presença de monitores preparados para contar a história do acervo e que dominam a linguagem em libras, inglês e francês.

*Com informações do Governo do Maranhão