Sete estados da Amazônia lideram os casos de mortalidade materna no Brasil

O indicador que mede a mortalidade materna no Brasil cresceu em 2016, com 64 mortes por 100 mil nascidos vivos. É o índice mais alto desde 2010. Sete dos nove estados da Amazônia Legal registraram índices de mortalidade materna maiores que a média nacional. Entre os estados com indicadores mais elevados estão Amapá, Maranhão, Tocantins e Amazonas.

No Amapá, em 2016, foram 141 mortes por 100 mil nascidos vivos, quase a mesma média nacional de 1990 e mais que o dobro da média atual. De acordo com Hely Góes, secretária adjunta de Atenção à Saúde do Amapá, houve subnotificação em anos anteriores, mas o governo estadual reconhece a gravidade do problema e trabalha para aumentar o número de médicos. Também estão em andamento ações para fortalecer o atendimento pré-natal em diálogo com as prefeituras, responsáveis por essa assistência.

“Tem algumas questões que nos chamaram bastante atenção, uma delas a gravidez na adolescência. Adolescente grávida, que não teve orientação, que escondeu a gravidez por um tempo. Isso vem sendo trabalhado, provocado a atenção primária para que ela faça educação em saúde. O Programa Saúde na Escola também tem tratado essas questões”, disse.

Foto: Divulgação/Shutterstock

Além das adolescentes, as mulheres hipertensas ou que passaram por situações de abortamento inseguro estão entre as vítimas da mortalidade materna na Amazônia Legal. As mulheres negras são maioria nesses dois grupos. Maria Inês Barbosa, pesquisadora e professora aposentada da Universidade Federal do Mato Grosso, chama a atenção para o racismo institucional e a redução nos recursos para políticas sociais como grandes desafios.

“Somos nós que precisamos ter, e temos feito isso, de reverter essa situação e de nos empoderarmos em relação a isso. Quando você junta desemprego, fome, moradias precárias, você está com todo um contexto que favorece esse recrudescimento, essa mentalidade do não importa”, disse.

A morte materna é aquela que acontece durante a gestação, parto ou até 42 dias após o parto. Em quase todos os casos, essas mortes são evitáveis e geralmente estão relacionadas com problemas como hipertensão, hemorragia ou infecções.

O Ministério da Saúde afirma que na série histórica, entre 1990 e 2015, a mortalidade materna no Brasil caiu 57%. Solicitamos informações sobre as ações para a redução da mortalidade materna na Amazônia, mas até o fechamento dessa reportagem não obtivemos retorno.

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